sexta-feira, 20 de agosto de 2010

URANTIA 111 A 121

DOCUMENTO 113

OS GUARDIÃES SERÁFICOS DO DESTINO
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Tendo apresentado as narrativas dos Espíritos Ministradores do Tempo e das Hostes de Mensageiros do Espaço, vamos considerar agora os anjos guardiães, os serafins devotados à ministração aos indivíduos mortais, para cuja elevação e perfeição tem sido provido um vasto esquema de sobrevivência e de progressão espiritual. Nas idades passadas, esses guardiães do destino eram o único grupo de anjos a ter reconhecimento em Urântia. Os serafins planetários são realmente espíritos ministradores, enviados para servir àqueles que irão sobreviver. Esses serafins assistentes têm funcionado como ajudantes espirituais do homem mortal, em todos os grandes eventos do passado e do presente. Em muitas revelações, “a palavra foi dita pelos anjos”; muitos dos mandatos do céu foram “recebidos através da ministração dos anjos”.

113:0:2 12412 Os serafins são os anjos tradicionais do céu; eles são os espíritos ministradores que vivem muito perto de vós e que muito fazem por vós. Eles têm ministrado em Urântia desde os primeiros tempos da inteligência humana.

1. OS ANJOS GUARDIÃES


113:1:1 12413 O ensinamento sobre os anjos guardiães não é um mito; certos tipos de seres humanos, de fato, têm anjos pessoais. Foi em reconhecimento disso que Jesus, ao falar das crianças do Reino do céu, disse: “Cuidai para que não desprezeis nenhum desses pequenos, pois vos digo: os seus anjos sempre discernem a presença do espírito do meu Pai”.

113:1:2 12414 Originalmente, os serafins eram designados e definidos para cada raça, em separado, de Urântia. Mas, desde a auto-outorga de Michael, eles são designados de acordo com a inteligência humana, a sua espiritualidade e destino. Intelectualmente, a humanidade é dividida em três classes:

113:1:3 12415 1. Os de mente subnormal – aqueles que não exercem um poder normal de vontade; aqueles que não tomam as decisões normais. Essa classe abrange aqueles que não podem compreender a idéia de Deus; e falta-lhes capacidade para a adoração inteligente da Deidade. Os seres subnormais de Urântia têm um corpo de serafins, uma companhia, com um batalhão de querubins, designados para ministrar a eles e vigiar para que a justiça e a misericórdia lhes sejam estendidas, nas lutas pela vida desta esfera.

113:1:4 12416 2. O tipo médio, o tipo de mente humana normal. Do ponto de vista da ministração seráfica, a maioria dos homens e mulheres é agrupada em sete classes, de acordo com o seu status de realização dentro dos círculos de progresso humano e de desenvolvimento espiritual.

113:1:5 12417 3. Os de mente supranormal – aqueles de grande decisão e potencial indubitável de realização espiritual; homens e mulheres que, mais ou menos, gozam de algum contato com os seus Ajustadores residentes; membros dos vários corpos de reserva do destino. Não importa em qual círculo um humano possa estar, se esse indivíduo é convocado para qualquer dos vários corpos de reserva do destino, então, exatamente nesse momento e nessa circunstância, serafins pessoais lhe são designados e, desse momento até que a sua carreira terrena termine, esse mortal vai desfrutar da contínua ministração e do incessante cuidado de um anjo da guarda. Também, quando qualquer ser humano toma a suprema decisão, quando há um compromisso real com o Ajustador, um guardião pessoal é imediatamente designado para aquela alma.

113:1:6 12421 Para o ministério aos chamados seres normais, as designações seráficas são feitas de acordo com a realização humana dentro dos círculos de intelectualidade e de espiritualidade. Vós começais com a vossa mente, de investidura mortal, no sétimo círculo, e avançais internamente na tarefa de autocompreensão, autoconquista e automestria, e, círculo a círculo, vós avançais até que (se a morte natural não terminar a vossa carreira e transferir as vossas lutas para os mundos das mansões) ireis alcançar o primeiro ou o círculo mais interno de relativo contato e comunhão com o Ajustador residente.

113:1:7 12422 Os seres humanos, no círculo inicial ou sétimo, têm um anjo guardião com uma companhia de querubins assistentes designados para a custódia e guarda de mil mortais. No sexto círculo, um par seráfico, com uma companhia de querubins, é designado para guiar esses mortais ascendentes em grupos de quinhentos. Quando o quinto círculo é alcançado, os seres humanos são agrupados em companhias de aproximadamente cem, e um par de serafins guardiães, com um grupo de querubins, fica encarregado da guarda. Ao atingir o quarto círculo, os seres mortais são reunidos em grupos de dez e, de novo, a guarda é dada a um par de serafins, assistidos por uma companhia de querubins.

113:1:8 12423 Quando uma mente mortal rompe a inércia do legado animal e atinge o terceiro círculo de intelectualidade humana e de espiritualidade adquirida, um anjo pessoal (na verdade, dois deles) irá, daí por diante, estar única e exclusivamente devotado a esse mortal ascendente. E assim, essas almas humanas, além do Ajustador do Pensamento residente sempre presente e cada vez mais eficiente, recebem a assistência integral desses guardiães pessoais do destino e continuam com todos os esforços para terminar a travessia do terceiro círculo e atravessar o segundo, até alcançar o primeiro.

2. OS GUARDIÃES DO DESTINO


113:2:1 12424 Os serafins não são conhecidos como guardiães do destino até aquele momento em que são designados para a associação com uma alma humana, que haja realizado um, ou mais de um, entre os três feitos seguintes: tomar a decisão suprema de tornar-se semelhante a Deus; alcançar o terceiro círculo; ou tornar-se participante de um dos corpos de reserva do destino.

113:2:2 12425 Na evolução das raças, um guardião do destino é designado ao primeiro ser que alcance o círculo requisitado para essa conquista. Em Urântia, o primeiro mortal a assegurar um guardião pessoal foi Rantowoc, um homem sábio da raça vermelha, de muito tempo atrás.

113:2:3 12426 Para todas as missões angélicas, os serafins são escolhidos de um grupo de voluntários, e as suas atribuições estão sempre de acordo com as necessidades humanas, e considerando o status do par angélico – à luz da experiência, da habilidade e da sabedoria seráficas. Apenas os serafins de longo tempo de serviço, os tipos mais experimentados e testados, são designados como guardiães do destino. Muitos guardiães ganharam experiências valiosas naqueles mundos que são da série de não-fusionamento com o Ajustador. Como os Ajustadores, os serafins atendem a esse tipo de seres apenas por um único período de vida e, em seguida, são liberados para novas designações. Muitos guardiães de Urantia tiveram essa experiência prática anterior em outros mundos.

113:2:4 12431 Quando os seres humanos falham na sua sobrevivência, os seus guardiães pessoais ou grupais podem reiteradamente servir, numa função semelhante, no mesmo planeta. Os serafins desenvolvem uma consideração sentimental pelos mundos individuais e mantêm um afeto especial por certas raças e tipos de criaturas mortais, com as quais eles estiveram em associação muito próxima e íntima.

113:2:5 12432 Os anjos desenvolvem um afeto duradouro para com os seus companheiros humanos; e vós também iríeis, se pudésseis enxergar os serafins, desenvolver um afeto caloroso por eles. Despojados dos vossos corpos materiais e se recebêsseis formas espirituais, vós seríeis muito próximos dos anjos, em muitos dos atributos de personalidade. Eles compartilham a maioria das vossas emoções e experimentam outras mais. A única emoção que atua em vós e que, de um certo modo, lhes é difícil de compreender é o medo animal herdado, que atinge, numa proporção muito grande, a vida mental do habitante médio de Urântia. Os anjos realmente acham difícil compreender por que vós permitis, com tanta persistência, que os vossos poderes intelectuais e mesmo a vossa fé religiosa sejam de tal forma dominados pelo medo, tão caprichosamente desmoralizados pelo pânico impensado, cheio de pavor e de ansiedade.

113:2:6 12433 Todos os serafins têm nomes individuais, mas, nos registros de compromissos com o serviço no mundo, eles são freqüentemente designados pelos seus números planetários. Nas sedes centrais do universo, eles são registrados por nome e número. O guardião de destino do sujeito humano usado para este contato de comunicação tem o número 3, do grupo 17, da companhia 126, do batalhão 4, da unidade 384, da legião 6, da hoste 37, do exército seráfico 182 314 de Nebadon. O número atual de designação planetária desse serafim em Urântia e para esse sujeito humano, é 3 641 852.

113:2:7 12434 No ministério da custódia pessoal, para a designação de anjos como guardiães de destino, os serafins sempre oferecem os seus serviços voluntariamente. Na cidade em que houve essa visitação, um certo mortal foi recentemente admitido no corpo de reserva do destino, e, posto que todos os seres humanos nessas condições sejam pessoalmente atendidos por anjos guardiães, mais de cem serafins qualificados ofereceram-se para essa missão. O diretor planetário selecionou doze, entre os indivíduos mais experimentados, e, posteriormente, apontou o serafim que eles selecionaram como o mais adaptado para guiar esse ser humano na sua jornada na vida. Quer dizer, eles selecionaram um par de serafins igualmente qualificados; um dos dois, desse par seráfico, estará sempre de vigia.

113:2:8 12435 As tarefas seráficas podem ser incansáveis, mas qualquer um dos dois do par angélico pode arcar com todas as responsabilidades do ministério. Como os querubins, geralmente, os serafins servem aos pares, mas, ao contrário dos seus colaboradores menos avançados, os serafins algumas vezes trabalham individualmente. Em quase todos os contatos com os seres humanos, eles podem funcionar como indivíduos. Apenas para a comunicação e o serviço em circuitos mais elevados nos universos é que se fazem necessários os dois anjos.

113:2:9 12436 Quando um par seráfico aceita o compromisso de guardião, eles servem pelo resto da vida ao mesmo ser humano. O complemento do ser (um dos dois anjos) torna-se o registrador da missão. Esses serafins complementares são os anjos registradores dos mortais, nos mundos evolucionários. Os registros são mantidos pelo par de querubins (um querubim e um sanobim) que estão sempre ligados aos guardiães seráficos, mas esses registros estão sempre sob a responsabilidade de um dos serafins.

113:2:10 12441 Com o propósito de descansar e de recarregar-se com a energia vital dos circuitos do universo, o guardião é periodicamente liberado pelo seu complemento e, durante a sua ausência, o querubim solidário funciona como o registrador, como é o caso, também, quando o serafim complementar encontra-se do mesmo modo ausente.

3. A RELAÇÃO COM AS OUTRAS INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS


113:3:1 12442 Uma das coisas mais importantes que faz um guardião do destino pelo seu sujeito mortal é efetivar uma coordenação pessoal das numerosas influências impessoais de espíritos que habitam, que rodeiam ou que se impingem à mente e à alma da criatura material em evolução. Os humanos são personalidades, e é extremamente difícil, para os espíritos não pessoais e para as entidades pré-pessoais, fazerem contato direto com mentes tão altamente materiais e isoladamente pessoais. Graças à ministração do anjo guardião, todas essas influências são mais ou menos unificadas e tornadas mais apreciáveis pela natureza moral em expansão da personalidade humana em evolução.

113:3:2 12443 Mais especialmente, esse guardião seráfico pode correlacionar, e assim o faz, as múltiplas agências e influências do Espírito Infinito, abrangendo desde os domínios dos controladores físicos e dos espíritos ajudantes da mente até o Espírito Santo da Ministra Divina e também a presença do Espírito Onipresente da Terceira Fonte e Centro do Paraíso. Havendo, assim, unificado e tornado mais pessoais essas vastas ministrações do Espírito Infinito, o serafim então inicia o correlacionamento entre essa influência integrada do Agente Conjunto e as presenças espirituais do Pai e do Filho.

113:3:3 12444 O Ajustador é a presença do Pai; o Espírito da Verdade, a presença dos Filhos. Esses dons divinos são unificados e coordenados nos níveis mais baixos, que são os da experiência espiritual humana, por meio da ministração do serafim guardião. Os servidores angélicos são dotados para combinar o amor do Pai e a misericórdia do Filho, nas suas ministrações às criaturas mortais.

113:3:4 12445 E nisso revela-se a razão pela qual o guardião seráfico finalmente se torna o custódio pessoal dos padrões mentais, dos padrões de memória e das realidades da alma do sobrevivente mortal, durante aquele intervalo entre a morte física e a ressurreição moroncial. Ninguém, a não ser os filhos ministradores do Espírito Infinito, poderia funcionar assim, visando o bem da criatura humana durante essa fase de transição, de um nível do universo para outro mais elevado. E, mesmo, quando vós entrardes no vosso sono terminal de transição, ao passardes do tempo à eternidade, um alto supernafim, do mesmo modo, compartilhará convosco desse trânsito, como custódio da identidade e da segurança da integridade pessoal da criatura.

113:3:5 12446 No nível espiritual, o serafim torna pessoais muitas ministrações no universo, que, de outro modo, seriam impessoais ou pré-pessoais; eles são coordenadores. No nível intelectual, eles são os correlacionadores da mente e da morôncia; eles são intérpretes. E, no nível físico, eles manipulam o ambiente terrestre por meio da sua ligação com os Mestres Controladores Físicos e por meio da ministração cooperativa junto com as criaturas intermediárias.

113:3:6 12447 Esta é uma exposição das funções múltiplas e intrincadas de um serafim guardião; mas como é que uma personalidade angélica subordinada, criada apenas um pouco acima do nível da humanidade no universo, faz coisas tão complexas e difíceis? Não sabemos realmente, mas conjecturamos que esse ministério fenomenal é, de um modo não divulgado, facilitado pelo trabalho não revelado e não conhecido do Ser Supremo, a Deidade da factualização dos universos em evolução, do tempo e no espaço. Através de todo o reino de sobrevivência progressiva, no Ser Supremo e por meio Dele, os serafins são uma parte essencial na continuidade da progressão dos mortais.

4. OS DOMÍNIOS DA AÇÃO SERÁFICA


113:4:1 12451 Os serafins guardiães não são mente, se bem que venham da mesma fonte que também dá origem à mente mortal, o Espírito Criativo. Os serafins são estimuladores da mente; eles continuamente procuram promover decisões, que são realizadoras dos círculos, na mente humana. Eles fazem isso, não como o Ajustador o faz, operando de dentro e por meio da alma; eles o fazem mais de fora para dentro, trabalhando por intermédio do meio ambiente social, ético e moral dos seres humanos. Os serafins não são a atração divina do Pai Universal, o Ajustador; mas eles funcionam como a agência pessoal de ministração do Espírito Infinito.

113:4:2 12452 O homem mortal, sujeito à liderança do Ajustador, é também submissível ao guiamento seráfico. O Ajustador é a essência da natureza eterna do homem; o serafim é o mestre para a natureza que evolui no homem – nesta vida, a mente mortal, na próxima, a alma moroncial. Nos mundos das mansões, vós estareis conscientes e sereis sabedores dos instrutores seráficos, mas, na primeira vida, os homens comumente são inconscientes deles.

113:4:3 12453 Os serafins funcionam como mestres para os homens, guiando os passos da personalidade humana pelos caminhos de novas e progressivas experiências. Aceitar o guiamento de um serafim raramente significa conseguir uma vida fácil. Ao seguir essa liderança, vós podeis estar certos de encontrar e, se tiverdes a coragem, de atravessar as montanhas escarpadas da escolha moral e do progresso espiritual.

113:4:4 12454 O impulso da adoração origina-se grandemente nas estimulações espirituais dos ajudantes da mente mais altos, reforçadas pela condução do Ajustador. Todavia, o impulso para a oração, tão freqüentemente experimentado pelos mortais conscientes de Deus, muitas vezes surge como resultado da influência seráfica. O serafim guardião está constantemente manipulando o ambiente dos mortais, com o propósito de aumentar o discernimento cósmico do humano ascendente, com o fito de que esse candidato à sobrevivência possa adquirir uma compreensão mais elevada da presença do Ajustador residente, para que torne-se, assim, capacitado para alcançar uma cooperação crescente com a missão espiritual da divina presença.

113:4:5 12455 Embora não haja nenhuma aparente comunicação entre os Ajustadores residentes e os serafins que rodeiam o homem, eles sempre parecem trabalhar em perfeita harmonia e em um acordo sutil. Os guardiães são muito ativos, nos momentos em que os Ajustadores são menos ativos, mas a ministração deles é, de alguma maneira, estranhamente correlacionada. Uma cooperação tão extraordinária dificilmente poderia ser acidental, nem incidental.

113:4:6 12456 A personalidade ministradora do serafim guardião, a presença de Deus no Ajustador residente, a ação do circuito do Espírito Santo e a consciência do Filho por meio do Espírito da Verdade estão todos divinamente correlacionados, em unidade significativa de ministração espiritual, em uma e para uma personalidade mortal. Embora partindo de fontes diferentes e de diferentes níveis, essas influências celestes estão todas integradas na presença envolvente e evolutiva do Ser Supremo.

5. A MINISTRAÇÃO SERÁFICA AOS MORTAIS


113:5:1 12457 Os anjos não invadem o santuário da mente humana; eles não manipulam a vontade dos mortais; nem fazem contato direto com os Ajustadores residentes. Os guardiães do destino influenciam-vos de todas as maneiras possíveis, coerentes com a dignidade da vossa personalidade; sob nenhuma circunstância, esses anjos interferem com a ação livre da vontade humana. Nem têm os anjos, ou qualquer outra ordem de personalidades no universo, poder ou autoridade para limitar ou cercear as prerrogativas da escolha humana.

113:5:2 12461 Os anjos estão tão próximos de vós e, com tanto sentimento, cuidam de vós, que, figurativamente, “choram por causa da vossa intolerância voluntariosa e da vossa teimosia”. Os serafins não derramam lágrimas físicas; eles não têm corpos físicos; nem possuem asas. Efetivamente, porém, eles têm emoções espirituais e experimentam sensações e sentimentos de uma natureza espiritual, comparável, de certo modo, às emoções humanas.

113:5:3 12462 Os serafins atuam em vosso favor, independentemente dos vossos apelos diretos; eles estão executando os mandatos dos seus superiores e, assim, funcionam, apesar dos vossos caprichos ou da inconstância do vosso estado de ânimo. Isso não implica que vós não possais fazer com que a tarefa deles fique mais fácil ou mais difícil, mas significa, sim, que os anjos não se ocupam diretamente dos vossos apelos nem do que pedis nas vossas preces.

113:5:4 12463 Durante a vida na carne, a inteligência dos anjos não está diretamente disponível para os homens mortais. Não são supervisores nem diretores; são simplesmente guardiães. Os serafins vos guardam; eles não procuram diretamente influenciar-vos; vós deveis traçar o vosso próprio curso, mas esses anjos, então, atuam para fazer o melhor uso possível do caminho que vós escolhestes. Eles não intervêm (comumente) de modo arbitrário, na rotina dos afazeres da vida humana. No entanto, quando eles recebem instruções dos seus superiores para executar alguma obra inusitada, vós podeis ficar seguros de que esses guardiães encontrarão algum meio de cumprir as suas ordens. E, pois, eles não se intrometem no quadro do drama humano, exceto nas emergências, e então, em geral, o fazem sob as ordens diretas dos seus superiores. Eles são os seres que irão seguir-vos por muitas idades e estão assim recebendo uma apresentação introdutória ao seu trabalho futuro e às suas associações com a personalidade.

113:5:5 12464 Os serafins são capazes de funcionar como ministros materiais para os seres humanos, sob certas circunstâncias, mas sua ação com essa capacidade é muito rara. Eles são capazes, com a assistência de criaturas intermediárias e dos controladores físicos, de funcionar em uma ampla gama de atividades em prol dos seres humanos, até mesmo a de fazer contatos factuais com a humanidade, mas essas ocorrências são muito raras. Na maioria dos casos, as circunstâncias na esfera material permanecem inalteradas com a ação dos serafins, se bem que tenha havido ocasiões, envolvendo perigo para os laços vitais na evolução humana, nas quais os guardiães seráficos agiram, e adequadamente, por sua própria iniciativa.

6. OS ANJOS GUARDIÃES DEPOIS DA MORTE


113:6:1 12465 Tendo dito algo a vós sobre a ministração dos serafins durante a vida natural, intentarei informar-vos sobre a conduta dos guardiães do destino no momento da dissolução mortal dos humanos a eles associados. Com a vossa morte, os vossos registros, as especificações de identidade e a entidade moroncial da alma humana – que evoluiu por meio do ministério conjunto da mente mortal e do Ajustador divino – são fielmente preservados pelo guardião do destino, junto com todos os outros valores relacionados à vossa futura existência, tudo o que constitui o vosso eu, o vosso eu real, exceto pela identidade de continuidade da existência e pela factualidade ou realidade da personalidade, representadas pelo Ajustador que parte.

113:6:2 12466 No instante em que desaparece da mente humana a chama-piloto de luz, a luminosidade espiritual que o serafim associa à presença do Ajustador, a partir desse momento, o anjo guardião reporta-se pessoalmente aos anjos comandantes, sucessivamente, do grupo, da companhia, do batalhão, da unidade, da legião e da hoste; e, após haver sido registrado devidamente para a aventura final no tempo e no espaço, esse anjo recebe a certificação do chefe planetário dos serafins, para que se reporte ao Estrela Vespertino (ou a outro assistente de Gabriel) no comando do exército seráfico desse candidato à ascensão no universo. E ao ser-lhe concedida essa permissão, pelo comandante dessa mais alta unidade organizacional, esse guardião do destino toma o seu caminho para o primeiro mundo das mansões e lá espera pela reconscientização do seu antigo protegido na carne.

113:6:3 12471 No caso em que a alma humana não chega a sobreviver após haver recebido a designação de um anjo pessoal, o serafim atendente deve tomar o rumo da sede central do universo local para ali testemunhar e atestar sobre a exatidão dos registros completos do seu complemento, como previamente reportado. Em seguida, vai ele perante os tribunais dos arcanjos para ser absolvido da responsabilidade na questão do fracasso do seu sujeito na sobrevivência eterna; e então ele retorna aos mundos para ser designado novamente a um outro mortal de potencialidade ascencional, ou para alguma outra divisão de ministração seráfica.

113:6:4 12472 Os anjos, além disso, ministram às criaturas evolucionárias de muitos modos, além do serviço de guarda pessoal ou grupal. Os guardiães pessoais, cujos sujeitos não vão imediatamente para os mundos das mansões, não permanecem ociosos, esperando o chamado nominal do juízo dispensacional; eles são redesignados para inúmeras missões de ministração em todo o universo.

113:6:5 12473 O serafim guardião é o fiel custódio dos valores de sobrevivência da alma adormecida dos homens mortais, do mesmo modo que o Ajustador, então ausente, é a identidade desse ser imortal no universo. Quando esses dois colaboram nas salas de ressurreição de mansônia, em conjunção com a forma moroncial recentemente fabricada, ocorre a reconstituição dos fatores que constituem a personalidade do mortal ascendente.

113:6:6 12474 O Ajustador identificar-vos-á; o serafim guardião irá repersonalizar-vos e então vos reapresentar ao fiel Monitor dos vossos dias na Terra.

113:6:7 12475 E ainda assim, quando uma idade planetária termina, quando aqueles seres dos círculos mais baixos de realização mortal são reunidos, são os seus guardiães de grupo que os reconstituem, nas salas de ressurreição nas esferas das mansões, assim como dizem as vossas escrituras: “E Ele enviará os seus anjos com uma grande voz e reunirá os seus eleitos, de um extremo a outro do seu Reino. ”

113:6:8 12476 A técnica da justiça requer que os guardiães pessoais ou grupais respondam ao chamado dispensacional, em nome de todas as personalidades não sobreviventes. Os Ajustadores desses não sobreviventes não retornam e, quando é feita a chamada, os serafins respondem, mas o Ajustador não se manifesta. Isso constitui a “ressurreição dos injustos”, na realidade, é o reconhecimento formal da cessação da existência da criatura. Essa lista de chamada da justiça ocorre sempre depois do chamado de misericórdia, a ressurreição dos sobreviventes adormecidos. Entretanto, essas são questões que não concernem a ninguém senão aos Juizes supremos e todo-conhecedores dos valores de sobrevivência. Tais questões de julgamento, na verdade, não nos concernem.

113:6:9 12477 Os guardiães grupais podem servir num planeta, idade após idade, e finalmente tornarem-se os custódios das almas imergidas em sono de milhares e milhares de sobreviventes adormecidos. Eles podem servir assim, em muitos mundos diferentes, num dado sistema, desde que a resposta de ressurreição ocorra nos mundos das mansões.

113:6:10 12478 Todos os guardiães pessoais ou grupais, no sistema de Satânia, que se desviaram na rebelião de Lúcifer, não obstante muitos deles haverem-se arrependido sinceramente do seu desvario, estão detidos em Jerusém até o julgamento final da rebelião. Os Censores Universais já tomaram arbitrariamente desses guardiães desobedientes e infiéis todos os aspectos das almas confiadas a eles e colocaram essas realidades moronciais sob a custódia de seconafins voluntários para essa salvaguarda.

7. OS SERAFINS E A CARREIRA ASCENDENTE


113:7:1 12481 Realmente, na carreira de um mortal ascendente, esse primeiro despertar nas terras dos mundos das mansões é uma época memorável; e será ali, pela primeira vez, que podereis enxergar, de fato, os vossos companheiros angélicos há muito amados e sempre presentes nos dias terrenos; e ali também tornar-vos-eis verdadeiramente conscientes da identidade e da presença do Monitor divino que por tanto tempo residiu nas vossas mentes na Terra. Essa experiência constitui um despertar glorioso, uma ressurreição verdadeira.

113:7:2 12482 Nas esferas moronciais, os serafins guardiães (há dois deles) serão os vossos companheiros, às claras. Esses anjos não apenas associam-se a vós, de todos os modos possíveis, à medida que progredis na carreira dos mundos de transição, prestando-vos assistência na aquisição do vosso status moroncial e espiritual, mas eles também aproveitam a oportunidade para avançar por meio do estudo nas escolas de extensão para os serafins evolucionários, mantidas nos mundos das mansões.

113:7:3 12483 A raça humana foi criada apenas um pouco abaixo dos tipos mais simples das ordens angélicas. E é por isso que a primeira designação que vos aguarda, na vida moroncial, imediatamente após acordardes e depois de terdes a vossa consciência de personalidade de volta, posteriormente à vossa liberação dos laços da carne, será a de assistentes dos serafins.

113:7:4 12484 Antes de deixarem os mundos das mansões, todos os mortais terão companheiros seráficos ou guardiães permanentes. E, à medida que ascenderdes nas esferas moronciais, serão os guardiães seráficos que finalmente testemunharão e certificarão a vossa união eterna com o Ajustador do Pensamento. Juntos, eles estabeleceram as vossas identidades de personalidade, como filhos da carne, nos mundos do tempo. Em seguida, com o vosso alcançar do estado moroncial maduro, eles vos acompanham, passando por Jerusém e pelos mundos interligados do sistema de progresso e cultura. Após o que eles irão convosco para Edêntia, e suas setenta esferas de socialização avançada, e, subseqüentemente, eles vos pilotarão até os mundos dos Melquisedeques e seguirão junto convosco, na magnífica carreira pelos mundos sedes centrais do universo. E, quando vós houverdes aprendido a sabedoria e a cultura dos Melquisedeques, eles vos levarão até Salvington, onde vós vos encontrareis face a face com o Soberano de todo o Nebadon. E esses guias seráficos ainda vos seguirão através dos setores maior e menor do superuniverso, e até os mundos de recepção de Uversa; permanecendo convosco até que vós, finalmente, vos enseconafinareis para o longo vôo até Havona.

113:7:5 12485 Alguns dos guardiães do destino, ligados a vós durante a carreira mortal, seguem o curso dos peregrinos ascendentes até Havona. Outros dão um adeus temporário aos seus companheiros mortais de tanto tempo e, então, enquanto esses mortais atravessam os círculos do universo central, esses guardiães do destino fazem a travessia dos círculos de Serafington. E eles estarão à espera, nas margens do Paraíso, quando os seus companheiros mortais acordarem do seu último sono, em trânsito, para as novas experiências na eternidade. Tais serafins ascendentes, subseqüentemente, abraçam serviços diferentes no corpo dos finalitores e no Corpo Seráfico dos Completos.

113:7:6 12486 Homem e anjo podem, ou não, ser reunidos no serviço eterno; mas, para onde quer que os compromissos seráficos os levem, os serafins estão sempre em comunicação com os seus antigos protegidos dos mundos evolucionários, os mortais ascendentes do tempo. A associação íntima e as ligações afetuosas dos mundos de origem humana nunca são esquecidas, nem rompidas completamente. Nas idades eternas, homens e anjos cooperarão no serviço divino, tal como o fizeram na carreira do tempo.

113:7:7 12491 Para os serafins, o caminho mais seguro de alcançar as Deidades do Paraíso é o de guiar, com êxito, uma alma de origem evolucionária até os portais do Paraíso. Conseqüentemente, esse compromisso de guardião do destino é a tarefa seráfica premiada de modo mais elevado.

113:7:8 12492 Apenas os guardiães do destino são chamados para o Corpo de Finalidade primário ou mortal, e esses pares engajaram-se na aventura suprema da unicidade de identidade; pois os dois seres alcançaram a biunificação espiritual em Serafington, antes da sua admissão ao Corpo de Finalitores. Durante essa experiência, as duas naturezas angélicas, tão complementares em todas as funções no universo, alcançam a condição espiritual última, dois-em-um, com a repercussão de terem uma nova capacidade para receber e se fundir com um fragmento do Pai do Paraíso, do tipo não-Ajustador. E assim o fazem alguns dos vossos companheiros no tempo, os amorosos serafins, que também se tornam os vossos companheiros finalitores na eternidade, crianças do Supremo e filhos perfeccionados do Pai do Paraíso.

113:7:9 12493 [Apresentado pelo Comandante dos Serafins estacionados em Urântia.]

DOCUMENTO 115

O SER SUPREMO
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Com Deus, o Pai, a filiação é o grande relacionamento. Com Deus, o Supremo, a realização é o pré-requisito para o status – é preciso fazer alguma coisa, assim como ser alguma coisa.

1. A RELATIVIDADE DO QUADRO CONCEITUAL


115:1:1 12602 Os intelectos parciais, incompletos e em evolução estariam desamparados no universo-mestre, seriam incapazes de formar o primeiro modelo de pensamento racional, não fosse pela capacidade inata de toda mente, mais elevada ou mais baixa, de formar um quadro do universo dentro do qual pensar. Se a mente não pode estabelecer conclusões, se não pode penetrar as verdadeiras origens, então essa mente irá, infalivelmente, postular conclusões e inventar origens para que possa ter um meio de pensar logicamente dentro da moldura desses postulados criados pela mente. E, conquanto essas molduras do universo para o pensamento da criatura sejam indispensáveis à operação intelectual racional, elas são, sem exceção, errôneas num grau maior ou menor.

115:1:2 12603 Os quadros conceituais para o universo são apenas relativamente verdadeiros; eles são um andaime útil que deve finalmente ceder o seu lugar diante das expansões de uma compreensão cósmica ampliada. As compreensões da verdade, beleza e bondade, bem como da moralidade, ética, dever, amor, divindade, origem, existência, propósito, destino, tempo, espaço e, até mesmo, da Deidade são apenas relativamente verdadeiras. Deus é muito, muito mais do que um Pai, no entanto, o conceito mais elevado que o homem faz de Deus é o do Pai; um retrato Pai-Filho para a relação Criador-criatura, entretanto, será ampliado por aquelas concepções supramortais da Deidade, que serão alcançadas em Orvonton, em Havona e no Paraíso. O homem deve pensar segundo uma moldura mortal do universo, mas isso não quer dizer que ele não possa visualizar outros quadros mais elevados, dentro dos quais o pensamento possa ter lugar.

115:1:3 12604 Com o fito de facilitar a compreensão mortal do universo dos universos, os níveis diversos da realidade cósmica têm sido designados como finitos, absonitos e absolutos. Desses, apenas o absoluto é eterno irrestritamente, verdadeiramente existencial. Os absonitos e os finitos são derivativos, modificações, qualificações e atenuações da realidade absoluta, original e primordial da infinitude.

115:1:4 12605 Os domínios do finito existem em virtude do propósito eterno de Deus. As criaturas finitas, superiores ou inferiores, podem propor teorias quanto à necessidade do finito na economia cósmica e, assim, o têm feito; mas, em última análise, o finito existe porque Deus assim o quis. O universo não pode ser explicado, nem pode uma criatura finita oferecer uma razão racional para a sua própria existência individual, sem apelar para os atos anteriores e para a vontade preexistente de seres ancestrais, Criadores ou procriadores.

2. A BASE ABSOLUTA PARA A SUPREMACIA


115:2:1 12611 Do ponto de vista existencial, nada de novo pode acontecer nas galáxias, pois o completar da infinitude, inerente ao EU SOU, está eternamente presente nos sete Absolutos, está funcionalmente associado às triunidades e está associado às triodidades de maneira transmissível. Contudo, o fato de que a infinitude esteja assim existencialmente presente nessas associações absolutas, de nenhum modo torna impossível realizar novas experiências cósmicas. Do ponto de vista de uma criatura finita, a infinitude contém muito daquilo que é potencial, muito do que está na ordem de uma possibilidade futura, mais do que na ordem da factualidade presente.

115:2:2 12612 O valor é um elemento único na realidade do universo. Nós não compreendemos como o valor de qualquer coisa infinita e divina provavelmente possa aumentar. No entanto, descobrimos que os significados podem ser modificados, se não ampliados, até mesmo nas relações dentro da Deidade infinita. Para os universos experienciais, até os valores divinos crescem como factualidades, quando se dá a ampliação da compreensão dos significados da realidade.

115:2:3 12613 Todo o esquema da criação universal e da evolução, em todos os níveis da experiência, aparentemente, é uma questão de conversão de potencialidades em factualidades; e essa transmutação, do mesmo modo, tem a ver com os domínios da potência do espaço, da potência da mente e da potência do espírito.

115:2:4 12614 O método aparente, por meio do qual as possibilidades do cosmo são trazidas à existência factual, varia de nível para nível; no finito, é a evolução experiencial e, no absonito, a factualização experiencial. A infinitude existencial é, de fato, não condicionada na sua total-inclusividade, e essa inclusividade total, mesma, deve forçosamente englobar até a possibilidade para a experiência evolucionária finita. A possibilidade para esse crescimento experiencial torna-se uma factualidade no universo, por meio das relações de triodidade que se impingem ao Supremo, e que passam a fazer parte dele.

3. O ORIGINAL, O FACTUAL E O POTENCIAL


115:3:1 12615 O cosmo absoluto existe, conceitualmente, sem limitações; definir a extensão e a natureza dessa realidade primordial é atribuir qualificações à infinitude e atenuar o conceito puro de eternidade. A idéia do eterno infinito e do infinito eterno é não condicionada, ou seja, não é definida em extensão, é absoluta de fato. Nenhuma língua de Urântia, seja do passado, do presente ou do futuro, é adequada para expressar a realidade da infinitude ou a infinitude da realidade. O homem, uma criatura finita num cosmo infinito, deve contentar-se com reflexões distorcidas e conceitos pouco nítidos dessa existência ilimitada, sem fronteiras, sem começo nem fim, cuja compreensão fica de fato muito além da capacidade dele.

115:3:2 12616 A mente nunca pode esperar apreender o conceito de um Absoluto sem primeiro intentar quebrar a unidade dessa realidade. A mente é unificadora de todas as divergências, mas, na ausência mesma dessas divergências, a mente não encontra uma base sobre a qual tentar formular conceitos compreensíveis.

115:3:3 12617 A estática primordial da infinitude requer uma segmentação, antes de quaisquer tentativas humanas de compreensão. Há, na infinitude, uma unidade que tem sido expressa, nestes documentos, pelo EU SOU – o postulado primeiro da mente da criatura. No entanto, uma criatura nunca pode compreender de que modo essa unidade se transforma numa dualidade, numa triunidade e numa diversidade, permanecendo ainda como uma unidade inqualificável, ou sem condicionamentos. O homem encontra um problema semelhante quando faz uma pausa e contempla a Deidade indivisa da Trindade, de um lado. e, de outro lado, a personalização múltipla de Deus.

115:3:4 12621 Apenas a distância que separa o homem da infinitude é o que leva esse conceito a ser expresso em uma única palavra. Enquanto a infinitude, de um lado, é a UNIDADE, de outro, é a DIVERSIDADE sem fim ou limite. A infinitude, como observada pelas inteligências finitas, é o paradoxo máximo da filosofia da criatura e da metafísica finita. Embora a natureza espiritual do homem alcance, na experiência da adoração, o Pai que é infinito, a capacidade intelectual de compreensão do homem se exaure antes que ele conceba o máximo do Ser Supremo. Além do Supremo, os conceitos passam a ser cada vez mais apenas nomes e cada vez menos designações verdadeiras da realidade; mais e mais se tornam projeções do entendimento finito da criatura na direção do suprafinito.

115:3:5 12622 Uma concepção básica do nível absoluto envolve um postulado de três fases:

115:3:6 12623 1. Original. O conceito inqualificável (inominável) da Primeira Fonte e Centro, aquela manifestação da fonte do EU SOU na qual toda realidade tem origem;

115:3:7 12624 2 . Factual. A união dos três absolutos da factualidade, da Segunda Fonte e Centro, da Terceira Fonte e Centro, e da Fonte e Centro do Paraíso. Essa triodidade, de Filho Eterno, de Espírito Infinito e de Ilha do Paraíso, constitui a revelação factual da originalidade da Primeira Fonte e Centro;

115:3:8 12625 3. Potencial. A união dos três Absolutos de potencialidade, o Absoluto da Deidade, o Absoluto Inqualificável e o Absoluto Universal. Essa triodidade de potencialidade existencial constitui a revelação potencial da originalidade da primeira Fonte e Centro.

115:3:9 12626 A interassociação do Original, do Factual e do Potencial produz as tensões, dentro da infinitude, que resultam na possibilidade de crescimento de todo o universo; e o crescimento é a natureza do Sétuplo, do Supremo e do Último.

115:3:10 12627 Na associação do Absoluto da Deidade, do Absoluto Universal e do Absoluto Inqualificável, a potencialidade é absoluta, enquanto a factualidade é emergente; na associação entre a Segunda, a Terceira, e a Fonte e Centro do Paraíso, a factualidade é absoluta, enquanto a potencialidade é emergente; na originalidade da Primeira Fonte e Centro, não podemos dizer nem que a factualidade, nem que a potencialidade sejam existentes nem emergentes – o Pai é.

115:3:11 12628 De um ponto de vista temporal, o Factual é aquilo que foi e que é; o Potencial é aquilo que está vindo a ser e que será; o Original é aquilo que é. De um ponto de vista da eternidade, as diferenças entre o Original, o Factual e o Potencial não são assim aparentes. Essas qualidades trinas não são diferenciadas assim nos níveis da eternidade, do Paraíso. Na eternidade tudo é – só que tudo não foi ainda revelado no tempo e no espaço.

115:3:12 12629 Do ponto de vista de uma criatura, factualidade é substância, potencialidade é capacidade. A factualidade existe sobretudo no centro e, daí, expande-se para o infinito da periferia; a potencialidade vem da periferia da infinitude para dentro e converge para o centro de todas as coisas. A originalidade é aquilo que primeiro causa e, depois, equilibra os movimentos duais do ciclo da realidade, em que os potenciais metamorfoseiam-se em factuais, e em que os factuais existentes são potencializados.

115:3:13 126210 Os três Absolutos da potencialidade operam no nível puramente eterno do cosmo e, pois, nunca funcionam como tais, em níveis subabsolutos. Nos níveis descendentes da realidade, a triodidade da potencialidade é manifestada com o Último e no Supremo. O potencial pode não ter êxito em factualizar-se no tempo, com respeito a uma parte em algum nível subabsoluto, mas com respeito ao conjunto, sempre tem êxito. A vontade de Deus prevalece em ultimidade; nem sempre concernindo ao indivíduo, mas concernindo ao todo, invariavelmente.

115:3:14 12631 É na triodidade da factualidade que as existências do cosmo têm o seu centro; sejam espírito, mente ou energia, todas estão centradas nessa associação do Filho, do Espírito e do Paraíso. A personalidade do Filho espiritual é o modelo mestre para todas as personalidades em todos os universos. A substância da Ilha do Paraíso é o modelo mestre do qual Havona é uma revelação perfeita e do qual os superuniversos são uma revelação em perfeccionamento. O Agente Conjunto é, a um só tempo, a ativação mental da energia cósmica, a conceitualização do propósito do espírito e a integração das causas e efeitos matemáticos dos níveis materiais com os propósitos e motivos volicionais do nível espiritual. Em um universo finito e para um universo finito, o Filho, o Espírito e o Paraíso funcionam no Último, e sobre o Último, do modo como ele está condicionado e qualificado no Supremo.

115:3:15 12632 A Factualidade (da Deidade) é o que o homem busca, na ascensão ao Paraíso. A Potencialidade (da divindade humana) é aquilo que evolui no homem ao longo dessa busca. O Original é o que torna possível a coexistência e a integração entre o homem factual, o homem potencial e o homem eterno.

115:3:16 12633 A dinâmica final do cosmo tem a ver com a transferência contínua que se dá na realidade, da potencialidade para a factualidade. Em teoria, pode haver um final para essa metamorfose, mas, de fato, isso é impossível, já que o Potencial e o Factual estão ambos dentro de um circuito no Original (o EU SOU), e essa identificação torna impossível, para sempre, colocar um limite na progressão do desenvolvimento do universo. O que quer que seja identificado com o EU SOU, não pode nunca ter um fim na sua progressão, já que a factualidade dos potenciais do EU SOU é absoluta, e a potencialidadade dos factuais do EU SOU também é absoluta. Os factuais estarão sempre abrindo novas vias para a realização dos potenciais, até então impossíveis – cada decisão humana não apenas factualiza uma nova realidade, na experiência humana, como também abre uma nova capacidade de crescimento humano. Um homem vive em toda criança, e o progressor moroncial reside no homem maduro conhecedor de Deus.

115:3:17 12634 Uma paralisação, ou estática, no crescimento nunca pode se estabelecer no cosmo total, desde que a base para o crescimento – os factuais absolutos – seja não especificada, e desde que as possibilidades de crescimento – os potenciais absolutos – sejam ilimitadas. De um ponto de vista prático, os filósofos do universo chegaram à conclusão de que não existe uma coisa como um fim.

115:3:18 12635 De um ponto de vista limitado, de fato, há muitos fins, muitas terminações de atividades; mas, de um ponto de vista mais amplo, e em um nível mais elevado no universo, não existe nenhum fim, o que há são meras transições de uma fase do desenvolvimento para outra. A cronicidade maior, no universo-mestre, diz respeito a várias idades do universo: a idade de Havona, a do superuniverso e as idades dos universos exteriores. Contudo, até mesmo essas divisões básicas, na seqüência das relações, nada mais podem ser do que marcos relativos no interminável caminho da eternidade.

115:3:19 12636 A penetração final na verdade, na beleza e na bondade do Ser Supremo apenas pode dar, à criatura em progresso, uma abertura para aquelas qualidades absonitas da divindade última que repousam muito além dos níveis dos conceitos de verdade, de beleza e de bondade.

4. AS FONTES DA REALIDADE SUPREMA


115:4:1 12638 Qualquer consideração sobre as origens de Deus, o Supremo, deve começar pela Trindade do Paraíso, pois a Trindade é a Deidade original, enquanto o Supremo é uma Deidade derivada. Qualquer consideração sobre o crescimento do Supremo deve levar em conta as triodidades existenciais, pois elas abrangem toda a factualidade absoluta e toda a potencialidade infinita (em conjunção com a Primeira Fonte e Centro). E o Supremo evolucionário é o foco culminante e pessoalmente volicional da transmutação – a transformação – dos potenciais em factuais, para o nível finito de existência e dentro desse nível. As duas triodidades, a factual e a potencial, abrangem a totalidade das inter-relações para o crescimento dos universos.

115:4:2 12641 A fonte do Supremo está na Trindade do Paraíso – Deidade eterna, factual e indivisa. O Supremo é, antes de tudo, uma pessoa-espírito, e essa pessoa espiritual brota da Trindade. Contudo, o Supremo é, em segundo lugar, uma Deidade de crescimento – crescimento evolucionário –, e esse crescimento deriva-se das duas triodidades, a factual e a potencial.

115:4:3 12642 Se for difícil compreender que as triodidades infinitas possam funcionar no nível finito, fazei uma pausa para considerar que a infinitude delas deve conter, em si própria, a potencialidade do finito; a infinitude engloba todas as coisas, que vão da existência finita mais baixa e mais qualificável e condicionada às realidades absolutas mais elevadas e não condicionadas, ou inqualificáveis.

115:4:4 12643 Não é tão difícil compreender que o infinito de fato contenha o finito, quanto compreender como, exatamente, esse infinito factualmente manifesta-se no finito. Todavia, os Ajustadores do Pensamento residentes no homem mortal são uma das provas eternas de que mesmo o Deus absoluto (como absoluto) pode fazer, e de fato faz, contato direto até mesmo com as mais baixas e insignificantes de todas as criaturas volitivas do universo.

115:4:5 12644 As triodidades, que coletivamente abrangem o factual e o potencial, estão manifestadas no nível finito, em conjunção com o Ser Supremo. A técnica de tal manifestação é tanto direta quanto indireta: direta, visto que as relações de triodidade repercutem diretamente no Supremo, e indireta, visto que elas são derivadas do nível manifesto do absonito.

115:4:6 12645 A realidade suprema, que é a realidade total finita, está em processo de crescimento dinâmico entre os potenciais não qualificáveis do espaço exterior e os factuais não qualificáveis (ilimitados) no centro de todas as coisas. O domínio finito, assim, factualiza-se por meio da cooperação das agências absonitas do Paraíso e das Personalidades Criadoras Supremas do tempo. O ato de amadurecimento das possibilidades qualificáveis dos três grandes Absolutos potenciais é função absonita dos Arquitetos do Universo-Mestre e dos seus coligados transcendentais. E, quando essas eventualidades houverem atingido um certo ponto de maturação, as Personalidades Criadoras Supremas emergem do Paraíso para engajar-se na tarefa, que dura toda uma idade, de trazer os universos em evolução à existência factual.

115:4:7 12646 O crescimento da Supremacia deriva-se das triodidades; a pessoa espiritual do Supremo deriva-se da Trindade; mas as prerrogativas de poder do Todo-Poderoso são fundamentadas nos êxitos de divindade de Deus, o Sétuplo, ao passo que a junção das prerrogativas de poder do Supremo Todo-Poderoso com a pessoa-espírito de Deus, o Supremo, dá-se em virtude da ministração do Agente Conjunto, que outorgou a mente do Supremo como fator de conjunção para essa Deidade evolucionária.

5. A RELAÇÃO DO SUPREMO COM A TRINDADE DO PARAÍSO


115:5:1 12647 O Ser Supremo é absolutamente dependente da existência e da ação da Trindade do Paraíso, no tocante à realidade da sua natureza pessoal e espiritual. Enquanto o crescimento do Supremo é uma questão de relações de triodidade, a personalidade espiritual de Deus, o Supremo, é derivada e dependente da Trindade do Paraíso, que permanece sempre como o centro-fonte absoluto da estabilidade perfeita e infinita em torno da qual o crescimento evolucionário do Supremo desenvolve-se progressivamente.

115:5:2 12651 A função da Trindade está relacionada à função do Supremo, pois a Trindade é funcional em todos os níveis (totais), incluindo o nível de função da Supremacia. Do mesmo modo, porém, que a idade de Havona dá oportunidade à idade dos superuniversos, a ação discernível da Trindade, como criadora imediata, também dá oportunidade aos atos criativos da progênie das Deidades do Paraíso.

6. A RELAÇÃO DO SUPREMO COM AS TRIODIDADES


115:6:1 12652 A triodidade da factualidade continua a funcionar diretamente nas épocas pós-Havona; a gravidade do Paraíso capta as unidades básicas da existência material, a gravidade espiritual do Filho Eterno opera diretamente sobre os valores fundamentais da existência espiritual, e a gravidade mental do Agente Conjunto inequivocamente arrebata todos os significados vitais da existência intelectual.

115:6:2 12653 No entanto, cada estágio da ação criativa, à medida que avança para fora no espaço não cartografado, funciona e existe cada vez mais distanciado da ação direta das forças criativas e das personalidades divinas da localização central – a absoluta Ilha do Paraíso e as Deidades infinitas ali residentes. Esses níveis sucessivos de existência cósmica tornam-se, portanto, crescentemente dependentes dos desenvolvimentos internos das potencialidades dos três Absolutos da infinitude.

115:6:3 12654 O Ser Supremo engloba possibilidades de ministração cósmica que, aparentemente, não são manifestadas no Filho Eterno, nem no Espírito Infinito, nem nas realidades não pessoais da Ilha do Paraíso. Essa afirmação é feita levando-se devidamente em conta a absolutez dessas três factualidades básicas da deidade, mas o crescimento do Supremo não tem os seus fundamentos apenas nessas factualidades da Deidade e do Paraíso, pois envolve também os desenvolvimentos internos no Absoluto da Deidade, no Absoluto Universal e no Absoluto Inqualificável.

115:6:4 12655 O Supremo cresce não apenas quando os Criadores e as criaturas dos universos em evolução alcançam a semelhança com Deus, mas essa Deidade finita também experimenta crescimento como resultado da mestria, da parte das criaturas e dos Criadores, das possibilidades finitas do grande universo. A movimentação do Supremo é dupla: em intensidade, na direção do Paraíso e da Deidade, e em extensão, na direção ilimitada dos Absolutos do potencial.

115:6:5 12656 Na idade presente do universo, esse movimento dual revela-se nas personalidades descendentes e ascendentes do grande universo. As Personalidades Criadoras Supremas e todos os seus associados divinos refletem o movimento divergente, do centro para fora do Supremo, enquanto os peregrinos ascendentes dos sete superuniversos estão indicando o movimento para o centro, a tendência convergente da Supremacia.

115:6:6 12657 A Deidade finita está sempre buscando uma correlação dual: a interna, na direção do Paraíso e suas Deidades, e a externa, na direção da infinitude e seus Absolutos. A erupção poderosa da divindade criadora do Paraíso, personalizada nos Filhos Criadores, cujo poder é manifestado nos controladores do poder, significa um amplo movimento da Supremacia até os domínios da potencialidade, enquanto a procissão interminável das criaturas ascendentes do grande universo é testemunha da poderosa insurgência da Supremacia, na direção de uma unidade com a Deidade do Paraíso.

115:6:7 12658 Os seres humanos têm aprendido que um movimento do invisível pode, algumas vezes, ser discernido observando-se os seus efeitos sobre o visível; e nós, nos universos, há muito aprendemos a detectar os movimentos e tendências da Supremacia, observando as repercussões de tais evoluções nas personalidades e nos modelos do grande universo.

115:6:8 12661 Acreditamos, ainda, embora sem nenhuma certeza, que o Supremo, como um reflexo finito da Deidade do Paraíso, esteja engajado numa progressão eterna até o espaço exterior. Todavia, como uma qualificação dos três potenciais Absolutos do espaço exterior, esse Ser Supremo está sempre buscando a coerência do Paraíso. E esses movimentos duais parecem ser os responsáveis pela maioria das atividades básicas, nos universos atualmente organizados.

7. A NATUREZA DO SUPREMO


115:7:1 12662 Na Deidade do Supremo, o Pai-EU SOU alcançou uma liberação relativamente completa das limitações inerentes ao status da infinitude, à eternidade do ser e à absolutez da natureza. Contudo, Deus, o Supremo, foi libertado de todas as limitações existenciais apenas por haver-se sujeitado às qualificações experienciais da função universal. Alcançando a capacidade para a experiência, o Deus finito igualmente sujeita-se à necessidade de adquiri-la; alcançando a liberação da eternidade, o Todo-Poderoso encontra as barreiras do tempo; e o Supremo só pôde conhecer o crescimento e o desenvolvimento como conseqüência de uma existência parcial e de uma natureza incompleta, ou seja, a da não-absolutez do ser.

115:7:2 12663 Tudo isso deve estar de acordo com o plano do Pai, que tem como predicado o progresso finito por meio do esforço, a realização da criatura pela perseverança e o desenvolvimento da personalidade por meio da fé. Ordenando que a experiência-evolução do Supremo seja assim, o Pai fez com que fosse possível às criaturas finitas existirem nos universos e algum dia alcançarem, pelo progresso experiencial, a divindade da Supremacia.

115:7:3 12664 Toda a realidade, incluindo o Supremo e, mesmo, o Último, é relativa, exceção feita aos valores não condicionados dos sete Absolutos. O fato da existência da Supremacia é fundado no poder do Paraíso, na personalidade do Filho e na ação do Agente Conjunto; o crescimento do Supremo, contudo, está ligado ao Absoluto da Deidade, ao Absoluto Inqualificável e ao Absoluto Universal. E essa Deidade sintetizante e unificante – Deus, o Supremo – é uma personificação da sombra finita projetada pela unidade infinita da natureza insondável do Pai do Paraíso, a Primeira Fonte e Centro, ao longo do grande universo.

115:7:4 12665 Na medida em que as triodidades são diretamente operativas no nível finito, elas impingem-se ao Supremo, que é a focalização da Deidade e a totalização cósmica das qualificações finitas das naturezas do Factual Absoluto e do Potencial Absoluto.

115:7:5 12666 Considera-se a Trindade do Paraíso como sendo a inevitabilidade absoluta; os Sete Espíritos Mestres aparentemente são as inevitabilidades da Trindade; a factualização em poder-mente-espírito-personalidade do Supremo deve ser a inevitabilidade evolucionária.

115:7:6 12667 Deus, o Supremo, não parece haver sido o inevitável da infinitude irrestrita (ou inqualificável), mas ele parece estar em todos os níveis de relatividade. Ele é o focalizador indispensável da experiência evolucionária, aquele que a sumariza, resume e engloba, unificando efetivamente os resultados dessa modalidade de percepção do real, na sua natureza de Deidade. E tudo isso ele parece fazer com o propósito de contribuir para o surgimento da factualização inevitável, a manifestação supra-experiencial e suprafinita de Deus, o Último.

115:7:7 12671 O Ser Supremo não pode ser plenamente apreciado, sem levar-se em consideração a fonte, a função e o destino: a relação com a Trindade de origem, o universo de atividade e a Trindade Última, de destino imediato.

115:7:8 12672 Pelo processo da somatória da experiência evolucionária, o Supremo conecta o finito com o absonito, do mesmo modo que a mente do Agente Conjunto integra a espiritualidade divina do Filho pessoal com as energias imutáveis do modelo do Paraíso, e assim como a presença do Absoluto Universal unifica a ativação da Deidade com a reatividade Inqualificável. E essa unidade deve ser uma revelação do trabalho não detectável da unidade original da Primeira Causa-Pai e Fonte-Modelo de todas as coisas e de todos os seres.

115:7:9 12673 [Promovido por um Mensageiro Poderoso com permanência temporária em Urântia.]
DOCUMENTO 116

O SUPREMO TODO-PODEROSO
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Se o homem reconhecesse que os seus Criadores – os Seus supervisores imediatos – conquanto sejam divinos, são também finitos, e que o Deus do tempo e do espaço é uma Deidade em evolução e não absoluta, então as inconsistências das desigualdades temporais cessariam de ser paradoxos religiosos profundos. Não mais a fé religiosa seria prostituída na promoção social presunçosa dos afortunados, ao mesmo tempo em que serviria apenas para encorajar a resignação estóica das vítimas desafortunadas da privação social.

116:0:2 12682 Ao visualizar as esferas primorosamente perfeitas de Havona é, não apenas lógico, mas razoável acreditar que elas foram feitas por um criador perfeito, infinito e absoluto. Contudo, essa mesma razão e essa mesma lógica compelem qualquer ser honesto, ao ver a confusão, as imperfeições e as injustiças de Urântia, a concluir que o vosso mundo teria sido feito, e estava sendo administrado por Criadores subabsolutos, pré-infinitos e outros que não os perfeitos.

116:0:3 12683 O crescimento experiencial implica uma co-participação criatura-Criador – Deus e o homem em uma associação. O crescimento é a marca da Deidade experiencial: Havona não cresceu; Havona é e sempre tem sido; é existencial como os Deuses eternos, que são a sua fonte. O crescimento, porém, caracteriza o grande universo.

116:0:4 12684 O Supremo Todo-Poderoso é uma Deidade de poder e personalidade, viva e em evolução. O seu domínio atual, o grande universo, é também um reino de poder e personalidade em crescimento. O seu destino é a perfeição, mas a sua experiência presente abrange os elementos do crescimento e do status incompleto do ser.

116:0:5 12685 O Ser Supremo funciona primariamente, no universo central, como uma personalidade espiritual; secundariamente, no grande universo, como Deus, o Todo-Poderoso, uma personalidade de poder. A função terciária do Supremo, no universo-mestre, é atualmente latente, existindo apenas como um potencial desconhecido de mente. Ninguém sabe o que esse terceiro desenvolvimento do Ser Supremo irá revelar. Alguns acreditam que, quando os superuniversos estiverem estabelecidos em luz e vida, o Supremo funcionará desde Uversa como o soberano Todo-Poderoso e experiencial do grande universo, ao mesmo tempo em que se expandirá em poder como o super-Todo-Poderoso dos universos exteriores. Outros fazem a conjectura de que o terceiro estágio de Supremacia envolverá o terceiro nível da manifestação da Deidade. Nenhum de nós, porém, sabe realmente.

1. A MENTE SUPREMA


116:1:1 12686 A experiência da personalidade de toda criatura em evolução é uma fase da experiência do Supremo Todo-Poderoso. A subjugação inteligente de todo segmento físico dos superuniversos é uma parte do controle crescente do Supremo Todo-Poderoso. A síntese criativa de poder e de personalidade é uma parte da urgência criativa da Mente Suprema, e é a essência mesma do crescimento evolucionário da unidade no Ser Supremo.

116:1:2 12691 A união dos atributos de poder e personalidade da Supremacia é função da Mente Suprema; e a evolução completa do Supremo Todo-Poderoso resultará em uma Deidade unificada e pessoal – não em uma associação qualquer, frouxamente coordenada, de atributos divinos. De uma perspectiva mais ampla, não haverá nenhum Todo-Poderoso separadamente do Supremo, nenhum Supremo separadamente do Todo-Poderoso.

116:1:3 12692 Durante as idades evolucionárias, o potencial de poder físico do Supremo, investido nos Sete Diretores do Poder Supremo, e o potencial de mente recaem sobre os Sete Espíritos Mestres. A Mente Infinita é função do Espírito Infinito; a mente cósmica, o ministério dos Sete Espíritos Mestres. A Mente Suprema está em processo de factualização, na coordenação do grande universo e na associação funcional com a revelação e a realização de Deus, o Sétuplo.

116:1:4 12693 A mente do tempo-espaço, a mente cósmica, funciona diferencialmente nos sete superuniversos, mas é coordenada por alguma técnica associativa no Ser Supremo. O controle do grande universo pelo Todo-Poderoso não é exclusivamente físico e espiritual. Nos sete superuniversos, é primordialmente material e espiritual, mas estão presentes também fenômenos do Supremo que são tanto intelectuais quanto espirituais.

116:1:5 12694 Realmente sabemos menos sobre a mente da Supremacia do que sobre qualquer outro aspecto dessa Deidade em evolução. A sua mente é inquestionavelmente ativa em todo o grande universo, e acredita-se que tenha um destino potencial de função no universo-mestre, que é de uma abrangência bem vasta. Eis, porém, o que sabemos bem: conquanto o físico possa alcançar um crescimento completo, e conquanto o espírito possa realizar a perfeição de desenvolvimento, a mente nunca cessa de progredir – ela é a técnica experiencial do progresso sem fim. O Supremo é uma Deidade experiencial, portanto, nunca alcança uma realização completa da mente.

2. O TODO-PODEROSO E DEUS, O SÉTUPLO


116:2:1 12695 O surgimento da presença do poder universal do Todo-Poderoso é concomitante com o aparecimento do estágio da ação cósmica dos altos criadores e controladores dos superuniversos evolucionários.

116:2:2 12696 Deus, o Supremo, recebe os seus atributos de espírito e de personalidade da Trindade do Paraíso, mas ele factualiza o seu poder nos feitos dos Filhos Criadores, dos Anciães dos Dias e dos Espíritos Mestres, cujos atos coletivos são a fonte do seu poder crescente como soberano Todo-Poderoso para e nos sete superuniversos.

116:2:3 12697 A Deidade Inqualificável do Paraíso é incompreensível para as criaturas em evolução, do tempo e do espaço. A eternidade e a infinitude conotam um nível de realidade da deidade que as criaturas tempo-espaciais não podem compreender. A infinitude da deidade e a absolutez da soberania são inerentes à Trindade do Paraíso, e a Trindade é uma realidade que está algo além do entendimento do homem mortal. As criaturas tempo-espaciais devem ter origens, relatividades e destinos, a fim de captarem as relações do universo e para que compreendam os valores do significado da divindade. Por essa razão, a Deidade do Paraíso atenua e qualifica, ainda, as personalizações extra-Paradisíacas da divindade, trazendo assim, à existência, os Criadores Supremos e os seus coligados, que levam a luz da vida sempre e cada vez mais para longe da sua fonte no Paraíso até encontrarem a sua expressão mais longínqua e bela nas vidas terrenas dos Filhos auto-outorgados nos mundos evolucionários.

116:2:4 12701 E essa é a origem de Deus, o Sétuplo, cujos níveis sucessivos são encontrados pelo homem mortal na seguinte ordem:

12702 1. Os Filhos Criadores (e os Espíritos Criativos).

12703 2. Os Anciães dos Dias.

12704 3. Os Sete Espíritos Mestres.

12705 4. O Ser Supremo.

12706 5. O Agente Conjunto.

12707 6. O Filho Eterno.

12708 7. O Pai Universal.

116:2:5 12709 Os três primeiros níveis são os Criadores Supremos; os três últimos são as Deidades do Paraíso. O Supremo interpõe-se sempre como a personalização espiritual experiencial da Trindade do Paraíso e como o foco experimental do poder Todo-Poderoso evolucionário dos filhos criadores das Deidades do Paraíso. O Ser Supremo é a revelação máxima da Deidade para os sete superuniversos e para a presente idade do universo.

116:2:6 127010 Pela técnica da lógica dos mortais, poderia ser inferido que a reunificação experiencial dos atos coletivos dos primeiros três níveis de Deus, o Sétuplo, equivaleria ao nível da Deidade do Paraíso, mas não é esse o caso. A Deidade do Paraíso é uma Deidade existencial. Os Criadores Supremos, na sua divina unidade de poder e personalidade, constituem e expressam um novo potencial de poder da Deidade experiencial. E esse potencial de poder, de origem experimental, tem união inevitável e inescapável com a Deidade experiencial originária da Trindade – o Ser Supremo.

116:2:7 127011 Deus, o Supremo, não é a Trindade do Paraíso, e ele também não é nenhum dos Criadores superuniversais, cujas atividades funcionais factualmente sintetizam o seu poder Todo-Poderoso em evolução. Deus, o Supremo, mesmo tendo origem na Trindade, torna-se manifesto às criaturas evolucionárias como uma personalidade de poder apenas por intermédio das funções coordenadas dos três primeiros níveis de Deus, o Sétuplo. O Supremo Todo-Poderoso está-se factualizando agora, no tempo e no espaço, por meio das atividades das Personalidades Criadoras Supremas, assim como o próprio Agente Conjunto, na eternidade, passou instantaneamente a ser, pela vontade conjunta do Pai Universal e do Filho Eterno. Esses seres dos três primeiros níveis de Deus, o Sétuplo, são a natureza mesma e a fonte do poder do Supremo Todo-Poderoso; e por isso eles devem sempre acompanhar e sustentar os seus atos administrativos.

3. O TODO-PODEROSO E A DEIDADE DO PARAÍSO


116:3:1 127012 As Deidades do Paraíso não apenas atuam diretamente nos seus circuitos de gravidade, em todo o grande universo, mas funcionam também por intermédio das suas várias agências e de outras manifestações, tais como:

116:3:2 127013 1 . As focalizações de mente da Terceira Fonte e Centro. Os domínios finitos da energia e do espírito são literalmente mantidos unidos pelas presenças mentais do Agente Conjunto. Isso é verdade, desde os Espíritos Criativos, em um universo local, aos Espíritos Refletivos de um superuniverso e até os Espíritos Mestres no grande universo. Os circuitos da mente que emanam dos focos dessas várias inteligências representam a arena cósmica da escolha da criatura. A mente é a realidade flexível que as criaturas e os Criadores podem, muito prontamente, manipular; é o vínculo vital que conecta a matéria e o espírito. O outorgamento da mente, da Terceira Fonte e Centro, unifica a pessoa espiritual de Deus, o Supremo, com o poder experiencial do Todo-Poderoso evolucionário.

116:3:3 12711 2. As revelações de personalidade da Segunda Fonte e Centro. As presenças mentais do Agente Conjunto unificam o espírito da divindade com o modelo arquetípico de energia. As encarnações auto-outorgadas do Filho Eterno e dos seus Filhos do Paraíso unificam, fundem, na verdade, a natureza divina do Criador com a natureza em evolução de uma criatura. O Supremo é tanto a criatura quanto o criador; a possibilidade de ser assim é revelada nos atos de auto-outorga do Filho Eterno e dos seus Filhos coordenados e subordinados. As ordens de filiação que se auto-outorgam, os Michaéis e os Avonais, de fato acrescentam às suas naturezas divinas as naturezas das criaturas de boa-fé que se tornaram suas ao viver uma vida de criatura nos mundos evolucionários. Quando a divindade se transforma em humanidade, fica inerente a essa relação a possibilidade de que a humanidade possa tornar-se divina.

116:3:4 12712 3. As presenças residentes da Primeira Fonte e Centro. A mente unifica as causações espirituais com as reações de energia; o ministério da auto-outorga unifica a descida da divindade com as ascensões da criatura; e os fragmentos residentes do Pai Universal, de fato, unificam as criaturas em evolução com Deus, no Paraíso. Há muitas dessas presenças do Pai que residem em numerosas ordens de personalidades, e, no homem mortal, esses fragmentos divinos de Deus são os Ajustadores do Pensamento. Os Monitores Misteriosos são para os seres humanos o que a Trindade do Paraíso é para o Ser Supremo. Os Ajustadores são fundamentos absolutos e, sobre fundamentos absolutos, a escolha do livre-arbítrio pode fazer com que evolua a realidade divina de uma natureza eternalitora; no caso do homem, será finalitora, no caso de Deus, o Supremo, terá a natureza da Deidade.

116:3:5 12713 As auto-outorgas das ordens de filiação do Paraíso, junto às criaturas, capacitam esses Filhos divinos a enriquecer as suas personalidades pela aquisição da natureza factual das criaturas do universo e, ao mesmo tempo, tais auto-outorgas infalivelmente revelam, para as próprias criaturas, o trajeto até o Paraíso, para alcançar a divindade. A dádiva dos Ajustadores feita pelo Pai Universal capacita-O a atrair para Si a personalidade das criaturas volitivas. E, por intermédio de todas essas relações, nos universos finitos, o Agente Conjunto é a fonte sempre presente da ministração da mente, em virtude da qual tais atividades acontecem.

116:3:6 12714 Deste e de muitos outros modos, as Deidades do Paraíso participam das evoluções do tempo, desdobrando-se nos planetas que circulam no espaço, e culminam na emergência da personalidade do Supremo, conseqüência de toda a evolução.

4. O TODO-PODEROSO E OS CRIADORES SUPREMOS


116:4:1 12715 A unidade do Todo Supremo depende da unificação progressiva das partes finitas; a factualização do Supremo resulta dessas próprias unificações dos fatores da supremacia e as produz – os criadores, as criaturas, as inteligências e as energias dos universos.

116:4:2 12721 Durante essas idades, nas quais a soberania da Supremacia está passando pelo tempo do seu desenvolvimento, o poder Todo-Poderoso do Supremo é dependente dos atos divinos de Deus, o Sétuplo, enquanto parece haver uma relação particularmente íntima entre o Ser Supremo e o Agente Conjunto e as suas personalidades primárias, os Sete Espíritos Mestres. O Espírito Infinito, como um Agente Conjunto, funciona de muitas maneiras que compensam o estado incompleto da Deidade evolucionária e sustenta relações muito íntimas com o Supremo. Essa proximidade de relação é compartilhada, na sua medida, por todos os Sete Espíritos Mestres, mas o é especialmente pelo Espírito Mestre Número Sete, que fala pelo Supremo. Esse Espírito Mestre conhece – está em contato pessoal com – o Supremo.

116:4:3 12722 Muito cedo, na proposição do esquema da criação do superuniverso, os Espíritos Mestres uniram-se à Trindade ancestral, para a co-criação dos quarenta e nove Espíritos Refletivos, e concomitantemente, o Ser Supremo funcionou criativamente como um culminador dos atos conjuntos da Trindade do Paraíso e dos filhos criativos da Deidade do Paraíso. Majeston surgiu e, desde então, tem focalizado a presença cósmica da Mente Suprema, enquanto os Espíritos Mestres continuam como fontes-centros para a vasta ministração da mente cósmica.

116:4:4 12723 No entanto, os Espíritos Mestres continuam na supervisão dos Espíritos Refletivos. O Sétimo Espírito Mestre está (da sua supervisão geral de Orvonton, a partir do universo central) em contato pessoal com os sete Espíritos Refletivos localizados em Uversa (e tem o supracontrole deles). Nos seus controles e nas suas administrações intersuperuniversais e intra-superuniversais, ele está em contato refletivo com os Espíritos Refletivos do seu próprio tipo, localizados em cada capital dos superuniversos.

116:4:5 12724 Esses Espíritos Mestres são não apenas os sustentadores e intensificadores da soberania da Supremacia, mas são, por sua vez, afetados pelos propósitos criativos do Supremo. Ordinariamente, as criações coletivas dos Espíritos Mestres são de uma ordem quase material (os diretores de potência, etc. ), enquanto as suas criações individuais são da ordem espiritual (os supernafins, etc. ). Todavia, quando os Espíritos Mestres produziram coletivamente os Sete Espíritos dos Circuitos, em resposta à vontade e ao propósito do Ser Supremo, deve ser notado que a progênie desse ato criativo é espiritual, não é material, nem quase material.

116:4:6 12725 E, como é com os Espíritos Mestres dos superuniversos, assim é com os governantes trinos dessas supercriações – os Anciães dos Dias. Essas personificações do julgamento-justiça da Trindade, no tempo e no espaço, são os campos de apoio para o poder mobilizador Todo-Poderoso do Supremo, servindo de pontos focais sétuplos para a evolução da soberania trinitária, nos domínios do tempo e do espaço. Do seu ponto vantajoso, entre o Paraíso e os mundos em evolução, esses soberanos originários da Trindade vêem nos dois sentidos, conhecem ambos os lados e coordenam ambos os lados.

116:4:7 12726 Os universos locais são, porém, os laboratórios reais nos quais se realizam as experiências com a mente, as aventuras galáticas, os desdobramentos da divindade e as progressões da personalidade, que, quando totalizadas cosmicamente, constituem a fundação real sobre a qual o Supremo está concretizando a evolução da deidade, na experiência e por meio dela.

116:4:8 12727 Nos universos locais até mesmo os Criadores evoluem: a presença do Agente Conjunto evolui de um foco de poder vivo até o status da divina personalidade de um Espírito Materno do Universo; o Filho Criador evolui da natureza de uma divindade existencial do Paraíso até a natureza experiencial da soberania suprema. Os universos locais são os pontos de partida da verdadeira evolução, os locais de desova de personalidades imperfeitas de boa-fé, dotadas com o poder de livre escolha, para tornar-se co-criadoras de si próprias, tais como deverão ser.

116:4:9 12731 Os Filhos Magisteriais, com as suas auto-outorgas nos mundos evolucionários, finalmente adquirem naturezas que expressam a divindade do Paraíso em unificação experiencial com os valores espirituais mais elevados da natureza humana material. E, por intermédio dessas e de outras auto-outorgas, os Michaéis Criadores, do mesmo modo, adquirem as naturezas e os pontos de vista cósmicos dos seus filhos reais do universo local. Esses Filhos, os Criadores Mestres, estão perto de completar a experiência subsuprema; e, quando a sua soberania no universo local se amplia até abraçar os Espíritos Criativos coligados, pode ser dito que ela se aproxima dos limites da supremacia, dentro dos potenciais presentes do grande universo evolucionário.

116:4:10 12732 Quando os Filhos auto-outorgadores revelam novos caminhos para o homem encontrar a Deus, eles não estão criando esses caminhos de alcance da divindade; eles estão, antes, iluminando as estradas perenes de progressão que, passando pela presença do Supremo, conduzem à presença do Pai do Paraíso.

116:4:11 12733 O universo local é o ponto de partida para aquelas personalidades que estão mais distantes de Deus e que podem, por isso, experimentar o maior grau de ascensão espiritual no universo, que podem realizar o máximo de participação experiencial na co-criação de si próprias. Esses mesmos universos locais proporcionam, do mesmo modo, a maior profundidade possível de experiência para as personalidades descendentes, que assim realizam algo que para elas é tão significativo quanto a ascensão ao Paraíso o é para uma criatura evolucionária.

116:4:12 12734 O homem mortal parece ser necessário à plena função de Deus, o Sétuplo, na medida em que esse agrupamento da divindade culmina no Supremo, em factualização. Há muitas outras ordens de personalidades do universo que são igualmente necessárias à evolução do poder Todo-Poderoso do Supremo, mas esse modo de retratar as coisas é apresentado para a edificação dos seres humanos, e é, portanto, bastante limitado aos fatores que colaboram para a evolução de Deus, o Sétuplo, e que estão relacionados ao homem mortal.

5. O TODO-PODEROSO E OS CONTROLADORES SÉTUPLOS


116:5:1 12735 Vós fostes instruídos sobre a relação de Deus, o Sétuplo, com o Ser Supremo, e devíeis agora reconhecer que o Sétuplo abrange os controladores tanto quanto os criadores do grande universo. Esses controladores sétuplos do grande universo abrangem o seguinte:

12736 1. Os Mestres Controladores Físicos.

12737 2. Os Centros Supremos de Poder.

12738 3. Os Diretores Supremos do Poder.

12739 4. O Supremo Todo-Poderoso.

127310 5. O Deus da Ação – o Espírito Infinito.

127311 6. A Ilha do Paraíso.

127312 7. A Fonte do Paraíso – o Pai Universal.

116:5:2 127313 Esses sete grupos são funcionalmente inseparáveis de Deus, o Sétuplo, e constituem o nível de controle físico dessa associação da Deidade.

116:5:3 127314 A bifurcação entre energia e espírito (que brota da presença conjunta do Filho Eterno e da Ilha do Paraíso) foi simbolizada no sentido do superuniverso, quando os Sete Espíritos Mestres se engajaram, unidos, no seu primeiro ato coletivo de criação. Esse episódio testemunhou o surgimento dos Sete Diretores Supremos do Poder. Ao mesmo tempo, os circuitos espirituais dos Espíritos Mestres diferenciaram-se, por contraste, das atividades físicas de supervisão dos diretores de potência e, imediatamente, a mente cósmica surgiu como um fator novo, coordenando a matéria e o espírito.

116:5:4 12741 O Supremo Todo-Poderoso está evoluindo como supracontrolador do poder físico do grande universo. Na idade universal atual, esse potencial de poder físico parece estar centrado nos Sete Diretores Supremos do Poder, que operam por intermédio de localizações fixas dos centros de potência e por meio das presenças móveis dos controladores físicos.

116:5:5 12742 Os universos do tempo não são perfeitos; a perfeição é o destino deles. A luta pela perfeição pertence não apenas aos níveis intelectuais e espirituais, mas também ao nível físico da energia e da massa. O estabelecimento dos sete superuniversos em luz e vida pressupõe que eles alcancem a sua estabilidade física. E conjectura-se que o alcançar final do equilíbrio material signifique a evolução completa do controle físico do Todo-Poderoso.

116:5:6 12743 Nos primeiros tempos da elaboração do universo, até mesmo os Criadores do Paraíso estão envolvidos primordialmente com o equilíbrio material. O modelo de um universo local toma forma não apenas como resultado das atividades dos centros de potência, mas também em conseqüência da presença espacial do Espírito Criativo. E, durante essas épocas iniciais de construção dos universos locais, o Filho Criador demonstra atributos pouco compreensíveis de controle material, e não abandona o seu planeta capital até que haja sido estabelecido o equilíbrio global do universo local, em linhas gerais.

116:5:7 12744 Em última análise, toda a energia responde à mente, e os controladores físicos são os filhos do Deus da mente, que é o ativador do arquétipo do Paraíso. A inteligência dos diretores de potência está ininterruptamente devotada à tarefa de estabelecer o controle material. A luta deles pelo domínio físico sobre as relações energéticas e os movimentos da massa nunca cessa, até que consigam a vitória finita sobre as energias e as massas, as quais constituem o domínio perpétuo da atividade deles.

116:5:8 12745 As lutas espirituais no tempo e no espaço concernem à evolução da dominação do espírito sobre a matéria, pela intermediação da mente (pessoal); a evolução (não pessoal) física dos universos cuida de colocar a energia cósmica em harmonia com os conceitos mentais de equilíbrio, sujeitos ao supracontrole do espírito. A evolução total, no conjunto, do grande universo é uma questão de unificação da parte da personalidade, da mente que controla a energia, com o intelecto coordenado ao espírito, e será revelada no surgimento pleno do poder Todo-Poderoso do Supremo.

116:5:9 12746 A dificuldade de alcançar um estado de equilíbrio dinâmico é inerente ao fato do crescimento do cosmos. Os circuitos estabelecidos da criação física estão sendo continuamente ameaçados pelo aparecimento de novas energias e de novas massas. Um universo em crescimento é um universo não estabelecido; conseqüentemente, nenhuma parte do todo cósmico pode encontrar estabilidade real antes que a plenitude do tempo testemunhe a realização completa dos sete superuniversos.

116:5:10 12747 Nos universos estabelecidos em luz e vida, não há acontecimentos físicos inesperados de importância maior. Neles, um controle relativamente completo sobre a criação material já foi atingido; os problemas das relações entre os universos estabelecidos e os universos em evolução, entretanto, continuam a desafiar a habilidade dos Diretores do Poder do Universo. Contudo, esses problemas desaparecerão gradualmente com a diminuição da atividade de novas criações, à medida que o grande universo se aproxima da culminância da expressão evolucionária.

6. O PREDOMÍNIO DO ESPÍRITO


116:6:1 12751 Nos superuniversos evolucionários, a energia-matéria é dominante, exceto na personalidade, dentro da qual o espírito luta pelo controle e mestria mediante a intermediação da mente. A meta dos universos evolucionários é a subjugação da energia-matéria, pela mente, a coordenação da mente com o espírito, e tudo isso em virtude da presença criativa e unificadora da personalidade. Assim, em relação à personalidade, os sistemas físicos tornam-se subordinados; os sistemas mentais, coordenados; e os sistemas espirituais tornam-se dirigentes.

116:6:2 12752 Essa união de poder e personalidade exprime-se, nos níveis da deidade, no Supremo e como o Supremo. A evolução factual do domínio do espírito é, porém, um crescimento que é pregado nos atos de livre-arbítrio dos Criadores e das criaturas do grande universo.

116:6:3 12753 Em níveis absolutos, a energia e o espírito são um. No entanto, no momento em que se sai desses níveis absolutos, a diferença aparece e, à medida que a energia e o espírito, saindo do Paraíso, movem-se no sentido do espaço, o abismo entre eles se amplia, até que, nos universos locais, eles se tornam completamente divergentes. Não mais são idênticos, nem são semelhantes, e a mente deve interferir para interrelacioná-los.

116:6:4 12754 O fato de que a energia possa ser direcionada pela ação das personalidades controladoras revela a resposta da energia à ação da mente. Que a massa possa ser estabilizada por meio da ação dessas mesmas entidades controladoras é um fato que indica a resposta que a massa dá à presença da mente, que gera um comando de ordem. E que o próprio espírito, na personalidade volicional, possa esforçar-se por meio da mente, para obter a mestria da energia-matéria, revela a unidade potencial de toda criação finita.

116:6:5 12755 Há uma interdependência entre todas as forças e personalidades em todo o universo dos universos. Os Filhos Criadores e os Espíritos Criativos dependem da função cooperativa dos centros de potência e dos controladores físicos para a organização dos universos; os Diretores Supremos do Poder são incompletos, sem o supracontrole dos Espíritos Mestres. Em um ser humano, o mecanismo da vida física responde, em parte, aos ditames da mente (pessoal). Essa mesma mente pode, por sua vez, tornar-se dominada pelos guiamentos do espírito com propósito, e o resultado de tal desenvolvimento evolucionário é a produção de um novo filho do Supremo, uma nova unificação pessoal das várias espécies de realidade cósmica.

116:6:6 12756 E assim como é com as partes, assim é com o todo; a pessoa espiritual da Supremacia requer o poder evolucionário do Todo-Poderoso para a realização completa da Deidade e para alcançar o destino de associação com a Trindade. O esforço é feito pelas personalidades do tempo e do espaço, mas a culminância e consumação desse esforço é um ato do Supremo Todo-Poderoso. E, enquanto o crescimento do todo é, assim, uma totalização do crescimento coletivo das partes, segue-se igualmente que a evolução das partes seja um reflexo segmentado do crescimento propositado do todo.

116:6:7 12757 No Paraíso, monota e espírito são como um – indistinguíveis, exceto pelo nome. Em Havona, matéria e espírito, conquanto sejam distinguivelmente diferentes, são, ao mesmo tempo, inatamente harmoniosos. Nos sete superuniversos, contudo, há uma grande divergência, há um grande abismo entre a energia cósmica e o espírito divino; e, por isso, há um maior potencial experiencial de ação da mente para harmonizar e finalmente unificar o modelo físico com os propósitos espirituais. Nos universos do espaço, em evolução com o tempo, há uma atenuação maior da divindade, e problemas mais difíceis de serem resolvidos, e mais oportunidade de adquirir experiência ao solucioná-los. E toda essa situação no superuniverso traz à existência uma arena maior de existência evolucionária, na qual a possibilidade da experiência cósmica torna-se disponível, do mesmo modo, para a criatura e para o Criador – e até mesmo para a Deidade Suprema.

116:6:8 12761 A predominância do espírito, que é existencial, em níveis absolutos, torna-se uma experiência evolucionária em níveis finitos e nos sete superuniversos. E essa experiência é compartilhada do mesmo modo por todos, do homem mortal ao Ser Supremo. Todos se empenham, pessoalmente esforçam-se, para a realização; todos participam, pessoalmente partilham, do destino.

7. O GRANDE UNIVERSO, UM ORGANISMO VIVO


116:7:1 12762 O grande universo não é apenas uma criação material de grandeza física, de sublimidade espiritual e de magnitude intelectual, é também um organismo vivo magnífico e sensível. Há vida real pulsando em todo o mecanismo da vasta criação do vibrante cosmo. A realidade física dos universos simboliza a realidade perceptível do Supremo Todo-Poderoso; e esse organismo material vivo é penetrado por circuitos de inteligência, do mesmo modo que o corpo humano é atravessado por uma malha de rotas de sensações neurológicas. Esse universo físico é permeado por canais de energia que ativam efetivamente a criação material, do mesmo modo que o corpo humano é nutrido e energizado pela distribuição circulatória dos produtos assimiláveis, portadores da energia de nutrição. O vasto universo não é desprovido dos centros coordenadores de magnífico supracontrole, que poderiam ser comparados aos delicados sistemas de controle químico do mecanismo humano. Se vós, porém, conhecêsseis apenas um pouco sobre o físico de um centro de potência, então nós poderíamos, por analogia, contar-vos muito mais sobre o universo físico.

116:7:2 12763 Do mesmo modo que os mortais contam com a energia solar para a sua manutenção, o grande universo depende das energias inesgotáveis que emanam do Paraíso inferior, para sustentar as atividades materiais e os movimentos cósmicos do espaço.

116:7:3 12764 A mente foi dada aos mortais para que eles possam tornar-se conscientes da própria identidade e da personalidade; e a mente – uma Mente Suprema mesmo – foi outorgada à totalidade do finito para que o espírito dessa personalidade nascente do cosmo se empenhe sempre na mestria sobre a matéria-energia.

116:7:4 12765 O homem mortal é sensível ao guiamento do espírito, do mesmo modo que o grande universo responde à imensa atração da gravidade espiritual do Filho Eterno, à coesão supramaterial universal dos valores espirituais eternos de todas as criações do cosmo finito do tempo e do espaço.

116:7:5 12766 Os seres humanos são capazes de fazer uma auto-identificação perene com a realidade total e indestrutível do universo – a fusão com o Ajustador do Pensamento residente. Do mesmo modo, o Supremo perenemente depende da estabilidade absoluta da Deidade Original, a Trindade do Paraíso.

116:7:6 12767 O impulso do homem para a perfeição do Paraíso, o seu esforço de alcançar a Deus, cria uma tensão genuína de divindade, no cosmo vivo, que pode ser resolvida apenas pela evolução de uma alma imortal; é isso o que acontece na experiência de cada criatura mortal individual. Contudo, quando todas as criaturas e todos os Criadores, no grande universo, do mesmo modo esforçam-se para alcançar a Deus e à perfeição divina, é gerada uma tensão cósmica profunda, que só pode encontrar a sua resolução na síntese sublime do poder Todo-Poderoso na pessoa espiritual do Deus em evolução de todas as criaturas, o Ser Supremo.

116:7:7 12771 [Promovido por um Mensageiro Poderoso com permanência temporária em Urântia.]

DOCUMENTO 117

DEUS, O SUPREMO
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Na medida em que fazemos a vontade de Deus, qualquer que seja o ponto do universo no qual possamos ter a nossa existência, naquela mesma medida, o potencial Todo-Poderoso do Supremo torna-se mais factual. A vontade de Deus é o propósito da Primeira Fonte e Centro, como é potencializado nos três Absolutos, personalizado no Filho Eterno e conjugado ao Espírito Infinito, para atuação no universo, e eternizado nos arquétipos eternos do Paraíso. E Deus, o Supremo, está-se transformando na mais elevada manifestação finita da vontade total de Deus.

117:0:2 12782 Se todos os habitantes do grande universo, para sempre, realizassem relativamente a vontade viva e plena de Deus, as criações do tempo-espaço deveriam estabelecer-se em luz e vida, e o Todo-Poderoso, deidade potencial da Supremacia, então, iria tornar-se factual no surgimento da personalidade divina de Deus, o Supremo.

117:0:3 12783 Quando uma mente em evolução coloca-se em sintonia com os circuitos da mente cósmica, quando um universo em evolução passa à estabilização, segundo o modelo do universo central, quando um espírito em avanço contata a ministração unificada dos Espíritos Mestres, quando uma personalidade mortal em ascensão finalmente sintoniza-se com a condução divina do Ajustador residente, então, a factualidade do Supremo torna-se um grau mais real nos universos; e a divindade da Supremacia terá avançado mais um passo no sentido da sua realização cósmica.

117:0:4 12784 As partes e os indivíduos do grande universo evoluem como um reflexo da evolução total do Supremo, ao mesmo tempo em que, por sua vez, o Supremo é o total sintético acumulativo de toda a evolução do grande universo. Do ponto de vista do mortal, ambos são recíprocos, evolucionários e experienciais.

1. A NATUREZA DO SER SUPREMO


117:1:1 12785 O Supremo é a beleza da harmonia física, a verdade do significado intelectual e a bondade do valor espiritual. Ele é a doçura do êxito verdadeiro e o júbilo da realização eterna. Ele é a supra-alma do grande universo, é a consciência do cosmo finito, é o completar da realidade finita e da personificação da experiência Criador-criatura. Em toda a eternidade futura, Deus, o Supremo, representará a realidade da experiência volicional nas relações trinitárias da Deidade.

117:1:2 12786 Os Deuses desceram do Paraíso, nas pessoas dos Criadores Supremos, até os domínios do tempo e do espaço, para ali criarem e fazerem evoluir criaturas dotadas com a capacidade de alcançar o Paraíso, que podem ascender até o mesmo na busca pelo Pai. Essa procissão, no universo, de Criadores descendentes, reveladores de Deus, e de criaturas ascendentes, que buscam a Deus, é reveladora da evolução da Deidade do Supremo, em quem uns e outros, os descendentes e os ascendentes, realizam a mutualidade da compreensão, a descoberta da irmandade eterna e universal. O Ser Supremo, assim, torna-se a síntese finita da experiência da causa Criadora perfeita e da resposta da criatura em perfeccionamento.

117:1:3 12791 O grande universo contém a possibilidade da unificação completa, e busca-a sempre, e isso surge do fato de que essa existência cósmica é uma conseqüência dos atos criativos e dos mandatos de poder da Trindade do Paraíso, que é uma unidade inqualificável. Essa mesma unidade trinitária é expressa, no cosmo finito, pelo Supremo, cuja realidade torna-se crescentemente aparente, à medida que os universos atingem o seu nível máximo de identificação com a Trindade.

117:1:4 12792 A vontade do Criador e a vontade da criatura são qualitativamente diferentes, entretanto são também experiencialmente semelhantes, pois a criatura e o Criador podem colaborar na realização da perfeição no universo. O homem pode trabalhar em ligação com Deus e, por intermédio dessa ligação, efetivar a co-criação de um finalitor eterno. Deus pode trabalhar, até mesmo humanamente, nas encarnações dos seus Filhos, que realizam, assim, a supremacia da experiência da criatura.

117:1:5 12793 No Ser Supremo, o Criador e a criatura estão unidos em uma Deidade cuja vontade expressa uma personalidade divina. E essa vontade do Supremo é algo mais do que a vontade da criatura e mais forte mesmo do que a vontade do Criador; assim como a vontade soberana do Filho Mestre de Nebadon agora é algo mais do que uma combinação da vontade da divindade e da humanidade. A união da perfeição do Paraíso e da experiência tempo-espacial produz um valor de significado novo para os níveis de realidade da deidade.

117:1:6 12794 A natureza divina em evolução, do Supremo, está-se tornando um retrato fiel da experiência, sem par, de todas as criaturas e de todos os Criadores, no grande universo. No Supremo, a natureza criadora e a natureza da criatura são como uma; elas estão unidas, para sempre, pela experiência que surgiu das vicissitudes conseqüentes da solução dos múltiplos problemas que envolvem toda a criação finita, enquanto esta prossegue no caminho eterno da busca da perfeição completa e da liberação dos entraves da imperfeição incompleta.

117:1:7 12795 A verdade, a beleza e a bondade estão correlacionadas na ministração do Espírito, na grandeza do Paraíso, na misericórdia do Filho e na experiência do Supremo. Deus, o Supremo, é verdade, beleza e bondade, pois esses conceitos de divindade representam os máximos finitos da experiência ideacional. As fontes eternas dessas qualidades trinas de divindade estão nos níveis suprafinitos, mas uma criatura apenas poderia conceber tais fontes como a supra-verdade, a supra-beleza e a supra-bondade.

117:1:8 12796 Michael, como criador, revelou o amor divino do Pai Criador para os seus filhos da Terra. E, tendo descoberto e recebido essa afeição divina, os homens podem aspirar a revelar esse amor aos seus irmãos na carne. Essa afeição pela criatura é um reflexo verdadeiro do amor do Supremo.

117:1:9 12797 O Supremo é simetricamente inclusivo. A Primeira Fonte e Centro é potencial nos três grandes absolutos, é factual no Paraíso, no Filho e no Espírito; mas o Supremo é tanto factual quanto potencial, é um ser de supremacia pessoal e de poder Todo-Poderoso, sensível tanto ao esforço da criatura quanto ao propósito do Criador; é auto-atuante sobre o universo e auto-reativo para com a soma total do universo; é, a um tempo, o criador supremo e, ao mesmo tempo, a suprema criatura. A Deidade da Supremacia exprime, desse modo, a totalidade do finito completo.

2. A FONTE DO CRESCIMENTO EVOLUCIONÁRIO


117:2:1 12801 O Supremo é Deus-no-Tempo, é o segredo do crescimento da criatura no tempo; e é também a conquista do presente incompleto e a consumação do futuro a se perfeccionar. E os frutos finais de todo crescimento finito são: o poder controlado pelo espírito, por intermédio da mente em virtude da unificação; e a presença criativa da personalidade. A conseqüência culminante de todo esse crescimento é o Ser Supremo.

117:2:2 12802 Para o homem mortal, a existência é equivalente ao crescimento. E, assim, de fato pareceria ser, mesmo no sentido mais amplo do universo, pois a existência guiada pelo espírito parece resultar no crescimento experiencial – a elevação do status. Nós temos, contudo, sustentado, durante muito tempo, que o crescimento atual que caracteriza a existência da criatura na idade presente do universo é uma função do Supremo. Igualmente sustentamos que essa espécie de crescimento é peculiar à idade de crescimento do Supremo, e que terminará quando o crescimento do Supremo se completar.

117:2:3 12803 Considerai o status dos filhos trinitarizados-por-criaturas: eles nascem e vivem na presente idade do universo; eles têm personalidades, como têm dotações de mente e de espírito. Eles têm experiências e a memória delas, mas não crescem como o fazem os ascendentes. É da nossa crença e é da nossa compreensão que esses filhos trinitarizados-por-criaturas, conquanto estejam na idade presente do universo, eles, na verdade, são da próxima idade do universo – a idade que se seguirá, depois que se der o crescimento completo do Supremo. E, portanto, eles não estão no Supremo, enquanto o status atual deles ainda é incompleto, porquanto ainda em crescimento. E assim eles não participam do crescimento experiencial da idade presente do universo, sendo mantidos como reserva para a próxima idade do universo.

117:2:4 12804 A minha própria ordem, a dos Mensageiros Poderosos, sendo abraçada pela Trindade, é uma ordem de não-participantes do crescimento da idade presente do universo. Em um certo sentido, nós temos o status da idade precedente do universo, como de fato o têm os Filhos Estacionários da Trindade. Uma coisa é certa: o nosso status foi estabelecido pelo abraço da Trindade, e nós não mais experienciamos manifestações sob a forma de crescimento.

117:2:5 12805 Isso não é verdade para os finalitores, nem para qualquer outra ordem evolucionária e experiencial que esteja participando do processo de crescimento do Supremo. Vós, mortais, agora vivendo em Urântia, que podeis aspirar a atingir o Paraíso e ao status de finalitores, deveríeis entender que esse destino só é realizável porque vós estais no Supremo e sois do Supremo, tendo por isso participação no ciclo de crescimento do Supremo.

117:2:6 12806 O crescimento do Supremo chegará a um termo, em alguma época; o seu status atingirá a realização completa (no sentido energético-espiritual). Esse término da evolução do Supremo testemunhará também o fim da evolução da criatura, como parte da supremacia. Que espécie de crescimento poderá caracterizar os universos do espaço exterior? Não sabemos. Contudo, estamos bastante seguros de que será algo muito diferente de qualquer coisa que haja sido vista na idade presente da evolução dos sete superuniversos. Será, indubitavelmente, função dos cidadãos evolucionários, do grande universo, compensar os habitantes dos espaços exteriores pelo fato de eles haverem sido privados do crescimento da Supremacia.

117:2:7 12807 Enquanto for existente, quando da consumação da idade presente do universo, o Ser Supremo funcionará como soberano experiencial no grande universo. Os cidadãos do espaço exterior – seres da próxima idade do universo – terão um potencial de crescimento pós-superuniversal, uma capacidade de alcance evolucionário que pressupõe a soberania do Supremo Todo-Poderoso e que exclui, pois, a participação da criatura na síntese de poder-personalidade da idade atual do universo.

117:2:8 12811 E, assim, a incompletude do Supremo pode ser encarada como uma virtude, já que possibilita o crescimento evolucionário da criatura-criação dos universos presentes. O vazio tem a sua virtude, pois pode ser experiencialmente preenchido.

117:2:9 12812 Uma das indagações mais intrigantes na filosofia finita é esta: será que o Ser Supremo se factualiza em resposta à evolução do grande universo, ou será que esse cosmo finito evolui progressivamente em resposta à factualização gradativa do Supremo? Ou será possível que, quanto ao desenvolvimento, sejam eles mutuamente interdependentes, e que sejam os recíprocos evolucionários, cada um iniciando o crescimento do outro? De uma coisa estamos certos: as criaturas e os universos, elevados e inferiores, estão evoluindo dentro do Supremo e, enquanto eles evoluem, está surgindo a somatória unificada de toda a atividade finita desta idade no universo. E esse é o surgimento do Ser Supremo e, para todas as personalidades, a evolução do poder Todo-Poderoso de Deus, o Supremo.

3. O SIGNIFICADO DO SUPREMO PARA AS CRIATURAS DO UNIVERSO


117:3:1 12813 A realidade cósmica, de outro modo designada como Ser Supremo, como Deus, o Supremo, e como Todo-Poderoso Supremo, é a síntese complexa e universal das fases emergentes de todas as realidades finitas. A vasta diversificação da energia eterna, do espírito divino e da mente universal atinge a culminação finita na evolução do Supremo, que é a soma total de todo crescimento finito, auto-realizado nos níveis da deidade do seu máximo completar finito.

117:3:2 12814 O Supremo é o canal divino por meio do qual flui a infinitude criativa das triodidades, que se cristaliza no panorama galático do espaço, em fundo ao qual tem lugar o drama magnífico da personalidade no tempo: a conquista espiritual da energia-matéria, por meio da intermediação da mente.

117:3:3 12815 Jesus disse: “Eu sou o caminho vivo”, e, com efeito, ele é o caminho vivo do nível material da autoconsciência para o nível espiritual da consciência de Deus. E, do mesmo modo que ele é o caminho vivo para a ascensão do eu a Deus, o Supremo é o caminho vivo que vai da consciência finita à transcendência da consciência, e mesmo até o discernimento da absonitude.

117:3:4 12816 O vosso Filho Criador pode, efetivamente, ser esse canal vivo que liga a humanidade à divindade, pois ele experimentou pessoalmente, em toda a plenitude, a travessia desse caminho de progressão no universo, desde a verdadeira humanidade de Joshua ben José, o Filho do Homem, à divindade original do Paraíso, de Michael de Nebadon, o Filho do Deus infinito. E o Ser Supremo pode, de um modo semelhante, funcionar como a aproximação universal para a transcendência de limitações finitas, pois ele é a incorporação real e a epítome pessoal de toda a evolução, de toda a progressão e de toda a espiritualização da criatura. Mesmo as experiências, no grande universo, das personalidades que descem do Paraíso são a parte da experiência do Supremo que é complementar para a sua totalização de experiências dos peregrinos do tempo.

117:3:5 12817 O homem mortal é feito à imagem de Deus, de um modo mais do que figurativo. De um ponto de vista físico, essa afirmação dificilmente é verdadeira, mas, com referência a certas potencialidades no universo, é um fato real. Na raça humana, desenrola-se um pouco do mesmo drama da realização evolucionária, que se desenvolve, em uma escala muito mais ampla, no universo dos universos. O homem, uma personalidade volitiva, torna-se criativo, em ligação com o Ajustador, uma entidade impessoal, em presença das potencialidades finitas do Supremo; e o resultado é o florescimento de uma alma imortal. Nos universos, as personalidades Criadoras do tempo e do espaço funcionam em ligação com o espírito impessoal da Trindade do Paraíso, tornando-se, assim, criadoras de um novo potencial de poder de realidade da Deidade.

117:3:6 12821 O homem mortal, sendo uma criatura, não é exatamente como o Ser Supremo, que é deidade, mas a evolução do homem, de um certo modo, assemelha-se ao crescimento do Supremo. O homem cresce, conscientemente, do material para o espiritual, por meio da força, do poder e da persistência das suas próprias decisões; ele também cresce à medida que o seu Ajustador do Pensamento desenvolve novas técnicas para, dos níveis espirituais, tocar os níveis da alma moroncial; e, uma vez que a alma venha à existência, ela começa a crescer em si e por si própria.

117:3:7 12822 E, de uma certa forma, esse é o modo pelo qual o Ser Supremo se expande. A sua soberania cresce nos atos e pelos atos e realizações das Personalidades Criadoras Supremas; e isso é a evolução da majestade do seu poder, como governante do grande universo. A natureza da sua deidade é, do mesmo modo, dependente da unidade preexistente da Trindade do Paraíso. No entanto, há ainda um outro aspecto da evolução de Deus, o Supremo: não apenas ele evoluiu por meio dos Criadores e derivou-se da Trindade; ele também evoluiu por si próprio e é de si próprio derivado. Deus, o Supremo, é, por si próprio, um participante volicional e criativo da sua própria realização na deidade. A alma moroncial humana é, do mesmo modo, uma parceira volitiva, co-criativa da sua própria imortalização.

117:3:8 12823 O Pai colabora com o Agente Conjunto na manipulação das energias do Paraíso e para torná-las sensíveis ao Supremo. O Pai colabora com o Filho Eterno na produção das personalidades Criadoras cujos atos irão, em algum momento, culminar na soberania do Supremo. O Pai colabora com o Filho e com o Espírito, na criação das personalidades da Trindade, para que elas funcionem como governantes do grande universo até a época em que uma evolução completa do Supremo qualifique-o para assumir essa soberania. O Pai coopera com os seus coordenados, sejam eles Deidades ou não-Deidades, desse e de muitos outros modos, para fazer progredir a evolução da Supremacia, mas Ele também funciona sozinho nessas questões. E a Sua função solitária é, provavelmente, mais bem revelada na ministração dos Ajustadores do Pensamento e das entidades interligadas a eles.

117:3:9 12824 A Deidade é unidade, existencial na Trindade, experiencial no Supremo e, nos mortais, realizada como criatura por meio da fusão com o Ajustador. A presença dos Ajustadores do Pensamento no homem mortal revela a unidade essencial do universo, pois o homem, o tipo mais baixo possível de personalidade do universo, contém dentro de si próprio um fragmento real da realidade mais elevada e eterna, do próprio Pai original de todas as personalidades.

117:3:10 12825 O Ser Supremo evolui, em virtude da sua ligação com a Trindade do Paraíso e em conseqüência dos êxitos da divindade dos filhos criadores, que são administradores representando a Trindade. A alma imortal do homem faz o seu próprio destino eterno evoluir, por meio da associação com a presença divina do Pai do Paraíso e de acordo com as decisões da personalidade na mente humana. O que a Trindade é para Deus, o Supremo, o Ajustador é para o homem em evolução.

117:3:11 12826 Durante a idade atual do universo, o Ser Supremo está aparentemente incapacitado de funcionar diretamente como um criador, exceto naquelas instâncias em que as possibilidades finitas de ação foram esgotadas pelas agências criativas do tempo e do espaço. Até então, na história do universo, isso não havia acontecido senão uma vez; quando as possibilidades da ação finita na questão da refletividade do universo foram exauridas, então, o Supremo funcionou como um culminador criativo de todas as ações criadoras antecedentes. E acreditamos que ele irá novamente funcionar como um culminador, em idades futuras, quando a faculdade antecedente de criação houver completado um ciclo apropriado de atividade criativa.

117:3:12 12831 O Ser Supremo não criou o homem, mas o homem foi literalmente criado a partir da potencialidade do Supremo; a própria vida do homem derivou-se daí. O Supremo também não faz o homem evoluir; pois o próprio Supremo é ainda a própria essência da evolução. Do ponto de vista finito, nós vivemos, movemo-nos e temos os nossos seres, efetivamente, dentro da imanência do Supremo.

117:3:13 12832 O Supremo aparentemente não pode iniciar a causação original, mas parece ser ele o catalisador de todo crescimento no universo, e está destinado, aparentemente, a prover a culminação da totalidade, no que concerne ao destino de todos os seres que evoluem por meio da experiência. O Pai dá origem ao conceito de um cosmo finito; os Filhos Criadores factualizam essa idéia no tempo e no espaço, com o assentimento e a cooperação dos Espíritos Criativos; o Supremo culmina no finito total e estabelece a sua relação com o destino do absonito.

4. O DEUS FINITO


117:4:1 12833 Ao observarmos as lutas incessantes das criaturas de toda a criação pela perfeição de status e pela divindade do ser, não podemos acreditar que esses esforços sem fim sejam uma indicação da luta incessante do Supremo pela auto-realização divina. Deus, o Supremo, é a Deidade finita, e ele deve defrontar-se com os problemas do finito, no sentido total dessa palavra. As nossas lutas, com as vicissitudes do tempo e nas evoluções do espaço, são reflexos dos seus esforços para alcançar a realidade da sua natureza, e da soberania completa, dentro da esfera de ação que a sua natureza em evolução está abrindo até os limites mais externos da possibilidade.

117:4:2 12834 Em todo o grande universo, o Supremo luta pela própria expressão. A medida da sua evolução divina funda-se na sabedoria-ação de todas as personalidades em existência. Quando um ser humano escolhe a sobrevivência eterna, ele está co-criando o destino; e, na vida desse mortal ascendente, o Deus finito encontra uma medida acrescida da auto-realização da personalidade e uma amplificação na soberania experiencial. Entretanto, se uma criatura rejeita a carreira eterna, aquela parte do Supremo que dependia da escolha dessa criatura experimenta um retardamento inevitável, uma carência que deve ser compensada pela experiência da substituição ou da equivalência colateral; quanto à personalidade do não-sobrevivente, ela é absorvida pela supra-alma da criação, tornando-se uma parte da Deidade do Supremo.

117:4:3 12835 Deus é tão confiante, tão amante, que Ele coloca uma parte da Sua natureza divina nas próprias mãos dos seres humanos, para a salvaguarda e para a auto-realização deles. A natureza do Pai, a presença do Ajustador, é indestrutível, independentemente da escolha do ser mortal. O eu em evolução, filho do Supremo, pode ser destruído, não obstante a personalidade potencialmente unificadora desse eu mal guiado vá persistir como um fator da Deidade da Supremacia.

117:4:4 12836 A personalidade humana pode, verdadeiramente, destruir a individualidade da sua situação de criatura e, embora tudo o que valia a pena na vida desse suicida cósmico vá persistir, tais qualidades não persistirão em uma criatura individual. O Supremo encontrará de novo expressão nas criaturas dos universos, mas nunca mais como aquela pessoa em particular; a personalidade única de um não-ascendente retorna para o Supremo como uma gota de água retorna para o mar.

117:4:5 12841 Qualquer ação isolada das partes pessoais do finito é, relativamente, irrelevante para o aparecimento final do Todo Supremo; o todo, contudo, depende dos atos totais das múltiplas partes. A personalidade do indivíduo mortal é insignificante, em face do todo da Supremacia, mas a personalidade de cada ser humano representa um valor-significado insubstituível no finito; a personalidade tendo sido expressa uma vez, nunca encontra, de novo, expressão idêntica, exceto na existência em continuação daquela personalidade viva.

117:4:6 12842 E assim, na medida em que lutamos pela expressão pessoal, o Supremo está lutando em nós, e conosco, pela expressão da deidade. E, quando encontrarmos o Pai, o Supremo terá de novo encontrado o Criador do Paraíso de todas as coisas. À medida que nós conseguirmos a mestria dos problemas da auto-realização, o Deus da experiência irá alcançar a supremacia todo-poderosa nos universos do tempo e do espaço.

117:4:7 12843 A humanidade não ascende sem esforço no universo, nem o Supremo evolui sem ação propositada e inteligente. As criaturas não alcançam a perfeição por mera passividade, nem pode o espírito da Supremacia factualizar o poder do Todo-Poderoso sem uma ministração incessante de serviço à criação finita.

117:4:8 12844 A relação temporal do homem com o Supremo é o fundamento da moralidade cósmica, da sensibilidade universal e da aceitação do dever. Essa é uma moralidade que transcende ao sentido temporal do certo e do errado relativos; é uma moralidade diretamente pregada na apreciação autoconsciente que a criatura faz da obrigação experiencial para com a Deidade experiencial. O homem mortal e todas as outras criaturas finitas são criados a partir do potencial vivo de energia, de mente e de espírito, existente no Supremo. É no Supremo que o ascendente, composto de um mortal e de um Ajustador, inspira-se para a criação do caráter imortal e divino de um finalitor. É com a própria realidade do Supremo que o Ajustador, com o consentimento da vontade humana, tece os modelos da natureza eterna de um filho ascendente de Deus.

117:4:9 12845 A evolução do progresso do Ajustador, na espiritualização e na eternização de uma personalidade humana, produz, na medida direta, uma ampliação na soberania do Supremo. Tais feitos, na evolução humana, são, ao mesmo tempo, realizações na factualização evolucionária do Supremo. Se for verdade que as criaturas não poderiam evoluir sem o Supremo, também será verdade, provavelmente, que a evolução do Supremo não possa nunca ser plenamente alcançada independentemente da evolução completa de todas as criaturas. E nisso repousa a grande responsabilidade cósmica das personalidades autoconscientes: que a Deidade Suprema seja, em um certo sentido, dependente da escolha da vontade mortal. E que a progressão mútua da criatura e a evolução do Supremo sejam, fiel e plenamente, indicadas aos Anciães dos Dias, pelos mecanismos inescrutáveis da refletividade do universo.

117:4:10 12846 O grande desafio que tem sido feito ao homem mortal é este: decidireis vós personalizar os significados dos valores experimentáveis do cosmo, na vossa própria individualidade em evolução? Ou, rejeitando a sobrevivência, ireis vós permitir que esses segredos da Supremacia permaneçam adormecidos, aguardando a ação de uma outra criatura, em outro tempo, que, a seu modo, vá intentar uma contribuição de criatura para a evolução do Deus finito? Esta, porém, seria a contribuição dela para o Supremo, não a vossa.

117:4:11 12847 A grande luta desta idade do universo é entre o potencial e o factual – a busca da factualização de tudo o que ainda não chegou a ter expressão. Se o homem mortal prossegue na aventura até o Paraíso, ele está seguindo os movimentos do tempo, que segue, com as correntes, o fluxo da eternidade; se o homem mortal rejeita a carreira eterna, ele está-se movendo contra a corrente dos acontecimentos nos universos finitos. A criação mecânica move-se inexoravelmente de acordo com o desenvolvimento do propósito do Pai do Paraíso, mas a criação volicional tem a opção de aceitar ou de rejeitar o papel de participação da personalidade na aventura da eternidade. O homem mortal não pode destruir os valores supremos da existência humana, mas pode, muito nitidamente, impedir a evolução desses valores na sua própria experiência pessoal. Se o eu humano recusa-se, assim, a tomar parte na ascensão ao Paraíso, assim fica o Supremo retardado na realização da expressão da divindade no grande universo.

117:4:12 12851 Ao homem mortal foi dada, pois, a custódia, não apenas da presença Ajustadora do Pai do Paraíso, mas também o controle sobre o destino de uma fração infinitesimal do futuro do Supremo. Pois, se o homem alcança o destino humano, assim também o Supremo alcançará o destino nos níveis da deidade.

117:4:13 12852 E, assim, de cada um de vós é esperada a decisão, como certa vez foi esperada de cada um de nós: ireis trair ao Deus do tempo, que é tão dependente das decisões da mente finita? Ireis estar em falta para com a personalidade Suprema dos universos, por causa de uma indolência, de um retrocesso animalista? Ireis falhar para com o grande irmão de todas as criaturas, que tanto depende de cada criatura? Podeis permitir a vós próprios passar ao reino do irrealizado, quando tendes diante de vós a visão encantadora da carreira do universo – a descoberta divina do Pai do Paraíso e a participação divina na busca e na evolução do Deus da Supremacia?

117:4:14 12853 As dádivas de Deus – Seu outorgamento da realidade – não são um divórcio Dele próprio; Ele não aliena a criação de Si próprio, mas estabeleceu tensões nas criações que giram em torno do Paraíso. Deus ama o homem e antes de tudo confere a ele o potencial da imortalidade – a realidade eterna. E, se o homem ama a Deus, ele torna-se eterno na realidade. E eis aqui um mistério: quanto mais um homem se aproxima de Deus, pelo amor, tanto maior será a realidade – a factualidade – desse homem. Quanto mais um homem afasta-se de Deus, tanto mais próximo ele fica da não-realidade – a cessação da existência. Quando o homem consagra a sua vontade a cumprir a vontade do Pai, quando o homem dá a Deus tudo o que ele tem, então Deus faz daquele homem mais do que ele é.

5. A SUPRA-ALMA DA CRIAÇÃO


117:5:1 12854 O grande Supremo é a supra-alma cósmica do grande universo. Nele, as qualidades e as quantidades do cosmo encontram a sua reflexão da deidade; a sua natureza de deidade é o mosaico composto da vastidão total de toda a natureza criatura-Criador, em todos os universos em evolução. E o Supremo é também uma Deidade em factualização que incorpora uma vontade criativa, abrangendo um propósito universal que evolui.

117:5:2 12855 Os eus intelectuais, e potencialmente pessoais do finito emergem da Terceira Fonte e Centro e efetivam uma síntese finita, tempo-espacial, da Deidade no Supremo. Quando a criatura submete-se à vontade do Criador, ela não submerge nem abandona a sua personalidade. Os indivíduos que participam, como personalidades, da factualização do Deus finito, não perdem a sua individualidade volitiva por funcionarem assim. Essas personalidades antes crescem progressivamente, pela sua participação nessa grande aventura da Deidade; por meio dessa união, com a divindade, o homem exalta, enriquece, espiritualiza e unifica o seu eu em evolução até o limiar mesmo da supremacia.

117:5:3 12861 A alma imortal em evolução do homem, criação conjunta que é da mente material e do Ajustador, ascende como tal ao Paraíso, e, subseqüentemente, quando alistada no Corpo de Finalidade, torna-se aliada, de algum novo modo, ao circuito da gravidade espiritual do Filho Eterno, por uma técnica de experiência conhecida como transcendentalização finalitora. Assim, esses finalitores transformam-se em candidatos aceitáveis ao reconhecimento, por meio da experiência, como personalidades de Deus, o Supremo. E, quando esses intelectos mortais, em compromissos futuros irrevelados do Corpo de Finalidade, atingirem o sétimo estágio da existência espiritual, essas mentes duais tornar-se-ão trinas. Essas duas mentes sintonizadas, a humana e a divina. tornar-se-ão glorificadas, em união com a mente experiencial do então factualizado Ser Supremo.

117:5:4 12862 No eterno futuro, Deus, o Supremo, estará factualizado – criativamente expresso e espiritualmente retratado – na mente espiritualizada, na alma imortal do homem ascendente, da mesma maneira que o Pai Universal foi revelado na vida terrena de Jesus.

117:5:5 12863 O homem não se une ao Supremo e submerge a sua identidade pessoal, mas as repercussões, no universo, da experiência de todos os homens formam uma parte da experienciação divina do Supremo. “O ato é nosso, as conseqüências são de Deus. ”

117:5:6 12864 A personalidade em progresso deixa um rastro de realidade factualizada, quando ela passa pelos níveis ascendentes dos universos. Sejam elas mente, espírito ou energia, as criações do tempo e do espaço, em crescimento, são modificadas pela progressão da personalidade ao longo dos domínios universais. Quando o homem age, o Supremo reage, e essa transação constitui o fato da progressão.

117:5:7 12865 Os grandes circuitos da energia, da mente e do espírito não são nunca posse permanente das personalidades em ascensão; tais ministrações continuam, para sempre, como sendo uma parte da Supremacia. Na experiência mortal, o intelecto humano reside nas pulsações rítmicas dos espíritos ajudantes da mente, e ele efetiva as suas decisões na arena produzida por circuitamento, dentro dessa ministração. Com a morte, o eu humano fica eternamente separado do circuito dos ajudantes. Conquanto esses ajudantes pareçam nunca transmitir experiência de uma personalidade para outra, eles podem transmitir e transmitem, de Deus, o Sétuplo, para Deus, o Supremo, as repercussões impessoais da ação-decisão. (Pelo menos, isso é verdadeiro quanto aos ajudantes da adoração e da sabedoria. )

117:5:8 12866 E assim é com os circuitos espirituais: o homem utiliza-os na sua ascensão pelos universos, mas nunca os possui como uma parte da sua personalidade eterna. Contudo, esses circuitos de ministração espiritual, como o do Espírito da Verdade, o do Espírito Santo ou o das presenças espirituais do superuniverso, são receptivos e reativos aos valores emergentes, nas personalidades ascendentes, e esses valores são fielmente transmitidos por meio do Sétuplo, para o Supremo.

117:5:9 12867 Conquanto tais influências espirituais, como a do Espírito Santo ou a do Espírito da Verdade, sejam ministrações do universo local, a sua orientação não é totalmente confinada a limitações geográficas de uma certa criação local. À medida que o mortal ascendente ultrapassa as fronteiras do seu universo local de origem, ele não fica inteiramente privado da ministração do Espírito da Verdade, que tão constantemente lhe ensinou e o guiou pelos labirintos filosóficos dos mundos materiais e moronciais, em todas as crises da ascensão, dirigindo infalivelmente o peregrino ao Paraíso, sempre dizendo: “É este o caminho”. Quando vós deixardes os domínios do universo local, por intermédio da ministração do espírito do Ser Supremo emergente e pelas provisões da refletividade do superuniverso, vós ainda sereis guiados, na vossa ascensão ao Paraíso, pelos espíritos diretivos confortadores dos Filhos de Deus auto-outorgadores do Paraíso.

117:5:10 12871 Como esses circuitos múltiplos de ministração cósmica registram os significados, os valores e os fatos da experiência evolucionária no Supremo? Não sabemos com exatidão; mas acreditamos que esse registro ocorra por intermédio das pessoas dos Criadores Supremos originários do Paraíso, que são os outorgadores imediatos desses circuitos, no tempo e no espaço. A experiência mental de acumulações dos sete espíritos ajudantes da mente, nas suas ministrações aos níveis físicos do intelecto, é uma parte da experiência, no universo local, da Ministra Divina e, por meio desse Espírito Criativo, eles provavelmente encontram registro na mente da Supremacia. Do mesmo modo são as experiências mortais com o Espírito da Verdade e com o Espírito Santo, provavelmente registradas por técnicas semelhantes na pessoa da Supremacia.

117:5:11 12872 Mesmo a experiência feita pelo homem junto com o Ajustador deve encontrar eco na divindade de Deus, o Supremo, pois, do modo como os Ajustadores experienciam, eles são como o Supremo, e a alma em evolução do homem mortal é criada a partir da possibilidade preexistente de tal experiência dentro do Supremo.

117:5:12 12873 Dessa maneira, as experiências múltiplas de toda a criação tornam-se uma parte da evolução da Supremacia. As criaturas utilizam meramente as qualidades e as quantidades do finito, na medida em que ascendem ao Pai; as conseqüências impessoais dessa utilização permanecem para sempre uma parte do cosmo vivo, a pessoa Suprema.

117:5:13 12874 O que o próprio homem leva consigo, como posse da personalidade, são as conseqüências do caráter da experiência de haver usado os circuitos da mente e do espírito do grande universo durante a sua ascensão ao Paraíso. Quando o homem decide, e quando ele consuma essa decisão na ação, o homem tem uma experiência, e os significados e os valores dessa experiência são, para sempre, uma parte do seu caráter eterno, em todos os níveis, do finito ao final. O caráter cosmicamente moral e divinamente espiritual representa o mais importante das decisões pessoais, acumulado pela criatura, e que foi iluminado pela adoração sincera e glorificado pelo amor inteligente, e consumado no serviço fraterno.

117:5:14 12875 O Supremo em evolução irá compensar, no fim das contas, as criaturas finitas pela incapacidade de elas realizarem nada mais do que um só contato, mais do que limitado, de experiência com o universo dos universos. As criaturas podem alcançar o Pai no Paraíso, mas as suas mentes evolucionárias, sendo finitas, são incapazes de realmente compreender o Pai infinito e absoluto. Todavia, posto que todas as experiências das criaturas registram-se no Supremo, e fazem parte do Supremo, quando todas as criaturas atingirem o nível final da existência finita, e depois que o desenvolvimento total do universo tornar possível que alcancem a Deus, o Supremo, como uma presença factual da divindade, então, inerentemente ao fato desse próprio contato, ocorre o contato delas com a experiência total. A finitude do tempo contém em si própria as sementes da eternidade; e é-nos ensinado que, quando a plenitude da evolução testemunhar a exaustão da capacidade para o crescimento cósmico, o finito total irá embarcar nas fases absonitas da carreira eterna, em busca do Pai, como Último.

6. A BUSCA DO SUPREMO


117:6:1 12876 Nós buscamos o Supremo nos universos, mas nós não o encontramos. “Ele está dentro e fora de todas as coisas e seres, está-se movendo e está quieto. Irreconhecível no seu mistério; embora distante, ele também está próximo. ” O Supremo Todo-Poderoso é “a forma daquilo que ainda não se formou, o arquétipo daquilo que ainda não foi criado”. O Supremo é o vosso lar no universo e, quando vós o encontrardes, será como retornar ao lar. Ele é o vosso pai experiencial e, na própria experiência dos seres humanos, ele cresceu na sua experiência de progenitor divino. Ele vos conhece porque é como uma criatura, tanto quanto como um criador.

117:6:2 12881 Se vós desejais, verdadeiramente, encontrar Deus, vós não podeis deixar de ter nas vossas mentes a consciência do Supremo. Como Deus é o vosso Pai divino, também o Supremo é a vossa mãe divina, em quem sois nutridos durante as vossas vidas, como criaturas do universo. “Quão universal é o Supremo – ele está em todos os lados! As coisas sem limites da criação dependem da presença dele para viver, e nenhuma delas vai recusar-se a ele. ”

117:6:3 12882 O que Michael é para Nebadon, o Supremo é para o cosmo finito; a sua deidade é o grande canal pelo qual o amor do Pai flui externamente para toda a criação, e ele é o grande canal através do qual as criaturas finitas passam ao interior na busca do seu Pai, que É amor. Mesmo os Ajustadores do Pensamento relacionam-se com ele; pela sua natureza original e divindade, eles são como o Pai, mas, quando eles experimentam as transações do tempo, nos universos do espaço, eles tornam-se como o Supremo.

117:6:4 12883 O ato da escolha da criatura de fazer a vontade do Criador é um valor cósmico e tem um significado cósmico, ao qual uma força irrevelada, mas ubíqua, de coordenação, reage imediatamente, provavelmente como o funcionamento da ação que sempre se amplia, do Ser Supremo.

117:6:5 12884 A alma moroncial de um mortal em evolução é realmente filha da ação do Ajustador do Pai Universal e filha da reação cósmica do Ser Supremo, a Mãe Universal. A influência da mãe domina a personalidade humana durante toda a infância da alma, que cresce no universo local. A influência dos pais-Deidade torna-se mais semelhante depois da fusão ao Ajustador e durante a carreira no superuniverso, mas, quando as criaturas do tempo começam a travessia do universo central da eternidade, a natureza do Pai torna-se crescentemente manifesta, alcançando o seu máximo de manifestação finita junto com o reconhecimento do Pai Universal e com a admissão no Corpo da Finalidade.

117:6:6 12885 Por meio da experiência de realização como finalitor, e nessa experiência, as qualidades experienciais maternas do eu ascendente tornam-se tremendamente afetadas pelo contato e pela infusão na presença espiritual do Filho Eterno e na presença mental do Espírito Infinito. Então, em todos os domínios da atividade finalitora, no grande universo, acontece um novo despertar do potencial materno latente do Supremo, uma nova realização de significados experienciais e uma nova síntese de valores experienciais de toda a carreira de ascensão. Parece que essa realização do eu continuará nas carreiras dos finalitores do sexto estágio no universo, até que a herança materna do Supremo atinja a sincronia finita com a herança Ajustadora do Pai. Esse período intrigante de função, no grande universo, representa a continuação da carreira adulta do mortal ascendente perfeccionado.

117:6:7 12886 Com o completar do sexto estágio da existência e com a entrada no sétimo estágio, o final, de status espiritual, seguir-se-ão provavelmente as idades avançadas de experiência enriquecedora, de sabedoria amadurecida e de realização da divindade. Na natureza do finalitor, isso provavelmente igualar-se-á à completa realização na luta mental pela auto-realização espiritual: o completar da coordenação da natureza ascendente do homem com a natureza divina do Ajustador, dentro dos limites das possibilidades finitas. Esse magnífico eu universal torna-se, assim, o filho finalitor eterno do Pai do Paraíso, bem como o filho eterno do universo da Mãe Suprema, um eu universal qualificado para representar a ambos, ao Pai e à Mãe dos universos e das personalidades, em qualquer atividade ou empreendimento pertinente à administração finita das coisas e dos seres criados, em criação ou em evolução.

117:6:8 12891 Todos os seres humanos que evoluíram de almas são, literalmente, filhos evolucionários de Deus, o Pai, e de Deus, a Mãe, o Ser Supremo. Contudo, até a época em que o homem mortal torna-se consciente, dentro da sua alma, da sua herança divina, essa certeza de parentesco com a Deidade deve ser alcançada pela fé. A experiência da vida humana é o casulo cósmico no qual a dotação universal do Ser Supremo e a presença do Pai Universal no universo (nenhuma das quais, nem presença, nem dotação, são personalidades) estão fazendo evoluir a alma moroncial do tempo e o caráter humano-divino de finalitor de destino universal e serviço eterno.

117:6:9 12892 Os homens, muito freqüentemente, esquecem-se de que Deus é a maior experiência da existência humana. Outras experiências são limitadas na sua natureza e conteúdo, mas a experiência de Deus não tem limites, a não ser aqueles da capacidade de compreensão da criatura, e é, por si própria, uma experiência ampliadora da capacidade. Quando os homens buscam a Deus, eles estão buscando tudo. Quando eles encontram Deus, eles encontram tudo. A busca de Deus é o outorgamento irrestrito de amor, acompanhado de descobertas surpreendentes de um amor novo e maior a ser outorgado.

117:6:10 12893 Todo o amor verdadeiro vem de Deus, e o homem recebe a afeição divina à medida que ele próprio confere esse amor aos seus semelhantes. O amor é dinâmico. Nunca pode ser capturado; é vivo, livre, emotivo e sempre em movimento. O homem nunca pode tomar o amor do Pai e aprisioná-lo dentro do seu coração. O amor do Pai pode tornar-se real para o homem mortal, apenas passando pela personalidade desse homem, enquanto ele, por sua vez, concede esse amor aos seus semelhantes. O grande circuito do amor vem do Pai, por intermédio dos filhos, para os irmãos e, daí, para o Supremo. O amor do Pai surge, na personalidade mortal, por meio da ministração do Ajustador residente. E esse filho conhecedor de Deus revela esse amor aos seus irmãos do universo, e essa afeição fraterna é a essência do amor do Supremo.

117:6:11 12894 Não é possível aproximar-se do Supremo, a não ser pela experiência, e, nas épocas atuais da criação, há apenas três vias para a criatura chegar à Supremacia:

117:6:12 12895 1. Os cidadãos do Paraíso descem da Ilha Eterna indo até Havona, onde adquirem a capacidade de compreender a Supremacia, por meio da observação do diferencial da realidade Paraíso-Havona e pela descoberta exploratória das atividades múltiplas das Personalidades Criadoras Supremas, que vão desde os Espíritos Mestres até os Filhos Criadores.

117:6:13 12896 2. Os ascendentes do tempo e do espaço, vindos dos universos evolucionários dos Criadores Supremos, aproximam-se intimamente do Supremo, ao atravessar Havona, como uma preliminar à apreciação crescente da unidade da Trindade do Paraíso.

117:6:14 12897 3. Os nativos de Havona adquirem uma compreensão do Supremo por intermédio de contatos com os peregrinos descendentes do Paraíso e de contatos com os peregrinos ascendentes dos sete superuniversos. Os nativos de Havona estão inerentemente em posição de harmonizar os pontos de vista, essencialmente diferentes, dos cidadãos da Ilha Eterna com os dos cidadãos dos universos evolucionários.

117:6:15 12901 Para as criaturas evolucionárias há sete grandes modos de aproximação do Pai Universal, e cada uma dessas ascensões ao Paraíso passa pela divindade de um dos Sete Espíritos Mestres; e cada uma dessas aproximações é tornada possível por uma ampliação da receptividade experiencial, conseqüência de a criatura haver servido no superuniverso que reflete a natureza daquele Espírito Mestre. A soma total dessas sete experiências constitui os limites atualmente conhecidos da consciência da criatura sobre a realidade e a factualidade de Deus, o Supremo.

117:6:16 12902 Não são apenas as próprias limitações do homem que o impedem de encontrar o Deus finito; é também o estado incompleto do universo; e é o próprio estado incompleto de todas as criaturas – passadas, presentes e futuras – o que torna o Supremo inacessível. Deus, o Pai, pode ser encontrado por qualquer indivíduo que haja alcançado o nível divino de semelhança a Deus, mas Deus, o Supremo, nunca será pessoalmente descoberto por uma criatura, até aquele momento longínquo em que, por intermédio da realização universal da perfeição, todas as criaturas, simultaneamente, irão encontrá-lo.

117:6:17 12903 Independentemente do fato de que vós não podeis, nesta idade do universo, encontrá-lo pessoalmente, do modo como podereis e ireis encontrar o Pai, o Filho e o Espírito, contudo, a ascensão, até o Paraíso, e a subseqüente carreira no universo, gradualmente, irão criar na vossa consciência o reconhecimento da presença no universo e da ação cósmica do Deus de toda a experiência. Os frutos do espírito são a essência do Supremo, do modo como ele é realizável na experiência humana.

117:6:18 12904 O fato de o homem alcançar, em algum momento, o Supremo, é conseqüência da sua fusão com o espírito da Deidade do Paraíso. Com os urantianos, esse espírito é a presença Ajustadora do Pai Universal; e, embora o Monitor Misterioso venha do Pai e seja como o Pai, duvidamos que, mesmo essa dádiva divina, possa realizar a tarefa impossível de revelar a natureza do Deus infinito para a criatura finita. Suspeitamos que o que os Ajustadores revelarão aos futuros finalitores do sétimo estágio seja a divindade e a natureza de Deus, o Supremo. E essa revelação será, para uma criatura finita, o que a revelação do Infinito seria para um ser absoluto.

117:6:19 12905 O Supremo não é infinito, mas ele provavelmente abraça toda a infinitude que uma criatura finita jamais poderá compreender realmente. Compreender além do Supremo é ser mais do que finito!

117:6:20 12906 Todas as criações experienciais são interdependentes, na sua realização do destino. Apenas a realidade existencial é auto-contida e auto-existente. Havona e os sete superuniversos requerem uns aos outros, para realizar o máximo do alcance finito; e, do mesmo modo, eles serão, em algum tempo, dependentes dos universos futuros do espaço exterior para a transcendência do finito.

117:6:21 12907 Um ascendente humano pode encontrar o Pai; Deus é existencial e, portanto, real, independentemente do status da experiência no universo total. Todavia, nem um único ascendente jamais encontrará o Supremo, até que todos os ascendentes hajam encontrado aquela maturidade máxima, no universo, que os qualifica simultaneamente a participar dessa descoberta.

117:6:22 12908 O Pai não tem preferências por pessoas; Ele trata a todos os Seus filhos ascendentes como indivíduos cósmicos. O Supremo, do mesmo modo, não tem preferência por pessoas; ele trata os seus filhos experienciais como um único todo cósmico.

117:6:23 12909 O homem pode descobrir o Pai no seu coração, mas ele terá de procurar pelo Supremo nos corações de todos os outros homens; e, quando todas as criaturas revelarem perfeitamente o amor pelo Supremo, então, ele transformar-se-á em uma realidade, no universo, para todas as criaturas. E este será apenas mais um meio de dizer que os universos serão estabelecidos em luz e vida.

117:6:24 12911 O alcançar da auto-realização perfeccionada da parte de todas as personalidades e mais a realização do equilíbrio perfeito, em todos os universos, é igual à realização do Supremo; e testemunha a liberação de toda a realidade finita das limitações da existência incompleta. Essa exaustão de todos os potenciais finitos gera a realização completa do Supremo, e pode ser definida, de um outro modo, como a factualização evolucionária completa do próprio Ser Supremo.

117:6:25 12912 Os homens não encontram o Supremo súbita e espetacularmente, como um terremoto abre as fendas nas rochas, mas eles o encontram lenta e pacientemente, como um rio mansamente desbasta o solo por baixo.

117:6:26 12913 Quando encontrardes o Pai, encontrareis a grande causa da vossa ascensão espiritual nos universos; quando encontrardes o Supremo, vós ireis descobrir a grandeza do resultado da vossa carreira de progresso até o Paraíso.

117:6:27 12914 Contudo, nenhum mortal conhecedor de Deus pode, jamais, estar a sós na sua jornada pelo cosmo, pois ele sabe que o Pai caminha a seu lado, em cada passo da estrada, enquanto o caminho mesmo em que está andando é a presença do Supremo.

7. O FUTURO DO SUPREMO


117:7:1 12915 A realização completa de todos os potenciais finitos iguala-se ao completar da realização de toda experiência evolucionária. Isso sugere a emergência final do Supremo, como uma deidade de presença todo-poderosa nos universos. Acreditamos que o Supremo, nesse estágio do desenvolvimento, será tão distintamente personalizado quanto o é o Filho Eterno; será tão concretamente detentor dos poderes quanto o é a Ilha do Paraíso; e tão completamente unificado quanto o é o Agente Conjunto, e tudo isso dentro das limitações das possibilidades finitas da Supremacia, na culminação da idade atual do universo.

117:7:2 12916 Conquanto seja esse um conceito totalmente apropriado do futuro do Supremo, nós chamaríamos a atenção para alguns problemas inerentes a esse conceito:

117:7:3 12917 1. Os Supervisores Inqualificáveis do Supremo dificilmente poderiam ser deificados, em qualquer estágio anterior à sua completa evolução, e, ainda, esses mesmos supervisores, agora mesmo, exercem, qualificadamente, a soberania da supremacia no que concerne aos universos estabelecidos em luz e vida.

117:7:4 12918 2. O Supremo dificilmente poderia funcionar na Ultimidade da Trindade, antes que houvesse atingido a factualização completa de status no universo, e a Ultimidade da Trindade é, ainda, mesmo agora, uma realidade qualificada, e vós fostes informados sobre a existência dos Vice-Regentes Qualificados do Último.

117:7:5 12919 3. O Supremo não é completamente real para as criaturas do universo, mas há muitas razões para deduzir que ele seja bastante real para a Deidade Sétupla, indo desde o Pai Universal no Paraíso aos Filhos Criadores e aos Espíritos Criativos dos universos locais.

117:7:6 129110 Pode ser que, nos limites superiores do finito, onde o tempo se une ao tempo transcendido, haja alguma espécie de obscuridade e mistura de seqüência. Pode ser que o Supremo seja capaz de prever a sua presença no universo, nesses níveis supratemporais e, então, em um grau limitado, antecipe a evolução futura, refletindo essa previsão futura de volta aos níveis criados, como Imanência do Incompleto Projetado. Esses fenômenos podem ser observados onde quer que o finito faça contato com o suprafinito, como as experiências dos seres humanos resididos pelos Ajustadores do Pensamento podem ser verdadeiras predições das futuras realizações do homem no universo, em toda a eternidade.

117:7:7 12921 Quando os ascendentes mortais são admitidos no corpo de finalidade do Paraíso, eles fazem um juramento à Trindade do Paraíso e, fazendo esse juramento de fidelidade, eles estão prometendo fidelidade eterna a Deus, o Supremo, que é a Trindade como ela é compreendida por todas as personalidades das criaturas finitas. Subseqüentemente, na medida em que as companhias de finalitores funcionarem pelos universos em evolução, elas apenas prestarão obediência aos mandatos com origem no Paraíso, até os tempos memoráveis do estabelecimento dos universos locais em luz e vida. À medida que as novas organizações governamentais dessas criações perfeccionadas comecem a refletir a soberania emergente do Supremo, observamos que as remotas companhias de finalitores então reconhecem a autoridade jurídica desses novos governos. Parece que Deus, o Supremo, está evoluindo como o unificador do Corpo evolucionário da Finalidade, mas é altamente provável que o destino eterno desses sete corpos seja dirigido pelo Supremo, como membro da Trindade Última.

117:7:8 12922 O Ser Supremo contém três possibilidades suprafinitas de manifestação no universo:

12923 1. A colaboração absonita na primeira Trindade experiencial.

12924 2. A relação co-absoluta na segunda Trindade experiencial.

12925 3. A participação co-infinita na Trindade das Trindades, mas não temos nenhuma concepção satisfatória sobre o que isso realmente significa.

117:7:9 12926 Essa é uma das hipóteses geralmente aceitas sobre o futuro do Supremo, mas há também muitas conjecturas a respeito das suas relações com o atual grande universo, depois que ele haja alcançado o status de luz e vida.

117:7:10 12927 A meta atual dos superuniversos, tais como eles são e dentro dos seus potenciais, é tornar-se perfeitos, como Havona o é. Essa perfeição concerne a realizações físicas e espirituais, atingindo, mesmo, o desenvolvimento da administração, do governo e da fraternidade. Acredita-se que, em idades que virão, as possibilidades de desarmonia, desajustamento e desadaptação finalmente acabem nos superuniversos. Os circuitos de energia estarão em perfeito equilíbrio e serão completamente submissos à mente, enquanto o espírito, em presença da personalidade, terá alcançado o domínio da mente.

117:7:11 12928 Conjectura-se que, nessa época ainda muito distante, a pessoa espiritual do Supremo e o poder adquirido pelo Todo-Poderoso haverão alcançado um desenvolvimento coordenado e que, ambos, unificados na e pela Mente Suprema, factualizar-se-ão como o Ser Supremo, uma factualidade completa nos universos – uma factualidade que será observável por todas as inteligências criadas, que merecerá reações de todas as energias criadas, que será coordenada a todas as entidades espirituais e que será experimentada por todas as personalidades do universo.

117:7:12 12929 Esse conceito implica a soberania efetiva do Supremo no grande universo. É bastante provável que os atuais administradores da Trindade continuem como os seus vice-regentes, mas acreditamos que as demarcações atuais entre os sete superuniversos gradualmente tendam a desaparecer, e que todo o grande universo funcione como um todo perfeccionado.

117:7:13 129210 É possível que o Supremo possa então estar pessoalmente residindo em Uversa, o reduto central de Orvonton, de onde ele irá dirigir a administração das criações do tempo, mas isso é realmente apenas uma conjectura. Certamente, contudo, a personalidade do Ser Supremo será definitivamente contatável em alguma localidade específica, embora a ubiqüidade da presença da sua Deidade continue provavelmente a permear o universo dos universos. Nessa idade, qual poderá ser a relação, dos cidadãos do superuniverso com o Supremo, nós não sabemos, mas pode ser algo como a relação atual entre os nativos de Havona e a Trindade do Paraíso.

117:7:14 12931 O grande universo perfeccionado das épocas futuras será imensamente diferente do que ele é no presente. As aventuras emocionantes da organização das galáxias do tempo, tudo estará no passado: a implantação da vida nos mundos incertos do tempo, o nascimento da harmonia a partir do caos, a beleza deixando de ser um potencial, a verdade brotando dos significados, e a bondade, dos valores. Os universos do tempo haverão realizado o destino finito de um modo pleno e total! E talvez haja um repouso durante um intervalo, um relaxamento da luta de toda uma idade, pela perfeição evolucionária. Mas não por muito tempo! Certa, segura e inexoravelmente, o enigma da Deidade emergente de Deus, o Último, desafiará esses cidadãos perfeccionados dos universos estabelecidos, exatamente como os seus antepassados de luta evolucionária, certa vez, foram desafiados pela busca de Deus, o Supremo. A cortina do destino cósmico abrir-se-á para revelar a grandeza transcendente da busca absonita fascinante para alcançar o Pai Universal naqueles níveis novos e mais elevados, revelados na ultimidade da experiência da criatura.

117:7:15 12932 [Promovido por um Mensageiro Poderoso permanecendo temporariamente em Urântia.]

DOCUMENTO 118

O SUPREMO E O ÚLTIMO – O TEMPO E O ESPAÇO
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A respeito das várias naturezas da Deidade, pode ser dito que:

118:0:2 12942 1. O Pai é o eu auto-existente em si.

118:0:3 12943 2. O Filho é o eu coexistente.

118:0:4 12944 3. O Espírito é o eu existente-conjuntamente.

118:0:5 12945 4. O Supremo é o eu evolucionário-experiencial.

118:0:6 12946 5. O Sétuplo é a divindade auto-distributiva.

118:0:7 12947 6. O Último é o eu transcendental-experiencial.

118:0:8 12948 7. O Absoluto é o eu existencial-experiencial.

118:0:9 12949 Do mesmo modo que Deus, o Sétuplo, é indispensável ao alcance evolucionário do Supremo, o Supremo também é indispensável à emergência final do Último. E a presença dual do Supremo e do Último constitui a associação básica da Deidade subabsoluta e derivada, pois eles são interdependentemente complementares na realização do destino. Juntos, eles constituem a ponte experiencial que liga os começos e as realizações completas de todo o crescimento criativo no universo-mestre.

118:0:10 129410 O crescimento criativo é interminável, mas é sempre satisfatório, sem fim em extensão, entretanto sempre pontuado pelos momentos da satisfação da personalidade, o alcançar das metas transitórias, que tão efetivamente serve de prelúdio, na mobilização para as novas aventuras de crescimento cósmico: a exploração do universo e o alcançar da Deidade.

118:0:11 129411 Ainda que o domínio da matemática esteja tolhido por limitações qualitativas, ele proporciona à mente finita uma base conceitual para a contemplação da infinitude. Não há limitação quantitativa para os números, mesmo segundo a compreensão da mente finita. Não importa quão grande seja o número concebido, vós podeis visualizar sempre uma unidade a mais sendo adicionada a ele. E também, vós podeis compreender que ele está aquém da infinitude, pois, não importando quantas vezes vós repetis esta adição ao número, ainda lhe poderá sempre ser adicionada mais uma unidade.

118:0:12 129412 Ao mesmo tempo, a série infinita pode ser totalizada a qualquer dado ponto, e esse total (um subtotal, mais propriamente) proporciona a plenitude da doçura do alcançar da meta a uma certa pessoa, em um determinado tempo e status. Contudo, mais cedo ou mais tarde, essa mesma pessoa começa a ter fome e a ansiar por novas e maiores metas, e tais aventuras de crescimento estarão renovando-se para sempre na plenitude do tempo e nos ciclos da eternidade.

118:0:13 129413 Cada idade sucessiva do universo é a antecâmara da próxima era de crescimento cósmico, e cada época do universo proporciona um destino imediato para todos os estágios precedentes. Havona, em si e por si própria, é uma criação perfeita, mas de perfeição limitada; a perfeição de Havona, expandindo-se até os superuniversos evolucionários, encontra, não apenas um destino cósmico, mas também a liberação das limitações da existência pré-evolucionária.

1. O TEMPO E A ETERNIDADE


118:1:1 12951 É útil para a orientação cósmica do homem alcançar toda a compreensão possível da relação da Deidade com o cosmos. Embora a Deidade absoluta seja eterna por natureza, os Deuses estão relacionados ao tempo como uma experiência na eternidade. Nos universos evolucionários, a eternidade é a perpetuidade temporal – o agora que perdura para sempre.

118:1:2 12952 A personalidade da criatura mortal pode-se eternizar por auto-identificação com o espírito residente, por intermédio da técnica de escolher cumprir o desejo do Pai. Essa consagração da vontade equivale à compreensão da realidade-eternidade do propósito. Isso quer dizer que o propósito da criatura tornou-se fixo em relação à sucessão de momentos; ou, colocado de outro modo, que a sucessão dos momentos não testemunhará nenhuma alteração no propósito da criatura. Um milhão ou um bilhão de momentos não farão diferença. Os números cessaram de ter significado com relação ao propósito da criatura. Assim, a escolha da criatura, somada à escolha de Deus, torna-se um fato nas realidades eternas da união perpétua do espírito de Deus e da natureza do homem, no serviço perene dos filhos de Deus e do seu Pai do Paraíso.

118:1:3 12953 Há uma relação direta entre a maturidade e a consciência da unidade de tempo, para qualquer dado intelecto. A unidade de tempo pode ser um dia, um ano, ou um período mais longo, contudo, inevitavelmente, é ela o critério pelo qual o eu consciente avalia as circunstâncias da vida, e pelo qual o intelecto, que está concebendo, mede e avalia os fatos da existência temporal.

118:1:4 12954 A experiência, a sabedoria e o julgamento são concomitantes, na duração da unidade de tempo na experiência mortal. Quando a mente humana reconhece o passado e a ele remonta, está avaliando a experiência passada, com o propósito de fazer com que ela se ligue a uma situação presente. Na medida em que a mente tenta alcançar o futuro, ela está tentando avaliar a significação futura da ação possível. E reconhecendo, assim, tanto a experiência quanto a sabedoria, a vontade humana exercita a decisão-julgamento no presente, e o plano ação que desse modo nasce do passado e do futuro passa a ser existente.

118:1:5 12955 Com a maturidade do eu em desenvolvimento, o passado e o futuro são trazidos ao mesmo tempo para iluminar o significado verdadeiro do presente. Quando o eu amadurece, ele busca e alcança a experiência mais e mais a fundo no passado, enquanto a previsão da sua sabedoria busca penetrar sempre mais profundamente no futuro desconhecido. E, à medida que o eu que está concebendo estende esse alcance mais a fundo, tanto ao passado quando ao futuro, assim também o julgamento torna-se menos dependente do presente momentâneo. Desse modo, a ação-decisão começa a escapar dos liames do presente que se move, enquanto começa a tomar os aspectos da significação passado-futuro.

118:1:6 12956 A paciência é exercitada pelos mortais cujas unidades de tempo são curtas; a maturidade verdadeira transcende a paciência, com uma tolerância nascida da compreensão real.

118:1:7 12957 Tornar-se maduro é viver mais intensamente no presente, escapando, ao mesmo tempo, das limitações do presente. Os planos da maturidade, fundados na experiência passada, estão vindo a ser no presente, de uma maneira tal que engrandece os valores do futuro.

118:1:8 12958 A unidade de tempo da imaturidade concentra o valor-significado no momento presente, de um modo tal que separa o presente da sua verdadeira relação com o não-presente – o passado-futuro. A unidade de tempo da maturidade é proporcionada de modo a revelar a relação coordenada entre passado-presente-futuro que o eu começa a discernir, no todo dos acontecimentos, pois começa a ver a paisagem do tempo da perspectiva panorâmica de horizontes amplificados, começando, talvez, a suspeitar de um não-começo, de um contínuo eterno sem fim, cujos fragmentos são chamados de tempo.

118:1:9 12961 Nos níveis do infinito e do absoluto, o momento presente contém tudo do passado, bem como do futuro. EU SOU significa também EU FUI e EU SEREI. E isso representa o nosso melhor conceito de eternidade e do eterno.

118:1:10 12962 No nível absoluto e eterno, a realidade potencial é tão significativa quanto a realidade factual. Apenas no nível finito, e para as criaturas presas ao tempo, parece haver uma diferença tão grande. Para Deus, como absoluto, um mortal ascendente que tomou a decisão eterna é já um finalitor do Paraíso. Todavia, o Pai Universal, por intermédio do Ajustador do Pensamento residente, não é limitado assim em consciência, podendo também conhecer e participar de toda luta temporal com os problemas da ascensão da criatura, desde os níveis animais de existência aos níveis de semelhança a Deus.

2. A ONIPRESENÇA E A UBIQÜIDADE


118:2:1 12963 É preciso não confundir a ubiqüidade da Deidade com a ultimidade da onipresença divina. É um ato volitivo do Pai Universal que o Supremo, o Último e o Absoluto devam compensar, coordenar e unificar a ubiqüidade Dele no espaço-tempo e a Sua onipresença transcendida tempo-espacialmente com a Sua presença absoluta e universal fora do tempo e do espaço. E vós deveríeis lembrar-vos de que, se bem que a ubiqüidade da Deidade possa tão freqüentemente ser associada ao espaço, ela não é necessariamente condicionada pelo tempo.

118:2:2 12964 Como ascendentes mortais e moronciais, vós discernis a Deus, progressivamente, por intermédio da ministração de Deus, o Sétuplo. Por intermédio de Havona, vós descobris Deus, o Supremo. No Paraíso, vós O encontrais como uma pessoa, e então, como finalitores, vós ireis em breve intentar conhecê-Lo como o Último. Sendo finalitores, poderia parecer não existir senão um curso a ser seguido, depois de haverdes alcançado o Último, e esse seria começar a busca do Absoluto. Nenhum finalitor será perturbado por incertezas quanto a alcançar a Deidade Absoluta, pois, ao fim das ascensões suprema e última, ele já terá encontrado Deus, o Pai. Tais finalitores, sem dúvida, irão acreditar que, ainda que tenham êxito em encontrar a Deus, o Absoluto, eles estariam apenas descobrindo o mesmo Deus, o Pai do Paraíso, manifestando a Si próprio em níveis mais próximos do infinito e do universal. Sem dúvida que o alcançar a Deus, no absoluto, seria revelar o Ancestral Primordial dos universos, bem como o Pai Final das personalidades.

118:2:3 12965 Deus, o Supremo, pode não ser uma demonstração da onipresença tempo-espacial da Deidade, mas ele é literalmente uma manifestação da ubiqüidade divina. Entre a presença espiritual do Criador e as manifestações materiais da criação, existe um vasto domínio do estar-sendo ubíquo – o surgimento da Deidade evolucionária no universo.

118:2:4 12966 Se Deus, o Supremo, em algum tempo, assumir o controle direto dos universos do tempo e do espaço, estamos confiantes em que a administração dessa Deidade funcionará sob o supracontrole do Último. Nesse caso, Deus, o Último, começaria a se tornar manifesto para os universos do tempo, e como o Todo-Poderoso transcendental (o Onipotente), exercendo o supracontrole do supratempo e do espaço transcendido, no que concerne às funções administrativas do Supremo Todo-Poderoso.

118:2:5 12971 A mente mortal pode perguntar, como nós próprios o fazemos: se a evolução de Deus, o Supremo, até a autoridade administrativa no grande universo é acompanhada de manifestações ampliadas de Deus, o Último, então, uma emergência correspondente de Deus, o Último, nos universos postulados do espaço exterior será acompanhada de revelações similares e realçadas de Deus, o Absoluto? Nós, no entanto, não o sabemos.

3. AS RELAÇÕES DE TEMPO-ESPAÇO


118:3:1 12972 Apenas pela ubiqüidade pode a Deidade unificar as manifestações no tempo-espaço para a concepção finita, pois o tempo é uma sucessão de instantes, enquanto o espaço é um sistema de pontos interligados. Vós, afinal, percebeis o tempo por meio da análise, e o espaço, por meio da síntese. Vós coordenais e associais essas duas concepções dessemelhantes, por meio do discernimento integrador interno da personalidade. Em todo o mundo animal, apenas o homem possui essa percepção tempo-espacial. Para um animal, o movimento tem um significado, mas o movimento adquire valor apenas para uma criatura com status de personalidade.

118:3:2 12973 As coisas são condicionadas pelo tempo, mas a verdade está fora do tempo. Quanto mais verdade vós conheceis, mais verdade sois e, assim, tanto mais podereis entender do passado e mais compreendereis do futuro.

118:3:3 12974 A verdade é inabalável – e isenta, para sempre, de todas as vicissitudes transitórias, se bem que nunca sendo morta, nem formal, sempre é vibrante e adaptável – e radiantemente viva. Quando, porém, a verdade se torna ligada a fatos, então, tanto o tempo quanto o espaço condicionam os seus significados e correlacionam os seus valores. Tais realidades da verdade, casadas aos fatos, transformam-se em conceitos, e são, desse modo, relegadas ao domínio das realidades cósmicas relativas.

118:3:4 12975 A ligação da verdade absoluta e eterna do Criador com a experiência factual da criatura finita e temporal forma um novo valor emergente do Supremo. O conceito do Supremo é essencial à coordenação do supramundo divino, e imutável, com o inframundo, finito e sempre-mutante.

118:3:5 12976 O espaço, entre todas as coisas não absolutas, é o que chega mais próximo de ser absoluto. O espaço é absolutamente último, aparentemente. A dificuldade real que temos de entender o espaço no nível material deve-se ao fato de que, enquanto os corpos materiais existem no espaço, o espaço também existe nesses mesmos corpos materiais. E, se bem que haja muita coisa do espaço que é absoluta, isso não significa que o espaço seja absoluto.

118:3:6 12977 Pode ser de ajuda, para o entendimento das relações no espaço, se vós conjecturásseis que, falando relativamente, o espaço é, afinal, uma propriedade de todos os corpos materiais. E, pois, quando um corpo se move pelo espaço, ele também leva todas as suas propriedades com ele, até mesmo o espaço que está no corpo e que é desse corpo que se move.

118:3:7 12978 Todos os modelos de realidade ocupam espaço nos níveis materiais, mas os modelos espirituais apenas existem em relação ao espaço; eles não ocupam espaço nem deslocam espaço, nem eles o contêm. Para nós, porém, o enigma-chave do espaço pertence ao modelo de uma idéia. Quando entramos no domínio da mente, nós encontramos muitas questões embaraçosas. O modelo de uma idéia – a sua realidade – ocupa espaço? Realmente nós não sabemos, se bem que estamos certos de que o modelo de uma idéia não contém espaço. No entanto, dificilmente seria seguro postular que o imaterial seja sempre não espacial.

4. CAUSAÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA


118:4:1 12981 Muitas das dificuldades teológicas e dos dilemas metafísicos do homem mortal são devidos ao fato de o homem não situar bem a personalidade da Deidade, bem como ao fato conseqüente de que ele consigna atributos infinitos e absolutos à Divindade subordinada e à Deidade evolucionária. Vós não deveis esquecer-vos de que, conquanto exista, de fato, uma verdadeira Primeira Causa, existe, também, uma hoste de causas coordenadas e subordinadas, essas últimas sendo, ambas, causas associadas e secundárias.

118:4:2 12982 A distinção vital entre as primeiras causas e as segundas causas é que as primeiras causas geram efeitos originais que são livres de herança de qualquer fator derivado de qualquer causação antecedente. As causas secundárias produzem efeitos que, invariavelmente, demonstram herança de outra causação precedente.

118:4:3 12983 Os potenciais puramente estáticos inerentes ao Absoluto Inqualificável reagem às causações do Absoluto da Deidade que são produzidas pelas ações da Trindade do Paraíso. Em presença do Absoluto Universal, esses potenciais estáticos, impregnados de causalidade, incontinenti tornam-se ativos e sensíveis à influência de certas agências transcendentais, cujas ações resultam na transmutação desses potenciais ativados para o status de verdadeiras possibilidades de desenvolvimento no universo, de capacidades factuais de crescimento. É com esses potenciais amadurecidos que os criadores e os controladores do grande universo tecem a representação do drama sem fim da evolução cósmica.

118:4:4 12984 A causação, independentemente das existencialidades, é tríplice na sua constituição básica. Do modo como opera nessa idade do universo, e no que concerne ao nível finito dos sete superuniversos, ela pode ser concebida do seguinte modo:

118:4:5 12985 1. A ativação dos potenciais estáticos. O estabelecimento do destino, no Absoluto Universal, por meio das ações do Absoluto da Deidade, operando no Absoluto Inqualificável, e sobre este, e em conseqüência dos mandatos volicionais da Trindade do Paraíso.

118:4:6 12986 2. A factualização das capacidades do universo. Isso envolve a transformação dos potenciais indiferenciados em planos separados e definidos. Este é o ato da Ultimidade da Deidade e das múltiplas agências do nível transcendental. Tais atos estão em perfeita antecipação das necessidades futuras de todo o universo-mestre. É em ligação com a separação dos potenciais que os Arquitetos do Universo-Mestre existem, como as verdadeiras corporificações do conceito da Deidade dos universos. Os planos deles parecem ser limitados espacialmente, em ultimidade, na extensão, pelo conceito de periferia do universo-mestre, mas, como planos, eles não são condicionados pelo tempo ou pelo espaço de qualquer outro modo.

118:4:7 12987 3. A criação e a evolução dos factuais do universo. É com um cosmo impregnado pela presença da Ultimidade da Deidade, produtora de capacidades, que os Criadores Supremos operam para efetuar as transmutações, no tempo, dos potenciais amadurecidos, em factuais experienciais. Dentro do universo-mestre, toda a factualização da realidade potencial é limitada pela capacidade última para desenvolvimento e é condicionada tempo-espacialmente nos estágios finais de emergência. Os Filhos Criadores que saem do Paraíso são, na realidade, criadores transformativos, no sentido cósmico. Isso, porém, de nenhuma maneira invalida o conceito humano deles como criadores; do ponto de vista finito, eles certamente podem criar e, de fato, criam.

5. A ONIPOTÊNCIA E A COMPOSSIBILIDADE


118:5:1 12991 A onipotência da Deidade não implica o poder para o não-factível. Dentro da moldura do tempo-espacial, e do ponto de referência intelectual da compreensão mortal, mesmo o Deus infinito não pode criar círculos quadrados nem produzir um mal que seja inerentemente bom. Deus não pode fazer coisas que não sejam divinas. Essa contradição de termos filosóficos é o equivalente da negação da entidade e implica que nada seja criado assim. Um traço da personalidade não pode, ao mesmo tempo, ser Divino e não divino. A compossibilidade é inata ao poder divino. E tudo isso deriva do fato de que a onipotência não apenas cria as coisas com uma natureza, mas que também dá origem à natureza de todas as coisas e seres.

118:5:2 12992 No começo, o Pai tudo faz, mas, à medida que o panorama da eternidade se desdobra, em resposta à vontade dos mandatos do Infinito, torna-se cada vez mais aparente que as criaturas, mesmo os homens, estão para tornar-se co-partícipes na realização da finalidade do destino. E isso é verdadeiro até mesmo na vida na carne; quando o homem e Deus entram em co-participação, nenhuma limitação pode ser colocada diante das possibilidades futuras dessa consorciação. Quando o homem compreende que o Pai Universal é o seu parceiro na progressão eterna, quando ele se funde com a presença do Pai que nele reside, ele terá, em espírito, quebrado as algemas do tempo e já haverá entrado na progressão da eternidade, na busca do Pai Universal.

118:5:3 12993 A consciência mortal parte do fato para o significado, e, então, para o valor. A consciência do Criador parte do valor-em-pensamento, por intermédio do significado-da-palavra, indo ao fato-da-ação. Deus deve sempre atuar no sentido de romper a paralisia da unidade inqualificável inerente à infinitude existencial. A Deidade deve sempre prover o modelo ao universo, as personalidades perfeitas, a verdade original, a beleza e a bondade, na direção das quais há o empenho de todas as criações da subdeidade. Deus deve sempre primeiro encontrar o homem, para que, mais tarde, o homem possa encontrar a Deus. Sempre deve haver um Pai Universal, antes que possa haver a filiação universal e a conseqüente irmandade universal.

6. A ONIPOTÊNCIA E A ONIFICÊNCIA


118:6:1 12994 Deus é verdadeiramente onipotente, mas ele não é onificente – ele não faz pessoalmente tudo o que deve ser feito. A onipotência abrange o potencial de poder do Todo-Poderoso Supremo e do Ser Supremo, mas os atos volicionais de Deus, o Supremo, não são os feitos pessoais de Deus, o Infinito.

118:6:2 12995 Advogar a onificência da Deidade primordial seria igual a desautorizar quase um milhão de Filhos Criadores do Paraíso, para não mencionar as hostes inumeráveis de várias outras ordens de assistentes que concorrem com a sua colaboração criativa. Não há senão uma Causa não causada em todo o universo. Todas as outras causas são derivadas desta, que é a Primeira Grande Fonte e Centro. E nada, nessa filosofia, causa nenhuma violência ao livre-arbítrio das miríades de filhos da Deidade espalhados por um vasto universo.

118:6:3 12996 Dentro de uma moldura local, a volição parece funcionar como uma causa não-causada, mas ela demonstra, infalivelmente, fatores de herança que estabelecem uma relação com a única, a original e absoluta Primeira das Causas.

118:6:4 12997 Toda volição é relativa. No sentido em que se originou, apenas o Pai-EU SOU possui a finalidade da volição; no sentido absoluto, apenas o Pai, o Filho e o Espírito demonstram ter as prerrogativas da volição incondicionada pelo tempo e ilimitada no espaço. O homem mortal é dotado de livre-arbítrio, de poder de escolha e, embora essa escolha não seja absoluta, contudo, ela é relativamente final, no nível finito e no que concerne ao destino da personalidade que escolhe.

118:6:5 13001 A volição, em qualquer nível que não seja o absoluto, encontra limitações constitutivas de toda personalidade que exerce o poder da escolha. O homem não pode escolher além do âmbito daquilo que é escolhível. Ele não pode, por exemplo, escolher ser outra coisa além de um ser humano, excetuando-se o fato que ele pode tornar-se mais do que um homem; ele pode escolher embarcar na viagem da ascensão no universo, mas isso se dá porque acontece que a escolha humana e a vontade divina são coincidentes nesse ponto. E se aquilo que um filho deseja é da vontade do Pai, então certamente acontecerá.

118:6:6 13002 Na vida mortal, os caminhos para condutas diferentes estão continuamente abrindo-se e fechando-se e, nos tempos em que a escolha é possível, a personalidade humana está constantemente decidindo entre as muitas linhas de ação. A volição temporal está ligada ao tempo e deve aguardar o passar do tempo para ter a oportunidade de expressão. Na volição espiritual, já se começa a experimentar a liberação das amarras do tempo, tendo realizado uma escapada parcial da seqüência do tempo, e isso acontece porque a volição espiritual está se auto-identificando com a vontade de Deus.

118:6:7 13003 A volição, o ato da escolha, deve funcionar dentro da moldura do universo, que é tornada factual, em resposta a uma escolha superior e anterior. Todo o alcance da vontade humana está estritamente limitado ao finito, exceto por um particular: quando o homem escolhe encontrar a Deus e ser como ele, essa escolha é suprafinita; apenas a eternidade pode revelar se essa escolha é também supra-absonita.

118:6:8 13004 Reconhecer a onipotência da Deidade é desfrutar da segurança na vossa experiência de cidadania cósmica, é possuir a certeza da segurança na longa jornada ao Paraíso. Aceitar, porém, a falácia da onificência seria abraçar o erro colossal que é o panteísmo.

7. A ONISCIÊNCIA E A PREDESTINAÇÃO


118:7:1 13005 No grande universo, a função da vontade do Criador e a vontade da criatura exercem-se segundo os limites e de acordo com as possibilidades estabelecidas pelos Arquitetos Mestres. O preestabelecimento desses limites máximos, contudo, não reduz em nada a soberania da vontade da criatura dentro dessas fronteiras. Nem o pré-conhecimento último – um consentimento pleno de toda a escolha finita – constitui um anulamento da volição finita. Um ser humano maduro e previdente poderia ser capaz de prever acuradamente a decisão de alguns colegas mais jovens, mas esse conhecimento prévio não diminui em nada a liberdade e a autenticidade da decisão em si. Os Deuses limitaram sabiamente o campo de ação da vontade imatura, mas ela continua sendo vontade, apesar disso, dentro desses limites definidos.

118:7:2 13006 Mesmo a correlação suprema de toda escolha do passado, do presente e do futuro não invalida a autenticidade dessas escolhas. Antes indica uma tendência preordenada do cosmo e sugere um pré-conhecimento daqueles seres volitivos que podem, ou não, escolher tornar-se partes contribuidoras da atualização experiencial de toda a realidade.

118:7:3 13007 O erro na escolha finita está ligado e limitado ao tempo. Pode existir apenas no tempo e dentro da presença evolutiva do Ser Supremo. Essa escolha errônea é possível no tempo e (além de indicar que o Supremo é incompleto) indica uma certa amplitude de escolha que deve ser dada às criaturas imaturas, de modo que elas possam desfrutar da progressão no universo fazendo contatos com a realidade segundo a sua livre escolha.

118:7:4 13011 O pecado no espaço condicionado-ao-tempo claramente dá provas da liberdade temporal – e até mesmo da licença – da vontade finita. O pecado retrata a imaturidade confundida pela liberdade da vontade relativamente soberana da personalidade, e ao mesmo tempo, deixando de perceber as obrigações supremas e os deveres da cidadania cósmica.

118:7:5 13012 A iniqüidade, nos domínios finitos, revela a realidade transitória de toda individualidade não identificada com Deus. Apenas quando uma criatura torna-se identificada com Deus, ela torna-se verdadeiramente real nos universos. A personalidade finita não se autocriou, mas, na arena da escolha no superuniverso, ela determina o próprio destino.

118:7:6 13013 O outorgamento da vida torna os sistemas de energia material capazes de autoperpetuação, de autopropagação e de auto-adaptação. O outorgamento da personalidade concede aos organismos vivos outras prerrogativas de autodeterminação, de auto-avaliação e de auto-identificação com um espírito da Deidade com o qual se podem fusionar.

118:7:7 13014 As coisas vivas subpessoais apresentam a indicação de uma energia-matéria ativadora da mente, primeiro sob o aspecto de controladores físicos, e, em seguida, sob o dos espíritos ajudantes da mente. O dom da personalidade vem do Pai e confere prerrogativas únicas de escolha ao sistema vivo. Se, porém, a personalidade tem a prerrogativa de exercer uma escolha volitiva de identificação com a realidade, e se essa for uma escolha verdadeira e livre, então a personalidade em evolução deve também ter a escolha possível de se auto-desorientar, autofragmentar e de autodestruição. A possibilidade da autodestruição cósmica não pode ser evitada se a personalidade em evolução deve ser verdadeiramente livre, no exercício da vontade finita.

118:7:8 13015 É por isso que a segurança aumenta quando se reduzem os limites da escolha da personalidade nos níveis mais baixos de existência. A escolha torna-se mais liberada à medida que se ascende nos universos; a escolha, finalmente, aproxima-se da liberdade divina, quando a personalidade ascendente alcança a divindade de status, a supremacia na consagração aos propósitos do universo, o alcance completo da visão cósmica e a finalidade de identificação da criatura com a vontade e o caminho de Deus.

8. CONTROLE E SUPRACONTROLE


118:8:1 13016 Em algumas criações do tempo e do espaço, o livre-arbítrio é resguardado com restrições, com limitações. A evolução da vida material primeiro é mecânica, depois ativada pela mente e (após o outorgamento da personalidade) pode tornar-se dirigida pelo espírito. A evolução orgânica nos mundos habitados é fisicamente limitada pelos potenciais das implantações originais de vida física dos Portadores da Vida.

118:8:2 13017 O homem mortal é uma máquina, um mecanismo vivo; as suas raízes estão verdadeiramente no mundo físico da energia. Muitas reações humanas são mecânicas, pela sua natureza; muito da vida é maquinal. Contudo, o homem, um mecanismo, é muito mais do que uma máquina; ele é dotado de mente e é residido por um espírito; e, embora, em toda sua vida material, ele nunca possa escapar da mecânica química e elétrica da sua existência, ele pode aprender cada vez mais como subordinar essa máquina de vida física à sabedoria diretiva da experiência, pelo processo de consagrar a mente humana à execução das incitações espirituais do seu Ajustador do Pensamento residente.

118:8:3 13018 O espírito libera, e o mecanismo limita a função da vontade. A escolha imperfeita, não controlada pelo mecanismo, não identificada com o espírito, é perigosa e instável. O predomínio do mecânico assegura a instabilidade às custas do progresso; a aliança com o espírito libera a escolha do nível físico e, ao mesmo tempo, assegura a estabilidade divina produzida por meio de um discernimento interior universal ampliado e de uma compreensão cósmica crescente.

118:8:4 13021 O grande perigo que acossa a criatura é, ao conseguir a liberação das algemas do mecanismo da vida, que ela deixe de compensar essa perda de estabilidade e de efetuar uma ligação harmoniosa operante com o espírito. A escolha da criatura, quando relativamente liberada da estabilidade mecânica, pode ser intentar uma outra autoliberação, independentemente de uma identificação maior com o espírito.

118:8:5 13022 Todo princípio da evolução biológica torna impossível que o homem primitivo surja nos mundos habitados com uma dotação grande de mestria de si próprio. E, por isso, o mesmo desígnio criativo que propôs a evolução, do mesmo modo, provê aquelas restrições externas de tempo e espaço, de fome e de medo, que efetivamente circunscrevem o campo da escolha subespiritual dessas criaturas não cultivadas. À medida que a mente suplanta, com êxito, barreiras cada vez mais difíceis, esse mesmo desígnio criativo também provê uma lenta acumulação de herança racial de sabedoria experiencial dolorosamente armazenada – em outras palavras, para a manutenção de um equilíbrio entre as restrições externas que diminuem e as restrições internas que aumentam.

118:8:6 13023 A lentidão na evolução do progresso cultural humano atesta a eficácia daquele freio – a inércia material – que tão eficazmente opera para retardar as velocidades perigosas de progresso. Assim, o tempo, ele mesmo, amortece e distribui os resultados, de outro modo letais, do escapar prematuro das barreiras sucessivas à ação humana. Pois quando a cultura avança depressa demais, quando a realização material ultrapassa a evolução da sabedoria e da adoração, então a civilização contém, em si própria, as sementes do retrocesso; e, a menos que respaldadas por um aumento rápido na sabedoria experiencial, tais sociedades humanas irão retroceder dos níveis altos, mas prematuros, alcançados, e as “idades de trevas” de interregno da sabedoria serão testemunhas da restauração inexorável do desequilíbrio entre a autoliberdade e o autocontrole.

118:8:7 13024 A iniqüidade de Caligástia foi passar por cima do tempo regulador da liberação progressiva humana. Ele destruiu arbitrariamente as barreiras da restrição, sobre as quais as mentes mortais daqueles tempos não haviam triunfado por experiência.

118:8:8 13025 Aquela mente que pode efetuar uma síntese parcial do tempo e do espaço, por esse ato mesmo demonstra que possui as sementes da sabedoria, que pode efetivamente substituir o muro a que transcendeu a restrição.

118:8:9 13026 Lúcifer, do mesmo modo, buscou romper o funcionamento regulador que é o tempo, que funcionava como restritor de uma realização prematura de certas liberdades no sistema local. Um sistema local estabelecido em luz e vida já adquiriu experimentalmente os pontos de vista, bem como o discernimento, que tornam factível a operação de muitas técnicas que causariam a ruptura e mesmo a destruição, nas eras anteriores daquele mesmo reino.

118:8:10 13027 Quando um homem se livra dos grilhões do medo, à medida que, com as suas máquinas, ele une continentes e oceanos, gerações e séculos, por meio dos seus registros, ele deve substituir cada restrição transcendida por uma nova restrição voluntariamente assumida, de acordo com os ditames morais da visão humana em expansão. Essas restrições auto-impostas são, ao mesmo tempo, os mais poderosos e os mais tênues de todos os fatores da civilização humana – os conceitos de justiça e os ideais de irmandade. O homem qualifica-se mesmo para usar as vestes restritivas que lhe trazem a misericórdia, quando ele ousa amar os seus semelhantes, quando ele realiza o começo da fraternidade espiritual, ao eleger dar-lhes aquele mesmo tratamento que ele próprio gostaria de receber, aquele mesmo tratamento que ele concebe que Deus dispensaria a eles.

118:8:11 13031 Uma reação automática no universo é estável e, de alguma forma, contínua no cosmo. Uma personalidade que conhece a Deus e que deseja fazer a sua vontade, que tem discernimento espiritual, é divinamente estável e eternamente existente. A grande aventura do homem no universo consiste no trânsito que a sua mente mortal faz, da estabilidade da estática mecânica até a divindade da dinâmica espiritual, e ele realiza essa transformação por meio da força e da constância das suas próprias decisões de personalidade, em cada uma das situações da vida, declarando: “A minha vontade é de que a Vossa vontade seja feita”.

9. MECANISMOS DO UNIVERSO


118:9:1 13032 O tempo e o espaço são um mecanismo conjunto do universo-mestre. São artifícios por meio dos quais as criaturas finitas tornam-se capazes de coexistir, no cosmo, com o Infinito. As criaturas finitas estão efetivamente isoladas dos níveis absolutos, pelo tempo e pelo espaço. No entanto, esses meios de isolamento, sem os quais nenhum mortal poderia existir, operam diretamente para limitar o alcance da ação finita. Sem eles, nenhuma criatura poderia atuar, mas, por meio deles, os atos de toda criatura são definitivamente limitados.

118:9:2 13033 Os mecanismos produzidos por mentes mais elevadas funcionam para liberar as suas fontes criativas, mas, em um determinado grau, eles limitam invariavelmente a ação de todas as inteligências subordinadas. Para as criaturas dos universos, essa limitação torna-se visível como o mecanismo dos universos. O homem não tem um livre-arbítrio sem freio; há limites para o alcance da sua escolha; todavia, dentro do raio dessa escolha, a sua vontade é relativamente soberana.

118:9:3 13034 O mecanismo vital da personalidade mortal, o corpo humano, é o produto de um projeto supramortal criativo; e, portanto, ele nunca pode ser perfeitamente controlado pelo próprio homem. Apenas quando o homem ascendente, em ligação com o Ajustador fusionado, gera para si próprio um mecanismo de expressão da personalidade, é que ele alcança o controle perfeito desse mecanismo.

118:9:4 13035 O grande universo é um mecanismo, tanto quanto um organismo, mecânico e vivo – um mecanismo vivo, ativado por uma Mente Suprema, coordenado com um Espírito Supremo e encontrando expressão nos níveis máximos de unificação de poder e de personalidade no Ser Supremo. No entanto, negar o mecanismo da criação finita é negar um fato e desconsiderar a realidade.

118:9:5 13036 Os mecanismos são produtos da mente, da mente criativa, atuando sobre os potenciais cósmicos, e por meio deles. Os mecanismos são as cristalizações fixadas do pensamento criador, e funcionam sempre com fidelidade ao conceito volicional que lhes deu origem. Todavia, o propósito de qualquer mecanismo está na sua origem, não na sua função.

118:9:6 13037 Tais mecanismos não deveriam ser vistos como limitadores da ação da Deidade; é mais verdade que, por meio desses mesmos mecanismos, a Deidade alcançou uma fase de expressão eterna. Os mecanismos básicos do universo vieram à existência em resposta à vontade absoluta da Primeira Fonte e Centro, e eles funcionarão, portanto, eternamente, em perfeita harmonia com o plano do Infinito; eles são, de fato, os modelos não volicionais daquele plano.

118:9:7 13038 Compreendemos alguma coisa de como o mecanismo do Paraíso está correlacionado à personalidade do Filho Eterno; essa é a função do Agente Conjunto. E temos teorias sobre as operações do Absoluto Universal, com respeito aos mecanismos teóricos do Inqualificável e da pessoa potencial da Deidade Absoluta. Nas Deidades em evolução, do Supremo e do Último, nós observamos, porém, que certas fases impessoais estão sendo factualmente unidas às suas contrapartes volicionais, e assim está evoluindo uma nova relação entre o modelo e a pessoa.

118:9:8 13041 Na eternidade do passado, o Pai e o Filho encontraram união na unidade de expressão em torno do Espírito Infinito. Se, na eternidade do futuro, os Filhos Criadores e os Espíritos Criativos dos universos locais do tempo e do espaço devessem alcançar uma união criativa nos reinos do espaço exterior, o que a sua unidade criaria como expressão combinada das suas naturezas divinas? Pode muito bem ser que estejamos para testemunhar uma manifestação até então não revelada, da Deidade Última, um novo tipo de super-administrador. Tais seres englobariam prerrogativas únicas de personalidade, sendo a união do Criador pessoal, do Espírito Criativo Materno impessoal, da experiência da criatura mortal, e da personalização progressiva da Ministra Divina. Tais seres poderiam ser últimos, no sentido de que eles abrangeriam as realidades pessoal e impessoal, combinando as experiências de Criador e de Criatura. Quaisquer que sejam os atributos das terceiras pessoas nessas trindades funcionais, postuladas para as criações do espaço exterior, elas sustentarão, com os seus Pais Criadores e com as suas Mães Criativas, algo semelhante àquilo que o Espírito Infinito mantém com o Pai Universal e com o Filho Eterno.

118:9:9 13042 Deus, o Supremo, é a personalização de toda experiência no universo, a focalização de toda evolução finita, a realidade de toda criatura levada ao máximo, a consumação da sabedoria cósmica, a incorporação das belezas harmoniosas das galáxias do tempo, a verdade dos significados da mente cósmica, e a bondade dos valores do espírito supremo. E Deus, o Supremo, no futuro eterno, irá sintetizar essas múltiplas diversidades finitas divinas em um todo único, experimentalmente significativo, do mesmo modo que elas estão agora existencialmente unidas em níveis absolutos, na Trindade do Paraíso.

10. FUNÇÕES DA PROVIDÊNCIA


118:10:1 13043 A providência não significa que Deus haja decidido para nós, sobre todas as coisas, e adiantadamente. Deus nos ama demais para fazer isso, pois isso não seria nada menos do que tirania cósmica. O homem tem poderes relativos de escolha. E o amor divino não é esse afeto de visão curta que mima e que estraga os filhos dos homens.

118:10:2 13044 O Pai, o Filho e o Espírito – considerados como Trindade – não são o Supremo Todo-Poderoso, mas, sem eles, a supremacia do Todo-Poderoso não poderia nunca se tornar manifesta. O crescimento do Todo-Poderoso é centrado nos Absolutos da factualidade e é baseado nos Absolutos da potencialidade. Contudo, as funções do Supremo Todo-Poderoso estão relacionadas às funções da Trindade do Paraíso.

118:10:3 13045 Poderia parecer que, no Ser Supremo, todas as fases da atividade do universo estariam sendo reunidas parcialmente pela personalidade dessa Deidade experiencial. Em conseqüência, quando nós desejamos visualizar a Trindade como um Deus, e limitamos esse conceito ao atualmente conhecido e organizado grande universo, descobrimos que o Ser Supremo, em evolução, é uma imagem parcial da Trindade do Paraíso. E descobrimos, ainda, que essa Deidade Suprema está evoluindo como síntese de personalidade da matéria finita, da mente e do espírito no grande universo.

118:10:4 13046 Os Deuses têm atributos, mas a Trindade tem funções, e, a exemplo da Trindade, a providência é uma função, composta de um supracontrole outro além-do-pessoal, do universo dos universos, estendendo-se desde os níveis evolucionários do Sétuplo sintetizado no poder do Todo-Poderoso até os domínios transcendentais da Ultimidade da Deidade.

118:10:5 13047 Deus ama a cada criatura como a uma criança Sua, e esse amor abriga cada criatura em todo o tempo e na eternidade. A providência funciona considerando o total e lida com a função de qualquer criatura, naquilo que essa função se relaciona com o total. Uma intervenção providencial, em relação a qualquer ser, é indicativa da importância da função daquele ser, no que concerne ao crescimento evolucionário de algum total; esse total pode ser toda a raça, toda a nação, todo o planeta ou mesmo um total mais elevado. É a importância da função da criatura que ocasiona a intervenção providencial, não a importância da criatura como pessoa.

118:10:6 13051 O Pai, contudo, como pessoa, pode, a qualquer momento, interpor uma mão paterna na corrente de eventos cósmicos, e tudo de acordo com a vontade de Deus, e em consonância com a sabedoria de Deus, e motivado pelo amor de Deus.

118:10:7 13052 No entanto, o que o homem chama de providência é, muito freqüentemente, o produto da sua própria imaginação, da justaposição fortuita das circunstâncias do acaso. Há, contudo, uma providência real e emergente no reino finito da existência no universo, uma correlação verdadeira, que se atualiza, das energias do espaço, dos movimentos do tempo, dos pensamentos do intelecto, dos ideais de caráter, dos desejos das naturezas espirituais e dos atos volicionais propositais das personalidades em evolução. As circunstâncias dos reinos materiais têm uma integração finita final nas presenças interligadas do Supremo e do Último.

118:10:8 13053 À medida que os mecanismos do grande universo vão perfeccionando-se até o ponto de uma precisão final por meio do supracontrole da mente, a mente da criatura se eleva à perfeição da realização da divindade por intermédio da integração perfeita com o espírito, e à medida que o Supremo emerge, conseqüentemente, como um unificador factual de todos esses fenômenos do universo, a providência torna-se, desse modo cada vez mais discernível.

118:10:9 13054 Algumas das condições espantosamente fortuitas que prevalecem ocasionalmente nos mundos evolucionários podem ser devidas à presença gradativamente emergente do Supremo, à antecipação das suas atividades futuras no universo. A maioria dos acontecimentos que um mortal chamaria de providencial não o é; o seu julgamento de tais questões é bastante prejudicado pela falta de uma visão mais penetrante dos verdadeiros significados das circunstâncias da vida. Muito daquilo que um mortal chamaria de boa sorte poderia ser realmente má sorte; o sorriso da fortuna, que concede lazeres não conquistados e riqueza imerecida, pode ser a maior das aflições humanas; a crueldade aparente de um destino perverso, a acumular atribulações sobre um mortal sofredor, pode, em realidade, ser o fogo temperador que esteja transmutando o ferro doce da personalidade imatura no aço temperado do caráter real.

118:10:10 13055 Há uma providência nos universos em evolução, e ela pode ser descoberta pelas criaturas apenas à medida que elas houverem alcançado a capacidade de perceber o propósito dos universos em evolução. A capacidade completa para discernir os propósitos do universo é igual ao completar evolucionário da criatura, e pode, por outro lado, ser expressa como a realização do Supremo dentro dos limites do presente estado incompleto dos universos.

118:10:11 13056 O amor do Pai atua diretamente no coração do indivíduo, independentemente das ações ou reações de todos os outros indivíduos; a relação é pessoal – o homem e Deus. A presença impessoal da Deidade (o Supremo Todo-Poderoso e a Trindade do Paraíso) manifesta consideração pelo todo, não pela parte. A providência do supracontrole da Supremacia torna-se crescentemente aparente, em partes sucessivas do progresso do universo na realização dos destinos finitos. À medida que os sistemas, as constelações, os universos e os superuniversos tornam-se estabelecidos em luz e vida, o Supremo emerge, cada vez mais, como um correlacionador significativo de tudo o que está acontecendo, enquanto o Último gradualmente emerge como o unificador transcendental de todas as coisas.

118:10:12 13061 Nos começos, em um mundo evolucionário, as ocorrências naturais de ordem material e os desejos pessoais dos seres humanos parecem antagônicos, freqüentemente. Muito daquilo que acontece em um mundo em evolução é bastante duro para o homem mortal compreender – freqüentemente a lei natural é aparentemente cruel, sem coração e indiferente a tudo o que é verdadeiro, belo e bom, segundo a compreensão humana. À medida, porém, que a humanidade progride no desenvolvimento planetário, nós observamos que esse ponto de vista é modificado pelos fatores seguintes:

118:10:13 13062 1. A ampliação da visão do homem – o entendimento crescente do mundo no qual ele vive; a sua capacidade ampliada de compreensão dos fatos materiais do tempo, as idéias significativas do pensamento, e os ideais valiosos de discernimento espiritual. Enquanto os homens tiverem como padrão de medida apenas o escalão da natureza física das coisas, eles não poderão nunca esperar encontrar a unidade no tempo e no espaço.

118:10:14 13063 2. O controle crescente de mestria do homem – a acumulação gradual do conhecimento das leis do mundo material, os propósitos da existência espiritual e as possibilidades da coordenação filosófica dessas duas realidades. O homem selvagem era impotente diante dos massacres causados pelas forças naturais, era servil diante do domínio cruel dos seus próprios medos interiores. O homem semicivilizado está começando a destravar a reserva de segredos dos reinos naturais, e essa ciência está, lenta, mas efetivamente, destruindo as suas superstições, enquanto, ao mesmo tempo, está provendo uma base factual nova e ampliada para a compreensão dos significados da filosofia e dos valores da verdadeira experiência espiritual. O homem civilizado alcançará, algum dia, uma mestria relativa das forças físicas do seu planeta; o amor de Deus, dentro do seu coração, irá jorrar efetivamente como amor pelo seu semelhante, e os valores da existência humana estarão aproximando-se dos limites da capacidade mortal.

118:10:15 13064 3. A integração do homem ao universo – o crescimento do discernimento humano mais o aumento da realização experiencial humana trazem maior harmonia com as presenças unificadoras da Supremacia – a Trindade do Paraíso e o Ser Supremo. E é isso que estabelece a soberania do Supremo nos mundos há muito estabelecidos em luz e vida. Esses planetas avançados são, de fato, poemas de harmonia, quadros da beleza de bondade concretizada, alcançada por intermédio da busca da verdade cósmica. E se tais coisas podem acontecer em um planeta, então coisas ainda maiores podem acontecer a um sistema e às unidades maiores do grande universo, na medida em que elas também alcancem um estabelecimento indicando os potenciais máximos do crescimento finito.

118:10:16 13065 Em um planeta dessa ordem avançada, a providência tornou-se um fato, as circunstâncias da vida estão correlacionadas, mas isso não é apenas porque o homem chegou a dominar os problemas materiais do seu mundo; é também porque ele começou a viver de acordo com a tendência dos universos; porque ele está seguindo a trajetória da Supremacia para alcançar o Pai Universal.

118:10:17 13066 O Reino de Deus está nos corações dos homens, e, quando esse Reino torna-se factual no coração de todos os indivíduos em um mundo, então a regra de Deus ter-se-á tornado factual em um planeta; e essa é a soberania alcançada pelo Ser Supremo.

118:10:18 13067 Para realizar a providência no tempo, o homem deve cumprir a tarefa de alcançar a perfeição. Contudo, o homem pode, mesmo agora, ter um gosto prévio dessa providência, nos seus significados eternos, ponderando sobre o fato de que todas as coisas, no universo, sejam elas boas ou más, trabalham juntas para o avanço dos mortais conhecedores de Deus, na sua busca pelo Pai de todos.

118:10:19 13068 A providência torna-se crescentemente discernível, à medida que os homens alcançam níveis superiores, desde o material até o espiritual. O atingir do discernimento espiritual completo capacita a personalidade ascendente a detectar a harmonia naquilo que anteriormente era o caos. A própria mota moroncial representa um avanço real nessa direção.

118:10:20 13071 A providência é, em parte, o supracontrole do Supremo incompleto, manifestado nos universos incompletos, e deve, portanto, sempre ser:

13072 1. Parcial – devido à atualização do Ser Supremo ser incompleta; e

13073 2. Imprevisível – devido às flutuações na atitude da criatura, que sempre varia de nível para nível, causando, assim, aparentemente, uma resposta recíproca variável no Supremo.

118:10:21 13074 Quando os homens oram pela intervenção da providência nas circunstâncias da vida, muitas vezes, a resposta às suas orações é uma mudança nas suas próprias atitudes perante a vida. Contudo, a providência não é caprichosa, nem fantástica ou mágica. Ela é a emergência lenta e certa do poderoso soberano dos universos finitos, cuja presença majestosa as criaturas em evolução ocasionalmente detectam nas suas progressões no universo. A providência é a marcha segura e certa das galáxias do espaço e das personalidades do tempo, no sentido das metas da eternidade, primeiro, no Supremo e, depois, no Último, e talvez no Absoluto. E, na infinitude, acreditamos que haja a mesma providência, e essa é a vontade, as ações, o propósito da Trindade do Paraíso, motivando assim o panorama cósmico de universos após universos.

118:10:22 13075 [Promovido por um Mensageiro Poderoso permanecendo temporariamente em Urântia.]

DOCUMENTO 119

AS AUTO-OUTORGAS DE CRISTO MICHAEL
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Fui designado para Urântia por Gabriel, com a missão de revelar a história das sete auto-outorgas do Soberano do Universo, Michael de Nebadon; meu nome é Gavalia, e sou o comandante dos Estrelas Vespertinos de Nebadon. Ao fazer esta apresentação, vou ater-me estritamente às limitações impostas pela minha missão.

119:0:2 13082 O atributo da auto-outorga é inerente aos Filhos do Paraíso do Pai Universal. No seu desejo de aproximar-se das experiências das suas criaturas subordinadas viventes, as várias ordens de Filhos do Paraíso refletem a natureza divina dos seus Pais no Paraíso. O Filho Eterno da Trindade do Paraíso liderou o caminho dessa prática, tendo, por sete vezes, outorgado a si próprio nos sete circuitos de Havona, durante os tempos da ascensão de Grandfanda e dos primeiros peregrinos do tempo e do espaço. E o Filho Eterno continua a outorgar-se aos universos locais do espaço, nas pessoas dos seus representantes, os Filhos Michaéis e Avonais.

119:0:3 13083 Quando o Filho Eterno outorga um Filho Criador a um universo local projetado, esse Filho Criador assume a inteira responsabilidade de completar, de controlar e de compor esse novo universo; e isso inclui um juramento, à Trindade eterna, de não assumir a plena soberania da nova criação antes de completar com êxito, como criatura, as suas sete auto-outorgas, e até que estas sejam certificadas pelos Anciães dos Dias do superuniverso em pauta. Essa obrigação é assumida por todos os Filhos Michaéis, que se fazem voluntários para sair do Paraíso e engajar-se na organização e na criação de um universo.

119:0:4 13084 O propósito das encarnações, como criatura, é capacitar esses Criadores a tornarem-se soberanos sábios, compassivos, justos e compreensivos. Esses Filhos divinos são inatamente justos, mas, como resultado das sucessivas experiências de auto-outorga, eles tornam-se compreensivamente misericordiosos; eles são naturalmente misericordiosos, mas essas experiências os fazem misericordiosos de um modo adicionalmente novo. Tais auto-outorgas são os últimos passos, na sua educação e aprendizado, para a sublime tarefa de governar o universo local com a retidão divina e com o julgamento justo.

119:0:5 13085 Embora numerosos benefícios sejam acrescidos aos vários mundos, sistemas e constelações, bem como às diferentes ordens de inteligências do universo, afetadas e beneficiadas por essas auto-outorgas, ainda assim, elas têm a finalidade precípua de completar o aperfeiçoamento pessoal e o preparo do próprio Filho Criador para o universo. Essas outorgas não são essenciais a uma gestão sábia, justa e eficiente de um universo local; mas são absolutamente necessárias a uma administração que queira ser equânime, misericordiosa e compreensiva para com essa criação, pois nela abundam as mais variadas formas de vida e miríades de criaturas inteligentes, mas imperfeitas.

119:0:6 13086 Os Filhos Michaéis começam os seus trabalhos de organização de um universo com uma compreensão plena e justa das várias ordens dos seres que eles criaram. São grandes as reservas de misericórdia que eles têm por todas essas diferentes criaturas, e também grande é a piedade por aqueles que erram e se debatem dentro do pântano egoísta que eles próprios produzem. Contudo, esses dons de justiça e retidão não serão suficientes, segundo estimam os Anciães dos Dias. Estes governantes trinos dos superuniversos nunca certificarão um Filho Criador, como Soberano do Universo, antes que ele haja realmente adquirido o ponto de vista das suas próprias criaturas, por meio da experiência natural no ambiente das existências delas e como uma dessas mesmas criaturas. Desse modo, esses Filhos transformam-se em governantes informados e compreensivos, chegam a conhecer os vários grupos de seres aos quais eles governam e sobre os quais exercem a autoridade universal. Pela experiência viva, eles adquirem a misericórdia prática, o juízo equânime e a paciência, que nasce da experimentação de uma existência como a da própria criatura.

119:0:7 13091 O universo local de Nebadon é agora governado por um Filho Criador que completou o seu serviço de auto-outorgas; ele reina em supremacia justa e misericordiosa sobre todos os vastos reinos do seu universo em evolução e perfeccionamento. Michael de Nebadon é a outorga de número 611 121 do Filho Eterno aos universos do tempo e do espaço; e ele começou a organização do vosso universo local há cerca de quatrocentos bilhões de anos. Michael preparou-se para a sua primeira aventura de auto-outorga por volta da época em que Urântia estava tomando a sua forma atual, há um bilhão de anos. As suas auto-outorgas ocorreram em intervalos de cento e cinqüenta milhões de anos, o último tendo tido lugar em Urântia, há cerca de dezenove séculos. Agora, prosseguirei descrevendo a natureza e o caráter dessas auto-outorgas, de um modo tão completo quanto me permitir a minha missão.

1. A PRIMEIRA AUTO-OUTORGA


119:1:1 13092 Foi uma ocasião solene, em Salvington, há quase um bilhão de anos, quando os diretores e dirigentes do universo de Nebadon, reunidos, ouviram Michael anunciar que o seu irmão mais velho, Emanuel, iria assumir, dentro em breve, a autoridade sobre Nebadon, enquanto ele (Michael) estaria ausente para uma missão não explicada. Nenhum outro anúncio foi feito sobre essa operação, exceto que a transmissão da despedida, aos Pais da Constelação, entre outras instruções, dizia: “E, por esse período, eu deixo-vos entregues aos cuidados de Emanuel, enquanto vou cumprir o mandato do meu Pai, do Paraíso”.

119:1:2 13093 Após enviar essa transmissão de despedida, Michael apareceu no campo de despacho de Salvington, exatamente como nas ocasiões anteriores, quando preparava sua partida para Uversa, ou para o Paraíso, com a diferença de que, desta vez, ele estava só. E concluiu a sua declaração de partida com estas palavras: “Eu vos deixo, mas por uma breve temporada. Muitos entre vós, eu sei, iriam comigo, mas, para onde vou, não podeis ir. O que irei fazer, não podeis fazê-lo. Vou cumprir a vontade das Deidades do Paraíso; e, quando eu houver terminado a minha missão e houver adquirido essa experiência, retornarei ao meu lugar, junto de vós”. E tendo falado assim, Michael de Nebadon desapareceu da vista de todos aqueles seres reunidos; e não reapareceu por vinte anos do tempo-padrão. Em toda a Salvington, apenas a Ministra Divina e Emanuel sabiam o que estava acontecendo; e o União dos Dias compartilhou esse segredo apenas com o dirigente executivo do universo, Gabriel, o Brilhante Estrela Matutino.

119:1:3 13094 Todos os habitantes de Salvington e os habitantes dos mundos-sedes das constelações e dos sistemas reuniram-se, nas suas respectivas estações de recepção, para escutar a informação do universo, esperando obter uma palavra sobre a missão e o paradeiro do Filho Criador. Até o terceiro dia, depois da partida de Michael, nenhuma mensagem de significado maior foi recebida. Nesse dia, uma comunicação foi registrada em Salvington, vinda da esfera Melquisedeque, a sede dessa ordem, em Nebadon, que dava simplesmente a notícia de um acontecimento extraordinário e nunca antes mencionado: “Ao meio-dia de hoje apareceu, no campo de recepção deste mundo, um estranho Filho Melquisedeque, cuja numeração não é a nossa, mas que é exatamente como os da nossa ordem. Ele estava acompanhado de um omniafim solitário, que trazia credenciais de Uversa e que apresentou as ordens, dirigidas ao nosso chefe, vindas dos Anciães dos Dias e certificadas por Emanuel de Salvington, instruindo que esse novo Filho Melquisedeque fosse recebido na nossa ordem e designado ao serviço de emergência dos Melquisedeques de Nebadon. E assim foi ordenado; e assim foi feito”.

119:1:4 13101 E isso é tudo o que aparece nos registros de Salvington a respeito da primeira auto-outorga de Michael. Nada mais consta, até que, na medida de tempo de Urântia, se passassem cem anos, quando, então, foi registrado o fato do retorno de Michael, que reassumiu, sem anúncios, a direção dos assuntos do universo. Contudo, um estranho registro está para ser feito, no mundo Melquisedeque; uma narração sobre os serviços daquele Filho Melquisedeque único, do corpo de emergência daquela época. Esse registro está conservado em um templo simples, que ocupa agora a parte da frente da casa do Pai Melquisedeque; e que compreende a narrativa do serviço desse Filho Melquisedeque transitório, e sobre o seu desempenho, em vinte e quatro missões de emergência em todo o universo. E esse registro, que eu revi muito recentemente, termina assim:

119:1:5 13102 “E nesse dia, ao meio-dia, sem anúncio prévio e testemunhado apenas por três seres da nossa fraternidade, esse Filho visitante da nossa ordem desapareceu do nosso mundo, tal como chegara, acompanhado apenas de um omniafim solitário; e esse registro é agora fechado com o certificado de que esse visitante viveu como um Melquisedeque, à semelhança de um Melquisedeque; que trabalhou como um Melquisedeque; e que cumpriu todos os seus compromissos fielmente, como um Filho emergencial da nossa ordem. Por consenso universal, tornou-se dirigente dos Melquisedeques, tendo conquistado o nosso amor e a nossa adoração, pela sua incomparável sabedoria, amor supremo e uma devoção extraordinária ao dever. Ele nos amou, compreendeu-nos e serviu a nós; e, para sempre, seremos seus leais e devotados companheiros Melquisedeques, pois esse estranho no nosso mundo tornou-se agora eternamente um ministro de natureza Melquisedeque”.

119:1:6 13103 E, do que me é permitido contar-vos, isso é tudo, da primeira auto-outorga de Michael. Nós entendemos plenamente, claro está, que esse desconhecido Melquisedeque, que serviu tão misteriosamente junto aos Melquisedeques, há um bilhão de anos, não era ninguém senão Michael, encarnado na missão da sua primeira auto-outorga. Os registros não declaram, especificamente, que esse Melquisedeque, tão único e eficiente, era Michael; mas é nisso que se crê universalmente. É provável que a afirmação real desse fato não seja encontrada fora dos registros de Sonarington; e os registros desse mundo secreto não estão abertos para nós. Apenas nesse mundo sagrado, de Filhos divinos, os mistérios da encarnação e da auto-outorga são inteiramente conhecidos. Todos nós sabemos dos fatos das auto-outorgas de Michael, mas não entendemos como são efetuadas. Nós não sabemos como um governante de um universo, o próprio criador dos Melquisedeques, pode, tão súbita e misteriosamente, tornar-se um dentre os da numeração deles e, como um deles, viver e trabalhar entre eles como um Filho Melquisedeque, por cem anos. No entanto, foi assim que aconteceu.

2. A SEGUNDA AUTO-OUTORGA


119:2:1 13104 Durante quase cento e cinqüenta milhões de anos, depois da auto-outorga de Michael como Melquisedeque, tudo ia bem no universo de Nebadon, até que os problemas começaram a ser gerados no sistema 11, da constelação 37. Esses problemas envolviam um mal-entendido da parte de um Filho Lanonandeque, o Soberano do Sistema, sobre algo que havia sido sentenciado pelos Pais da Constelação e aprovado pelo Fiel dos Dias, o conselheiro do Paraíso para aquela constelação; mas o Soberano do Sistema, que protestava, não se resignou completamente quanto ao veredito. Após mais de cem anos de insatisfação, ele levou os seus colaboradores a uma rebelião contra a soberania do Filho Criador, das mais vastas e desastrosas que jamais foram instigadas no universo de Nebadon; uma rebelião que há muito tempo já foi julgada e terminada pela ação dos Anciães dos Dias de Uversa.

119:2:2 13111 Lutêntia, o Soberano rebelde desse Sistema, reinou supremo no seu planeta-sede por mais de vinte anos do tempo-padrão de Nebadon; após o que os Altíssimos, com a aprovação de Uversa, ordenaram a sua segregação e requisitaram aos governantes de Salvington a designação de um novo Soberano do Sistema, para assumir a direção daquele sistema de mundos habitados, então confuso e destroçado.

119:2:3 13112 Com a recepção desse pedido em Salvington, simultaneamente Michael iniciou a segunda daquelas proclamações extraordinárias de intenção de estar ausente da sede central do universo, com o propósito de “cumprir o mandato do meu Pai do Paraíso”; prometendo “voltar no tempo devido” e concentrando toda a autoridade nas mãos do seu irmão do Paraíso, Emanuel, o União dos Dias.

119:2:4 13113 E então, pela mesma técnica observada na época da sua partida para a sua outorga junto aos Melquisedeques, Michael, novamente, deixou a esfera da sua sede central. Três dias após essa inexplicada partida, apareceu, no corpo de reserva dos Filhos Lanonandeques primários de Nebadon, um membro novo e desconhecido. Esse novo Filho surgiu ao meio-dia, sem anúncio prévio e acompanhado apenas por um tertiafim solitário, que trazia as credenciais dos Anciães dos Dias de Uversa, certificadas por Emanuel de Salvington, ordenando que esse novo Filho fosse designado para o sistema 11, da constelação 37, como sucessor do deposto Lutêntia e, com autoridade plena, como Soberano do Sistema, até que fosse apontado um novo soberano.

119:2:5 13114 Por mais de dezessete anos do tempo universal, esse estranho e desconhecido governante temporário administrou os assuntos e sabiamente sentenciou sobre as dificuldades daquele sistema local, confuso e desmoralizado. Nenhum Soberano de Sistema jamais foi amado tão ardentemente, nem honrado e respeitado com mais unanimidade. Com justiça e com misericórdia, esse novo governante colocou em ordem aquele turbulento sistema; enquanto ministrava com cuidado a todos os seus súditos, oferecendo, mesmo, ao seu predecessor rebelde o privilégio de compartilhar do trono de autoridade, caso ele apenas pedisse perdão a Emanuel, pelos seus abusos. Lutêntia, porém, desprezou todas essas aberturas de misericórdia, sabendo bem que esse novo e estranho soberano do sistema não era nenhum outro senão Michael, o mesmo governante do universo a quem ele havia, muito recentemente, desafiado. Todavia, milhões dos seus seguidores desviados e iludidos aceitaram o perdão desse novo governante, conhecido, naquela época, como o Soberano Salvador do sistema de Palônia.

119:2:6 13115 E então veio aquele dia jubiloso, no qual chegou o Soberano do Sistema recentemente apontado, designado pelas autoridades do universo, como o sucessor permanente do deposto Lutêntia; e todo o sistema de Palônia lamentou a partida do mais nobre e mais benigno governante de sistema que Nebadon jamais conhecera. Ele foi amado por todo o sistema e adorado pelos seus companheiros de todos os grupos de Filhos Lanonandeques. A sua partida não aconteceu sem cerimônias; uma grande celebração foi organizada, quando ele deixou a sede do sistema. Até mesmo o seu predecessor faltoso enviou uma mensagem: “Justo e reto és tu nas tuas ações. Mesmo continuando eu a rejeitar a lei do Paraíso, sou compelido a confessar que tu és um administrador justo e misericordioso”.

119:2:7 13121 E, então, esse governante transitório de um sistema rebelde partiu do planeta, onde teve permanência administrativa tão curta; e depois, ao terceiro dia, Michael aparecia em Salvington e reassumia a direção do universo de Nebadon. Logo em seguida, surgiu a terceira proclamação de Uversa, de que a jurisdição da soberania de Michael avançara. A primeira proclamação foi feita na época da sua chegada em Nebadon, a segunda foi emitida logo depois de completada a auto-outorga junto aos Melquisedeques; e agora, a terceira, seguia-se, depois da consumação completa da segunda missão, ou missão Lanonandeque.

3. A TERCEIRA AUTO-OUTORGA


119:3:1 13122 O conselho supremo de Salvington havia acabado de completar a consideração sobre o pedido dos Portadores da Vida, no planeta 217, do sistema 87, da constelação 61, de envio de um Filho Material, como assistente para eles. Ora, esse planeta estava situado em um sistema de mundos habitados, no qual outro Soberano do Sistema havia-se desviado, em uma segunda dessas rebeliões em Nebadon, até aquela época.

119:3:2 13123 A pedido de Michael, a ação solicitada pelos Portadores da Vida desse planeta foi deferida, dependendo da consideração de Emanuel e do seu relatório sobre o assunto. Esse era um procedimento irregular, e eu bem que me lembro como todos nós antecipamos algo inusitado; e não fomos mantidos aguardando por muito tempo. Michael novamente colocou a direção do universo nas mãos de Emanuel e, ao mesmo tempo, confiava o comando das forças celestes a Gabriel; e, havendo assim disposto das suas responsabilidades administrativas, ele despediu-se do Espírito Materno do Universo e desapareceu, no campo de despacho de Salvington, precisamente como havia feito nas duas ocasiões anteriores.

119:3:3 13124 E, como poderia ter sido esperado, ao terceiro dia, surgia, sem ser anunciado, no mundo-sede central do sistema 87, na constelação 61, um estranho Filho Material, acompanhado por um seconafim solitário, credenciado pelos Anciães dos Dias de Uversa e certificado por Emanuel de Salvington. Imediatamente, o Soberano do Sistema em exercício apontou esse novo e misterioso Filho Material, como Príncipe Planetário do mundo 217; e essa designação foi imediatamente confirmada pelos Altíssimos da constelação 61.

119:3:4 13125 Assim, esse Filho Material único começou a sua difícil carreira em um mundo em quarentena, por motivo de secessão e rebelião, mundo este localizado em um sistema sitiado e sem nenhuma comunicação direta com o resto do universo; e ele trabalhou sozinho, durante uma geração inteira de uma época planetária. Esse Filho Material emergencial conseguiu o arrependimento e a regeneração do Príncipe Planetário e de todo o seu grupo de assessores; e testemunhou a restauração do planeta ao serviço leal, à lei do Paraíso, do modo como havia sido estabelecida, para os universos locais. No devido tempo, um Filho e uma Filha Material chegaram a esse mundo rejuvenescido e redimido; e, depois de estarem devidamente instalados como governantes planetários visíveis, o Príncipe Planetário transitório ou emergencial partiu formalmente, desaparecendo pouco tempo depois, ao meio-dia. Ao terceiro dia depois disso, Michael aparecia no seu lugar costumeiro, em Salvington, e logo a transmissão do superuniverso difundia a quarta proclamação dos Anciães dos Dias, anunciando um novo avanço na soberania de Michael de Nebadon.

119:3:5 13126 Lamento que eu não tenha a permissão para descrever a paciência, a força de caráter e a habilidade com as quais esse Filho Material enfrentou as situações difíceis, naquele planeta em confusão. A regeneração desse mundo isolado é um dos capítulos mais belos e tocantes, nos anais da salvação, de todo o Nebadon. Ao final dessa missão, havia ficado evidente, para todo o Nebadon, por que o seu amado governante escolhera engajar-se nessas repetidas auto-outorgas, doando-se à semelhança de certas ordens subordinadas de seres inteligentes.

119:3:6 13131 As auto-outorgas de Michael, como um Filho Melquisedeque, depois como um Filho Lanonandeque, e, em seguida, como um Filho Material, são igualmente misteriosas e para além de explicações. Em cada instância, apareceu ele subitamente e como um indivíduo totalmente desenvolvido, na ordem da auto-outorga. O mistério de tais encarnações não será jamais conhecido, exceto para aqueles que têm acesso ao círculo interno dos registros, na esfera sagrada de Sonarington.

119:3:7 13132 Nunca, depois dessa maravilhosa outorga como Príncipe Planetário, em um mundo em isolamento e rebelião, nenhum dos Filhos ou Filhas Materiais em Nebadon se viu na tentação de reclamar das suas designações ou de ficar faltoso perante as dificuldades das suas missões planetárias. Para todo o sempre, os Filhos Materiais sabem que, no Filho Criador do universo, eles têm um soberano compreensivo e um amigo compassivo, daqueles que foram “provados e testados, sob todos os pontos de vista”, como devem ser testados e provados, eles próprios.

119:3:8 13133 A cada uma dessas missões, seguiu-se uma idade de serviço crescente e de lealdade, entre todas as inteligências celestes que têm a sua origem neste universo; enquanto cada idade, após essas auto-outorgas, foi caracterizada pelo avanço e aperfeiçoamento, em todos os métodos de administração do universo e em todas as técnicas de governo. Desde essa outorga, nenhum Filho ou Filha Material jamais se colocou conscientemente em rebelião contra Michael; eles amam-no e honram-no, devotadamente, por demais, para rejeitá-lo conscientemente. Apenas por meio de enganos e sofismas, os Adãos dos tempos recentes deixaram-se levar, por tipos mais altos de personalidades, até à rebeldia.

4. A QUARTA AUTO-OUTORGA


119:4:1 13134 Foi no final de uma lista de chamada milenar periódica de Uversa que Michael procedeu no sentido de colocar o governo de Nebadon nas mãos de Emanuel e Gabriel; e, claro está, relembrando o que acontecera nas vezes passadas, depois de tal ação, todos nós nos preparamos para testemunhar o desaparecimento de Michael, a caminho da sua quarta missão de auto-outorga; e nós não fomos mantidos à espera por muito tempo, pois ele, muito rapidamente, foi para o campo de despacho de Salvington e desapareceu da nossa vista.

119:4:2 13135 Ao terceiro dia, após o seu desaparecimento para a outorga, observamos, nas transmissões universais para Uversa, estas novas e significativas notícias, vindas da sede central seráfica de Nebadon “reportando a chegada não anunciada de um serafim desconhecido, acompanhado por um supernafim solitário e por Gabriel de Salvington. Esse serafim, sem registro, qualifica-se como sendo da ordem de Nebadon e traz as credenciais dos Anciães dos Dias de Uversa, certificadas por Emanuel de Salvington. Esse serafim responde às provas e demonstra pertencer à ordem suprema dos anjos de um universo local, e foi já designado para o corpo de conselheiros de ensino”.

119:4:3 13136 Michael ficou ausente de Salvington, durante essa auto-outorga, a seráfica, por um período de mais de quarenta anos-padrão do universo. Durante esse tempo, ele ficou como conselheiro seráfico de ensino, que vós poderíeis chamar de secretário particular, para vinte e seis instrutores-mestres diferentes, funcionando em vinte e dois mundos diferentes. O seu compromisso último, ou terminal, foi como conselheiro e ajudante ligado a uma missão de auto-outorga de um Filho Instrutor da Trindade, no mundo 462, no sistema 84, da constelação 3, no universo de Nebadon.

119:4:4 13141 Nunca, pelos sete anos desse compromisso, esse Filho Instrutor da Trindade esteve inteiramente persuadido quanto à identidade do seu colaborador seráfico. É bem verdade que todos os serafins foram, durante aquela época, encarados com interesse e curiosidade peculiares. Pois sabíamos muito bem que o nosso amado Soberano estava fora, no universo, disfarçado de serafim, mas nunca poderíamos estar seguros da sua identidade. Nunca foi ele definitivamente identificado, até o momento do seu serviço na missão de auto-outorga desse Filho Instrutor da Trindade. No entanto, os serafins supremos foram sempre, em toda essa era, encarados com uma solicitude especial, pois nenhum de nós queria ver-se surpreendido, como tendo sido, sem saber, o anfitrião do Soberano do universo em uma missão de auto-outorga. E assim tornou-se para sempre verdadeiro, a respeito dos anjos, que o seu Criador e Governante havia sido, “sob todos os pontos de vista, provado e testado, à semelhança da personalidade seráfica”.

119:4:5 13142 À medida que essas auto-outorgas sucessivas iam participando da natureza das formas cada vez mais baixas de vida no universo, Gabriel tornava-se cada vez mais um colaborador dessas aventuras de encarnação, funcionando na qualidade de ligação universal entre o auto-outorgado Michael e Emanuel, o governante atuante do universo.

119:4:6 13143 Agora, Michael passara já pela experiência de outorga em três ordens de filhos seus, criados no universo: os Melquisedeques, os Lanonandeques, e os Filhos Materiais. Em seguida, ele condescendeu em personalizar-se à semelhança da vida angélica, como um serafim supremo, antes de volver a sua atenção para as várias fases das carreiras ascendentes das suas criaturas volitivas, da mais inferior das formas: os mortais evolucionários do tempo e do espaço.

5. A QUINTA AUTO-OUTORGA


119:5:1 13144 Há pouco mais de trezentos milhões de anos, como é reconhecido o tempo em Urântia, testemunhamos uma daquelas transferências, para Emanuel, da autoridade sobre o universo; e constatamos as preparações de Michael para a partida. Essa ocasião foi diferente das anteriores, pois ele anunciou que o seu destino era Uversa, a sede central do superuniverso de Orvonton. No tempo devido, o nosso Soberano partiu; mas as transmissões do superuniverso nunca fizeram menção à chegada de Michael nas cortes dos Anciães dos Dias. Pouco depois da sua partida de Salvington, surgiu, nas transmissões de Uversa, esta afirmação significativa: “Chegou hoje um peregrino ascendente, não anunciado e não numerado, de origem mortal, vindo do universo de Nebadon, certificado por Emanuel de Salvington e acompanhado por Gabriel de Nebadon. Esse ser, não identificado, apresenta o status de um verdadeiro espírito e foi recebido na nossa fraternidade”.

119:5:2 13145 Se vós fosseis a Uversa hoje, vós poderíeis ouvir contar sobre os dias em que Eventod permaneceu ali, esse peregrino especial e desconhecido, do tempo e do espaço, que ficou conhecido em Uversa por esse nome. E esse mortal ascendente, uma personalidade no mínimo extraordinária, doada à semelhança exata do estágio espiritual dos mortais ascendentes, viveu e atuou em Uversa, por um período de onze anos, do tempo-padrão de Orvonton. Esse ser recebeu as designações e cumpriu os deveres de um espírito mortal, em comum com os seus companheiros de vários universos locais de Orvonton. Sob “todos os pontos de vista, foi testado e provado, do mesmo modo que os seus companheiros”; e, em todas as ocasiões, ele demonstrou ser digno da confiança e da fé dos seus superiores e, ao mesmo tempo, ele atraiu para si o respeito e a admiração leal dos espíritos semelhantes seus.

119:5:3 13151 Em Salvington, seguimos a carreira desse espírito peregrino com um interesse evidente, sabendo muito bem, pela presença de Gabriel, que esse espírito peregrino despretensioso e sem número não era nenhum outro senão o soberano em autodoação do nosso universo local. Essa primeira aparição de Michael, encarnado na função de uma etapa da evolução mortal, foi um evento que emocionou e cativou todo Nebadon. Nós tínhamos ouvido sobre tais coisas, mas agora nós as contemplávamos. Ele apareceu em Uversa, como um espírito mortal, totalmente desenvolvido e perfeitamente treinado, e como tal continuou a sua carreira, até o momento do avanço de um grupo de mortais ascendentes até Havona; depois do que manteve uma conversa com os Anciães dos Dias e, imediatamente, em companhia de Gabriel, deixou Uversa, subitamente e sem cerimônia, aparecendo, pouco depois, no seu lugar habitual em Salvington.

119:5:4 13152 Só depois da consumação dessa auto-outorga, começamos a perceber que Michael iria encarnar-se provavelmente à semelhança das suas várias ordens de personalidades no universo, dos Melquisedeques mais elevados até os mortais em carne e sangue, nos mundos evolucionários, do tempo e do espaço. Nessa época, as universidades Melquisedeques começaram a ensinar sobre a probabilidade de Michael, em algum momento, encarnar-se como um mortal na carne; e, então, aconteceu muita especulação quanto à possível técnica de uma auto-outorga tão inexplicável. O fato de que Michael houvesse, em pessoa, agido no papel de um mortal ascendente, emprestava um interesse novo e maior a todo o esquema de progressão da criatura, por todo o caminho ascendente, tanto pelo universo local, como pelo superuniverso.

119:5:5 13153 E, ainda assim, a técnica dessas auto-outorgas sucessivas permanecia um mistério. Até mesmo Gabriel confessa que não compreende o método pelo qual esse Filho do Paraíso e Criador de um universo, voluntariamente, assume a personalidade e vive a vida de uma das suas próprias criaturas subordinadas.

6. A SEXTA AUTO-OUTORGA


119:6:1 13154 Agora, que toda a Salvington estava familiarizada com os preliminares de uma auto-outorga iminente, Michael reuniu os residentes da sede central do planeta e, pela primeira vez, revelou o restante do plano de encarnação, anunciando que estava a ponto de deixar Salvington, com o propósito de assumir a carreira de um mortal moroncial, nas cortes dos Pais Altíssimos, no planeta-sede central, da quinta constelação. E então, pela primeira vez, ouvimos o anúncio de que a sua sétima auto-outorga, a sua autodoação final, seria efetuada em algum mundo evolucionário, à semelhança da carne mortal.

119:6:2 13155 Antes de deixar Salvington para a sexta auto-outorga, Michael dirigiu-se aos habitantes reunidos na esfera e partiu, sob a vista de todos, acompanhado por um serafim solitário e pelo Brilhante Estrela Matutino de Nebadon. Ao mesmo tempo em que a direção do universo havia sido confiada a Emanuel, havia uma distribuição, mais aberta, de responsabilidades administrativas.

119:6:3 13156 Michael apareceu na sede central da constelação cinco, como um mortal moroncial amadurecido de status ascendente. Eu lamento estar proibido de revelar os detalhes da carreira desse mortal moroncial, sem número, pois essa foi uma das mais extraordinárias e surpreendentes épocas, nas experiências de auto-outorga de Michael; mais extraordinária mesmo do que a sua dramática e trágica permanência em Urântia. Contudo, entre as muitas restrições a mim impostas, ao aceitar esse comissionamento, está uma que me proíbe de desvelar os detalhes dessa maravilhosa carreira de Michael, como o mortal moroncial de Endantum.

119:6:4 13161 Quando Michael retornou dessa auto-outorga moroncial, ficou claro, para todos nós, que o nosso Criador se havia transformado em uma criatura companheira, que o Soberano do Universo era também um amigo e um ajudante compassivo, até para a mais baixa forma de inteligência criada nos seus reinos. Antes disso, havíamos notado a conquista progressiva do ponto de vista da criatura, na administração do universo, pois esta viera mostrando-se gradualmente, mas tornara-se mais aparente após a consumação completa da outorga moroncial mortal; e mais ainda, quando do seu retorno, da sua carreira como filho de um carpinteiro em Urântia.

119:6:5 13162 Fomos informados previamente, por Gabriel, da época em que Michael se liberaria da outorga moroncial; e pudemos preparar uma recepção adequada em Salvington. Milhões e milhões de seres, vindos dos mundos-sedes centrais das constelações de Nebadon, e a maioria dos residentes nos mundos adjacentes a Salvington reuniu-se para dar-lhe as boas-vindas, como governante do seu universo. Diante das nossas manifestações de boas-vindas e das expressões de apreço feitas a um Soberano tão vitalmente interessado nas suas criaturas, ele respondeu tão somente: “Eu tenho apenas cuidado dos assuntos do meu Pai. Estou apenas dando cumprimento à satisfação dada aos Filhos do Paraíso, que amam e buscam compreender as suas criaturas”.

119:6:6 13163 Todavia, daquele dia em diante, até a hora em que Michael embarcou para a sua aventura em Urântia, como o Filho do Homem, todo o Nebadon continuou a falar sobre as muitas obras do seu Governante Soberano, e como ele atuara em Endantum, na sua encarnação de auto-outorga como um mortal moroncial de ascensão evolucionária; tendo sido, sob todos os pontos de vista, testado, como os seus companheiros repersonalizados dos mundos materiais de toda a constelação de sua permanência.

7. A SÉTIMA AUTO-OUTORGA, A FINAL


119:7:1 13164 Por dezenas de milhares de anos, todos nós esperamos, ansiosamente, pela sétima e última auto-outorga de Michael. Gabriel havia-nos mostrado que essa outorga terminal seria feita na semelhança da carne mortal, mas ignorávamos inteiramente o modo, a época e o local dessa aventura culminante.

119:7:2 13165 O anúncio público de que Michael havia selecionado Urântia como o teatro dessa outorga final foi feito pouco após havermos sabido sobre a falta cometida por Adão e Eva. E assim, por mais de trinta e cinco mil anos, o vosso mundo ocupou um lugar muito conspícuo nos conselhos de todo o universo. Não havia segredo (excetuando-se o mistério da encarnação) sobre nenhum passo da auto-outorga em Urântia. Desde o primeiro passo até o último, até o retorno final e triunfante de Michael a Salvington, como Soberano supremo do Universo, havia a mais completa divulgação universal sobre tudo que transpirava no vosso pequeno, mas altamente honorificado, mundo.

119:7:3 13166 Ao mesmo tempo em que nós acreditávamos que o método seria esse, nunca soubemos, até a época do próprio evento, que Michael surgiria na Terra como um infante desamparado deste reino. Até então, ele sempre surgira como um indivíduo plenamente desenvolvido, com a personalidade da ordem selecionada para a auto-outorga; e foi um anúncio emocionante aquele que foi transmitido de Salvington, propalando que a criança de Belém havia nascido em Urântia.

119:7:4 13167 Nós, então, não apenas encaramos o fato de que o nosso Criador e amigo estava dando o passo mais incerto de toda a sua carreira, arriscando, aparentemente, a sua posição e autoridade nessa auto-outorga, como um recém-nascido desamparado; mas também entendemos que a sua experiência nessa outorga final e mortal iria eternamente entronizá-lo, como o Soberano ímpar e supremo do universo de Nebadon. Por um terço de século, no tempo da Terra, todos os olhos, em todas as partes deste universo, focalizaram-se em Urântia. Todas as inteligências entenderam que a última auto-outorga estava em progresso e como havíamos sabido, havia muito, da rebelião de Lúcifer, em Satânia, e do desafeto de Caligástia em Urântia, todos nós entendemos a intensidade do embate que aconteceria, quando o nosso condescendente governante se encarnasse, em Urântia, na forma humilde, à semelhança da carne mortal.

119:7:5 13171 Joshua ben José, o menino judeu, foi concebido e nasceu no mundo, exatamente como quaisquer outros meninos, antes e depois, exceto pelo fato de que este menino, em particular, era a encarnação de Michael de Nebadon, um Filho divino do Paraíso e o Criador de todo este universo local de coisas e seres. E esse mistério da encarnação da Deidade na forma humana de Jesus, cuja origem pareceria natural ao mundo, permanecerá insolúvel para sempre. Na eternidade mesmo, vós nunca ireis conhecer a técnica e o método da encarnação do Criador, na forma e na semelhança das suas criaturas. Esse segredo pertence a Sonarington, e tais mistérios são da exclusiva posse desses Filhos divinos que passaram pela experiência da auto-outorga.

119:7:6 13172 Alguns homens sábios, na Terra, sabiam da chegada iminente de Michael. E, por intermédio dos contatos de um mundo com outro, esses homens sábios e possuidores do discernimento espiritual souberam da auto-outorga vindoura de Michael em Urântia. E, por meio das criaturas intermediárias, dois serafins fizeram o anúncio a um grupo de sacerdotes caldeus, cujo líder era Arnon. Esses homens de Deus visitaram o menino recém-nascido. O único evento sobrenatural associado ao nascimento de Jesus foi esse anúncio a Arnon e aos seus companheiros, feito pelos serafins anteriormente designados para Adão e Eva, no primeiro jardim.

119:7:7 13173 Os pais humanos de Jesus eram pessoas dentro da média, daquela geração e daquela época; e esse Filho de Deus, encarnado assim, nasceu de uma mulher e foi criado da maneira peculiar a todas as crianças daquela raça e daquele tempo.

119:7:8 13174 A história da permanência de Michael em Urântia, a narrativa da auto-outorga mortal do Filho Criador, no vosso mundo, é matéria além do escopo e do propósito desta narrativa.

8. O STATUS DE MICHAEL PÓS-OUTORGADO


119:8:1 13175 Após a outorga final, e plena de êxito, de Michael em Urântia, ele foi aceito, não apenas pelos Anciães dos Dias, como o governante soberano de Nebadon, mas foi também reconhecido, pelo Pai Universal, como o dirigente estabelecido do universo local da sua própria criação. Quando do seu retorno a Salvington, este Michael, Filho do Homem e Filho de Deus, foi proclamado como o governante estabelecido de Nebadon. De Uversa, veio a oitava proclamação da soberania de Michael, enquanto, do Paraíso, veio o pronunciamento conjunto do Pai Universal e do Filho Eterno, que constituía essa união de Deus e de homem, como o governante único do universo, e ordenando ao União dos Dias, que estava permanentemente em Salvington, que desse indicações sobre a sua intenção de retirar-se para o Paraíso. Os Fiéis dos Dias, da sede central da constelação, foram também instruídos para retirar-se dos conselhos dos Altíssimos. Michael, porém, não consentiria na retirada dos Filhos Trinitários do conselho e da cooperação. Ele reuniu-os em Salvington e pessoalmente solicitou-lhes que permanecessem, para sempre, a serviço em Nebadon. Eles manifestaram-se sobre o seu desejo de atender a esse pedido aos seus diretores no Paraíso; e, pouco depois disso, foram emitidos os mandatos das suas separações do Paraíso, o que ligava, para sempre, esses Filhos do universo central à corte de Michael de Nebadon.

119:8:2 13181 Foi necessário um período de quase um bilhão de anos, do tempo de Urântia, para completar a carreira de auto-outorgas de Michael e para efetivar o estabelecimento final da sua autoridade suprema no universo da sua própria criação. Michael nasceu um criador, foi educado como um administrador, treinado como um executivo; no entanto, foi-lhe pedido que conquistasse a sua própria soberania, por meio da experiência. E assim, o vosso pequeno mundo tornou-se conhecido, em todo o Nebadon, como a arena onde Michael completou a experiência, que é requerida de todo Filho Criador do Paraíso, antes que lhe fosse dado o controle ilimitado e a direção do universo que ele próprio edificara. À medida que vós ascenderdes no universo local, vós ireis conhecer mais sobre os ideais das personalidades envolvidas nas auto-outorgas anteriores de Michael.

119:8:3 13182 Ao completar as suas outorgas como criatura, Michael estava, não apenas estabelecendo a sua própria soberania, mas estava, também, implementando a soberania, em evolução, de Deus, o Supremo. No curso dessas outorgas, o Filho Criador, não apenas se engajou em uma exploração descendente das várias naturezas das personalidades das criaturas, mas também realizou a revelação das vontades, variadamente diversificadas, das Deidades do Paraíso, cuja unidade sintética, como revelada pelos Criadores Supremos, é reveladora da vontade do Ser Supremo.

119:8:4 13183 Esses vários aspectos da vontade das Deidades são personalizados, eternamente, nas diferentes naturezas dos Sete Espíritos Mestres; e cada uma das auto-outorgas de Michael foi, peculiarmente, reveladora de uma dessas manifestações da divindade. Na sua outorga Melquisedeque, ele manifestou o desejo unificado do Pai, do Filho e do Espírito; na sua outorga Lanonandeque, o desejo do Pai e do Filho; na sua outorga Adâmica, ele revelou a vontade do Pai e do Espírito; na sua outorga seráfica, a vontade do Filho e do Espírito; na sua outorga como mortal em Uversa, ele retratou a vontade do Agente Conjunto; na sua outorga moroncial mortal, a vontade do Filho Eterno; e na sua outorga material, em Urântia, ele viveu a vontade do Pai Universal, como um mortal, mesmo, em carne e sangue.

119:8:5 13184 A consumação completa dessas sete auto-outorgas resultou na liberação da soberania suprema de Michael e também na criação da possibilidade da soberania do Supremo, em Nebadon. Em nenhuma das outorgas de Michael, ele revelou Deus, o Supremo, mas a soma total de todas as sete outorgas é uma nova revelação do Ser Supremo para Nebadon.

119:8:6 13185 Na experiência de descer, de Deus, até o homem, Michael estava concomitantemente experimentando a ascensão, da parcialidade da manifestabilidade, até a supremacia da ação finita e da finalidade, da liberação do seu potencial até a função absonita. Michael, um Filho Criador, é um criador no espaço e no tempo, mas Michael, um Filho Mestre sétuplo, é um membro de um dos corpos divinos que constituem a Ultimidade da Trindade.

119:8:7 13186 Ao passar pela experiência de revelar as vontades dos Sete Espíritos Mestres, saídos da Trindade, o Filho Criador passou pela experiência de revelar a vontade do Supremo. Ao funcionar como revelador da vontade da Supremacia, Michael, junto com todos os outros Filhos Mestres, identificou-se eternamente com o Supremo. Na idade presente do universo, ele revela o Supremo e participa da factualização da soberania da Supremacia. No entanto, na próxima idade do universo, acreditamos, ele vai estar colaborando, com o Ser Supremo, na primeira Trindade experiencial, para universos do espaço exterior, e nesses mesmos universos.

119:8:8 13191 Urântia é o templo sentimental de todo o Nebadon, o mais importante entre os dez milhões de mundos habitados, o lar mortal de Cristo Michael, o soberano de todo o Nebadon, o ministro Melquisedeque dos reinos, o salvador de um sistema, o redentor Adâmico, o companheiro seráfico, o companheiro dos espíritos ascendentes, o progressor moroncial, o Filho do Homem, à semelhança da carne mortal, e o Príncipe Planetário de Urântia. E os vossos registros dizem a verdade quando dizem que esse mesmo Jesus prometeu, em algum tempo, voltar ao mundo da sua outorga terminal, o Mundo da Cruz.

119:8:9 13192 [Este documento, que descreve as sete outorgas de Cristo Michael, é o sexagésimo terceiro de uma série de apresentações, promovidas por inúmeras personalidades, narrando a história de Urântia, até o tempo do aparecimento de Michael na Terra, à semelhança da carne mortal. Estes documentos foram autorizados por uma comissão de Nebadon, de doze membros ativos, sob a direção de Mantutia Melquisedeque. Nós ditamos estas narrativas e as colocamos na língua inglesa, por uma técnica autorizada pelos nossos superiores, no ano 1 935 d. C. do tempo de Urântia.]

DOCUMENTO 120

A AUTO-OUTORGA DE MICHAEL EM URÂNTIA
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Designado por Gabriel para supervisionar a reconstituição da narrativa da vida de Michael, quando da sua vinda a Urântia, à semelhança da carne mortal, eu, Melquisedeque, diretor da comissão reveladora a quem essa tarefa foi confiada, estou autorizado a apresentar a narrativa de certos eventos imediatamente anteriores à vinda do Filho Criador a Urântia, durante a qual ele assumiu a última etapa da sua experiência de auto-outorgas nos universos. Viver vidas idênticas àquelas que ele impõe aos seres inteligentes da sua própria criação; e assim auto-outorgar a si próprio, à semelhança das suas várias ordens de seres criados, é parte do preço que cada Filho Criador deve pagar para ter a soberania plena e suprema do universo de coisas e seres, criado por ele próprio.

120:0:2 13232 Antes dos eventos que passarei logo a relatar, por seis vezes Michael de Nebadon havia-se outorgado, à semelhança de seis diferentes ordens de seres inteligentes da sua criação. E então, ele preparou-se para descer até Urântia, à semelhança da carne mortal, na sua mais baixa ordem de criaturas de vontade inteligente e, como um humano do reino material, executar o ato final no drama da aquisição da soberania do universo; de acordo com os mandatos dos Governantes divinos do universo dos universos, no Paraíso.

120:0:3 13233 No curso de cada uma das auto-outorgas precedentes, Michael não apenas adquiriu a experiência finita de um grupo de seres criados por ele, como também adquiriu uma experiência essencial, em cooperação com o Paraíso, que iria, em si e por si mesma, contribuir posteriormente para constituí-lo como soberano do universo criado por ele próprio. Em qualquer momento no tempo passado do universo local, Michael poderia haver assumido a soberania, como Filho Criador; e, como um Filho Criador, poderia haver governado o seu universo segundo a maneira que escolhesse. Se assim tivesse sido, Emanuel e os Filhos do Paraíso coligados haveriam abandonado o universo dele. Michael, porém, não queria governar Nebadon de forma isolada, e meramente fundamentada no seu direito de Filho Criador. Ele desejava ascender, por meio da experiência factual, em subordinação cooperativa com a Trindade do Paraíso, até aquela posição, de alta elevação no universo, na qual estivesse qualificado para governar o seu universo e administrar os assuntos dele, com a mesma perfeição de discernimento e a sabedoria de execução, que chegará, em algum tempo, a ser a característica do governo excelso do Ser Supremo. A sua aspiração não era a perfeição de governo, como Filho Criador, mas a supremacia administrativa, com a incorporação da sabedoria universal e da experiência divina do Ser Supremo.

120:0:4 13241 Por conseguinte, Michael tinha um propósito duplo ao realizar essas sete auto-outorgas, nas várias ordens das suas criaturas universais. Em primeiro lugar, ele estava completando a experiência de entendimento das criaturas, que é requerida de todos os Filhos Criadores, antes de assumirem totalmente a soberania. Um Filho Criador pode governar o seu universo, em qualquer tempo, pelo seu próprio direito, mas, como representante supremo da Trindade do Paraíso, ele governará apenas após passar, doado como criatura, pelas sete auto-outorgas nos universos. Em segundo lugar, ele estava aspirando ao privilégio de representar a autoridade máxima da Trindade do Paraíso, que pode ser exercida na administração pessoal e direta, em um universo local. E, dessa forma, durante a experiência de cada uma das suas auto-outorgas no universo, Michael subordinou-se, voluntária e perfeitamente, às vontades, variavelmente constituídas, das diversas associações de pessoas da Trindade do Paraíso. E isso significa que, na sua primeira auto-outorga, ele submeteu-se à vontade combinada do Pai, do Filho e do Espírito; na segunda, à vontade do Pai e do Filho; na terceira, à vontade do Pai e do Espírito; na quarta, à vontade do Filho e do Espírito; na quinta, à vontade do Espírito Infinito; na sexta, à vontade do Filho Eterno; e durante a sétima auto-outorga, a final, em Urântia, submeter-se-ia à vontade do Pai Universal.

120:0:5 13242 Michael, por conseguinte, na sua soberania pessoal, combina a vontade divina das sete fases dos Criadores universais, com a experiência de compreensão das criaturas, do seu universo local. Assim, a sua administração ter-se-á tornado representativa do maior poder e autoridade possíveis; e ainda despojada de todo pressuposto arbitrário. O seu poder é ilimitado, pois é derivado da associação experienciada com as Deidades do Paraíso; a sua autoridade é inquestionável, pois adquirida pela experiência factual à semelhança das criaturas do seu universo; a sua soberania é suprema, pois incorpora, ao mesmo tempo, os pontos de vista sétuplos da Deidade do Paraíso e os pontos de vista da criatura do tempo e do espaço.

120:0:6 13243 Estando determinada a época da sua auto-outorga final, e havendo selecionado o planeta onde esse extraordinário evento teria lugar, Michael teve a costumeira conferência de pré-outorga com Gabriel e, então, apresentou-se perante o seu irmão mais velho do Paraíso, o seu conselheiro Emanuel. Todos os poderes da administração do universo que não haviam sido previamente conferidos a Gabriel, agora Michael transferia-os à custódia de Emanuel. E, momentos antes da partida de Michael, para a encarnação em Urântia, Emanuel, aceitando a custódia do universo, durante o período dessa outorga em Urântia, procedeu ao aconselhamento, que serviria como guia da encarnação, para Michael, quando este crescesse em Urântia como um mortal do reino.

120:0:7 13244 Em relação a isso, deve-se ter em mente que Michael havia escolhido cumprir a sua auto-outorga à semelhança da carne mortal, sujeitando-se à vontade do seu Pai do Paraíso. O Filho Criador não necessitava de instruções de ninguém, para efetivar a sua encarnação, caso estivesse fazendo-o pelo simples propósito de realizar por completo a sua soberania; mas ele havia embarcado em um programa de revelação do Supremo, que envolvia o funcionamento cooperativo das diversas vontades das Deidades do Paraíso. Dessa forma, a sua soberania, quando final e pessoalmente conquistada, seria de fato todo-incluidora da vontade sétupla da Deidade; o que culmina na vontade do Supremo. Havia ele, portanto, por seis vezes recebido as instruções dadas pelos representantes pessoais das várias Deidades do Paraíso e das suas associações; e, naquela oportunidade, ele havia sido instruído pelo União dos Dias, embaixador da Trindade do Paraíso, no Universo local de Nebadon, agindo em nome do Pai Universal.

120:0:8 13251 Havia vantagens imediatas e grandes compensações, resultantes da vontade com a qual esse poderoso Filho Criador, uma vez mais subordinava a si próprio, voluntariamente, à vontade das Deidades do Paraíso; dessa vez, à vontade do Pai Universal. Em vista da decisão de efetivar essa subordinação associativa, Michael experimentaria, nessa encarnação, não apenas a natureza do homem mortal, mas também a vontade do Pai de todos, no Paraíso. E, além disso, ele entraria nessa auto-outorga singular com a inteira segurança, não apenas de que Emanuel exerceria a plena autoridade do Pai do Paraíso, na administração do seu universo, durante a sua ausência para aquela autodoação em Urântia; mas também com o conhecimento confortador de que os Anciães dos Dias do superuniverso haviam decretado a segurança completa do seu reino durante todo o período da sua auto-outorga.

120:0:9 13252 E, pois, essa era a situação preparada para a ocasião especial em que Emanuel apresentava-o ao seu sétimo compromisso de auto-outorga. E dessa encomenda de outorga de Emanuel, ao governante do universo, que posteriormente se tornou Jesus de Nazaré (Cristo Michael) em Urântia, é-me permitido apresentar as seguintes passagens:

1. O SÉTIMO COMISSIONAMENTO DE AUTO-OUTORGA


120:1:1 13253 “Meu irmão Criador, estou à beira de testemunhar a tua sétima e última auto-outorga no universo. Tu perfizeste as seis missões anteriores com grande fidelidade e perfeição; e não mantenho outro pensamento, a não ser o de que serás igualmente triunfante nessa que é a tua auto-outorga terminal para a soberania. Até esse momento, tu apareceste, nas esferas das tuas outorgas, como um ser plenamente desenvolvido, da ordem da tua escolha. Agora, estás para aparecer em Urântia, o planeta desordenado e turbulento da tua escolha, não como um mortal já plenamente desenvolvido, mas como um indefeso recém-nascido. Será para ti, camarada, uma experiência nova e ainda não provada. Estás na iminência de alcançar o preço total das auto-outorgas e à beira de experimentar o esclarecimento completo, que vem da encarnação de um Criador, à semelhança de uma criatura.

120:1:2 13254 “Em cada uma das tuas auto-outorgas anteriores, tu escolheste sujeitar-te voluntariamente à vontade das três Deidades do Paraíso, e às interassociações divinas Delas. Das sete fases da vontade do Supremo, tu te submeteste a todas, nas tuas auto-outorgas anteriores; faltando submeter-te apenas à vontade pessoal do teu Pai do Paraíso. Agora, que elegeste submeter-te integralmente à vontade do teu Pai, na tua sétima auto-outorga, eu, como representante pessoal do nosso Pai, assumo a jurisdição irrestrita do teu universo, durante o tempo da tua encarnação.

120:1:3 13255 “Para o ingresso na tua auto-outorga de Urântia, tu te despojaste de todo o apoio extraplanetário e de toda assistência que te pudesse ser dada, por qualquer criatura da tua própria criação. Como os teus filhos criados de Nebadon são inteiramente dependentes de ti, para o salvo-conduto, na carreira deles, através do universo; da mesma forma, agora deves tornar-te plena e irrestritamente dependente do teu Pai do Paraíso, para o teu salvo-conduto durante as vicissitudes da tua vindoura carreira mortal. E, quando houveres terminado essa experiência, de autodoação, saberás, com profunda verdade, o significado pleno e o rico sentido dessa confiança de fé, que tu, tão invariavelmente exiges que todas as tuas criaturas tenham como parte da relação íntima contigo, como Criador local e Pai universal delas.

120:1:4 13261 “Na tua outorga, em Urântia, tu necessitas preocupar-te com uma coisa apenas: a comunhão ininterrupta entre ti e o teu Pai do Paraíso. E será por meio da perfeição desse relacionamento que o mundo da tua auto-outorga e mesmo todo o universo da tua criação, obterão uma revelação nova e mais compreensível do teu Pai e meu Pai, o Pai Universal de todos. Tua preocupação, portanto, deverá ser somente com a tua vida pessoal em Urântia. Eu serei, plena e eficazmente, responsável pela segurança da continuidade da administração do teu universo, desde o momento da tua renúncia voluntária, a essa autoridade, até que tu retornes para nós como o Soberano do Universo, confirmado pelo Paraíso e até que recebas de volta, das minhas mãos, não a autoridade de vice-regente, que agora passas a mim, mas, sim, o poder supremo e a jurisdição do teu universo.

120:1:5 13262 “E que saibas, com certeza, que eu tenho o poder de fazer tudo o que estou prometendo agora (sabendo plenamente que sou eu a certeza dada, por todo o Paraíso, de que a minha palavra cumprir-se-á fielmente), eu anuncio que me foi enviado um mandato dos Anciães dos Dias de Uversa precavendo Nebadon contra qualquer perigo espiritual, durante o período integral da tua outorga voluntária. Desde o momento no qual deixares de estar consciente, no começo da encarnação mortal, até que retornes a nós, como soberano supremo e incondicional deste universo de tua própria criação e organização, nada de importância maior pode acontecer em todo Nebadon. Nesse ínterim, durante a tua encarnação, eu manterei as ordens, dos Anciães dos Dias, comandando irrestritamente a extinção instantânea e automática de qualquer ser culpado de rebelião, ou que presuma instigar a insurreição no universo de Nebadon, enquanto tu estiveres ausente para essa auto-outorga. Meu irmão, em face da autoridade do Paraíso, inerente à minha presença e implementada pelo mandato judicial de Uversa, o teu universo e todas as suas leais criaturas estarão seguras durante a tua auto-outorga. Podes prosseguir com a tua missão, com um pensamento apenas: a intensificação da revelação do nosso Pai, aos seres inteligentes do teu universo.

120:1:6 13263 “Como foi em cada uma das tuas auto-outorgas anteriores, devo lembrar-te de que exercerei a jurisdição do teu universo, como irmão e fiel comissionado. Em teu nome exercerei toda autoridade e poder. Funcionarei como o nosso Pai do Paraíso e de acordo com o teu pedido explícito de que eu atue assim no teu lugar. E, sendo esses os fatos, toda essa autoridade delegada é tua de novo, para que a exerças, em qualquer momento que julgues adequado requerê-la de volta. A tua auto-outorga é, na sua totalidade, plenamente voluntária. Como um mortal encarnado no reino, tu estarás desprovido de dons celestes, mas todo o teu poder abandonado pode ser recuperado, a qualquer momento em que decidires reinvestir-te da autoridade universal. Se tu escolheres reinstalar-te no poder e na autoridade, lembra-te de que será unicamente por razões pessoais, já que eu sou o compromisso vivo cuja presença e promessa garantem uma administração segura ao teu universo de acordo com o desejo do teu Pai. A rebelião, tal como aconteceu por três vezes em Nebadon, não pode ocorrer durante a tua ausência de Salvington, para essa outorga. Durante o período da tua outorga de Urântia, os Anciães dos Dias decretaram que a rebelião em Nebadon seja investida com a semente automática da sua própria aniquilação.

120:1:7 13264 “Pelo tempo que ficares ausente, nessa outorga final e extraordinária, comprometo-me (com a cooperação de Gabriel) com uma administração fiel do teu universo; e, ao comissionar-te para que assumas esse ministério de revelação divina e para que passes pela experiência do entendimento humano perfeccionado, eu atuo em nome do meu e teu Pai e te ofereço os conselhos seguintes, que devem guiar-te enquanto viveres a tua vida terrena, e à medida que tu te tornes progressivamente autoconsciente da tua missão divina, na tua permanência na carne”:

2. AS LIMITAÇÕES DA AUTO-OUTORGA


120:2:1 13271 “1. De acordo com os costumes e em conformidade com a técnica de Sonarington – cumprindo os mandatos do Filho Eterno do Paraíso –, eu tomei todas as providências para a tua imediata entrada nessa auto-outorga mortal, em harmonia com os planos formulados por ti e entregues a mim por Gabriel. Tu crescerás em Urântia como uma criança do reino, completarás a tua educação humana – submetido todo tempo à vontade do teu Pai do Paraíso –, viverás a tua vida em Urântia, como tu determinaste, completarás a tua estada planetária e te prepararás para a ascensão ao teu Pai, para receber Dele a soberania suprema do teu universo.

120:2:2 13272 “2. Independentemente da tua missão na Terra e da tua revelação ao universo, mas como uma conseqüência advinda disso, Eu aconselho-te, depois que estiveres suficientemente autoconsciente da tua identidade divina, que assumas a tarefa adicional de dar por finda, tecnicamente, a rebelião de Lúcifer, no sistema de Satânia; e que faças tudo isso como o Filho do Homem e como uma criatura mortal do reino, na fraqueza tornada poderosa pela submissão-fé à vontade do teu Pai; eu sugiro que realizes tudo aquilo que, repetida e arbitrariamente tu te declinaste de executar, pela via do poder e da força de que eras dotado à época em que essa rebelião pecaminosa e injustificada ainda estava incipiente. Eu consideraria um ápice adequado, à tua auto-outorga mortal, que tu retornasses a nós, como o Filho do Homem, Príncipe Planetário de Urântia, tanto quanto Filho de Deus, soberano supremo do teu universo. Como homem mortal, o mais baixo tipo de criatura inteligente de Nebadon, enfrenta e faze o julgamento das pretensões blasfemas de Caligástia e Lúcifer e, no teu assumido estado de humildade, dê um fim, para todo o sempre, às representações errôneas e às falsidades vergonhosas desses filhos caídos da luz. Já que tu te negaste, firmemente, a desacreditar esses rebeldes, por meio do exercício das tuas prerrogativas de criador, seria próprio, agora na semelhança da mais baixa criatura da tua criação, que tu tirasses das mãos desses Filhos caídos o domínio, de modo que todo o teu universo local reconheça, para sempre, de forma clara, a justiça do teu ato, feito enquanto tu estiveste no papel de mortal na carne; que é o de efetuar coisas que a tua misericórdia admoestou-te que não fizesses por meio do poder de uma autoridade arbitrária. E, havendo assim estabelecido, com a tua outorga, a possibilidade da soberania do Supremo em Nebadon, tu irás, com efeito, trazer um encerramento para os assuntos, não julgados ainda, de todas as insurreições precedentes, não obstante o lapso de tempo, maior ou menor, que seja gasto para a realização dessa tarefa. Com esse ato, as dissidências pendentes no teu universo, serão liquidadas, em essência. E, com o subseqüente dom da soberania, que terás no teu universo, os desafios semelhantes à tua autoridade não poderão nunca ser recorrentes, em qualquer parte da tua grande criação pessoal.

120:2:3 13273 “3. Quando obtiveres o êxito de terminar com a secessão de Urântia, que sem dúvida irás ter, eu aconselho-te a aceitar que Gabriel confira a ti o título de “Príncipe Planetário de Urântia”, em reconhecimento eterno, da parte do teu universo, à tua experiência final de auto-outorga; e que, daí em diante, faças todas e quaisquer coisas consistentes com o propósito da tua outorga, e que possam servir aos seres de Urântia, como compensação pelo sofrimento e confusão produzidos ali, pela traição de Caligástia e a subseqüente falta Adâmica.

120:2:4 13281 “4. De acordo com o teu pedido, Gabriel, e todos aqueles que estiverem envolvidos cooperarão contigo na realização do desejo expresso de culminar a tua outorga em Urântia, com o pronunciamento de um juízo dispensacional desse reino, acompanhado pelo encerramento de uma era, com a ressurreição dos mortais sobreviventes adormecidos, e com o estabelecimento da dispensação do Espírito da Verdade, a ser concedido.

120:2:5 13282 “5. No que concerne ao planeta da tua outorga e à geração imediata de homens, vivendo contemporaneamente à tua autodoação mortal, eu aconselho-te que funciones predominantemente no papel de mestre. Dê atenção, primeiro, à libertação e à inspiração da natureza espiritual do homem. Em seguida, que tu ilumines o obscurecido intelecto humano, alivies as almas dos homens e emancipes as suas mentes de temores ancestrais. E então, com a tua sabedoria mortal, que atendas ao bem-estar físico e ao alívio das condições materiais dos teus irmãos na carne. Vivas a vida religiosa ideal, para inspiração e edificação de todo o teu universo.

120:2:6 13283 “6. No planeta da tua outorga, liberes espiritualmente o homem segregado pela rebelião. Em Urântia, dê mais uma contribuição à soberania do Supremo, estendendo, assim, o estabelecimento dessa soberania até os amplos domínios da tua criação pessoal. Nessa, que é a tua outorga na matéria, à semelhança da carne, tu irás experimentar o esclarecimento final de um Criador no tempo-espaço, a experiência dual de trabalhar de dentro da natureza humana, com a vontade do teu Pai do Paraíso. Na tua vida temporal, a vontade da criatura finita e a vontade do Criador Infinito estão para tornar-se uma, da mesma forma que também estão unindo-se, na Deidade evolutiva do Ser Supremo. Derrame, por sobre o planeta da tua auto-outorga, o Espírito da Verdade e, assim, faze com que todos os mortais normais daquela esfera isolada tornem-se imediata e plenamente acessíveis ao ministério da presença distinguida do nosso Pai do Paraíso, o Ajustador do Pensamento dos reinos.

120:2:7 13284 “7. Para tudo o que puderes realizar no mundo da tua outorga, tem sempre em mente que estás vivendo uma vida para instrução e edificação de todo o teu universo. Que tu estás autodoando-te nesta vida de encarnação mortal em Urântia, mas que irás viver essa vida para a inspiração espiritual de todas as inteligências humanas e supra-humanas que já viveram, que existem agora ou que ainda possam viver, em todos os mundos habitados já formados, que ora se formam, ou que ainda possam vir a se formar, como parte da vasta galáxia do teu domínio administrativo. A tua vida na Terra, na semelhança da carne mortal não será, dessa forma, vivida para constituir-se apenas em um exemplo para os mortais de Urântia, nos dias da tua permanência na Terra, nem apenas para qualquer geração subseqüente de seres humanos, em Urântia ou em qualquer outro mundo. A tua vida na carne, em Urântia, será mais que tudo, a inspiração para todas as vidas, sobre todos os mundos de Nebadon, para todas as gerações nas eras que estão para vir.

120:2:8 13285 “8. A tua grande missão, a ser realizada e experienciada na encarnação mortal, é abrangida pela tua decisão de viver uma vida dedicada, de todo coração, a fazer a vontade do teu Pai do Paraíso e assim revelar a Deus, o teu Pai, na carne, e especialmente às criaturas da carne. Ao mesmo tempo, tu irás também interpretar, com uma nova força de engrandecimento, o nosso Pai, para os seres supramortais de todo Nebadon. Da mesma forma, com esse ministério de nova revelação e interpretação ampliada do Pai do Paraíso, para o tipo de mente humana e supra-humana, tu funcionarás de modo a fazer, também, uma nova revelação do homem para Deus. Demonstra, na tua curta vida na carne, de forma nunca antes vista em todo o Nebadon, as possibilidades transcendentes daquilo que pode ser atingido por um ser humano sabedor de Deus, durante a tua curta carreira na existência mortal; e faze uma interpretação iluminadora e nova do homem e das vicissitudes da sua vida planetária, para todas as inteligências supra-humanas de todo Nebadon, para todo o sempre. Tu estás à beira de descer até Urântia, na semelhança da carne mortal, e de viver como um homem do teu tempo e geração e, assim, irás tu funcionar para mostrar ao teu universo inteiro o ideal da técnica perfeccionada, do engajamento supremo, no cuidado dos assuntos da tua vasta criação: o êxito que tem Deus, na Sua busca do homem, encontrando-o; e o fenômeno do homem procurando Deus e encontrando-O; e tu farás tudo isso, para satisfação mútua e o farás em um curto período de vida na carne.

120:2:9 13291 “9. Recomendo-te que tenhas sempre em mente, ainda que de fato estejas para tornar-te um humano comum do reino, que tu permanecerás sendo um Filho Criador do Pai do Paraíso, em potencial. Durante esta encarnação, ainda que tu estejas vivendo e agindo como um Filho do Homem, os atributos criadores da tua divindade pessoal acompanhar-te-ão, de Salvington até Urântia. Sob a decisão da tua vontade estará sempre o poder de dar por terminada a encarnação, a qualquer momento, após a chegada do teu Ajustador do Pensamento. Antes da chegada e da recepção do Ajustador, garantirei eu a integridade da tua personalidade. Contudo, após a chegada do teu Ajustador e concomitantemente com o teu progressivo reconhecimento da natureza e da importância da tua missão de outorga, tu deverás abster-te da formulação de qualquer vontade, realização ou poder supra-humano, tendo em vista o fato de que as tuas prerrogativas de criador permanecerão associadas à tua personalidade mortal, em vista da inseparabilidade entre esses atributos e a tua presença pessoal. Nenhuma repercussão supra-humana acompanhará, porém, a tua carreira na Terra, fora da vontade do Pai do Paraíso; a menos que, por um ato de vontade consciente e deliberada, tu tomes a decisão cabal que culmine em uma opção pela tua personalidade total. ”

3. CONSELHOS E EXORTAÇÕES ADICIONAIS


120:3:1 13292 “E agora, meu irmão, deixando-te enquanto te preparas para partir para Urântia e após haver-te aconselhado a respeito da conduta geral, na tua outorga, permita-me apresentar certos conselhos, que me ocorreram quando em consulta com Gabriel e que dizem respeito a aspectos menores da tua vida mortal. Sugerimos, pois, ainda:

120:3:2 13293 “1. Que, na busca do ideal da tua vida mortal na Terra, também dês alguma atenção à realização do exemplo de algumas coisas práticas e de ajuda imediata para os teus semelhantes mortais.

120:3:3 13294 “2. No que diz respeito às relações familiares, dê precedência aos costumes consagrados de vida familiar, do modo como os encontrares estabelecidos, nos dias e na geração da tua auto-outorga. Vive a tua vida de família e de comunidade, de acordo com as práticas dos povos entre os quais elegeste aparecer.

120:3:4 13295 “3. Nas tuas relações com a ordem social, aconselhamos que dirijas os teus esforços mais à regeneração espiritual e à emancipação intelectual. Evite quaisquer entrelaçamentos com a estrutura econômica e com os compromissos políticos dos teus dias. Mais especificamente, devota-te a viver a vida religiosa ideal em Urântia.

120:3:5 13296 “4. Em nenhuma circunstância e nem mesmo quanto ao menor detalhe, deverias interferir na ordem da evolução progressiva e normal das raças de Urântia. No entanto, essa proibição não deve ser interpretada como limitadora dos teus esforços de deixar, atrás de ti, um sistema duradouro e melhorado de ética religiosa positiva.

120:3:6 13301 Como um Filho dispensacional, são concedidos a ti certos privilégios, no que concerne ao avanço do status espiritual e religioso dos povos daquele mundo. “5. Na medida em que considerares adequado, poderás identificar-te com movimentos espirituais e religiosos existentes, da forma como puderem ser encontrados em Urântia; mas procura, de todas as maneiras possíveis, evitar o estabelecimento formal de um culto organizado, de uma religião cristalizada, ou de um agrupamento ético de seres mortais que se segregue. A tua vida e os teus ensinamentos estão destinados a transformar-se na herança comum de todas as religiões e de todos os povos.

120:3:7 13302 “6. Com a finalidade de que não contribuas, desnecessariamente, para a criação de sistemas subseqüentes estereotipados de crenças em Urântia, ou outros tipos de lealdades a religiões que possam não progredir, aconselhamos-te ainda que: Não deixes documentos escritos para trás de ti, no planeta. Exima-te de deixar escritos feitos em materiais permanentes; conclama os teus semelhantes a não criarem imagens ou outras figuras da tua figura, como encarnado. Assegura-te de que nada potencialmente idólatra seja deixado no planeta, à época da tua partida.

120:3:8 13303 “7. Embora vá viver a vida normal social comum no planeta, como um indivíduo do sexo masculino, possivelmente não terás relações matrimoniais, as quais seriam inteiramente honrosas e consistentes com a tua outorga; mas devo lembrar-te de que um dos mandatos de Sonarington, que regem a encarnação, proíbe que seja deixada descendência humana, de um Filho do Paraíso, em qualquer planeta da sua auto-outorga.

120:3:9 13304 “8. Com respeito a qualquer outro detalhe da tua outorga vindoura, nós te encomendamos ao guiamento do Ajustador residente, aos ensinamentos do sempre presente espírito divino que guia os humanos, e ao julgamento da razão da tua mente humana de dotação hereditária. Esta associação de atributos, de criatura e Criador, segundo cremos, capacitar-te-á a viver a vida perfeita do homem nas esferas planetárias; não perfeita, necessariamente, do ponto de vista de um homem específico, em um mundo determinado (muito menos o de Urântia), mas plena e supremamente completa, se avaliada pelos mundos mais altamente perfeccionados, e em via de perfeccionamento, do teu vasto universo.

120:3:10 13305 “E agora, possa o teu Pai e meu Pai, que sempre nos apoiou nos nossos trabalhos anteriores, guiar-te, sustentar-te e estar contigo a partir do momento em que nos deixes e realizes a rendição da tua consciência de personalidade, até o teu gradual retorno ao reconhecimento da tua identidade divina, encarnada na forma humana; e também, então, por todo o período da tua experiência de auto-outorga em Urântia, até a tua liberação da carne e a tua ascensão à mão direita da soberania do nosso Pai. Quando, de novo, eu te vir em Salvington, saudaremos o teu retorno a nós, como o soberano supremo e incondicional deste universo de tua própria criação, do teu serviço e da tua plena compreensão.

120:3:11 13306 “Em teu lugar, eu reino agora. Assumo a jurisdição de todo o Nebadon, como soberano ativo, durante o ínterim da tua auto-outorga, a sétima e mortal, em Urântia. E a ti, Gabriel, comissiono a salvaguarda do Filho do Homem, que está prestes a vir, até o momento em que ele haja retornado, pleno de glória e poder, a mim, como o Filho do Homem e como o Filho de Deus. E, Gabriel, sou eu o vosso soberano até que Michael assim retorne. ”

120:3:12 13307 Então, imediatamente, na presença de toda Salvington reunida, Michael retirou-se do nosso meio; e nós não o vimos mais no seu lugar de costume, até o seu retorno como governante supremo e pessoal do universo, após o cumprimento da sua carreira de auto-outorga em Urântia.

4. A ENCARNAÇÃO – FAZER DE DOIS, UM


120:4:1 13311 E, pois, certos filhos indignos de Michael estavam a ponto de ser silenciados, aqueles que haviam acusado o seu Pai-Criador de buscar egoisticamente o governo; e que se atreveram a insinuar que o Filho Criador se estava mantendo no poder, arbitrária e autocraticamente, em virtude da lealdade nada razoável de um universo iludido, de criaturas subservientes; para sempre haviam sido deixados em confusão e desilusão, em vista de uma vida de doação e serviço e auto-esquecimento, na qual o Filho de Deus entraria como Filho do Homem – submetendo-se sempre à “vontade do Pai do Paraíso”.

120:4:2 13312 Contudo, que vós não cometais nenhum engano; Cristo Michael, ainda que sendo um ser de origem dual, nunca teve uma personalidade dupla. Ele não foi Deus, em associação com o homem, mas foi, sim, Deus encarnado no homem. E ele foi sempre, precisamente, esse ser combinado. O único fator de gradação, em tal relação incompreensível, foi o entendimento e o reconhecimento, de autoconsciência gradativa (da sua mente humana), desse fato, de ser Deus e homem.

120:4:3 13313 Cristo Michael não se tornou gradativamente Deus. E Deus não se tornou homem, em algum momento vital, na vida terrena de Jesus. Jesus foi Deus e homem – sempre e para sempre. E esse Deus e esse homem foram e são, agora, Um; do mesmo modo que a Trindade do Paraíso, de três seres, na realidade, é uma Deidade.

120:4:4 13314 Nunca percais de vista o fato de que o propósito supremo da auto-outorga de Michael foi o de acentuar e engrandecer a revelação de Deus.

120:4:5 13315 Os mortais de Urântia têm conceitos variáveis sobre o miraculoso, mas, para nós, que vivemos como cidadãos do universo local, há poucos milagres e, entre todos, os mais intrigantes são, de longe, as outorgas de encarnação dos Filhos do Paraíso. O surgimento, no vosso mundo, de um Filho divino, por processos aparentemente naturais, é visto por nós como um milagre – o efeito de leis universais, para além da nossa compreensão. Jesus de Nazaré foi uma pessoa miraculosa.

120:4:6 13316 Nessa experiência extraordinária, e por meio dela, Deus, o Pai, escolheu manifestar-Se a Si próprio, como Ele sempre faz – do modo habitual –, pela via normal, natural e confiável, da ação divina.

DOCUMENTO 121

A ÉPOCA DA AUTO-OUTORGA DE MICHAEL
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Atuando sob a supervisão de uma comissão de doze membros da Irmandade Unida dos Intermediários de Urântia, promovida conjuntamente pelo presidente da nossa ordem e o Melquisedeque relator; eu sou o intermediário que esteve outrora destinado ao apóstolo André, e estou autorizado a colocar neste registro a narrativa dos atos de Jesus de Nazaré, do modo como foram observados pela minha ordem de criaturas terrenas e como foram posteriormente registrados, de uma maneira parcial, pelo indivíduo humano que esteve sob a minha guarda temporal. Sabendo o quanto o seu Mestre evitava, tão escrupulosamente, deixar registros escritos atrás de si, André recusou-se firmemente a multiplicar cópias da sua narrativa escrita. Uma atitude semelhante da parte dos outros apóstolos de Jesus atrasou bastante a redação dos evangelhos.

1. O OCIDENTE, NO PRIMEIRO SÉCULO DEPOIS DE CRISTO


121:1:1 13322 Jesus não veio a este mundo durante uma idade de decadência espiritual. Na época do seu nascimento, Urântia estava passando por um renascimento do pensamento e da vivência religiosos, como não havia conhecido em toda a sua história anterior pós-Adâmica, nem conheceria em qualquer era, desde então. Quando Michael encarnou em Urântia, o mundo apresentava a mais favorável condição para a auto-outorga do Filho Criador, entre todas as que haviam prevalecido anteriormente, ou que haviam sido geradas, desde então. Durante os séculos imediatamente anteriores a essa época, a cultura e a língua gregas haviam-se espalhado pelo Ocidente e pelo Oriente próximo, e os judeus, sendo de uma raça levantina de natureza meio ocidental e meio oriental, estavam, pois, eminentemente qualificados para utilizar esse quadro cultural e lingüístico na disseminação eficaz de uma nova religião, tanto para o leste quanto para o oeste. Tais circunstâncias ficaram ainda mais favoráveis com o governo dos romanos, politicamente tolerante para com o Mundo Mediterrâneo.

121:1:2 13323 Toda essa combinação de influências mundiais é bem ilustrada pelas atividades de Paulo, que, tendo a cultura religiosa de um hebreu entre os hebreus, proclamou o evangelho de um Messias judeu, na língua grega, enquanto ele próprio era um cidadão romano.

121:1:3 13324 Nada como a civilização da época de Jesus foi visto no Ocidente, antes ou depois daquela época. A civilização européia foi unificada e coordenada sob uma extraordinária influência tríplice:

13325 1. O sistema político-social dos romanos.

13326 2. A língua e a cultura gregas – e, em uma certa medida, a filosofia grega.

13327 3. A influência, de veloz expansão, da religião e dos ensinamentos morais judeus.

121:1:4 13328 Quando Jesus nasceu, todo o Mundo Mediterrâneo era um império unificado. Boas estradas interligavam muitos dos maiores centros, pela primeira vez na História do mundo. Os mares estavam isentos de piratas, e uma grande era de comércio e de viagens estava rapidamente avançando. A Europa não gozou novamente de um período como esse, de viagens e de comércio, até o século dezenove depois de Cristo.

121:1:5 13331 Não obstante a paz interna e a prosperidade superficial do mundo greco-romano, uma maioria de habitantes do império definhava em uma miséria sórdida. A classe superior, pouco numerosa, era rica; uma classe inferior miserável e empobrecida abrangia a massa da Humanidade. Não havia, naqueles dias, uma classe média feliz e próspera, essa classe mal havia começado a surgir na sociedade romana.

121:1:6 13332 As primeiras lutas entre os Estados de Roma e da Pártia haviam sido concluídas, em um passado recente, deixando a Síria nas mãos dos romanos. Nos tempos de Jesus, a Palestina e a Síria estavam gozando de um período de prosperidade, de paz relativa e de grandes relações comerciais com as nações do Oriente e do Ocidente.

2. O POVO JUDEU


121:2:1 13333 Os judeus eram uma parte da raça semítica mais antiga, que também incluía os babilônios, os fenícios e os inimigos mais recentes de Roma, os cartagineses. Durante o início do primeiro século depois de Cristo, os judeus eram, dentre os povos semitas, o grupo de maior influência, e aconteceu que eles ocuparam uma posição geográfica peculiarmente estratégica no mundo, que, naquela época, era governado e organizado para o comércio.

121:2:2 13334 Muitas das grandes estradas ligando as nações da antigüidade passavam pela Palestina, que se tornou assim um ponto de confluência ou onde se cruzavam as estradas de três continentes. Os viajantes, o comércio e os exércitos da Babilônia, da Assíria, do Egito, da Síria, da Grécia, da Pártia e de Roma atravessaram a Palestina sem cessar. Desde tempos imemoriais, muitas frotas de caravanas do Oriente passavam por alguma parte dessa região, indo para os poucos portos marinhos da extremidade oriental do Mediterrâneo, de onde os barcos carregavam as suas cargas para todo o Ocidente marítimo. E mais da metade desse tráfego de caravanas passava por dentro ou próximo da pequena cidade de Nazaré, na Galiléia.

121:2:3 13335 Embora a Palestina fosse a terra da cultura religiosa judaica e o local de nascimento do cristianismo, os judeus estavam espalhados pelo mundo, morando em muitas nações e fazendo comércio em todas as províncias dos Estados de Roma e da Pártia.

121:2:4 13336 A Grécia contribuiu com uma língua e uma cultura, Roma construiu as estradas e unificou um império, mas, com as suas mais de duzentas sinagogas e comunidades religiosas bem organizadas, espalhadas aqui e ali, em todo o mundo romano, a dispersão dos judeus forneceu os centros culturais nos quais o novo evangelho do Reino do céu teve a sua recepção inicial, e dos quais, subseqüentemente, ele espalhou-se até os confins do mundo.

121:2:5 13337 Cada sinagoga judaica tolerava uma faixa à parte de crentes gentios, de homens “devotos” ou “tementes a Deus”, e foi nessa faixa de prosélitos que Paulo fez a maior parte dos seus primeiros convertidos ao cristianismo. Até mesmo o templo em Jerusalém possuía uma área especial decorada para os gentios. Havia uma ligação muito estreita entre a cultura, o comércio e o culto, entre Jerusalém e a Antióquia. Na Antióquia, os discípulos de Paulo foram chamados de “cristãos” pela primeira vez.

121:2:6 13338 A centralização do culto no templo judaico em Jerusalém constituía não apenas o segredo da sobrevivência do monoteísmo deles, mas também a promessa da manutenção e da disseminação, para o mundo, de um conceito novo e ampliado daquele único Deus de todas as nações e Pai de todos os mortais. O serviço, no templo em Jerusalém, representava a sobrevivência de um conceito cultural religioso em face da queda da sucessão de suseranos nacionais gentios e de perseguidores raciais.

121:2:7 13341 O povo judeu dessa época, embora sob a suserania dos romanos, desfrutava de um grau considerável de autogoverno. E, pois, relembrando os então recentes atos de heroísmo de libertação executados por Judas Macabeus e pelos seus sucessores imediatos estavam vibrantes com a expectativa da aparição imediata de um libertador ainda mais magnífico, o Messias há tanto tempo esperado.

121:2:8 13342 O segredo da sobrevivência da Palestina, o reino dos judeus, como um Estado semi-independente, estava entregue à política externa do governo romano, que desejava manter o controle sobre as estradas na Palestina e que a ligavam à Síria e ao Egito, bem como aos terminais ocidentais das rotas das caravanas entre o Oriente e o Ocidente. Roma não queria nenhuma potência, surgindo no Levante, que pudesse restringir a sua expansão futura naquelas regiões. A política da intriga, que tinha por objetivo colocar a Síria seleucida e o Egito ptolomaico um contra o outro, necessitava de que se fortalecesse a Palestina como um Estado separado e independente. A política romana, a degeneração do Egito e o enfraquecimento progressivo dos seleucidas, diante da emergência do poder da Pártia, explicam por que, durante muitas gerações, um grupo, assim pequeno e sem poder, de judeus houvesse sido capaz de manter a sua independência, apesar de ter contra si os seleucidas ao norte e os ptolomaicos ao sul. Essa liberdade e essa independência fortuitas dos governos políticos dos povos vizinhos mais poderosos eram atribuídas pelos judeus ao fato de que eles eram o “povo escolhido”, e à interferência direta de Yavé. Tal atitude de superioridade racial tornou mais difícil, para eles, resistirem à suserania romana, quando, finalmente, ela se abateu sobre a terra deles. Contudo, mesmo nessa hora triste, os judeus recusaram-se a compreender que a sua missão no mundo era espiritual, não política.

121:2:9 13343 Os judeus achavam-se extraordinariamente apreensivos e suspeitosos, durante a época de Jesus, porque eles estavam então sendo governados por um estrangeiro, Herodes, o idumeu, que havia trazido a si a suserania da Judéia, pois ele se insinuara espertamente por entre os governantes romanos. E, embora Herodes professasse lealdade às observâncias cerimoniais dos hebreus, ele continuava a erigir templos para muitos deuses estranhos.

121:2:10 13344 As relações amistosas de Herodes com os governantes romanos permitiam que os judeus viajassem com segurança pelo mundo, e assim abriram caminho para a penetração crescente dos judeus, até mesmo nas partes distantes do império romano, e em nações estrangeiras com as quais Roma mantinha tratados, levando o novo evangelho do Reino do céu. O reino de Herodes também contribuiu muito para a fusão ulterior das filosofias hebraica e helênica.

121:2:11 13345 Herodes construiu o porto de Cesaréia, que, mais tarde, ajudou a transformar a Palestina em um ponto de confluência das estradas do mundo civilizado. Ele morreu no ano 4 a. C. , e o seu filho, Herodes Antipas, governou a Galiléia e a Peréia durante a juventude e o ministério de Jesus, até o ano 39 d. C. Antipas, como o seu pai, era um grande construtor. Ele construiu muitas das cidades da Galiléia, incluindo o importante centro comercial de Séforis.

121:2:12 13346 Os galileus não tinham muito prestígio junto aos líderes religiosos, nem junto aos mestres rabinos de Jerusalém. A Galiléia era mais dos gentios do que dos judeus, quando Jesus nasceu.

3. ENTRE OS GENTIOS


121:3:1 13347 Embora as condições sociais e econômicas do Estado Romano não fossem da ordem mais elevada, reinava uma paz doméstica bem disseminada, e a prosperidade era propícia para a auto-outorga de Michael. No primeiro século depois de Cristo, a sociedade do Mundo Mediterrâneo consistia de cinco substratos bem definidos:

121:3:2 13351 1. A aristocracia. As classes superiores, com dinheiro e poder oficial, os grupos governantes privilegiados.

121:3:3 13352 2. Os grupos de negócios. Os príncipes mercadores e os banqueiros, os negociantes – os grandes importadores e exportadores – os mercadores internacionais.

121:3:4 13353 3. A pequena classe média. Embora esse grupo fosse de fato pequeno, era muito influente e constituiu a coluna dorsal da igreja cristã inicial, pois encorajava tais grupos a continuar nos seus vários ofícios e comércios. Entre os judeus, muitos dos fariseus pertenciam a essa classe de comerciantes.

121:3:5 13354 4. O proletariado livre. Esse grupo tinha um status social baixo ou nulo. Embora orgulhosos da sua liberdade, eles estavam em grande desvantagem, porque eram forçados a competir com o trabalho escravo. As classes altas dedicavam-lhes um certo desdém, pois consideravam que eram inúteis, exceto para os “propósitos da reprodução”.

121:3:6 13355 5. Os escravos. Metade da população do Estado Romano era de escravos; muitos eram indivíduos superiores e rapidamente abriram o seu caminho para o livre proletariado, e mesmo para o comércio. A maioria ou era medíocre, ou muito inferior.

121:3:7 13356 A escravidão, mesmo a de povos superiores, era um aspecto das conquistas militares romanas. O poder do senhor sobre o seu escravo era irrestrito. A igreja cristã inicial compunha-se, em grande parte, das classes mais baixas e desses escravos.

121:3:8 13357 Os escravos superiores muitas vezes recebiam salários e, por meio de economias, tornavam-se capazes de comprar a sua liberdade. Muitos desses escravos emancipados alcançaram altas posições no Estado, na Igreja e no mundo dos negócios. E foram exatamente tais possibilidades que tornaram a igreja cristã inicial tão tolerante com essa forma modificada de escravidão.

121:3:9 13358 Não havia nenhum problema social generalizado no império romano, no primeiro século depois de Cristo. A maior parte da população considerava-se como pertencente àquele grupo no qual a sorte as levara a nascer. Havia, sempre aberta, uma porta através da qual os indivíduos talentosos e capazes poderiam ascender do substrato inferior ao superior da sociedade romana; mas o povo, em geral, era de pessoas contentes com a sua posição social. Elas não possuíam consciência de classe, nem consideravam essas distinções de classe como sendo injustas ou erradas. O cristianismo não foi, em nenhum sentido, um movimento econômico, tendo como propósito melhorar as misérias das classes oprimidas.

121:3:10 13359 Embora a mulher gozasse de mais liberdade em todo o império romano do que na sua posição restrita na Palestina, a devoção familiar e a afeição natural dos judeus ultrapassavam em muito as do mundo gentio.

4. A FILOSOFIA DOS GENTIOS


121:4:1 133510 Os gentios eram, de um ponto de vista moral, um pouco inferiores aos judeus, mas havia, presente nos corações dos gentios mais nobres, um solo abundante de bondade natural e de potencial de afeição humana no qual era possível à semente do cristianismo germinar e produzir uma abundante colheita de caráter moral e de realização espiritual. Então, o mundo gentio estava dominado por quatro grandes filosofias, todas derivadas mais ou menos do platonismo anterior dos gregos. Essas escolas de filosofia eram:

121:4:2 133511 1 . A epicuriana. Essa escola de pensamento dedicava-se à busca da felicidade. Os melhores epicurianos não eram dados a excessos sensuais. Ao menos essa doutrina ajudou a livrar os romanos de uma forma mais nefasta de fatalismo, pois ensinou que os homens poderiam fazer alguma coisa para melhorar o seu status terrestre. E combateu, com eficácia, as superstições ignorantes.

121:4:3 13361 2. A estóica. O estoicismo era a filosofia superior das classes melhores. Os estóicos acreditavam que um controle do Destino-Razão dominava toda a natureza. Ensinavam que a alma do homem era divina; que estava aprisionada no corpo mau da natureza física. A alma do homem alcançava a liberdade, vivendo em harmonia com a natureza, com Deus; assim, a virtude tornava-se a sua própria recompensa. O estoicismo elevou-se até uma moralidade sublime, a ideais nunca transcendidos por qualquer sistema puramente humano de filosofia. Embora os estóicos professassem ser “a progênie de Deus”, eles não tiveram êxito em conhecê-Lo e, portanto, falharam em encontrá-Lo. O estoicismo permaneceu como uma filosofia; nunca se transformou em uma religião. Os seus seguidores buscaram sintonizar as suas mentes com a harmonia da mente Universal, mas deixaram de ver-se como os filhos de um Pai amoroso. Paulo inclinou-se fortemente para o estoicismo, quando escreveu: “Eu aprendi que, em qualquer estado em que me encontre, devo estar contente”.

121:4:4 13362 3 . A cínica. Embora a filosofia dos cínicos remonte a Diógenes de Atenas, eles tiraram uma boa parte da sua doutrina dos ensinamentos remanescentes de Maquiventa Melquisedeque. O cinismo havia sido, anteriormente, mais uma religião do que uma filosofia. Ao menos, os cínicos fizeram da sua religião-filosofia algo democrático. Nos campos e nas praças dos mercados eles pregavam continuamente a sua doutrina, segundo a qual “o homem podia salvar a si próprio, se quisesse”. Eles pregavam a simplicidade e a virtude, e estimulavam os homens a enfrentar a morte destemidamente. Esses pregadores cínicos itinerantes muito fizeram para preparar a população, espiritualmente faminta, para os missionários cristãos posteriores. O seu plano de pregação popular estava bastante de acordo com o modelo e com o estilo das Epístolas de Paulo.

121:4:5 13363 4. A cética. O ceticismo afirmava que o conhecimento era falacioso, e que a convicção e a certeza eram impossíveis. Era uma atitude puramente negativa, e nunca se tornou difundida de um modo geral.

121:4:6 13364 Essas filosofias eram semi-religiosas; elas eram, muitas vezes, revigorantes, éticas e enobrecedoras, mas, em geral, estavam acima da gente comum. Com exceção possivelmente do cinismo, eram filosofias para o forte e o sábio, não eram religiões de salvação, nem para o pobre, nem para o fraco.

5. AS RELIGIÕES DOS GENTIOS


121:5:1 13365 Durante as idades precedentes, a religião havia sido, principalmente, um assunto da tribo ou da nação; e, dificilmente, um assunto de preocupação do indivíduo. Os deuses eram tribais ou nacionais, não pessoais. Tais sistemas religiosos proporcionavam pouca satisfação para as aspirações espirituais individuais da pessoa comum.

121:5:2 13366 Nos tempos de Jesus, as religiões do Ocidente incluíam:

121:5:3 13367 1. Os cultos pagãos. Estes eram uma combinação da mitologia helênica e latina, de patriotismo e de tradição.

121:5:4 13368 2. O culto ao imperador. Essa deificação do homem como símbolo do Estado era muito seriamente ressentida pelos judeus e os primeiros cristãos, e desembocou diretamente nas perseguições amargas a ambas as igrejas pelo governo romano.

121:5:5 13371 3. A astrologia. Essa pseudo-ciência da Babilônia desenvolveu-se como uma religião por todo o Império Greco-Romano. Mesmo o homem do século vinte ainda não se libertou totalmente dessa crença supersticiosa.

121:5:6 13372 4. As religiões dos mistérios. Nesse mundo de tanta fome espiritual, uma enchente de cultos misteriosos irrompeu: eram religiões novas e estranhas do Levante que seduziam a gente comum e que prometiam a salvação individual. Essas religiões rapidamente tornaram-se as crenças aceitas pelas classes mais baixas do mundo greco-romano. E fizeram muito para preparar o caminho para a disseminação rápida dos ensinamentos vastamente superiores do cristianismo, que apresentavam às pessoas inteligentes um conceito majestoso da Deidade associado a uma teologia excitante e uma oferta generosa de salvação de todos, incluindo os homens comuns ignorantes, mas espiritualmente famintos, daqueles dias.

121:5:7 13373 As religiões dos mistérios marcaram o fim das crenças nacionais e resultaram no nascimento dos inúmeros cultos pessoais. Os mistérios eram muitos, mas eram todos caracterizados por:

121:5:8 13374 1. Alguma lenda mítica, um mistério – daí o seu nome. Em geral, esse mistério dizia respeito à história da vida, à morte e à ressurreição de algum deus, como ilustrado nos ensinamentos do mitraísmo, que, durante um certo tempo, foi contemporâneo e competidor do culto cristão crescente de Paulo.

121:5:9 13375 2. Os mistérios eram não nacionais e inter-raciais. Eram pessoais e fraternais, dando surgimento a irmandades religiosas e a inúmeras sociedades sectárias.

121:5:10 13376 3. Eles eram, nos seus serviços, caracterizados por cerimônias elaboradas de iniciação e por sacramentos espetaculares de adoração. Os seus ritos e rituais secretos algumas vezes eram horríveis e revoltantes.

121:5:11 13377 4. Não importando a natureza das suas cerimônias, nem o grau dos seus excessos, esses mistérios invariavelmente prometiam a salvação aos seus devotos, “a libertação do mal, a sobrevivência depois da morte e uma vida duradoura em reinos abençoados além deste mundo de tristezas e de escravidão”.

121:5:12 13378 Não cometais, contudo, o erro de confundir os ensinamentos de Jesus com os dos mistérios. A popularidade dos mistérios revela a busca do homem pela sobrevivência, retratando, assim, a fome e a sede real de religião pessoal e de retidão individual. Embora os mistérios hajam fracassado em satisfazer adequadamente a essa aspiração, eles prepararam o caminho para o surgimento posterior de Jesus, que verdadeiramente trouxe a este mundo o pão e a água da vida.

121:5:13 13379 Paulo, em um esforço de aproveitar a adesão ampla dos tipos melhores das religiões dos mistérios, fez certas adaptações dos ensinamentos de Jesus, de modo a torná-los mais aceitáveis para um número maior de convertidos em potencial. No entanto, os ensinamentos de Jesus (o cristianismo), mesmo com as concessões de Paulo, eram superiores ao melhor dos mistérios, porque:

121:5:14 133710 1. Paulo ensinou uma redenção moral, uma salvação ética. O cristianismo abriu o caminho de uma nova vida e proclamou um novo ideal. Paulo abandonou os ritos mágicos e as cerimônias de encantamento.

121:5:15 133711 2. O cristianismo apresentava uma religião que atacava o problema humano com soluções finais, pois não apenas oferecia a salvação da tristeza e mesmo da morte, mas também prometia a libertação do pecado, seguida da graça de um caráter reto de qualidades de sobrevivência eterna.

121:5:16 13381 3. Os mistérios eram edificados sobre mitos. O cristianismo, como Paulo o pregava, fundava-se em um fato histórico: a auto-outorga de Michael, o Filho de Deus, doando-se à humanidade.

121:5:17 13382 A moralidade entre os gentios não era necessariamente relacionada nem à filosofia nem à religião. Fora da Palestina, nem sempre ocorria às pessoas que um sacerdote de uma religião deveria levar uma vida moral. A religião judaica e, subseqüentemente, os ensinamentos de Jesus e, mais tarde o cristianismo em evolução, de Paulo, foram as primeiras religiões européias a colocar uma mão na moral e outra na ética, insistindo em que os religiosos dessem alguma atenção a ambas.

121:5:18 13383 E foi em uma tal geração de homens, dominada por sistemas tão incompletos de filosofia e em meio à perplexidade, por causa de cultos religiosos complexos, que Jesus nasceu na Palestina. E a essa mesma geração ele posteriormente deu o seu evangelho de religião pessoal – de filiação a Deus.

6. A RELIGIÃO DOS HEBREUS


121:6:1 13384 Ao final do primeiro século antes de Cristo, o pensamento religioso de Jerusalém havia sido fortemente influenciado e um tanto modificado pelos ensinamentos culturais gregos e mesmo pela filosofia grega. Na longa divergência entre as visões da escola de pensamento hebreu do Ocidente e do Oriente, Jerusalém e o restante do Ocidente e do Levante, em geral, adotaram a visão judaica oriental ou o ponto de vista helenista modificado.

121:6:2 13385 Nos dias de Jesus, três línguas predominavam na Palestina: o povo comum falava algum dialeto do aramaico; os sacerdotes e os rabinos falavam o hebreu; as classes educadas e o substrato melhor dos judeus em geral falavam o grego. As primeiras traduções das escrituras dos hebreus para o grego em Alexandria foram responsáveis, em uma grande medida, pela predominância subseqüente da ramificação grega na cultura e na teologia judaicas. E os escritos dos educadores cristãos estavam para surgir, em breve, nessa mesma língua. A renascença do judaísmo data da tradução, para o grego, das escrituras dos hebreus. Isso foi uma influência vital que determinou, mais tarde, a tendência do culto cristão de Paulo de ir na direção do Ocidente, em vez de ir na direção do Oriente.

121:6:3 13386 Embora as crenças judaicas helenizadas fossem pouco influenciadas pelos ensinamentos dos epicurianos, elas foram bastante afetadas, materialmente, pela filosofia de Platão e pelas doutrinas de auto-abnegação dos estóicos. A grande invasão do estoicismo é exemplificada pelo Quarto Livro dos Macabeus; a influência tanto da filosofia platônica quanto das doutrinas estóicas é demonstrada na sabedoria de Salomão. Os judeus helenizados trouxeram, para as escrituras dos hebreus, uma interpretação de tal modo alegórica que eles não encontraram nenhuma dificuldade em conformar a teologia dos hebreus à filosofia aristotélica reverenciada por eles. Tudo isso, porém, levou a uma confusão desastrosa, até que tais problemas fossem encampados pela mão de Filo de Alexandria, que harmonizou e sistematizou a filosofia grega e a teologia dos hebreus em um sistema compacto e bastante consistente de crenças e práticas religiosas. Era esse ensinamento ulterior da filosofia grega, conjugado com a teologia dos hebreus, que prevalecia na Palestina, enquanto Jesus viveu e ensinou, e que Paulo utilizou como fundação sobre a qual construir o seu culto cristão, mais avançado e iluminado.

121:6:4 13387 Filo era um grande educador; desde Moisés, nenhum homem vivera que houvesse exercido uma influência tão profunda sobre o pensamento ético e religioso do mundo ocidental. Na questão da combinação dos melhores elementos dos sistemas contemporâneos de ensinamentos éticos e religiosos, houve sete educadores humanos que se destacaram: Setard, Moisés, Zoroastro, Lao-tsé, Buda, Filo e Paulo.

121:6:5 13391 Muitas, mas não todas, inconsistências de Filo, resultantes do esforço de combinar a filosofia mística grega e as doutrinas estóicas dos romanos com a teologia legalista dos hebreus, Paulo identificou-as e eliminou-as, sabiamente, na sua teologia básica pré-cristã. Filo franqueou a Paulo um caminho amplo para restaurar o conceito da Trindade do Paraíso, que havia muito estava adormecido na teologia dos judeus. Apenas em um ponto Paulo deixou de se manter à altura de Filo ou de transcender os ensinamentos desse rico e educado judeu da Alexandria, e esse foi o da doutrina da expiação; Filo ensinava a necessidade da libertação da doutrina de que o perdão não seria obtido senão pelo derramamento de sangue. Ele possivelmente visualizou a realidade e a presença dos Ajustadores do Pensamento mais claramente do que o conseguiu Paulo. Contudo, a teoria de Paulo sobre o pecado original, as doutrinas da culpa hereditária e do mal inato e da sua redenção eram parcialmente de origem mitraica, tendo pouco em comum com a teologia hebraica, com a filosofia de Filo ou com os ensinamentos de Jesus. Alguns aspectos dos ensinamentos de Paulo acerca do pecado original e da expiação eram originários dele próprio.

121:6:6 13392 O evangelho de João, a última das narrativas da vida terrena de Jesus, foi endereçado aos povos ocidentais e apresenta a sua história sobremaneira à luz do ponto de vista dos cristãos tardios de Alexandria, que eram também discípulos dos ensinamentos de Filo.

121:6:7 13393 Por volta da época de Cristo, uma estranha reviravolta de sentimentos para com os judeus ocorreu em Alexandria e desse antigo bastião dos judeus surgiu uma onda virulenta de perseguição estendendo-se até Roma, de onde muitos milhares deles foram banidos. Todavia, essa campanha de deturpação dos fatos não se prolongou; logo o governo imperial restaurou total e amplamente as liberdades dos judeus em todo o império.

121:6:8 13394 Em todo o vasto mundo, não importando por onde os judeus se encontrassem dispersados, por causa do comércio ou da opressão, eles mantinham, de comum acordo, os seus corações centrados no templo sagrado de Jerusalém. A teologia judaica sobreviveu do modo como foi interpretada e praticada em Jerusalém, não obstante haver sido, por muitas vezes, salva do esquecimento por intervenções oportunas de certos educadores babilônios.

121:6:9 13395 Cerca de dois milhões e meio desses judeus dispersados tinham o hábito de vir a Jerusalém, para a celebração dos festivais nacionais religiosos. E, não importando as diferenças teológicas ou filosóficas entre os judeus do Oriente (os babilônios) e os do Ocidente (os helênicos), todos eles estavam de acordo sobre Jerusalém ser o centro do seu culto e sobre terem sempre esperança na vinda do Messias.

7. JUDEUS E GENTIOS


121:7:1 13396 Na época de Jesus, os judeus haviam chegado a um conceito estabelecido sobre a sua origem, história e destino. Haviam construído um muro rígido de separação entre eles próprios e o mundo gentio; e encaravam todos os hábitos gentios com um extremo desprezo. O seu culto seguia a letra da lei e eles entregavam-se a uma forma de hipocrisia baseada no orgulho falso da sua descendência. Eles haviam formado noções preconcebidas a respeito do Messias prometido, e a maioria dessas expectativas visualizava um Messias que viria como parte da sua história nacional e racial. Para os hebreus daqueles dias, a teologia judaica estava irrevogavelmente estabelecida, fixada para sempre.

121:7:2 13397 Os ensinamentos e práticas de Jesus a respeito da tolerância e da bondade iam contra a atitude bem antiga dos judeus para com os outros povos, que eles consideravam pagãos. Durante gerações, os judeus haviam nutrido uma atitude para com o mundo exterior que tornou impossível a eles aceitarem os ensinamentos do Mestre sobre a irmandade espiritual dos homens. Eles não estavam dispostos a compartilhar Yavé em termos de igualdade com os gentios e, do mesmo modo, não se dispunham a aceitar, como sendo Filho de Deus, um homem que ensinava doutrinas tão novas e estranhas.

121:7:3 13401 Os escribas, os fariseus e o sacerdócio mantinham os judeus em uma escravidão terrível de ritualismo e de legalismo, uma escravidão muito mais real do que a do governo político romano. Os judeus da época de Jesus não eram mantidos apenas sob o jugo da lei, mas estavam igualmente presos às exigências escravizadoras das tradições, que envolviam e invadiam todos os domínios da vida pessoal e social. Essas regulamentações minuciosas de conduta perseguiram e dominaram todos os judeus leais, e não é estranho que rejeitassem prontamente qualquer um dentre eles que presumisse ignorar as suas tradições sagradas e que ousasse desprezar as suas regras de conduta social já havia tanto tempo honradas. Dificilmente poderiam eles ver favoravelmente os ensinamentos de um homem que não hesitava em se contrapor aos dogmas que eles consideravam como tendo sido ordenados pelo próprio Pai Abraão. Moisés havia dado a eles as suas leis e eles não se comprometeriam em concessões.

121:7:4 13402 À época do primeiro século depois de Cristo, a interpretação oral da lei feita pelos educadores reconhecidos, os escribas, havia-se transformado em uma autoridade mais alta do que a própria lei escrita. E tudo isso tornou mais fácil para alguns líderes religiosos dos judeus predispor o povo contra a aceitação de um novo evangelho.

121:7:5 13403 Tais circunstâncias tornaram impossível para os judeus realizar o seu destino divino como mensageiros do novo evangelho de liberdade religiosa e de liberdade espiritual. Eles não podiam quebrar as cadeias da tradição. Jeremias dissera sobre a “lei a ser escrita nos corações dos homens”, Ezequiel falara sobre um “novo espírito que viveria na alma do homem”, e o salmista orara para que Deus viesse “criar um coração interior limpo e um espírito reto renovado”. Quando, porém, a religião judaica das boas obras e da escravidão à lei caiu como vítima da estagnação da inércia tradicionalista, o movimento de evolução religiosa deslocou-se para o Ocidente, para os povos europeus.

121:7:6 13404 E assim, um povo diferente foi convocado a levar ao mundo uma teologia avançada, um sistema de ensinamentos que incorporava a filosofia dos gregos, a lei dos romanos, a moralidade dos hebreus e o evangelho da santidade da personalidade e da liberdade espiritual; como fora formulado por Paulo, com base nos ensinamentos de Jesus.

121:7:7 13405 O culto cristão de Paulo tinha, na sua moralidade, um sinal judeu de nascimento. Os judeus consideravam a história como conseqüência da providência de Deus – do trabalho de Yavé. Os gregos trouxeram ao novo ensinamento os conceitos mais claros da vida eterna. As doutrinas de Paulo foram influenciadas, na teologia e na filosofia, não apenas pelos ensinamentos de Jesus, mas também por Platão e Filo. Na ética, ele se inspirou não apenas em Cristo, mas também nos estóicos.

121:7:8 13406 O evangelho de Jesus, como foi incorporado no culto do cristianismo da Antióquia de Paulo, tornou-se um amálgama dos ensinamentos seguintes:

13408 1. O raciocínio filosófico dos prosélitos gregos do judaísmo, incluindo alguns dos seus conceitos da vida eterna.

13409 2. Os atraentes ensinamentos dos cultos dos mistérios que prevaleciam, especialmente as doutrinas mitraicas da redenção, da expiação e da salvação, por meio do sacrifício feito a algum deus.

134010 3. A robusta moralidade da religião judaica estabelecida.

121:7:9 13411 O império romano do Mediterrâneo, o reino Pártio e os povos adjacentes da época de Jesus alimentavam, todos, idéias imaturas e primitivas a respeito da geografia do mundo, da astronomia, da saúde e das doenças; e, naturalmente, eles ficaram impressionados com os pronunciamentos novos e surpreendentes do carpinteiro de Nazaré. As idéias da possessão pelos espíritos bons e maus aplicavam-se, não apenas a seres humanos, mas até mesmo às rochas e às árvores, e muitos viam-nas como sendo possuídas por espíritos. Essa foi uma idade encantada, e todos acreditavam em milagres como acontecimentos bastante comuns.

8. OS REGISTROS ESCRITOS ANTERIORES


121:8:1 13412 Tanto quanto possível, e consistentemente com o nosso mandato, nós nos esforçamos para utilizar e coordenar, em uma certa medida, os arquivos existentes, que são relacionados com a vida de Jesus em Urântia. Embora tenhamos desfrutado do acesso aos registros perdidos do apóstolo André, e nos hajamos beneficiado da colaboração de uma vasta hoste de seres celestes que esteve na Terra durante a época da auto-outorga de Michael (e, especialmente do seu Ajustador, agora Personalizado), tem sido o nosso propósito também fazer uso dos assim chamados evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João.

121:8:2 13413 Esses registros do Novo Testamento tiveram a sua origem nas circunstâncias seguintes:

121:8:3 13414 1. O evangelho segundo Marcos. João Marcos escreveu o primeiro registro (excetuando-se as notas de André), o mais breve e o mais simples, da vida de Jesus. Ele apresentou o Mestre como um ministro, como um homem entre os homens. Embora Marcos fosse um jovem, evoluindo em meio às muitas cenas que ele retrata, o seu registro é, na realidade, o evangelho segundo Simão Pedro. Inicialmente, ele fora mais ligado a Pedro, e, mais tarde, a Paulo. Marcos escreveu esse registro estimulado por Pedro e por um pedido sincero da igreja de Roma. Sabendo quão consistentemente o Mestre havia-se recusado a escrever os seus ensinamentos, quando na Terra e na carne, Marcos, como os apóstolos e outros discípulos importantes, hesitava em colocá-los por escrito. Pedro, porém, sentiu que a igreja de Roma, requisitava a assistência dessa narrativa por escrito, e Marcos consentiu em prepará-la. Ele fez muitas notas antes de Pedro morrer, no ano 67 d. C. e, de acordo com as linhas gerais aprovadas por Pedro e pela igreja em Roma, ele começou a escrevê-los logo depois da morte de Pedro. O evangelho ficou pronto lá pelo final do ano 68 d. C. Marcos escreveu-o inteiramente de memória e a partir das memórias de Pedro. Esse registro, desde então, tem sido alterado consideravelmente; inúmeras passagens foram retiradas e algumas, mais tarde, foram acrescentadas, com a finalidade de repor o último quinto do evangelho original, que foi perdido do primeiro manuscrito antes de haver sido jamais copiado. Esse registro, feito por Marcos, em conjunção com as anotações de André e as de Mateus, foi a base escrita de todas as narrativas subseqüentes dos Evangelhos que procuraram retratar a vida e os ensinamentos de Jesus.

121:8:4 13415 2 . O evangelho de Mateus. O chamado evangelho segundo Mateus é o registro da vida do Mestre que foi escrito para a edificação dos cristãos judeus. O autor desse registro procura continuamente mostrar que, na vida de Jesus, muito do que ele fez foi para que “pudesse ser cumprido aquilo que foi dito pelo profeta”. O evangelho de Mateus retrata Jesus como um filho de Davi, apresentando-o como se houvesse tido um grande respeito pela lei judaica e pelos profetas.

121:8:5 13416 O apóstolo Mateus não escreveu esse evangelho. Foi escrito por Isador, um dos seus discípulos, que teve, no seu trabalho, a ajuda não apenas da lembrança pessoal de Mateus desses acontecimentos, mas também um certo registro que este último havia feito sobre as palavras de Jesus, exatamente depois da sua crucificação. Esse registro de Mateus foi escrito em aramaico; Isador escreveu-o em grego. Não houve a intenção de enganar, ao creditar-se a obra a Mateus. Era costume, naqueles dias, que os discípulos prestassem assim homenagem aos seus mestres.

121:8:6 13421 O registro original de Mateus foi editado e recebeu aditamentos no ano 40 d. C. , pouco antes de ele haver deixado Jerusalém para entrar em pregação evangelizadora. Era um registro particular, havendo a última cópia sido destruída pelo incêndio de um monastério sírio, no ano 416 d. C.

121:8:7 13422 Isador escapou de Jerusalém no ano 70 d. C. , depois da invasão da cidade pelos exércitos de Tito, levando consigo para Pela uma cópia das notas de Mateus. No ano 71 enquanto vivia em Pela, Isador escreveu o evangelho segundo Mateus. Ele também tinha consigo os primeiros quatro quintos da narrativa de Marcos.

121:8:8 13423 3. O evangelho segundo Lucas. Lucas, o médico da Antióquia em Pisídia, era um gentio convertido por Paulo, e ele escreveu uma história totalmente diferente da vida do Mestre. Ele começou a seguir Paulo e a aprender sobre a vida e os ensinamentos de Jesus no ano 47 d. C. Lucas preserva muito da “graça do Senhor Jesus Cristo” no seu registro, pois ele reuniu esses fatos de Paulo e de outros. Lucas apresenta o Mestre como “o amigo de publicanos e pecadores”. Ele transformou em evangelho muitas das suas anotações, somente depois da morte de Paulo. Lucas escreveu-o no ano 82 d. C. , em Acáia. Ele planejou três livros tratando da história de Cristo e da cristandade, mas morreu no ano 90 d. C. pouco antes de terminar o segundo desses trabalhos, os “Atos dos Apóstolos”.

121:8:9 13424 Para material de compilação desse evangelho, Lucas primeiro usou da história da vida de Jesus, como Paulo a relatara a ele. O evangelho de Lucas é, portanto, de algum modo, o evangelho segundo Paulo. Lucas, no entanto, tinha outras fontes de informação. Ele não apenas entrevistou dezenas de testemunhas oculares dos inúmeros episódios da vida de Jesus, que ele registrou, mas também ele tinha consigo uma cópia do evangelho de Marcos, isto é, os primeiros quatro quintos da narrativa de Isador, e um breve registro feito no ano 78 d. C. , em Antióquia, por um crente chamado Cedes. Lucas também possuía uma cópia mutilada e muito modificada de algumas notas que supostamente teriam sido feitas pelo apóstolo André.

121:8:10 13425 4. O evangelho de João. O evangelho segundo João relata grande parte do trabalho de Jesus na Judéia e perto de Jerusalém, que não consta em outros registros. Esse é o assim chamado evangelho segundo João, o filho de Zebedeu, e embora João não o haja escrito, ele o inspirou. Desde a primeira vez que foi escrito, foi editado várias vezes, de modo a fazê-lo parecer ter sido escrito pelo próprio João. Quando esse registro foi feito, João estava de posse dos outros Evangelhos, e viu que muita coisa havia sido omitida; e, desse modo, no ano 101 d. C. , ele encorajou o seu discípulo, Natam, um judeu grego de Cesaréia, a começar a escrevê-lo. João forneceu o seu material de memória, e sugeriu que ele se baseasse nas referências feitas nos três registros já existentes. João nada tinha que houvesse sido escrito por ele próprio. A epístola conhecida como “Primeira de João” foi escrita pelo próprio João, como uma carta de apresentação para o trabalho que Natam executara sob a sua direção.

121:8:11 13426 Todos esses escritores apresentaram retratos honestos de Jesus como eles o viam, lembravam ou haviam aprendido dele, e como os conceitos que eles tinham desses acontecimentos distantes foram afetados pela sua posterior adoção da teologia cristã de Paulo. E esses registros, imperfeitos como eram, foram suficientes para mudar o curso da história de Urântia por quase dois mil anos.

121:8:12 13431 [ Esclarecimentos : Ao cumprir a minha missão de reconstituir os ensinamentos, e de recontar a história dos feitos de Jesus de Nazaré, eu lancei mão livremente de todas as fontes de registro e de informações do planeta. A minha motivação principal foi preparar um documento que fosse esclarecedor, não apenas para a geração de homens que agora vive, mas que também pudesse ser de bastante proveito para todas as gerações futuras. Do vasto estoque de informações que se tornou disponível para mim, eu escolhi tudo que seria mais adequado à realização desse propósito. Tanto quanto possível eu retirei as minhas informações de fontes puramente humanas. Apenas quando tais fontes demonstravam ser insuficientes é que recorri aos arquivos supra-humanos. Sempre que as idéias e os conceitos da vida e dos ensinamentos de Jesus houverem sido expressos de um modo aceitável por uma mente humana, eu terei dado preferência, invariavelmente, a tais modelos de pensamentos aparentemente humanos. Embora tenha procurado ajustar a expressão verbal para que ela melhor se conformasse ao nosso conceito da significação real e da verdadeira importância da vida e dos ensinamentos do Mestre, eu me ative, tanto quanto possível, aos conceitos factuais e ao modelo de pensamento humano, em todas as minhas narrativas. Sei muito bem que os conceitos que tiveram origem na mente humana serão mais aceitáveis e de maior ajuda para todas as outras mentes humanas. Sempre que não me foi possível encontrar os conceitos necessários nos registros humanos, nem nas expressões humanas, em seguida, eu lancei mão dos recursos de memória da minha própria ordem de criaturas da Terra, os intermediários. E sempre que essa fonte secundária de informação se mostrou inadequada, eu recorri, sem hesitar, às fontes supra-planetárias de informação.

121:8:13 13432 Os memorandos que eu reuni, e, a partir dos quais preparei esta narrativa da vida e dos ensinamentos de Jesus – independentemente do registro escrito da memória do apóstolo André –, abrangem preciosidades do pensamento e conceitos superiores dos ensinamentos de Jesus, reunidos por mais de dois mil seres humanos que viveram na Terra desde os dias de Jesus até a época da elaboração destes textos de revelação, ou, mais corretamente dizendo, de restabelecimentos deles. Recorreu-se à permissão para fazer revelações apenas quando os registros humanos e os conceitos humanos falharam em fornecer um modelo adequado de pensamento. A minha missão de revelar proibiu-me de recorrer a fontes extra-humanas, fosse de informação, fosse de expressão, antes do momento em que eu pudesse atestar que havia fracassado nos meus esforços de achar a expressão conceitual exigida, por intermédio de fontes puramente humanas.

121:8:14 13433 Conquanto eu haja feito esta narrativa de acordo com o conceito que tenho de uma seqüência efetiva para a sua organização, e em resposta à minha escolha imediata de expressão, e contando com a colaboração dos meus onze companheiros intermediários agregados, e sob a supervisão do Melquisedeque relator, todavia, a maioria das idéias e mesmo das expressões efetivas que eu utilizei, desse modo, tiveram a sua origem nas mentes dos homens de muitas raças que viveram na Terra, durante as gerações sucessivas até aquelas que ainda viviam, na época deste trabalho. Na realidade, eu tenho servido mais como um colecionador e como um editor do que como um narrador original. Eu me apropriei, sem hesitar, daquelas idéias e conceitos, preferivelmente humanos, que me capacitaram a criar o retrato mais eficiente da vida de Jesus e que me qualificaram para restabelecer os seus ensinamentos sem par, por meio de um estilo de frases que fosse de mais proveito e mais universalmente elucidativo. Em nome da Irmandade dos Intermediários Unidos de Urântia, desejo expressar gratidão a todas as fontes de registros e conceitos que foram aqui utilizados para a elaboração destes nossos restabelecimentos da vida de Jesus, na Terra.]

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