sexta-feira, 20 de agosto de 2010

URANTIA 102 A 112

DOCUMENTO 102

OS FUNDAMENTOS DA FÉ RELIGIOSA
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Para o materialista descrente, o homem é simplesmente um acidente evolucionário. As suas esperanças de sobrevivência estão ligadas a uma ficção que é da sua imaginação mortal; os seus medos, amores, aspirações e crenças não são senão a reação de uma justaposição incidental de certos átomos de matéria sem vida. Nenhum aparato de energia, nenhuma expressão de confiança pode transportá-lo depois do túmulo. As obras devocionais e o gênio inspirado dos melhores dos homens estão condenados a ficar extintos pela morte, pela noite longa e solitária do esquecimento eterno e da extinção da alma. O desespero sem nome é a única recompensa por viver e labutar sob o sol temporal da existência mortal. A cada dia a vida, vagarosa mas certamente, aperta mais a sua garra de condenação sem piedade, a qual um universo material hostil e implacável decretou fosse o insulto que coroa a tudo aquilo que é belo, nobre, elevado e bom nos desejos humanos.

102:0:2 11182 Contudo, não é esse o fim, nem o destino eterno do homem; essa visão não é senão o grito de desespero proferido por alguma alma errante que ficou perdida nas trevas espirituais, e que bravamente continua lutando dentro dos sofismas mecanicistas de uma filosofia materialista, cega pela desordem e pelas deformações de uma erudição tornada complexa. E toda essa condenação às trevas e todo esse destino de desespero ficam, para sempre, dissipados por um esforço valente de fé da parte do mais humilde e iletrado entre os filhos de Deus sobre a Terra.

102:0:3 11183 Essa fé salvadora tem o seu nascimento no coração humano, quando a consciência moral do homem compreende que os valores humanos podem ser transladados do material para o espiritual, na experiência mortal, do humano até o divino, do tempo até a eternidade.

1. A SEGURANÇA DADA PELA FÉ


102:1:1 11184 O papel do Ajustador do Pensamento em si é a explicação de como se dá o translado do senso do dever primitivo e evolucionário do homem até aquela fé mais elevada e mais certa nas realidades eternas da revelação. Deve haver fome de perfeição no coração do homem, para assegurar a capacidade de compreender o caminho da fé que leva à realização suprema. Se qualquer homem escolhe fazer a vontade divina, ele saberá o caminho da verdade. Torna-se literalmente verdade que “as coisas humanas devem ser conhecidas, para serem amadas, mas as coisas divinas devem ser amadas, para que sejam conhecidas”. No entanto, as dúvidas honestas e o questionamento sincero não são um pecado; essas atitudes significam meramente uma demora na jornada progressiva no sentido de alcançar a perfeição. Uma confiança infantil assegura a entrada do homem no Reino da ascensão celeste, mas qualquer progresso depende inteiramente do exercício vigoroso da fé robusta e confiante do homem amadurecido.

102:1:2 11191 A razão da ciência é baseada nos fatos observáveis do tempo; a fé da religião baseia o seu argumento no programa espiritual da eternidade. O que o conhecimento e a razão não podem fazer por nós, a sabedoria verdadeira aconselha-nos a permitir que a fé realize, por intermédio do discernimento religioso e da transformação espiritual.

102:1:3 11192 Devido ao isolamento, depois da rebelião, a revelação da verdade, em Urântia, tem sido confundida, com muita freqüência, com as afirmações de cosmologias parciais e transitórias. A verdade permanece invariável de geração para geração, mas os ensinamentos ligados a ela sobre o mundo físico variam, de um dia para o outro e de ano para ano. A verdade eterna não deveria ser desprezada, mesmo que venha acompanhada de idéias obsoletas a respeito do mundo material. Quanto mais souberdes da ciência, tanto menos certos podereis estar; quanto mais de religião tiverdes, tanto mais seguros estareis.

102:1:4 11193 As convicções da ciência procedem integralmente do intelecto; as certezas da religião brotam das próprias fundações da personalidade inteira. A ciência oferece apelo ao entendimento da mente; a religião apela à lealdade e à devoção do corpo, da mente e do espírito, e mesmo à personalidade como um todo.

102:1:5 11194 Deus é tão inteiramente real e absoluto que nenhum sinal material de prova, e nenhuma demonstração de milagre pode ser oferecida em testemunho da Sua realidade. Nós sempre O reconheceremos, porque confiamos Nele, e a nossa crença Nele é integralmente baseada na nossa participação nas manifestações divinas da Sua realidade infinita.

102:1:6 11195 O Ajustador do Pensamento residente infalivelmente desperta na alma do homem uma verdadeira sede e busca da perfeição, junto a uma curiosidade de longo alcance, que só pode ser satisfeita de modo adequado pela comunhão com Deus, a fonte divina desse Ajustador. A alma faminta do homem recusa-se a se satisfazer com algo menor do que alcançar pessoalmente o Deus vivo. Deus deve ser bem maior do que uma personalidade moral elevada e perfeita, entretanto, perante o nosso conceito faminto e finito, ele não pode ser nada menos.

2. RELIGIÃO E REALIDADE


102:2:1 11196 Mentes observadoras e almas de bom discernimento sabem distinguir a religião quando a vêem nas vidas dos seus semelhantes. A religião não precisa ser definida; todos nós conhecemos os seus frutos sociais, intelectuais, morais e espirituais. E tudo isso advém do fato de que a religião é propriedade da raça humana; ela não é filha da cultura. Bem verdade é que a percepção que se tem da religião é humana e, portanto, sujeita às algemas da ignorância, à escravidão da superstição, às fraudes da sofisticação mundana e às ilusões das filosofias falsas.

102:2:2 11197 Uma das peculiaridades características da segurança religiosa genuína é que, não obstante a absolutez das suas afirmações e da firmeza da sua atitude, o espírito da sua expressão é tão equilibrado e ponderado que nunca transmite a mais leve impressão de auto-afirmação ou de exaltação egoísta. A sabedoria da experiência religiosa é algo como um paradoxo, pois ela tem uma origem humana, ao mesmo tempo em que procede do Ajustador. A força religiosa não é produto das prerrogativas pessoais individuais, é sim, todavia, a conseqüência daquela co-participação sublime do homem e da fonte perene de toda a sabedoria. Assim, as palavras e os atos da religião verdadeira, na sua pureza original, tornam-se de uma autoridade irresistível para todos os mortais esclarecidos.

102:2:3 11198 Difícil é identificar e analisar os fatores de uma experiência religiosa, mas não é difícil observar os praticantes religiosos vivendo e perseverando como se estivessem já em presença do Eterno. Os crentes reagem a esta vida temporal como se a imortalidade estivesse já nas suas mãos. Nas vidas desses mortais, há uma originalidade convincente e uma espontaneidade de expressão, que, para sempre, os separa dos seus semelhantes que, do mundo, nada mais absorveram do que uma certa sabedoria. As pessoas religiosas parecem viver emancipadas e livres efetivamente da pressa da usura e da tensão penosa das vicissitudes inerentes às correntes seculares do tempo; elas demonstram uma estabilidade de personalidade e uma tranqüilidade de caráter não explicada pelas leis da fisiologia, nem da psicologia, nem da sociologia.

102:2:4 11201 O tempo é, invariavelmente, um elemento necessário para conseguir-se o conhecimento; a religião torna esses dons imediatamente disponíveis, se bem que haja o importante fator que é o crescimento na graça, o avanço definitivo, em todas as fases da experiência religiosa. O conhecimento é uma busca eterna; vós estais sempre aprendendo, mas não vos tornais nunca capazes de chegar ao conhecimento pleno da verdade absoluta. No conhecimento apenas, não pode haver jamais nenhuma certeza absoluta, apenas uma probabilidade crescente de aproximação; mas a alma religiosa com iluminação espiritual sabe, e sabe agora. E, ainda, essa certeza profunda e evidente não conduz esse homem religioso, mentalmente sadio, a ter um interesse menor nos altos e baixos do progresso da sabedoria humana, que está ligada estreitamente à sua finalidade material e aos desenvolvimentos de uma ciência lenta.

102:2:5 11202 Mesmo as descobertas da ciência não são verdadeiramente reais na consciência da experiência humana, até que sejam elucidadas e correlacionadas, até que os seus fatos mais importantes se tornem realmente significativos, por meio da sua colocação nos circuitos das correntes de pensamento da mente. O homem mortal vê, até mesmo o seu meio ambiente físico, de um nível mental, a partir da perspectiva dos registros psicológicos desse nível mental. E, portanto, não é estranho que o homem dê uma interpretação altamente unificada ao universo e então busque identificar essa unidade de energia da sua ciência com a unidade espiritual da sua experiência religiosa. A mente é unidade; a consciência mortal vive no nível da mente e percebe as realidades universais pelos olhos das faculdades com as quais a sua mente foi dotada. A perspectiva mental não alcança a unidade existencial da fonte da realidade, a Primeira Fonte e Centro, mas ela pode, e algumas vezes irá, retratar para o homem a síntese experiencial da energia, da mente e do espírito no Ser Supremo e como Ele. A mente, porém, não pode jamais obter êxito nessa unificação das diversidades da realidade, a menos que tal mente esteja firmemente consciente das coisas materiais, dos significados intelectuais e dos valores espirituais; a unidade existe apenas na harmonia da triunidade da realidade funcional, e apenas na unidade existe a satisfação da personalidade quanto à realização da constância e da coerência cósmica.

102:2:6 11203 A unidade é mais encontrada na experiência humana por intermédio da filosofia. E, ainda que o corpo do pensamento filosófico deva estar sempre baseado em fatos materiais, a alma e a energia da verdadeira dinâmica filosófica são um discernimento espiritual dos seres mortais.

102:2:7 11204 O homem evolucionário não tem um prazer natural com o trabalho pesado. Na sua experiência de vida, acompanhar os passos das demandas impulsoras e da pressão das necessidades da experiência religiosa crescente significa manter uma atividade incessante de crescimento espiritual, manter a expansão intelectual, o desenvolvimento factual e o serviço social. Não existe uma religião real sem uma personalidade altamente ativa. E é por isso que os mais indolentes dos homens sempre buscam escapar dos rigores das verdadeiras atividades religiosas, por meio de uma espécie engenhosa de auto-enganação, recorrendo ao abrigo falso das doutrinas e dogmas religiosos estereotipados. A verdadeira religião, entretanto, está viva. A cristalização intelectual dos conceitos religiosos é equivalente à morte espiritual. Vós não podeis conceber a religião sem idéias, mas, quando a religião fica reduzida a uma idéia apenas, não é mais uma religião; transformou-se meramente em uma espécie de filosofia humana.

102:2:8 11211 E, novamente, existem outros tipos de almas instáveis e maldisciplinadas que usariam as idéias sentimentais da religião como uma forma de escapar das exigências irritantes da vida. Quando alguns mortais vacilantes e acanhados querem escapar da pressão incessante da vida evolucionária, a religião, do modo como eles a concebem, parece apresentar o refúgio mais ao seu alcance, o melhor caminho de fuga. Contudo, a missão da religião é preparar o homem para enfrentar, com valentia, e até mesmo com heroísmo, as vicissitudes da vida. A religião é o dom supremo do homem evolucionário, é aquela coisa que o capacita a prosseguir e a “resistir, como se estivesse vendo-O, a Ele que é invisível”. O misticismo, contudo, muitas vezes é algo como um refúgio da vida e é adotado por aqueles seres humanos que não amam as atividades mais duras de viver uma vida religiosa nas arenas abertas da sociedade e do comércio humano. A verdadeira religião deve atuar. A conduta será um resultado da religião, quando o homem de fato estiver com ela, ou antes, quando se permitir que a religião verdadeiramente possua o homem. A religião nunca ficará satisfeita com o mero pensar ou com o sentimento sem atuação.

102:2:9 11212 Não estamos cegos para o fato de que a religião freqüentemente atue de um modo pouco sábio, até mesmo irreligioso, mas ela atua. As aberrações da convicção religiosa têm levado a perseguições sangrentas, mas a religião sempre faz alguma coisa: ela é dinâmica!

3. CONHECIMENTO, SABEDORIA E DISCERNIMENTO INTERIOR


102:3:1 11213 A deficiência intelectual, ou a pobreza educacional, inevitavelmente é um obstáculo para o acesso a níveis religiosos mais elevados, porque o ambiente da natureza religiosa, empobrecido assim, retira a religião do seu canal principal de contato filosófico com o mundo do conhecimento científico. Os fatores intelectuais da religião são importantes, mas, igualmente, o hiper-desenvolvimento deles transforma-se, algumas vezes, em um empecilho e em um embaraço. Uma religião deve trabalhar continuamente sob uma necessidade paradoxal: a necessidade de fazer uso efetivo do pensamento e, ao mesmo tempo, dando o desconto devido à inutilidade que é utilizar todo pensamento para o fim espiritual.

102:3:2 11214 A especulação religiosa é inevitável, mas é sempre nociva; a especulação invariavelmente falsifica o seu objeto. A especulação tende a transformar a religião em algo material ou humanista e, assim, ao interferir diretamente, usando a clareza do pensamento lógico, indiretamente, a especulação leva a religião a assemelhar-se a uma função do mundo temporal, aquele mesmo mundo com o qual ela deveria manter-se em perene contraste. E, portanto, a religião será sempre caracterizada por paradoxos, os paradoxos que resultam da ausência da ligação experiencial entre o nível material e o nível espiritual do universo – a mota moroncial, a sensibilidade supra-filosófica para o discernimento da verdade e para a percepção da unidade.

102:3:3 11215 Os sentimentos materiais, as emoções humanas levam diretamente a ações materiais, a atos egoístas. O discernimento religioso, a motivação espiritual conduz a ações religiosas, a atos não egoístas de serviço social e de benevolência altruísta.

102:3:4 11216 O desejo religioso é a busca sedenta da realidade divina. A experiência religiosa é a realização da consciência de haver encontrado a Deus. E, quando um ser humano encontra Deus, o triunfo dessa descoberta fica experienciado dentro da alma desse ser de um modo tão indescritivelmente efervescente, que ele é levado a buscar o serviço amoroso do contato com os seus semelhantes menos iluminados, não para revelar que ele encontrou a Deus, mas para consentir que o transbordamento da bondade eterna que inunda a sua própria alma refresque e enobreça os seus semelhantes. A religião real conduz a um serviço social maior.

102:3:5 11221 A ciência, o conhecimento, conduz à consciência do fato; a religião, a experiência, conduz à consciência de valor; a filosofia, a sabedoria, leva à consciência coordenada; a revelação (a substituta da mota moroncial) leva à consciência da verdadeira realidade; enquanto a coordenação da consciência do fato, do valor, e da verdadeira realidade constitui a consciência da realidade da personalidade, do máximo do ser, junto com a crença na possibilidade da sobrevivência daquela mesma personalidade.

102:3:6 11222 O conhecimento leva à classificação dos homens e origina os estratos sociais e as castas. A religião leva ao serviço dos homens, criando, assim, a ética e o altruísmo. A sabedoria leva a uma confraternização mais elevada e melhor, tanto das idéias como das pessoas. A revelação libera os homens e inicia-os na aventura eterna.

102:3:7 11223 A ciência escolhe os homens; a religião ama os homens, como a vós mesmos; a sabedoria faz justiça a homens diferentes; mas a revelação glorifica o homem e mostra a sua capacidade de ser parceiro de Deus.

102:3:8 11224 A ciência esforça-se em vão para criar a irmandade da cultura; a religião traz à vida a irmandade do espírito. A filosofia busca a irmandade da sabedoria; a revelação retrata a irmandade eterna, o Corpo de Finalidade do Paraíso.

102:3:9 11225 O conhecimento faz nascer o orgulho na existência da personalidade; a sabedoria é a consciência do significado da personalidade; a religião é a experiência do conhecimento do valor da personalidade; a revelação é a confirmação da sobrevivência da personalidade.

102:3:10 11226 A ciência busca identificar, analisar e classificar as partes segmentadas do cosmo sem limite. A religião capta a idéia do todo, do cosmo inteiro. A filosofia intenta identificar os segmentos materiais da ciência com o conceito do todo, efetuado pelo discernimento da clarividência espiritual. Nos pontos em que a filosofia fracassa, nessa tentativa, a revelação tem êxito, afirmando que o círculo cósmico é universal, eterno, absoluto e infinito. Esse cosmo do EU SOU Infinito é, portanto, sem fim, sem limites e todo-inclusivo — fora do tempo, do espaço e inqualificável. E nós testemunhamos que o EU SOU Infinito é também o Pai de Michael de Nebadon e o Deus da salvação humana.

102:3:11 11227 A ciência indica a Deidade como um fato; a filosofia apresenta a idéia de um Absoluto; a religião visualiza Deus como uma personalidade espiritual de amor. A revelação afirma, no fato da Deidade, a unidade, a idéia do Absoluto, e a personalidade espiritual de Deus e, além disso, apresenta esse conceito como o nosso Pai – o fato universal da existência, a idéia eterna da mente, e o espírito infinito da vida.

102:3:12 11228 A investigação do conhecimento constitui a ciência; a busca da sabedoria é a filosofia; o amor por Deus é a religião; a sede da verdade é uma revelação. No entanto, é o Ajustador do Pensamento residente que dá o sentimento de realidade ao discernimento espiritual que o homem tem do cosmo.

102:3:13 11229 Na ciência, a idéia precede à expressão da sua realização; na religião, a experiência da realização precede à expressão da idéia. Há uma diferença enorme entre a vontade de crer, do ser evolucionário, de um lado, e, do outro, o produto da razão iluminada, o discernimento religioso, ou a revelação – a vontade que crê.

102:3:14 112210 Na evolução, a religião leva sempre o homem a criar os seus conceitos de Deus; a revelação mostra o fenômeno de Deus fazendo o homem evoluir por si próprio; enquanto, na vida terrena de Cristo Michael, nós contemplamos o fenômeno de Deus revelando a Si próprio ao homem. A evolução tende a fazer com que Deus se pareça com o homem; a revelação tende a fazer com que o homem seja semelhante a Deus.

102:3:15 112211 A ciência só se satisfaz com as causas primeiras; a religião, com a personalidade suprema, e a filosofia, com a unidade. A revelação afirma que essas três são uma, e que todas são boas. O eterno real é o bem do universo, e não as ilusões temporais do mal espacial. Na experiência espiritual de todas as personalidades, é sempre verdade que o real é o bem, e que o bem é o real.

4. O FATO DA EXPERIÊNCIA


102:4:1 11231 Por causa da presença do Ajustador do Pensamento nas vossas mentes, para vós não é um mistério maior conhecer a mente de Deus do que estar seguro na consciência de conhecer qualquer outra mente, humana ou supra-humana. A religião e a consciência social têm em comum o seguinte: elas são baseadas na consciência da existência de outras mentes. A técnica por meio da qual vós podeis aceitar a idéia de alguém como sendo a vossa é a mesma pela qual vós podeis “deixar a mente que esteve em Cristo estar também em vós”.

102:4:2 11232 O que é a experiência humana? É simplesmente qualquer interação entre um eu ativo e questionador, e qualquer outra realidade ativa e externa. A massa total da experiência é determinada pela profundidade do conceito mais a totalidade do reconhecimento da realidade do lado externo. A movimentação da experiência iguala-se à força da imaginação expectante, mais a acuidade da descoberta sensorial das qualidades externas da realidade contatada. O fato da experiência encontra-se na autoconsciência, mais outras existências — coisas, mentalidades e espiritualidades outras.

102:4:3 11233 Muito cedo o homem torna-se consciente de que ele não está só no mundo, ou no universo, e desenvolve-se nele uma tomada de consciência natural e espontânea de outras mentes no ambiente individual. A fé traduz essa experiência natural em religião, no reconhecimento de Deus como realidade – fonte, natureza e destino – de outra mente. Contudo, tal conhecimento de Deus é, agora e sempre, uma realidade para a experiência pessoal. Se Deus não fosse uma personalidade, Ele não poderia ser uma parte viva da experiência religiosa real de uma personalidade humana.

102:4:4 11234 O elemento de erro presente na experiência religiosa humana é diretamente proporcional ao conteúdo de materialismo que contamina o conceito espiritual do Pai Universal. A época pré-espiritual do progresso humano no universo consiste na experiência de despojar-se dessas idéias errôneas sobre a natureza de Deus e sobre a realidade do espírito puro e verdadeiro. A Deidade é mais do que espírito, mas a abordagem espiritual é a única possível ao homem ascendente.

102:4:5 11235 A oração é, de fato, uma parte da experiência religiosa, mas tem sido erradamente enfatizada pelas religiões modernas, bastante em detrimento da comunhão de adoração, que é mais essencial. Os poderes refletivos da mente são aprofundados e ampliados pela adoração. A prece pode enriquecer a vida, mas a adoração ilumina o destino.

102:4:6 11236 A religião revelada é o elemento unificador da existência humana. A revelação unifica a história, coordena a geologia, a astronomia, a física, a química, a biologia, a sociologia e a psicologia. A experiência espiritual é a alma real do cosmo do homem.

5. A SUPREMACIA DO POTENCIAL DE INTENÇÃO


102:5:1 11237 Embora o estabelecimento do fato da crença não seja equivalente ao estabelecimento do fato daquilo em que se crê, contudo, a progressão evolucionária de uma simples vida até o status de personalidade demonstra bem, para começar, o fato da existência do potencial da personalidade. E, nos universos do tempo, o potencial tem sempre supremacia sobre o factual. No cosmo em evolução, o potencial é o que está para vir a ser, e o que está para vir a ser é um desdobramento dos mandatos da intenção ou propósito da Deidade.

102:5:2 11241 Essa mesma supremacia de propósito é perceptível na evolução da ideação da mente, quando o medo animal primitivo é transmutado em uma reverência, cada vez mais profunda, a Deus, e em uma admiração temerosa crescente pelo universo. O homem primitivo teve mais temor religioso do que fé, e a supremacia dos potenciais espirituais sobre os fatos da mente é demonstrada quando esse medo covarde traduz-se na fé viva nas realidades espirituais.

102:5:3 11242 Vós podeis deslindar a psicologia da religião evolucionária, mas não a da religião de origem espiritual vivida na experiência pessoal. A moralidade humana pode reconhecer valores, mas apenas a religião pode conservar, exaltar e espiritualizar tais valores. E, apesar de tudo isso, a religião é algo mais do que uma moralidade emocional. A religião está para a moralidade, como o amor está para o dever, como a filiação está para a servidão, como a essência está para a substância. A moralidade revela um Controlador Todo-Poderoso, uma Deidade a quem se deve servir; a religião revela um Pai cheio de amor, um Deus a ser amado e adorado. E, uma vez mais, isso se dá porque a potencialidade espiritual da religião predomina sobre o ato do dever, na moralidade da evolução.

6. A EXATIDÃO DA FÉ RELIGIOSA


102:6:1 11243 A eliminação filosófica do medo religioso e o progresso firme da ciência contribuem grandemente para a mortandade dos deuses falsos; e, ainda que a perda dessas deidades criadas pelos homens possa momentaneamente nublar a visão espiritual, ela finalmente destrói a ignorância e a superstição que há muito obscureciam o Deus vivo do amor eterno. A relação entre a criatura e o Criador é uma experiência viva, uma fé religiosa dinâmica, que não pode ser objeto de uma definição precisa. Isolar parte da vida e chamá-la de religião é desintegrar a vida e distorcer a religião. E é exatamente por isso que o Deus merecedor da nossa adoração espera toda a fidelidade, ou nenhuma.

102:6:2 11244 Os deuses dos homens primitivos podem ter sido nada mais do que sombras deles próprios; o Deus vivo é a luz divina cujas interrupções geram as sombras da criação em todo o espaço.

102:6:3 11245 A pessoa religiosa que tem um alcance filosófico tem fé em um Deus pessoal de salvação pessoal, em algo mais do que a realidade, em um valor, em um nível de realização, em um processo elevado, em uma transmutação última no tempo-espaço, em uma idealização, em uma personalização da energia, em uma entidade da gravidade, em uma projeção humana, na idealização do eu, em um impulso elevador da natureza, na inclinação para o bem, no impulso que leva a evolução adiante, ou em uma hipótese sublime. O religioso tem fé em um Deus de amor. O amor é a essência da religião e a fonte infalível da civilização superior.

102:6:4 11246 Na experiência religiosa, a fé transforma o Deus filosófico da probabilidade no Deus da certeza salvadora. O ceticismo pode desafiar as teorias da teologia, mas a convicção de que se pode ter segurança na experiência pessoal afirma a verdade daquela crença que se ampliou até a fé.

102:6:5 11247 As convicções sobre Deus podem ser alcançadas por meio do raciocínio sábio, mas os indivíduos tornam-se conhecedores de Deus apenas pela fé, por meio da experiência pessoal. Para muitas coisas da vida, deve-se contar com a probabilidade, mas, ao contatar a realidade cósmica, uma certeza pode ser experienciada, quando tais significados e valores são abordados pela fé viva. A alma que conhece a Deus ousa dizer: “eu conheço”, mesmo quando esse conhecimento de Deus é questionado pelo descrente que nega essa certeza, porque não é totalmente consubstanciada pela lógica intelectual. Para cada um desses incrédulos, o crente apenas responde: “Como sabes tu que eu não sei?”

102:6:6 11251 Embora a razão possa questionar a fé, a fé sempre pode complementar tanto a razão quanto a lógica. A razão cria a probabilidade de que até mesmo uma experiência espiritual possa ser transformada em uma certeza moral pela fé. Deus é a primeira verdade e o último fato; e, portanto, toda a verdade tem origem Nele, e todos os fatos existem em relação a Ele. Deus é a verdade absoluta. Pode-se conhecer a Deus como verdade, mas, para compreender — para explicar — a Deus, deve-se explorar o fato da existência do universo dos universos. O imenso abismo entre a experiência da verdade de Deus e a ignorância do fato de Deus pode ser resolvido apenas por meio da fé viva. A razão apenas não pode estabelecer a harmonia entre a verdade infinita e o fato universal.

102:6:7 11252 A crença pode não ser capaz de resistir à dúvida, nem de suportar o medo, mas a fé é triunfante sempre sobre a dúvida, pois a fé é não apenas positiva, como também é viva. O que é positivo tem sempre vantagem sobre o negativo, a verdade sobre o erro, a experiência sobre a teoria, as realidades espirituais sobre os fatos isolados do tempo e do espaço. A prova convincente dessa certeza espiritual consiste nos frutos sociais do espírito, que os crentes, os homens de fé geram, como resultado dessa experiência espiritual genuína. Disse Jesus: “Se vós amardes os vossos semelhantes como eu vos amei, então todos os homens saberão que vós sois discípulos meus”.

102:6:8 11253 Para a ciência, Deus é uma possibilidade, para a psicologia, uma coisa desejável, para a filosofia, uma probabilidade, para a religião, uma certeza, uma factualidade da experiência religiosa. A razão requer que uma filosofia que não pode encontrar o Deus da probabilidade deva ter bastante respeito pela fé religiosa que é capaz de encontrar o Deus da certeza, e o encontra. E a ciência não deveria desdenhar a experiência religiosa pelo seu aspecto de credulidade, pelo menos enquanto a ciência persiste em supor que a dotação intelectual e filosófica do homem proveio de inteligências que vão diminuindo à medida que se retroage até o passado remoto, finalmente, tendo origem na vida primitiva, que era totalmente desprovida de qualquer pensamento e de qualquer sentimento.

102:6:9 11254 Os fatos da evolução não devem ser colocados contra a verdade de que a experiência espiritual da vida religiosa de um mortal conhecedor de Deus traga em si uma certeza e seja uma realidade. Os homens inteligentes deveriam cessar de raciocinar como crianças e tentar usar uma lógica adulta consistente; lógica esta que tolera o conceito da verdade, ao longo da observação do fato. O materialismo científico atinge a própria falência, quando persiste, em face de cada fenômeno que se repete no universo, em basear as suas objeções atuais em uma comparação do que é reconhecidamente mais elevado, referindo-o ao que é reconhecidamente inferior. A coerência requer o reconhecimento das atividades de um Criador com um propósito.

102:6:10 11255 A evolução orgânica é um fato; a evolução que tem um propósito, ou que é progressiva, é uma verdade que torna consistentes os fenômenos de um outro modo contraditórios das realizações cada vez mais ascendentes da evolução. Quanto mais alto qualquer cientista alcança, na ciência que escolheu, tanto mais abandonará as teorias materialistas do fato, em favor da verdade cósmica do predomínio da Mente Suprema. O materialismo deprecia a vida humana; o evangelho de Jesus eleva tremendamente e exalta supernamente cada mortal. A existência mortal deve ser visualizada como consistindo da experiência misteriosa e fascinante da realização da realidade da mão humana tentando alcançar acima e da mão divina tentando alcançar abaixo.

7. A CERTEZA DO DIVINO


102:7:1 11261 O Pai Universal, existindo por Si próprio, também Se explica por Si próprio; Ele de fato vive em cada mortal racional. Vós, porém, não podeis estar seguros sobre Deus a menos que O conheçais; a filiação é a única experiência que torna certa a paternidade. O universo está sofrendo modificações em todas as suas partes. Um universo em alteração é um universo dependente; tal criação não pode ser nem final nem absoluta. Um universo finito é totalmente dependente do Último e do Absoluto. O universo e Deus não são idênticos; um é a causa, o outro é o efeito. A causa é absoluta, infinita, eterna e imutável; o efeito é tempo-espacial e transcendental, mas está sempre em mudança, sempre em crescimento.

102:7:2 11262 Deus é o único fato no universo que causou a Si próprio. Ele é o segredo da ordem, do plano e do propósito de toda a criação de coisas e seres. O universo em total mudança é regulado e estabilizado por leis absolutamente imutáveis, pelos hábitos de um Deus imutável. O fato de Deus, a lei divina, é imutável; a verdade de Deus, a sua relação com o universo, é uma revelação relativa, que é sempre adaptável ao universo em constante evolução.

102:7:3 11263 Aqueles que inventam uma religião sem Deus são como aqueles que querem colher os frutos sem as árvores, ter os filhos sem os pais. Vós não podeis ter efeitos sem causas; apenas o EU SOU existe sem causa. O fato da experiência religiosa implica um Deus, e um Deus assim de experiência pessoal deve ser uma Deidade pessoal. Vós não podeis orar para uma fórmula química, suplicar a uma equação matemática, adorar uma hipótese, confidenciar a um postulado, comungar com um processo, servir a uma abstração, ou manter um companheirismo amoroso com uma lei.

102:7:4 11264 É verdade que muitos traços aparentemente religiosos podem surgir de raízes não religiosas. O homem pode, intelectualmente, negar a Deus e ainda ser moralmente bom, leal, filial, honesto e até mesmo idealista. O homem pode enxertar muitos ramos puramente humanistas à sua natureza basicamente espiritual e assim, aparentemente, provar a sua argumentação em favor de uma religião sem Deus, mas tal experiência é desprovida de valores de sobrevivência, de conhecimento de Deus e de ascensão a Deus. Em uma experiência mortal como essa, apenas os frutos sociais são colhidos, não os espirituais. O enxerto determina a natureza da fruta, não obstante o sustento para a vida ser retirado das raízes do dom divino original, tanto da mente quanto do espírito.

102:7:5 11265 O sinal intelectual de identificação da religião é a certeza; a característica filosófica é a consistência; os frutos sociais são o amor e o serviço.

102:7:6 11266 O indivíduo que é sabedor de Deus não é cego para as dificuldades, nem desatento aos obstáculos com que esbarra no caminho de encontrar a Deus, em meio à ilusão da superstição, da tradição e das tendências materialistas dos tempos modernos. Ele deparou com todas essas ameaças e triunfou sobre elas, superou-as pela fé viva, e alcançou as terras altas da experiência espiritual, a despeito delas. No entanto, é verdade que muitos que estão interiormente seguros de Deus temem afirmar esses sentimentos de certeza, por causa da multiplicidade e da esperteza daqueles que reúnem objeções e que aumentam as dificuldades para acreditar em Deus. Não é necessária nenhuma grande profundidade de intelecto para reparar em pontos fracos, para fazer perguntas, ou levantar objeções. Em contrapartida, contudo, é necessário um certo brilho mental para responder a essas colocações e para resolver essas dificuldades; a certeza da fé é a melhor técnica para lidar com todas essas argumentações superficiais.

102:7:7 11271 Se a ciência, a filosofia ou a sociologia ousarem ser dogmáticas, ao argumentarem com os profetas da religião verdadeira, então os homens sabedores de Deus deveriam responder a um dogmatismo injustificado com aquele dogmatismo de visão mais ampla, da certeza proveniente da experiência espiritual pessoal: “eu sei o que experimentei, porque sou um filho do EU SOU”. Se a experiência pessoal de um homem de fé for desafiada pelo dogma, então esse filho, nascido pela fé, do Pai experienciável, pode responder àquele dogma incontestável com a afirmação da sua filiação real ao Pai Universal.

102:7:8 11272 Somente uma realidade inqualificável, um absoluto, poderia ousar ser dogmático de um modo coerente. Aqueles que assumem ser dogmáticos devem, se consistentes, mais cedo ou mais tarde, ser lançados nos braços do Absoluto da energia, no Universal da verdade e no Infinito do amor.

102:7:9 11273 Se as abordagens do não-religioso à realidade cósmica presumem desafiar a certeza da fé, nos campos do seu status de não-comprovada, então, aquele que experiencia o espírito pode, do mesmo modo, recorrer ao desafio dogmático dos fatos da ciência e das crenças da filosofia nos terrenos em que estes são, do mesmo modo, não comprovados; pois eles são, do mesmo modo, experiências da consciência do cientista ou do filósofo.

102:7:10 11274 Sobre Deus, a mais inescapável de todas as presenças, o mais real entre todos os fatos, a mais viva entre todas as verdades, o mais pleno de amor entre todos os amigos e o mais divino de todos os valores, nós temos o direito de tê-Lo como na conta da mais certa de todas as experiências do universo.

8. AS EVIDÊNCIAS DA RELIGIÃO


102:8:1 11275 A mais elevada evidência da realidade e da eficácia da religião está no fato da experiência humana; isto é, está no fato de que o homem, naturalmente temeroso e cheio de suspeitas, dotado inatamente com um instinto forte de autopreservação, e aspirando à sobrevivência depois da morte, está disposto a confiar plenamente os seus mais profundos interesses do presente e do futuro na direção e no poder da pessoa designada pela sua fé como sendo Deus. Esta é a verdade central de toda a religião. Quanto ao que aquele poder ou pessoa exige do homem, em troca dessa guarda e da salvação final, não há duas religiões que concordem nesse ponto; de fato, todas elas discordam mais ou menos.

102:8:2 11276 Com respeito ao status de qualquer religião, na escala evolucionária, ela pode ser mais bem analisada segundo os seus julgamentos morais e pelos seus padrões éticos. Quanto mais elevado for o tipo de qualquer religião, mais ela encoraja e é encorajada por uma moralidade social e uma cultura ética que estão constantemente em progresso. Nós não podemos julgar a religião pelo status da civilização que a acompanha; seria melhor que estimássemos a natureza real de uma civilização, pela pureza e nobreza da sua religião. Muitos dos mais notáveis entre os instrutores religiosos do mundo eram virtualmente iletrados. A sabedoria do mundo não é necessariamente um exercício de fé salvadora nas realidades eternas.

102:8:3 11277 A diferença entre as religiões de várias idades depende totalmente das diferentes compreensões que o homem tem da realidade e dos diferentes reconhecimentos que ele tem dos valores morais, das relações éticas e das realidades espirituais.

102:8:4 11278 A ética é o espelho social ou racial eterno em que se reflete fielmente o progresso, inobservável de outra maneira, nos desenvolvimentos da espiritualidade e da religiosidade interna. O homem sempre pensou em Deus nos termos do melhor que ele conhece, das suas idéias mais profundas e dos ideais mais elevados. Mesmo a religião histórica sempre criou as suas concepções de Deus a partir dos seus valores reconhecidos como os mais elevados. Toda criatura inteligente dá o nome de Deus à melhor e mais elevada coisa que conhece.

102:8:5 11281 A religião, quando reduzida aos termos da razão e da expressão intelectual, tem sempre ousado criticar a civilização e o progresso evolucionário, julgando-os segundo os seus próprios padrões de cultura ética e de progresso moral.

102:8:6 11282 Embora a religião pessoal preceda à evolução da moral humana, lamentavelmente, registra-se que a religião institucional tem-se atrasado invariavelmente, ficando atrás mesmo dos costumes, que se alteram, das raças humanas. A religião organizada tem demonstrado ser conservadoramente tardia. Os profetas, em geral, têm conduzido o povo a desenvolvimentos religiosos; os teólogos, em geral, o têm mantido na retaguarda. A religião, sendo uma questão de experiência interior ou pessoal, nunca pode desenvolver-se muito avançadamente à frente da evolução intelectual das raças.

102:8:7 11283 Entretanto, a religião nunca é engrandecida por um apelo àquilo que é considerado miraculoso. A busca dos milagres é um recuo de volta às religiões primitivas da magia. A verdadeira religião nada tem a ver com pretensos milagres, e a religião revelada nunca apontou os milagres como sendo uma prova de autoridade. A religião está ancorada e enraizada sempre na experiência pessoal. E a vossa mais elevada religião, a vida de Jesus, foi exatamente uma experiência pessoal: o homem, o homem mortal, buscando a Deus e encontrando-O na plenitude, durante uma curta vida na carne, enquanto, na mesma experiência humana, surgiu Deus buscando o homem e encontrando-o para a plena satisfação da alma perfeita da supremacia infinita. E isto é religião, sendo mesmo a mais elevada religião já revelada no universo de Nebadon – a vida terrena de Jesus de Nazaré.

102:8:8 11284 [Apresentado por um Melquisedeque de Nebadon.]

DOCUMENTO 103

A REALIDADE DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA
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Todas as reações verdadeiramente religiosas do homem são promovidas pela ministração inicial do ajudante da adoração e são censuradas pelo ajudante da sabedoria. A primeira dotação de supramente do homem é a do circuitamento da sua personalidade ao Espírito Santo, vindo do Espírito Criativo do Universo; e, muito antes das auto-outorgas dos Filhos divinos e do outorgamento universal dos Ajustadores, essa influência funciona para ampliar o ponto de vista do homem sobre a ética, a religião e a espiritualidade. Após as auto-outorgas dos Filhos do Paraíso, o Espírito da Verdade liberado faz poderosas contribuições para a ampliação da capacidade humana de perceber as verdades religiosas. À medida que avança a evolução, em um mundo habitado, os Ajustadores do Pensamento participam crescentemente do desenvolvimento dos tipos mais elevados de discernimento interior religioso no homem. O Ajustador do Pensamento é a janela cósmica através da qual a criatura finita, pela fé, pode perceber muito sobre os aspectos certos e divinos da Deidade ilimitada, o Pai Universal.

103:0:2 11292 As tendências religiosas das raças humanas são inatas; elas são manifestadas de um modo universal e têm uma origem aparentemente natural; as religiões primitivas são sempre evolucionárias na sua gênese. À medida que a experiência religiosa natural continua o seu progresso, revelações periódicas da verdade pontuam o fluir da evolução planetária, que, de outro modo, seria mais lenta.

103:0:3 11293 Em Urântia, hoje, há quatro espécies de religião:

11294 1. A religião natural ou evolucionária.

11295 2. A religião supranatural ou reveladora.

11296 3. A religião prática ou corrente: mistos, em vários graus, de religiões naturais e supranaturais.

11297 4. As religiões filosóficas: doutrinas teológicas, feitas pelo homem ou pensadas pela filosofia e criadas pela razão.

1. A FILOSOFIA DA RELIGIÃO


103:1:1 11298 A unidade da experiência religiosa em um grupo social ou racial nasce da natureza idêntica dos fragmentos de Deus, que residem nos indivíduos. É essa parte divina no homem que dá origem ao seu interesse não egoísta pelo bem-estar de outros homens. Contudo, posto que a personalidade é única – não havendo dois seres mortais iguais –, ocorre inevitavelmente que não há dois seres humanos que possam interpretar, de modo similar, a condução e os impulsos do espírito da divindade que vive dentro das suas mentes. Os seres de um grupo de mortais podem experienciar a unidade espiritual, mas eles não podem nunca alcançar a uniformidade filosófica. E essa diversidade de interpretação da experiência e do pensamento religiosos é mostrada pelo fato de que os teólogos e os filósofos do século vinte têm formulado mais de quinhentas definições diferentes para a religião. Na realidade, cada ser humano define a religião nos termos da sua própria interpretação experiencial dos impulsos divinos que emanam do espírito de Deus, que reside em si próprio, e portanto essa interpretação deve ser única e totalmente diferente da filosofia religiosa de todos os outros seres humanos.

103:1:2 11301 Quando um mortal está de pleno acordo com a filosofia religiosa de um semelhante mortal, esse fenômeno indica que esses dois seres tiveram uma experiência religiosa semelhante, no que toca às questões das similaridades entre as suas interpretações filosóficas religiosas.

103:1:3 11302 Ainda que a vossa religião seja uma questão de experiência pessoal, é muito importante que vós devêsseis ser expostos ao conhecimento de um vasto número de outras experiências religiosas (as interpretações diversas de mortais diversos) com a finalidade de que possais impedir a vossa vida religiosa de tornar-se egocêntrica – circunscrita, egoísta e não-social.

103:1:4 11303 O racionalismo erra quando assume que a religião é, em primeiro lugar, uma crença primitiva em alguma coisa, e que, então, é seguida da busca de valores. A religião é principalmente uma busca de valores, que, em seguida, formula um sistema de crenças interpretativas. É muito mais fácil para os homens concordarem quanto aos valores religiosos – metas –, do que quanto às crenças – interpretações. E isso explica como a religião pode concordar quanto aos valores e metas permitindo ao mesmo tempo a existência de fenômenos confusos, tais como continuar admitindo centenas de crenças conflitantes – os credos. Isso explica, também, por que uma determinada pessoa pode manter a sua experiência religiosa, mesmo cedendo ou mudando muitas das suas crenças religiosas. A religião persiste, a despeito das mudanças evolucionárias nas crenças religiosas. A teologia não produz a religião; é a religião que produz a filosofia teológica.

103:1:5 11304 O fato de que os religiosos tenham acreditado em tantas coisas que eram falsas não invalida a religião, pois esta é fundada no reconhecimento de valores, e é validada pela fé da experiência religiosa pessoal. A religião, então, baseia-se na experiência e no pensamento religioso; a teologia, a filosofia da religião, é uma tentativa honesta de interpretar aquela experiência. Essas crenças interpretativas podem estar certas ou erradas, ou serem uma mistura de verdade e de erro.

103:1:6 11305 O reconhecimento real da compreensão dos valores espirituais é uma experiência que é supra-ideacional. Não há nenhuma palavra, em nenhuma língua humana. que possa ser empregada para designar esse “senso”, “sentimento”, “intuição” ou “experiência”, que escolhemos chamar de consciência de Deus. O espírito de Deus que reside no homem não é pessoal – o Ajustador é pré-pessoal –, mas esse Monitor apresenta um valor, exala um sabor de divindade, que não é pessoal, no sentido mais elevado e infinito. Se Deus não fosse ao menos pessoal, ele não seria consciente, e não sendo consciente, então ele seria infra-humano.

2. A RELIGIÃO E O INDIVÍDUO


103:2:1 11306 A religião é funcional na mente humana; e tem sido realizada, na experiência, anteriormente ao seu aparecimento na consciência humana. Uma criança existiu cerca de nove meses antes de experimentar o nascimento. O “nascimento” da religião, porém, não é súbito; é antes uma emergência gradativa. Entretanto, mais cedo ou mais tarde, há o “dia do nascimento”. Vós não entrareis no Reino do céu, a menos que tenhais “nascido novamente” – nascido do espírito. Muitos nascimentos espirituais são acompanhados de muita angústia de espírito e marcados por perturbações psicológicas, do mesmo modo que muitos nascimentos físicos são caracterizados por um “trabalho difícil” e outras anormalidades no “parto”. Outros nascimentos espirituais são um crescimento natural e normal de reconhecimento dos valores supremos, com um enaltecimento da experiência espiritual, ainda que nenhum desenvolvimento religioso ocorra sem um esforço consciente e positivo de determinação individual e pessoal. O ato religioso nunca é uma experiência passiva, uma atitude negativa. Aquilo que é denominado o “nascimento da religião” não é associado diretamente às experiências chamadas de conversão, que geralmente caracterizam os episódios religiosos que ocorrem tardiamente na vida, em resultado de conflito mental, de repressão emocional e de altercações temperamentais.

103:2:2 11311 No entanto, essas pessoas que foram criadas de tal modo pelos seus pais, que cresceram na consciência de serem filhos de um Pai celeste amoroso, não deveriam olhar de soslaio para os seus semelhantes mortais que só puderam atingir essa consciência de amizade com Deus por intermédio de uma crise psicológica, de um abalo emocional.

103:2:3 11312 O solo evolucionário, na mente do homem em quem a semente da religião revelada germina, é a natureza moral, que muito cedo dá origem a uma consciência social. Os primeiros impulsos de natureza moral em uma criança nada têm a ver com o sexo, a culpa ou o orgulho pessoal, mas têm, sim, mais a ver com os impulsos da justiça, da retidão e os desejos de bondade – a ministração colaboradora para com o semelhante. E quando esse primeiro despertar moral é nutrido, ocorre um desenvolvimento gradual da vida religiosa que é relativamente livre de conflitos, de abalos e de crises.

103:2:4 11313 Todo ser humano experimenta, muito cedo, algo como um conflito entre a sua busca pessoal e os seus impulsos altruístas e, muitas vezes, a primeira experiência de consciência de Deus pode ser alcançada em resultado da busca de ajuda supra-humana na tarefa de resolver tais conflitos morais.

103:2:5 11314 A psicologia de uma criança é naturalmente positiva, não negativa. Tantos mortais são negativos porque eles foram treinados para ser assim. Quando se diz que a criança é positiva, isso se refere aos seus impulsos morais, aqueles poderes da mente cuja emergência assinala a chegada do Ajustador do Pensamento.

103:2:6 11315 Na ausência de ensinamentos errôneos, a mente da criança normal move-se mais positivamente, quando surge a consciência religiosa, que o leva na direção da retidão moral e do servir social, do que negativamente, fugindo do pecado e da culpa. Pode haver, ou não, conflito no desenvolvimento da experiência religiosa, mas estão sempre presentes as decisões, o esforço e a função inevitáveis da vontade humana.

103:2:7 11316 A escolha moral é acompanhada, usualmente, por conflitos morais maiores ou menores. E esse primeiro conflito, na mente da criança, dá-se entre a premência do egoísmo e os impulsos do altruísmo. O Ajustador do Pensamento não desconsidera os valores da personalidade com motivo egoísta, mas não opera no sentido de colocar a mais leve preferência sobre o impulso altruísta, como sendo o que leva à meta da felicidade humana e às alegrias do Reino do céu.

103:2:8 11317 Quando um ser moral escolhe não ser egoísta, ao deparar com o impulso de ser egoísta, esta é a experiência religiosa primitiva. Nenhum animal pode fazer tal escolha; tal decisão não só é humana, como é religiosa. Ela abrange o fato da existência da consciência de Deus e comprova o impulso para o serviço social, a base da irmandade dos homens. Quando a mente escolhe um julgamento moral certo, por um ato de livre-arbítrio, essa decisão constitui uma experiência religiosa.

103:2:9 11318 Todavia, antes que a criança se tenha desenvolvido suficientemente até adquirir a capacidade moral e, portanto, até ser capaz de escolher o serviço altruísta, ela já desenvolveu uma natureza egoísta forte e bem unificada. E é essa situação factual que dá surgimento à teoria da luta entre a natureza “mais elevada” e a “mais baixa”, entre o “homem velho do pecado” e a “nova natureza” da graça. Muito cedo, na vida, a criança normal começa a aprender que “dar é mais abençoado do que receber”.

103:2:10 11319 O homem tende a identificar o impulso de atender às próprias necessidades do seu ego – consigo próprio. E, ao contrário, ele inclina-se a identificar a vontade de ser altruísta com alguma influência exterior a ele próprio – Deus. E, de fato, esse julgamento é certo, pois todos esses desejos altruístas têm a sua origem nos guiamentos do Ajustador do Pensamento residente, e esse Ajustador é um fragmento de Deus. A consciência humana correlaciona o impulso do Monitor espiritual com a tendência de ser altruísta, de pensar fraternalmente. Ao menos, essa é a experiência primeira e fundamental na mente da criança. Quando a criança em crescimento não tem êxito em unificar a sua personalidade, a tendência altruísta pode tornar-se tão superdesenvolvida a ponto de causar um prejuízo sério ao bem-estar do eu. Uma consciência mal orientada pode tornar-se responsável por muitos conflitos, preocupações, tristezas e um sem-fim de infelicidades humanas.

3. A RELIGIÃO E A RAÇA HUMANA


103:3:1 11321 Ainda que as crenças em espíritos, em sonhos e em diversas outras superstições tenham, todas, tido um papel na origem evolucionária das religiões primitivas, vós não devíeis desprezar a influência do clã nem o espírito de solidariedade tribal. Nas relações grupais, fica apresentada a situação social exata que proporcionou o desafio ao conflito entre o egoísmo e o altruísmo na natureza moral da mente primitiva do homem. A despeito da sua crença em espíritos, os australianos primitivos ainda concentram no clã o foco da sua religião. Com o tempo, tais conceitos religiosos tendem a se personalizar, primeiro, como animais, e, mais tarde, como um ser supra-humano, ou como um Deus. Até mesmo as raças inferiores, tais como os bosquímanos africanos, que não chegam nem a ser totêmicos nas suas crenças, reconhecem a diferença entre o interesse próprio e o interesse grupal, fazem uma diferenciação primitiva entre os valores do secular e do sagrado. O grupo social não é, porém, a fonte da experiência religiosa. Apesar da influência de todas essas contribuições primitivas para a religião inicial do homem, permanece o fato de que o verdadeiro impulso religioso tem a sua origem nas presenças genuínas de espíritos ativando a vontade de ser não egoísta.

103:3:2 11322 A religião posterior é prenunciada na crença primitiva nas maravilhas naturais e mistérios, o maná impessoal. Mais cedo ou mais tarde, no entanto, a religião em evolução requer que o indivíduo faça algum sacrifício pessoal pelo bem do seu grupo social, requer que ele faça alguma coisa para deixar os outros mais felizes e melhores. No fim das contas, a religião está destinada a tornar-se o serviço a Deus e ao homem.

103:3:3 11323 A religião está destinada a mudar o meio ambiente do homem, mas grande parte da religião encontrada entre os mortais, hoje, tornou-se impotente para realizar isso. O ambiente, muito freqüentemente, interveio na religião.

103:3:4 11324 Lembrai-vos de que, na religião de todas as épocas, a experiência suprema é o sentimento a respeito dos valores morais e dos significados sociais, não o pensamento a respeito dos dogmas teológicos ou das teorias filosóficas. A religião evolui favoravelmente, tal como um elemento da magia é substituído pelo conceito da moral.

103:3:5 11325 O homem evoluiu por meio das superstições do maná, da magia, da adoração da natureza, do medo dos espíritos e da adoração aos animais, até vários cerimoniais por intermédio dos quais a atitude religiosa do indivíduo tornou-se as reações grupais do clã. E, então, essas cerimônias tornaram-se focalizadas e cristalizadas nas crenças tribais e, finalmente, esses medos e fés tornaram-se personalizados em deuses. Em toda essa evolução religiosa, entretanto, o elemento moral nunca esteve totalmente ausente. O impulso de Deus dentro do homem foi sempre poderoso. E essas influências poderosas – uma, a humana, e outra, a divina – asseguraram a sobrevivência da religião, por meio das vicissitudes das idades, não obstante terem havido ameaças muito freqüentes de extinção, vindas da parte de mil tendências subvertedoras e de antagonismos hostis.

4. A COMUNHÃO ESPIRITUAL


103:4:1 11331 A diferença característica entre uma ocasião social e uma reunião religiosa é que, ao contrário da secular, a ocasião religiosa é permeada pela atmosfera da comunhão. Nesse sentido, a associação humana gera um sentimento de irmandade com o divino, e isso é o começo da adoração grupal. Compartilhar uma refeição comum foi o primeiro tipo de comunhão social e, assim, as religiões primitivas colaboraram com aquela parte do sacrifício cerimonial que deveria ser comida pelos adoradores. Mesmo no cristianismo, a Ceia do Senhor conserva esse modo de comunhão. A atmosfera da comunhão proporciona um período restaurador e confortador de trégua no conflito do ego, a qual se procura com o impulso altruísta do espírito Monitor residente. E isso é um prelúdio à verdadeira adoração – a prática da presença de Deus que acontece no surgimento da irmandade dos homens.

103:4:2 11332 Quando o homem primitivo sentiu que a sua comunhão com Deus havia sido interrompida, ele recorreu a um sacrifício de algum tipo, em um esforço para fazer a expiação e restaurar as relações amigáveis. A fome e a sede de retidão conduzem à descoberta da verdade, e a verdade aumenta os ideais; e isso gera novos problemas para os indivíduos religiosos, pois os nossos ideais tendem a crescer em uma progressão geométrica, enquanto a nossa capacidade de viver e de estar à altura deles aumenta em uma progressão apenas aritmética.

103:4:3 11333 O sentimento de culpa (não a consciência do pecado), ou vem da comunhão espiritual interrompida ou da queda do nível moral dos vossos ideais. A libertação de tal apuro apenas pode advir da compreensão de que os vossos mais elevados ideais morais não são necessariamente sinônimos da vontade de Deus. O homem não pode esperar viver à altura dos seus ideais mais elevados, mas ele pode ser fiel ao seu propósito de buscar a Deus e de tornar-se mais e mais como Ele.

103:4:4 11334 Jesus removeu todas as cerimônias de sacrifícios e de expiação. Ele destruiu a base de toda a culpa fictícia e o sentido de isolamento no universo, declarando que o homem é um filho de Deus; o relacionamento criatura-Criador foi recolocado na base da relação filho-pai. Deus torna-se um Pai cheio de amor pelos seus filhos e filhas mortais. Todas as cerimônias que não sejam uma parte legítima das relações íntimas dessa família são ab-rogadas para sempre.

103:4:5 11335 Deus, o Pai, lida com o homem, o filho Seu, na base não da virtude nem do mérito factual, mas em reconhecimento da motivação do filho – o propósito, ou a intenção da criatura. O relacionamento é o da associação pai-filho, e é motivado pelo amor divino.

5. A ORIGEM DOS IDEAIS


103:5:1 11336 A mente evolucionária primitiva dá origem ao sentimento do dever social e da obrigação moral, derivados principalmente do medo emocional. O impulso mais positivo de serviço social e o idealismo do altruísmo derivam-se diretamente do impulso do espírito divino residente na mente humana.

103:5:2 11337 Essa idéia-ideal de fazer o bem aos outros – o impulso de negar o ego, de algum modo, para o benefício do próximo – inicialmente é muito circunscrito. O homem primitivo considera como próximo apenas aqueles que estão mesmo muito próximos dele, aqueles que o tratam com boa vizinhança; à medida que a civilização avança, o conceito de semelhante expande-se, até abranger o clã, a tribo, a nação. E então Jesus ampliou a noção de próximo, de modo a abranger o todo da humanidade, chegando, mesmo, ao ponto em que deveríamos amar até mesmo os nossos inimigos. E há alguma coisa dentro de todo ser humano normal que diz a ele que esse ensinamento é moral – o certo. E mesmo aqueles que praticam esse ideal, ainda que apenas minimamente, admitem que ele está certo, em teoria.

103:5:3 11341 Todos os homens reconhecem a moralidade desse impulso universal de ser generoso e altruísta. O humanista atribui a origem desse impulso ao trabalho natural da mente material; o religioso, mais corretamente, reconhece que o impulso verdadeiramente não egoísta da mente mortal existe em resposta às orientações espirituais interiores do Ajustador do Pensamento.

103:5:4 11342 No entanto, a interpretação do homem para esses conflitos primitivos, entre a vontade do ego e a vontade do não-ego, nem sempre é confiável. Apenas uma personalidade suficientemente bem unificada pode arbitrar sobre as disputas multiformes entre os anseios do ego e a consciência social que nasce. O eu tem direitos, do mesmo modo que o próximo os tem. E não tem reivindicações exclusivas da atenção e do serviço do indivíduo. A impotência para resolver esse problema dá origem ao tipo mais primitivo de sentimento humano de culpa.

103:5:5 11343 A felicidade humana é alcançada apenas quando o desejo egoístico do eu e o impulso altruísta do eu mais elevado (o espírito divino) estão coordenados e reconciliados pela vontade unificada da personalidade integradora e supervisora. A mente do homem evolucionário está sempre se confrontando com o problema intrincado que é ser o árbitro na disputa entre a expansão natural dos impulsos emocionais e o crescimento moral dos impulsos não egoístas, baseados no discernimento espiritual – a reflexão religiosa genuína.

103:5:6 11344 A tentativa de assegurar um bem igual ao eu, e ao maior número de outros eus, apresenta um problema que não pode ser resolvido satisfatoriamente sempre em uma estrutura tempo-espacial. Durante uma vida eterna, esses antagonismos podem ser resolvidos, mas em uma curta vida humana, eles ficam sem solução. Jesus referiu-se a esse paradoxo, quando ele disse: “quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por causa do Reino, encontrá-la-á”.

103:5:7 11345 A busca de um ideal – o esforço para ser semelhante a Deus – é uma luta contínua antes e depois da morte. A vida depois da morte não é diferente, no essencial, da existência mortal. Tudo o que nós fazemos nesta vida, que é bom, contribui diretamente para o engrandecimento da vida futura. A religião real não fomenta a indolência moral e a preguiça espiritual, encorajando a esperança vã de ter todas as virtudes de um caráter nobre, conferidas a alguém em resultado da passagem pelos portais da morte natural. A verdadeira religião não deprecia os esforços do homem de progredir durante o contrato da vida mortal. Todo ganho feito pelo mortal é uma contribuição direta para o enriquecimento dos primeiros estágios da experiência de sobrevivência imortal.

103:5:8 11346 É fatal para o idealismo do homem, se lhe for ensinado que todos os seus impulsos altruístas são meramente o desenvolvimento dos seus instintos gregários naturais. Contudo, ele é enobrecido e poderosamente energizado quando aprende que esses impulsos mais elevados da sua alma emanam de forças espirituais que residem na sua mente mortal.

103:5:9 11347 Uma vez que o homem compreende plenamente que dentro dele vive e luta algo que é eterno e divino, isso o eleva para fora de si próprio e além de si próprio. E assim é que uma fé viva na origem supra-humana dos nossos ideais legitima a nossa crença de que somos os filhos de Deus; e torna reais as nossas convicções altruístas, o sentimento da irmandade entre os homens.

103:5:10 11348 O homem, no seu domínio espiritual, tem livre-arbítrio. O homem mortal não é nem o escravo desesperado da soberania inflexível de um Deus Todo-Poderoso, nem a vítima da fatalidade desesperada de um determinismo cósmico mecanicista. O homem é verdadeiramente o arquiteto do seu próprio destino eterno.

103:5:11 11351 O homem, porém, não é salvo nem enobrecido pela coação. O crescimento espiritual brota de dentro da alma em evolução. A pressão pode deformar a personalidade, e nunca estimula o crescimento. Até mesmo a pressão da educação só colabora negativamente, pois só pode ajudar na prevenção de experiências desastrosas. O crescimento espiritual é maior quando todas as pressões externas estão minimizadas. “Onde está o espírito do Senhor, lá está a liberdade”. O homem desenvolve-se melhor quando as pressões em sua casa, comunidade, igreja e estado estão minimizadas. Isso não deve ser tomado, entretanto, como significando que em uma sociedade progressista não haja lugar para o lar, as instituições sociais, a igreja e o estado.

103:5:12 11352 Se um membro de um grupo social religioso acedeu aos requisitos desse grupo, ele deveria ser encorajado a gozar de liberdades religiosas na expressão plena da sua própria interpretação pessoal das verdades da crença religiosa e dos fatos da experiência religiosa. A segurança de um grupo religioso depende da unidade espiritual, não da uniformidade teológica. Um grupo religioso deveria ser capaz de gozar da liberdade de pensar livremente, sem que todos se convertam em “livres-pensadores”. Há uma grande esperança para qualquer igreja que cultue o Deus vivo, que torne válida a irmandade do homem e que ouse retirar de cima dos seus membros toda a pressão dos credos.

6. A COORDENAÇÃO FILOSÓFICA


103:6:1 11353 A teologia é o estudo das ações e reações do espírito humano; ela não pode jamais se tornar uma ciência, porque deve sempre ser mais ou menos combinada com a psicologia, na sua expressão pessoal, e com a filosofia, na sua descrição sistemática. A teologia é sempre um estudo da vossa religião; o estudo da religião de outrem é a psicologia.

103:6:2 11354 Quando o homem aborda o estudo e o exame do seu universo, pelo lado de fora, ele traz à existência as várias ciências físicas; quando ele aborda a pesquisa dele próprio e do universo, do seu interior, ele dá origem à teologia e à metafísica. A arte mais recente da filosofia desdobra-se em um esforço de harmonizar as muitas discrepâncias que estão destinadas a aparecer, a princípio, entre as descobertas e os ensinamentos dessas duas vias diametralmente opostas de abordagem das coisas e seres do universo.

103:6:3 11355 A religião tem a ver com o ponto de vista espiritual, a consciência do lado interno da experiência humana. A natureza espiritual do homem proporciona-lhe a oportunidade de virar o universo de fora para dentro. E, conseqüentemente, é verdade que, vista exclusivamente do lado interno da experiência da personalidade, toda a criação parece ser espiritual na sua natureza.

103:6:4 11356 Quando o homem inspeciona analiticamente o universo, por meio dos dons materiais dos seus sentidos físicos e da percepção mental a eles associada, o cosmo parece ser mecânico e composto de energias materiais. Tal técnica de estudar a realidade consiste em virar o universo de dentro para fora.

103:6:5 11357 Um conceito filosoficamente lógico e consistente do universo não pode ser elaborado sobre os postulados, quer sejam do materialismo quer sejam do espiritualismo; pois esses dois sistemas de pensamento, quando aplicados universalmente, são ambos compelidos a ver o cosmo com distorção; o primeiro, contatando um universo virado de dentro para fora, e o último, compreendendo a natureza de um universo virado de fora para dentro. Nunca, então, nem a ciência nem a religião, em si e por si próprias, permanecendo sozinhas, podem esperar conquistar uma compreensão adequada das verdades universais e das relações, sem a orientação da filosofia humana e sem a iluminação da revelação divina.

103:6:6 11361 O espírito interior do homem dependerá sempre, para a sua expressão e auto-realização, do mecanismo e da técnica da mente. Do mesmo modo, a experiência externa do homem com a realidade material, deve basear-se na consciência mental da personalidade que está experienciando. Portanto, as experiências humanas, a espiritual e a material, a interior e a exterior, estão sempre correlacionadas com a função da mente, e condicionadas, quanto à sua realização consciente, pela atividade da mente. O homem experimenta a matéria na sua mente; ele experiencia a realidade espiritual na alma, mas torna-se consciente dessa experiência na sua mente. O intelecto é o harmonizador, é o condicionador e o qualificador, sempre presentes, da soma total da experiência mortal. Ambos, as coisas da energia e os valores do espírito, quando passam ao âmbito da consciência mental, por meio da interpretação, são coloridos por esta.

103:6:7 11362 A vossa dificuldade de chegar a uma coordenação mais harmoniosa entre a ciência e a religião provém da vossa completa ignorância sobre o domínio intermediário moroncial, de coisas e de seres. O universo local consiste de três graus, ou estágios, de manifestação da realidade: o da matéria, o da morôncia e o do espírito. O ângulo moroncial de abordagem suprime todas as divergências entre as descobertas das ciências físicas e o funcionamento do espírito da religião. A razão é a técnica de entendimento das ciências; a fé, a técnica do discernimento interior aplicado à religião; a mota é a técnica do nível moroncial. A mota é uma sensibilidade à realidade supramaterial que está começando a compensar o crescimento que não se completou, tendo por substância o conhecimento-razão e por essência o discernimento clarividente da fé. A mota é uma reconciliação suprafilosófica das percepções divergentes da realidade que não é alcançável pelas personalidades materiais; ela é baseada, em parte, na experiência de haver sobrevivido à vida material na carne. No entanto, muitos mortais têm reconhecido quão desejável é ter algum método para reconciliar a interação entre os domínios vastamente separados da ciência e da religião; e a metafísica é o resultado da tentativa infrutífera do homem de ligar esse hiato bem conhecido. E a metafísica humana trouxe mais confusão do que iluminação. A metafísica equivale ao esforço bem-intencionado, mas fútil, de compensar a ausência da mota moroncial.

103:6:8 11363 A metafísica tem-se revelado como sendo um fracasso; a mota, o homem não a pode perceber. A revelação é a única técnica que pode, em um mundo material, compensar pela ausência da verdadeira sensibilidade da mota. A revelação esclarece, com toda a autoridade, a desordem da metafísica desenvolvida pela razão em uma esfera evolucionária.

103:6:9 11364 A ciência é a tentativa do homem de estudar o seu meio ambiente físico, o mundo da energia-matéria; a religião é a experiência do homem, no cosmo, com os valores do espírito; a filosofia tem sido desenvolvida pelo esforço da mente humana de organizar e correlacionar as descobertas desses conceitos bastante separados em uma atitude razoável e unificada para com o cosmo. A filosofia, elucidada pela revelação, funciona aceitavelmente na ausência da mota e na presença do desarranjo e do fracasso do raciocínio humano substituto da mota – a metafísica.

103:6:10 11365 O homem primitivo não diferenciava entre os níveis da energia e os níveis do espírito. A raça violeta e os seus sucessores anditas é que tentaram, pela primeira vez, separar os fatores matemáticos dos volicionais. E o homem civilizado cada vez mais seguiu os passos dos sumérios e dos primeiros gregos que distinguiram entre o inanimado e o animado. E, à medida que a civilização faz progressos, a filosofia terá que interligar os abismos, que se ampliam, entre o conceito de espírito e o conceito de energia. Contudo, no tempo do espaço, essas divergências são unificadas no Supremo.

103:6:11 11371 A ciência deve estar sempre fundamentada na razão, embora a imaginação e a conjectura colaborem na ampliação das suas fronteiras. A religião é, para sempre, dependente da fé, embora a razão seja uma influência estabilizadora e uma criada útil. E sempre tem havido, como sempre haverá, interpretações enganosas dos fenômenos, tanto do mundo natural, quanto do espiritual, da parte das ciências e das religiões, assim falsamente denominadas.

103:6:12 11372 Partindo do seu alcance incompleto na ciência, do apoio débil que tem na religião, e das suas tentativas abortadas de fazer metafísica, o homem tem intentado construir as suas formulações da filosofia. E o homem moderno, de fato, construiria uma filosofia atraente e que valesse a pena, para si próprio e para o seu universo, não fora pelo colapso da sua todo-importante e indispensável conexão metafísica entre os mundos da matéria e do espírito; não fora o fracasso que a metafísica experimentou ao tentar criar uma ponte para ligar o abismo moroncial existente entre o físico e o espiritual. Falta ao homem mortal o conceito da mente moroncial e da matéria moroncial; e a revelação é a única técnica que compensa essa deficiência de dados conceituais de que o homem necessita, tão urgentemente, para construir uma filosofia lógica do universo e para chegar a uma compreensão satisfatória de que o seu lugar está seguro, certo e estabelecido nesse mesmo universo.

103:6:13 11373 A revelação é a única esperança que o homem evolucionário tem de vencer o abismo moroncial. A fé e a razão, não ajudadas pela mota, não podem conceber e construir um universo lógico. Sem a clarividência da mota, o homem mortal não pode discernir bondade, amor e verdade nos fenômenos do mundo material.

103:6:14 11374 Quando a filosofia do homem pesa, pendendo para o mundo da matéria, ela torna-se racionalista ou naturalista. Quando a filosofia inclina-se especialmente para o nível espiritual, ela torna-se idealista ou até mística. Quando a filosofia cai na infelicidade de apoiar-se na metafísica, ela torna-se infalivelmente cética e confusa. Nas idades passadas, a maioria dos conhecimentos e avaliações intelectuais do homem caiu em uma dessas três distorções de percepção. A filosofia não ousa projetar as suas interpretações da realidade à moda linear da lógica; é preciso que ela tenha sempre em conta a simetria elíptica da realidade e a curvatura essencial da relação entre todos os conceitos.

103:6:15 11375 A mais elevada das filosofias alcançáveis pelo homem mortal deve basear-se logicamente na razão da ciência, na fé da religião e no discernimento da verdade, propiciado pela revelação. Por meio dessa união, o homem pode compensar um pouco da sua impotência para desenvolver uma metafísica adequada e um pouco da sua incapacidade de compreender a mota da morôncia.

7. CIÊNCIA E RELIGIÃO


103:7:1 11376 A ciência é sustentada pela razão, a religião pela fé. Embora não se baseie na razão, a fé é razoável; e, mesmo sendo independente da lógica, contudo, ela é encorajada pela prudência sadia dessa lógica. A fé não pode ser nutrida nem mesmo por uma filosofia ideal; de fato, ela é, junto com a ciência, a fonte mesma dessa filosofia. A fé, o discernimento religioso humano, pode certamente ser instruída apenas pela revelação; e pode certamente ser elevada apenas pela experiência mortal pessoal, com a presença espiritual do Ajustador de Deus, do Deus que é espírito.

103:7:2 11377 A verdadeira salvação é a técnica da evolução divina da mente mortal escapando da identificação com a matéria, por intermédio dos reinos da ligação moroncial ao status elevado de correlação espiritual no universo. E, do mesmo modo que o instinto material da intuição precede ao surgimento do conhecimento, pelo raciocínio na evolução terrestre, também, no superno programa da evolução celeste, a manifestação do discernimento espiritual intuitivo pressagia o aparecimento futuro da razão e da experiência moroncial e, em seguida, espiritual; trabalho este que é feito pela transmutação dos potenciais do homem temporal na factualidade e na divindade do homem, o eterno, um finalitor do Paraíso.

103:7:3 11381 Contudo, à medida que o homem ascendente avança para o interior e na direção do Paraíso, para a experiência de Deus, ele estará, do mesmo modo, avançando para fora e na direção do espaço, na busca de uma compreensão, em termos de energia, do cosmo material. O progresso da ciência não está limitado à vida terrestre do homem; a sua experiência de ascensão no universo e no superuniverso será, em um grau elevado, o estudo da transmutação da energia e da metamorfose material. Deus é espírito, mas a Deidade é unidade, e a unidade da Deidade não apenas abraça os valores espirituais do Pai Universal e do Filho Eterno, pois é também conhecedora dos fatos sobre a energia do Controlador Universal e da Ilha do Paraíso. Ao mesmo tempo, essas duas últimas fases da realidade universal estão perfeitamente correlacionadas nas relações de mente do Agente Conjunto, e também unificadas no nível finito na Deidade emergente do Ser Supremo.

103:7:4 11382 A união da atitude científica e do discernimento religioso, pela intermediação da filosofia experiencial, é parte da longa experiência de ascensão do homem ao Paraíso. As aproximações da matemática e as certezas que vêm do discernimento interior sempre requerem a função harmonizadora da lógica da mente em todos os níveis da experiência anteriores ao da realização máxima do Supremo.

103:7:5 11383 No entanto, a lógica nunca pode ter êxito em harmonizar as descobertas da ciência com os achados do discernimento da religião, a menos que tanto o aspecto científico quanto o religioso de uma personalidade estejam comandados pela verdade, sinceramente desejosos de seguirem a verdade aonde quer que ela possa conduzir, independentemente das conclusões que possam advir.

103:7:6 11384 A lógica é a técnica da filosofia, o seu método de expressão. Dentro do domínio da verdadeira ciência, a razão é sempre acessível à lógica genuína; dentro do domínio da verdadeira religião, a fé é sempre lógica, se se tomar como base um ponto de vista interior, mesmo que tal fé possa parecer totalmente infundada, do ponto de vista de fora para dentro da abordagem científica. Do exterior, olhando para o interior, o universo pode parecer material; do interior, olhando para o exterior, o mesmo universo parece ser totalmente espiritual. A razão surge da consciência material, a fé, da consciência espiritual, no entanto, pela intermediação de uma filosofia fortalecida pela revelação, a lógica pode confirmar tanto a visão interior quanto a visão exterior, efetivando, assim, a estabilização não apenas da ciência como da religião. Assim, por intermédio do contato comum com a lógica da filosofia, a ciência e a religião podem ambas vir a ser tolerantes uma com a outra, de um modo cada vez menos cético.

103:7:7 11385 A ciência e a religião em desenvolvimento necessitam, ambas, de uma autocrítica mais penetrante e destemida, de uma consciência maior de estarem incompletas nesse momento e estado da sua evolução. Os educadores, tanto da ciência quanto da religião, freqüentemente ficam autoconfiantes e dogmáticos em excesso. A ciência e a religião podem apenas ser autocríticas sobre os seus fatos. O momento de partida é real a partir do estágio dos fatos, a razão abdica-se ou, então, degenerar-se-á rapidamente em uma parceira da lógica falsa.

103:7:8 11386 A verdade – uma compreensão das relações cósmicas, dos fatos do universo e dos valores espirituais – pode ser mais bem obtida por intermédio da ministração do Espírito da Verdade e ser mais bem criticada pela revelação. A revelação, porém, não dá origem nem a uma ciência, nem a uma religião; a sua função é coordenar a ambas, à ciência e à religião, com a verdade da realidade. Na ausência da revelação, ou quando o homem mortal não a aceita ou não a compreende, ele tem sempre recorrido ao gesto fútil da sua metafísica, sendo esta a substituta humana única da revelação da verdade ou da mota da personalidade moroncial.

103:7:9 11391 A ciência do mundo material capacita o homem a controlar e a dominar, dentro de limites, o seu meio ambiente físico. A religião e a sua experiência espiritual é a fonte do impulso da fraternidade que possibilita ao homem viver em conjunto, em meio às complexidades da civilização de uma idade científica. A metafísica, mas muito mais seguramente a revelação, proporciona um terreno comum de confluência para as descobertas tanto da ciência quanto da religião, e torna possível a tentativa humana de correlacionar logicamente esses domínios separados, porém, interdependentes, do pensamento, em uma filosofia bem equilibrada de estabilidade científica e de certeza religiosa.

103:7:10 11392 Durante o estado mortal, nada pode ser provado de um modo absoluto; tanto a ciência quanto a religião são pregadas com base em conjecturas. No nível moroncial, os postulados da ciência, bem como os da religião, são capazes de comprovação parcial, por intermédio da lógica da mota. No nível espiritual de status máximo, a necessidade de provas finitas gradualmente dissipa-se diante da experiência factual da realidade e com a realidade; mas, mesmo então, muito há para além do finito que continua sem comprovação.

103:7:11 11393 Todas as divisões do pensamento humano são baseadas em alguns pressupostos que são aceitos, ainda que sem comprovação, pela sensibilidade que constitui a realidade da dotação da mente do homem. A ciência começa na sua carreira de raciocínios, tão cheios de vanglórias, pressupondo a realidade de três coisas: a matéria, o movimento e a vida. A religião parte do pressuposto que é o da validade de três coisas: a mente, o espírito e o universo — o Ser Supremo.

103:7:12 11394 A ciência transforma-se no domínio do pensamento das matemáticas, da energia e da matéria, no tempo e no espaço. A religião assume lidar não apenas com o espírito finito e temporal, mas também com o espírito, na eternidade e na supremacia. Apenas por intermédio de uma experiência longa na mota é que esses dois extremos de percepção do universo podem ser levados a produzir interpretações análogas das origens, funções, relações, realidades e destinos. A harmonização máxima da divergência entre energia e espírito dá-se com a entrada no circuito dos Sete Espíritos Mestres; e a primeira unificação, a partir daí, dá-se na Deidade do Supremo; a unidade de finalidade que vem a seguir, então, dá-se na infinitude da Primeira Fonte e Centro, o EU SOU.

103:7:13 11395 A razão é o ato de reconhecimento das conclusões da consciência, em relação à experiência com e no mundo físico da energia e da matéria. A fé é o ato de reconhecimento da validade da consciência espiritual – algo que não é susceptível de outra comprovação para os mortais. A lógica é a progressão sintética da busca da verdade na unidade da fé e da razão e é fundamentada nas dotações de mente inerentes aos seres mortais, o reconhecimento inato das coisas, significados e valores.

103:7:14 11396 Há uma prova factual da realidade espiritual, na presença do Ajustador do Pensamento, mas a validade dessa presença não é demonstrável para o mundo externo, apenas o é para aquele que tem essa experiência da presença da residência de Deus. A consciência da presença do Ajustador é baseada na recepção intelectual da verdade, na percepção supramental da bondade e na motivação da personalidade para amar.

103:7:15 11397 A ciência descobre o mundo material, a religião faz uma estimativa do seu valor e a filosofia tenta interpretar os seus significados, ao coordenar o ponto de vista científico material com o do conceito religioso espiritual. A história, entretanto, é um domínio dentro do qual a ciência e a religião podem nunca estar concordando totalmente.

8. FILOSOFIA E RELIGIÃO


103:8:1 11401 Embora a ciência e a filosofia possam ambas assumir a probabilidade de Deus existir, por meio da lógica e da razão próprias delas, apenas a experiência religiosa pessoal de um homem, ao ser conduzido pelo espírito, pode afirmar a certeza dessa Deidade suprema e pessoal. Pela técnica dessa encarnação da verdade viva, a hipótese filosófica da probabilidade de Deus transforma-se em uma factualidade religiosa.

103:8:2 11402 A confusão acerca da experiência com a certeza de Deus nasce das interpretações e das relações discordantes entre as experiências provenientes de indivíduos isolados e de raças diferentes de homens. A experiência de Deus pode ser integralmente válida, mas os discursos sobre Deus são intelectuais e filosóficos, e por isso podem ser divergentes e, muitas vezes, confusamente falaciosos.

103:8:3 11403 Um homem bom e nobre pode amar de um modo consumado à sua esposa, mas pode ser totalmente incapaz de passar satisfatoriamente em um exame escrito sobre a psicologia do amor marital. Outro homem, tendo pouco ou nenhum amor pela sua esposa, poderia passar nesse exame de um modo bastante aceitável. A imperfeição do discernimento daquele que ama sobre a verdadeira natureza do ser amado em nada invalida, seja a realidade, seja a sinceridade do seu amor.

103:8:4 11404 Se vós realmente acreditais em Deus – se o amais e se o conheceis pela fé –, não permitais que a realidade dessa experiência seja, de nenhum modo, depreciada ou prejudicada pelas insinuações de dúvida vindas da ciência, da objeção capciosa da lógica, dos postulados da filosofia, ou das sugestões espertas de almas que, ainda que bem-intencionadas, querem criar uma religião sem Deus.

103:8:5 11405 A certeza que tem o religioso conhecedor de Deus não deveria ser perturbada pela incerteza do materialista em dúvida; antes, a fé profunda e a certeza inabalável nas experiências do crente é que deviam lançar um profundo desafio à incerteza dos descrentes.

103:8:6 11406 A filosofia, querendo prestar um serviço maior tanto à ciência quanto à religião, deveria evitar tanto os extremos do materialismo quanto os do panteísmo. Apenas uma filosofia que reconhece a realidade da personalidade – a permanência, em presença da mudança – pode ser de valor moral para o homem, pode servir como ligação entre as teorias da ciência material e da religião espiritual. A revelação é uma compensação para as fragilidades da filosofia em evolução.

9. A ESSÊNCIA DA RELIGIÃO


103:9:1 11407 A teologia lida com o conteúdo intelectual da religião; a metafísica (e a revelação) com os seus aspectos filosóficos. A experiência religiosa é o conteúdo espiritual da religião. Não obstante os caprichos mitológicos e as ilusões psicológicas do conteúdo intelectual da religião, os pressupostos metafísicos de erro e as técnicas de auto-enganação, as distorções políticas e as perversões socioeconômicas do conteúdo filosófico da religião, a experiência espiritual da religião pessoal permanece genuína e válida.

103:9:2 11408 A religião tem a ver com o sentimento, com a ação e a vivência, não meramente com o pensamento. O pensar é relacionado mais de perto com a vida material e deveria estar, principalmente, mas não totalmente, dominado pela razão e pelos fatos da ciência e, nos seus alcances não materiais, até os reinos do espírito, pela verdade. Não importa quão ilusória e errônea seja a teologia de alguém, a sua religião pode ser totalmente genuína e verdadeira para sempre.

103:9:3 11411 O budismo, na sua forma original, é uma das melhores religiões sem um Deus, entre as que já surgiram em toda a história evolucionária de Urântia, embora, ao se desenvolver, essa fé não tenha permanecido sem deus. A religião sem fé é uma contradição; sem deus, é uma inconsistência filosófica e um absurdo intelectual.

103:9:4 11412 A paternidade mágica e mitológica da religião natural não invalida a realidade e a verdade das religiões reveladoras posteriores, nem o consumado evangelho da salvação da religião de Jesus. A vida e os ensinamentos de Jesus finalmente livraram a religião das superstições da magia, das ilusões da mitologia e da prisão do dogmatismo da tradição. Contudo, a magia e a mitologia primitivas prepararam, muito efetivamente, o caminho para a religião superior subseqüente, assumindo a existência e a realidade dos valores e dos seres supramateriais.

103:9:5 11413 Embora a experiência religiosa seja um fenômeno subjetivo puramente espiritual, essa experiência abrange uma atitude positiva e vivencial de fé para com os reinos mais elevados da realidade objetiva do universo. O ideal da filosofia religiosa é essa fé-confiança que leva o homem irrestritamente a depender do amor absoluto do Pai infinito do universo dos universos. Tal experiência religiosa genuína em muito transcende à objetivação filosófica do desejo idealista; de fato, ela toma a salvação como garantida e preocupa-se apenas em aprender a cumprir a vontade do Pai do Paraíso. Os sinais dessa religião são: a fé em uma Deidade suprema, a esperança na sobrevivência eterna, e o amor, especialmente o dos semelhantes.

103:9:6 11414 Quando a teologia tem a religião sob mestria, a religião morre; torna-se uma doutrina, em vez de uma coisa viva. A missão da teologia é meramente facilitar a autoconsciência da experiência espiritual pessoal. A teologia constitui o esforço religioso para definir, elucidar, expor e justificar as proposições experienciais da religião, que, em última análise, apenas podem ser validadas pela fé viva. Na filosofia mais elevada do universo, a sabedoria, como a razão, torna-se uma aliada da fé. A razão, a sabedoria e a fé são as realizações mais elevadas do homem. A razão introduz o homem no mundo dos fatos, das coisas; a sabedoria o introduz no mundo da verdade, das relações; a fé inicia-o em um mundo de divindade, de experiência espiritual.

103:9:7 11415 A fé leva voluntariamente a razão tão longe quanto a razão pode ir e continua com a sabedoria até o limite filosófico pleno; e então ela ousa lançar-se na viagem interminável e sem limites do universo, na companhia apenas da VERDADE.

103:9:8 11416 A ciência (o conhecimento) funda-se na suposição inerente (do espírito ajudante) de que a razão seja válida, de que o universo pode ser compreendido. A filosofia (a compreensão coordenada) funda-se na suposição inerente (do espírito da sabedoria) de que a sabedoria seja válida, de que o universo material possa ser coordenado ao espiritual. A religião (a verdade da experiência espiritual pessoal) funda-se na suposição inerente (do Ajustador do Pensamento) de que a fé seja válida, de que Deus pode ser conhecido e alcançado.

103:9:9 11417 A realização plena da realidade da vida mortal consiste em uma vontade progressiva de acreditar nessas suposições da razão, da sabedoria e da fé. Tal vida é motivada pela verdade e dominada pelo amor; e esses são os ideais da realidade cósmica objetiva, cuja existência não pode ser materialmente demonstrada.

103:9:10 11421 Uma vez que a razão reconhece o certo e o errado, ela demonstra sabedoria; quando a sabedoria escolhe entre o certo e o errado, entre a verdade e o erro, ela evidencia haver sido conduzida pelo espírito. E, assim, são as funções da mente, da alma e do espírito, sempre unidas intimamente e interassociadas funcionalmente. A razão lida com o conhecimento factual; a sabedoria, com a filosofia e com a revelação; a fé, com a experiência espiritual viva. Por intermédio da verdade, o homem alcança a beleza; pelo amor espiritual, ascende à bondade.

103:9:11 11422 A fé conduz ao conhecimento de Deus, não meramente a um sentimento místico da presença divina. A fé não deve ser excessivamente influenciada pelas suas conseqüências emocionais. É bem verdade que a religião é uma experiência de crer e conhecer, tanto quanto uma satisfação do sentir.

103:9:12 11423 Há uma realidade na experiência religiosa que é proporcional ao seu conteúdo espiritual, e tal realidade transcende à razão, à ciência, à filosofia, à sabedoria e a todas as outras realizações humanas. As convicções de tal experiência são incontestáveis; a lógica da vivência religiosa é incontroversa; a certeza desse conhecimento é supra-humana; as satisfações que advêm são magnificamente divinas; a coragem, indomável; as devoções, inquestionáveis; as lealdades, supremas; e os destinos são finais – eternos, últimos e universais.

103:9:13 11424 [Apresentado por um Melquisedeque de Nebadon.]

DOCUMENTO 104

O CRESCIMENTO DO CONCEITO DA TRINDADE
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O conceito da Trindade, na religião revelada, não deve ser confundido com as crenças nas tríades das religiões evolucionárias. As idéias das tríades surgiram de várias relações sugestivas, mas principalmente por causa das três articulações dos dedos, porque três é o número mínimo de pernas que fazem um banquinho ficar de pé, porque três pontos de suporte podem manter uma tenda de pé; e, além disso, o homem primitivo, durante um longo tempo. não conseguia contar acima de três.

104:0:2 11432 À parte certos pares naturais, tais como passado e presente, dia e noite, quente e frio, e masculino e feminino, o homem geralmente tende a pensar em tríades: ontem, hoje e amanhã; alvorecer, meio-dia e entardecer; pai, mãe, e filho. Três salvas são dadas à vitória. Os mortos são enterrados ao terceiro dia, e o fantasma era aplacado com três abluções de água.

104:0:3 11433 Como conseqüência dessas associações naturais na experiência humana, a tríade fez a sua aparição na religião e, isso, muito antes que a Trindade das Deidades do Paraíso tivesse sido revelada à humanidade, ou a qualquer dos seus representantes. Mais adiante, os persas, hindus, gregos, egípcios, babilônios, romanos e escandinavos, todos tinham deuses em tríades, mas ainda não eram as verdadeiras trindades. As deidades em tríades, todas, tinham uma origem natural e surgiram em uma época ou em outra, em meio à maior parte dos povos inteligentes de Urântia. Algumas vezes, o conceito de uma tríade evolucionária confundiu-se com aquele da Trindade revelada; nesses casos, é muitas vezes impossível distinguir uma da outra.

1. OS CONCEITOS URANTIANOS DA TRINDADE


104:1:1 11434 A primeira revelação urantiana que conduziu à compreensão da Trindade do Paraíso foi feita pelos assessores do Príncipe Caligástia, há cerca de meio milhão de anos. Esse primeiro conceito da Trindade ficou perdido para o mundo, nos tempos incertos que se seguiram à rebelião planetária.

104:1:2 11435 A segunda apresentação da Trindade foi feita por Adão e Eva, no primeiro e no segundo jardins. Esses ensinamentos não haviam sido totalmente obliterados, nem mesmo na época de Maquiventa Melquisedeque, cerca de trinta e cinco mil anos mais tarde, pois o conceito da Trindade, vindo dos setitas, perdurou tanto na Mesopotâmia quanto no Egito; mas mais especialmente na Índia, onde foi há muito perpetuado em Agni, o deus védico tricéfalo do fogo.

104:1:3 11436 A terceira apresentação da Trindade foi feita por Maquiventa Melquisedeque, e a sua doutrina foi simbolizada pelos três círculos concêntricos que o sábio de Salém usava na medalha em seu peito. Contudo, Maquiventa achava muito difícil ensinar aos beduínos da Palestina sobre o Pai Universal, o Filho Eterno e o Espírito Infinito. A maioria dos seus discípulos julgava que a Trindade consistia dos três Altíssimos de Norlatiadeque; uns poucos concebiam a Trindade como o Soberano do Sistema, o Pai da Constelação e a Deidade Criadora do universo local; e um número, menor ainda, captava remotamente a idéia da associação, no Paraíso, do Pai, do Filho e do Espírito.

104:1:4 11441 Graças às atividades dos missionários de Salém, os ensinamentos de Melquisedeque sobre a Trindade gradualmente espalharam-se por grande parte da Eurásia e pela África do Norte. Muitas vezes é difícil distinguir entre as tríades e as trindades, na idade andita mais recente, e nas idades pós-Melquisedeque, quando ambos os conceitos, em uma certa medida, intermisturaram-se e fundiram-se.

104:1:5 11442 Entre os indianos, o conceito trinitário criou raiz como o Ser, a Inteligência e a Alegria. (Uma concepção indiana mais recente foi Brahma, Siva, e Vishnu. ) Enquanto as primeiras descrições da Trindade foram trazidas para a Índia pelos sacerdotes setitas, as idéias mais recentes da Trindade foram importadas pelos missionários de Salém, e foram desenvolvidas pelos intelectos nativos da Índia por meio de uma composição dessas doutrinas com as concepções evolucionárias das tríades.

104:1:6 11443 A fé budista desenvolveu duas doutrinas de natureza trinitária: a mais primitiva foi Mestre, Lei e Fraternidade; esta foi a apresentação feita por Gautama Sidarta. A idéia posterior, desenvolvida entre os seguidores do ramo nortista de Buda, abrangia o Senhor Supremo, o Espírito Santo e o Salvador Encarnado.

104:1:7 11444 E essas idéias dos indianos e dos budistas eram postulados realmente trinitários, isto é, a idéia de uma manifestação tríplice de um Deus monoteísta. Uma verdadeira concepção trinitária não é apenas um agrupamento de três deuses separados.

104:1:8 11445 Das tradições quenitas vindas dos dias de Melquisedeque, os hebreus souberam sobre a Trindade, mas o seu ardor monoteísta por Javé, como o Deus único, eclipsou todos esses ensinamentos de um tal modo que, por volta da época do aparecimento de Jesus, a doutrina do Eloim havia sido praticamente erradicada da teologia judaica. A mente hebraica não podia conciliar o conceito trinitário com a crença monoteísta em um Senhor único, o Deus de Israel.

104:1:9 11446 Os seguidores da fé islâmica do mesmo modo não captaram a idéia da Trindade. É sempre difícil para um monoteísmo emergente, que ainda faz oposição ao politeísmo, tolerar o trinitarismo. A idéia da trindade implanta-se melhor naquelas religiões que têm uma tradição monoteísta firme, combinada à elasticidade de doutrina. Os grandes monoteístas, os hebreus e maometanos, acharam difícil diferençar entre o trinitarismo e o politeísmo, entre adorar três deuses e a adoração de uma Deidade que existe em uma manifestação trina de divindade e de personalidade.

104:1:10 11447 Jesus ensinou aos seus apóstolos a verdade a respeito das pessoas da Trindade do Paraíso, mas eles pensaram que ele falava figurativa e simbolicamente. Havendo sido educados no monoteísmo hebraico, eles acharam difícil nutrir qualquer crença que parecesse entrar em conflito com o conceito dominante que eles tinham de Yavé. E os primeiros cristãos herdaram o preconceito hebraico contra o conceito da Trindade.

104:1:11 11448 A primeira Trindade do cristianismo foi proclamada na Antióquia e consistia de Deus, a sua Palavra e a sua Sabedoria. Paulo sabia da Trindade do Paraíso de Pai, Filho e Espírito, mas ele raramente pregava sobre ela e fez menção à Trindade apenas em umas poucas das suas cartas às igrejas que eram de formação recente. Mesmo então, como o fizeram os seus irmãos apóstolos, Paulo confundiu Jesus, o Filho Criador do universo local, com a Segunda Pessoa da Deidade, o Filho Eterno do Paraíso.

104:1:12 11449 O conceito cristão da Trindade, que começou a ganhar reconhecimento perto do fim do primeiro século depois de Cristo, compreendia o Pai Universal, o Filho Criador de Nebadon, e a Ministra Divina de Salvington – o Espírito Materno do universo local e a consorte criativa do Filho Criador.

104:1:13 11451 A identidade real da Trindade do Paraíso não ficou conhecida em Urântia, nem mesmo desde os tempos de Jesus (exceto por uns poucos indivíduos a quem ela foi especialmente revelada) até a sua apresentação nestes documentos de abertura reveladora. No entanto, embora o conceito cristão da Trindade haja sido de fato errado, ele era praticamente verdadeiro com respeito às relações espirituais. Apenas pelas suas implicações filosóficas e nas suas conseqüências cosmológicas, esse conceito gerava embaraços: havia sido difícil para muitos daqueles que possuen a mente cósmica acreditar que a Segunda Pessoa da Deidade, o segundo membro de uma Trindade infinita, haja certa vez residido em Urântia; e conquanto isso seja verdade em espírito, factualmente não é real. Os Michaéis Criadores incorporam plenamente a divindade do Filho Eterno, mas eles não são a personalidade absoluta.

2. A UNIDADE DA TRINDADE E A PLURALIDADE DA DEIDADE


104:2:1 11452 O monoteísmo surgiu como um protesto filosófico contra a inconsistência do politeísmo. Ele desenvolveu-se, primeiro, por intermédio de organizações tipo panteão, com a departamentalização das atividades supranaturais, e, em seguida, por meio da exaltação henoteísta de um deus acima dos muitos e, finalmente, por meio da exclusão de todos, exceto do Deus único de valor final.

104:2:2 11453 O trinitarismo cresceu do protesto experiencial contra a impossibilidade de conceber a unicidade de uma Deidade desantropomorfizada solitária de significância não relacionada ao universo. Passado um período suficiente de tempo, a filosofia tende a abstrair-se das qualidades pessoais no conceito de Deidade do monoteísmo puro, reduzindo, assim, essa idéia à de um Deus não relacionado ao status de um Absoluto panteísta. Foi sempre difícil entender a natureza pessoal de um Deus que não tem relações pessoais em igualdade com outros seres coordenados e pessoais. A personalidade na Deidade exige que tal Deidade exista em relação a outra Deidade igual e pessoal.

104:2:3 11454 Por intermédio do reconhecimento do conceito da Trindade, a mente do homem pode esperar captar alguma coisa das inter-relações de amor e de lei nas criações do tempo e do espaço. Por meio da fé espiritual, o homem adquire a clarividência sobre o amor de Deus, mas descobre logo que essa fé espiritual não tem nenhuma influência nas leis ordenadas do universo material. Independentemente da firmeza da crença do homem em Deus como o seu Pai no Paraíso, os horizontes cósmicos em expansão requerem que ele também dê reconhecimento à realidade da Deidade do Paraíso como uma lei universal, que ele reconheça a soberania da Trindade como se estendendo até fora do Paraíso e abrangendo até mesmo os universos locais em evolução dos Filhos Criadores e das Filhas Criativas das três pessoas eternas, cuja união de deidade é o fato e a realidade e a indivisibilidade eterna da Trindade do Paraíso.

104:2:4 11455 E essa mesma Trindade do Paraíso é uma entidade real – não uma personalidade, mas uma realidade verdadeira e absoluta. Contudo, mesmo sem ser uma personalidade, é compatível com as personalidades coexistentes – as personalidades do Pai, do Filho e do Espírito. A Trindade é uma realidade de Deidade que é uma supersomatória, factualizando-se da conjunção das três Deidades do Paraíso. As qualidades, as características e as funções da Trindade não são a simples soma dos atributos das três Deidades do Paraíso; as funções da Trindade são, de um certo modo, únicas, originais e não totalmente previsíveis a partir de uma análise dos atributos do Pai, do Filho e do Espírito.

104:2:5 11461 Por exemplo: O Mestre, quando na Terra, preveniu aos seus seguidores que a justiça nunca é um ato pessoal; é sempre uma função grupal. E que nem os Deuses, como pessoas, administram a justiça. Contudo, eles exercem essa mesma função como um todo coletivo, na Trindade do Paraíso.

104:2:6 11462 Captar o conceito da associação na Trindade de Pai, Filho e Espírito prepara a mente humana para a apresentação posterior de algumas outras relações tríplices. A razão teológica pode satisfazer-se plenamente com o conceito da Trindade do Paraíso; mas as razões filosófica e cosmológica requerem o reconhecimento de outras associações trinas da Primeira Fonte e Centro, daquelas triunidades nas quais as funções Infinitas estão em várias capacidades não-Pai de manifestação universal – as relações do Deus da força, energia, poder, causação, reação, potencialidade, factualização, gravidade, tensão, arquétipo, princípio e unidade.

3. TRINDADES E TRIUNIDADES


104:3:1 11463 Se bem que, algumas vezes, a humanidade haja alcançado uma compreensão da Trindade das três pessoas da Deidade, a coerência exige que o intelecto humano perceba que há algumas relações entre todos os sete Absolutos. Entretanto, nem tudo que é verdadeiro sobre a Trindade do Paraíso é necessariamente verdadeiro sobre uma triunidade, pois uma triunidade é algo diferente de uma trindade. Sob certos aspectos funcionais, uma triunidade pode ser análoga a uma trindade, mas não é nunca homóloga à natureza de uma trindade.

104:3:2 11464 Em Urântia o homem mortal está passando por uma grande idade de expansão de horizontes e de ampliação de conceitos, e a sua filosofia cósmica deve acelerar a sua evolução para acompanhar a expansão na arena intelectual do pensamento humano. À medida que a consciência cósmica do homem mortal expande-se, este percebe o inter-relacionamento entre tudo o que ele encontra por meio da ciência material, da filosofia intelectual e do discernimento espiritual interior. Ainda, com toda essa crença na unidade do cosmo, o homem percebe a diversidade entre todas as existências. A despeito de todos os conceitos sobre a imutabilidade da Deidade, o homem percebe que vive num universo de constante mudança e crescimento experiencial. Independentemente da compreensão dos valores de sobrevivência espiritual, o homem tem sempre de contar com a matemática e a pré-matemática da força, da energia e da potência.

104:3:3 11465 De alguma maneira, a repleção eterna da infinitude deve ser reconciliada com o crescimento, no tempo, dos universos em evolução e com a característica que os seus habitantes experienciais têm de ser incompletos. De algum modo, a concepção da infinitude total deve ser, assim, segmentada e especificada, para que o intelecto mortal e a alma moroncial possam captar esse conceito de valor final e de significado espiritualizante.

104:3:4 11466 Conquanto a razão demande uma unidade monoteísta da realidade cósmica, a experiência finita exige que sejam postuladas a pluralidade dos Absolutos e a coordenação deles nas relações cósmicas. Sem existências coordenadas, nenhuma possibilidade há do aparecimento da diversidade de relações absolutas, nenhuma probabilidade haverá de que os diferenciais, variáveis, modificadores, atenuadores, qualificadores ou diminuidores tenham a oportunidade de operar.

104:3:5 11467 Nestes documentos, a realidade total (a infinitude) tem sido apresentada como ela existe nos sete Absolutos:

11468 1. O Pai Universal.

11469 2. O Filho Eterno.

114610 3. O Espírito Infinito.

11471 4. A Ilha do Paraíso.

11472 5. O Absoluto da Deidade.

11473 6. O Absoluto Universal.

11474 7. O Absoluto Inqualificável.

104:3:6 11475 A Primeira Fonte e Centro, que é Pai do Filho Eterno, é também o Arquétipo da Ilha do Paraíso. Ele é uma personalidade inqualificável no Filho, mas é uma personalidade potencializada no Absoluto da Deidade. O Pai é energia revelada no Paraíso-Havona e, ao mesmo tempo, energia oculta no Absoluto Inqualificável. O Infinito é sempre revelado nos atos incessantes do Agente Conjunto, enquanto ele funciona eternamente nas atividades compensadoras, mas veladas, do Absoluto Universal. Assim, o Pai está relacionado com os seis Absolutos coordenados, e assim todos os sete abrangem o círculo da infinitude, por intermédio dos ciclos infindáveis da eternidade.

104:3:7 11476 Poderia parecer que a triunidade das relações absolutas seja inevitável. A personalidade busca uma associação com outra personalidade em um nível absoluto, bem como em todos os outros níveis. E a associação das três personalidades do Paraíso eterniza a primeira triunidade, a união das personalidades do Pai, do Filho e do Espírito. Pois quando essas três pessoas, enquanto pessoas, unem-se em uma função conjunta, por meio dessa conjunção, elas constituem uma triunidade de unidade funcional, não uma trindade — uma entidade orgânica – que, no entanto, é uma triunidade, uma unanimidade tríplice funcional agregada.

104:3:8 11477 A Trindade do Paraíso não é uma triunidade; não é uma unanimidade funcional; é mais uma Deidade indivisa e indivisível. O Pai, o Filho e o Espírito (enquanto pessoas) podem sustentar relações com a Trindade do Paraíso, pois a Trindade é a Deidade indivisa deles. O Pai, o Filho e o Espírito não sustentam tal relação pessoal com a primeira triunidade, pois esta é a união funcional deles enquanto três pessoas. Apenas como Trindade – como Deidade indivisa – é que eles sustentam coletivamente uma relação externa com a triunidade, que é a agregação pessoal Deles.

104:3:9 11478 Assim, a trindade do Paraíso permanece única entre as relações absolutas; há várias triunidades existenciais, mas apenas uma Trindade existencial. Uma triunidade não é uma entidade. Ela é mais funcional do que orgânica. Os seus membros são mais associativos do que corporativos. Os componentes das triunidades podem ser entidades, mas uma triunidade, em si, é uma associação.

104:3:10 11479 Há, contudo, um ponto de comparação entre trindade e triunidade: ambas factualizam funções que são um tanto diferentes da soma discernível dos atributos dos membros componentes. Ainda, porém, que elas sejam comparáveis assim, de um ponto de vista funcional, por outro lado, elas não exibem nenhuma relação categórica. Elas estão, grosso modo, relacionadas como em uma relação de função de estrutura. Todavia, a função da associação de triunidade não é a função da estrutura da trindade, nem a entidade.

104:3:11 114710 Contudo as triunidades são reais; são bastante reais. Nelas, a realidade total é funcionalizada, e, por intermédio delas, o Pai Universal exerce o controle imediato e pessoal sobre as funções mestras da infinitude.

4. AS SETE TRIUNIDADES


104:4:1 114711 Ao tentar efetuar a descrição das sete triunidades, a atenção é dirigida para o fato de que o Pai Universal é membro primordial de cada uma delas. Ele é, foi e para sempre será: o Primeiro Pai-Fonte Universal, o Centro Absoluto, a Causa Primal, o Controlador Universal, o Energizador Ilimitado, a Unidade Original, o Sustentador Irrestrito, a Primeira Pessoa da Deidade, o Arquétipo Cósmico Primordial e a Essência da Infinitude. O Pai Universal é a causa pessoal dos Absolutos; Ele é o absoluto dos Absolutos.

104:4:2 11481 A natureza e o significado das sete triunidades podem ser sugeridos por:

104:4:3 11482 A Primeira Triunidade – a triunidade pessoal-intencional. Este agrupamento é aquele das três personalidades da Deidade:

11483 1. O Pai Universal.

11484 2. O Filho Eterno.

11485 3. O Espírito Infinito.

104:4:4 11486 Essa é a união tríplice do amor, da misericórdia e da ministração – a associação pessoal e plena de propósito das três Personalidades Eternas do Paraíso. Essa é a associação divinamente fraternal, amante das criaturas, de ação paternal e promotora da ascensão. As personalidades divinas dessa primeira triunidade são as dos Deuses que conferem a personalidade, outorgam o espírito e dotam com a mente.

104:4:5 11487 Essa é a triunidade da volição infinita; ela atua por meio do eterno presente e em todo o fluir passado-presente-futuro do tempo. Essa associação produz a infinitude volicional e provê os mecanismos por meio dos quais a Deidade pessoal torna-se auto-reveladora às criaturas do cosmo em evolução.

104:4:6 11488 A Segunda Triunidade – a triunidade do arquétipo do poder. Quer se trate de um minúsculo ultímaton, de uma estrela ardente, ou de uma nebulosa turbilhonante, ou mesmo do universo central, ou dos superuniversos, da menor à maior das organizações materiais, sempre o arquétipo físico – a configuração cósmica – é derivado da função dessa triunidade. Esta associação consiste em:

11489 1. O Pai-Filho.

114810 2. A Ilha do Paraíso.

114811 3. O Agente Conjunto.

104:4:7 114812 A energia é organizada pelos agentes cósmicos da Terceira Fonte e Centro; a energia é modelada segundo o arquétipo do Paraíso, a materialização absoluta; mas, por trás de toda essa incessante manipulação, está a presença do Pai-Filho, cuja união primeiro ativou o arquétipo do Paraíso no surgimento de Havona, concomitantemente com o nascimento do Espírito Infinito, o Agente Conjunto Deles.

104:4:8 114813 Na experiência religiosa, as criaturas fazem contato com o Deus que é amor, mas essa clarividência espiritual não deve nunca eclipsar o reconhecimento inteligente do fato universal do arquétipo que é o Paraíso. Por meio do poder irresistível do amor divino, as personalidades do Paraíso atraem a adoração de livre-arbítrio de todas as criaturas e conduzem todas essas personalidades nascidas do espírito às delícias supernas do serviço interminável dos filhos finalitores de Deus. A segunda triunidade é a arquiteta do cenário do espaço no qual tais transações se desdobram; ela determina os arquétipos da configuração cósmica.

104:4:9 114814 O amor pode caracterizar a divindade da primeira triunidade, mas o arquétipo é a manifestação galáctica da segunda triunidade. O que a primeira triunidade é para as personalidades em evolução, a segunda triunidade é para a evolução dos universos. O arquétipo e a personalidade são duas das grandes manifestações dos atos da Primeira Fonte e Centro; e não importa quão difícil possa ser compreender, é verdade, no entanto, que o arquétipo do poder e a pessoa que ama são uma e a mesma realidade universal; a Ilha do Paraíso e o Filho Eterno são coordenados, mas são revelações antípodas da natureza insondável da força do Pai Universal.

104:4:10 11491 A Terceira Triunidade – a triunidade da evolução do espírito. A inteireza da manifestação espiritual tem o seu começo e fim nesta associação, que consiste em:

11492 1. O Pai Universal.

11493 2. O Filho-Espírito.

11494 3. O Absoluto da Deidade.

104:4:11 11495 Desde a potência do espírito até o espírito do Paraíso, todo espírito encontra expressão de realidade nessa associação trina da pura essência do espírito do Pai, os valores ativos do espírito do Filho-Espírito e os potenciais ilimitados do espírito do Absoluto da Deidade. Os valores existenciais do espírito têm a sua gênese primordial, a sua manifestação completa e o seu destino final nessa triunidade.

104:4:12 11496 O Pai existe antes do espírito; o Filho-Espírito funciona como espírito criativo ativo; o Absoluto da Deidade existe como um espírito todo-abrangente, mesmo daquilo que está além do espírito.

104:4:13 11497 A Quarta Triunidade – a triunidade da infinitude da energia. Dentro desta triunidade, eternizam-se os começos e os fins de toda a realidade da energia, desde a potência de espaço até a monota. Esse agrupamento abrange o seguinte:

11498 1. O Pai-Espírito.

11499 2. A Ilha do Paraíso.

114910 3. O Absoluto Inqualificável.

104:4:14 114911 O Paraíso é o centro da ativação da energia-força do cosmo – a posição no universo da Primeira Fonte e Centro, o ponto focal cósmico do Absoluto Inqualificável, e a fonte de toda a energia. Existencialmente presente nessa triunidade está o potencial de energia do cosmo-infinito, do qual o grande universo e o universo-mestre são apenas manifestações parciais.

104:4:15 114912 A quarta triunidade controla absolutamente as unidades fundamentais da energia cósmica e libera-as do alcance do Absoluto Inqualificável, na proporção direta do aparecimento, nas Deidades experienciais, da capacidade subabsoluta de controlar e de estabilizar o cosmo em metamorfose.

104:4:16 114913 Essa triunidade é força e energia. As possibilidades infindáveis do Absoluto Inqualificável estão centradas à volta do absolutum da Ilha do Paraíso, de onde emanam as agitações inimagináveis da quietude, de outro modo estática, do Inqualificável. E as pulsações sem fim do coração material do Paraíso do cosmo infinito batem em harmonia com o arquétipo insondável e com o plano impenetrável do Energizador Infinito, a Primeira Fonte e Centro.

104:4:17 114914 A Quinta Triunidade – a triunidade da infinitude reativa. Esta associação consiste de:

114915 1. O Pai Universal.

114916 2. O Absoluto Universal.

114917 3. O Absoluto Inqualificável.

104:4:18 114918 Esse agrupamento produz a eternização da realização da infinitude funcional de tudo que é factualizável dentro dos domínios da realidade da não-deidade. Essa triunidade manifesta uma capacidade reativa ilimitada às ações arquetípicas volicionais, causativas, tensionais e às presenças das outras triunidades.

104:4:19 11501 A Sexta Triunidade – a triunidade da Deidade em associação cósmica. Este agrupamento consiste de:

11502 1. O Pai Universal.

11503 2. O Absoluto da Deidade.

11504 3. O Absoluto Universal.

104:4:20 11505 Essa é a associação da Deidade-no-cosmo, a imanência da Deidade em conjunção com a transcendência da Deidade. Essa é a última expansão da divindade, até os níveis da infinitude, na direção daquelas realidades que estão fora do domínio da realidade deificada.

104:4:21 11506 A Sétima Triunidade – a triunidade da unidade infinita. Esta é a unidade da infinitude funcionalmente manifesta no tempo e na eternidade, a unificação coordenada dos factuais e dos potenciais. Este grupo consiste em:

11507 1. O Pai Universal.

11508 2. O Agente Conjunto.

11509 3. O Absoluto Universal.

104:4:22 115010 O Agente Conjunto integra universalmente os aspectos funcionais variáveis de toda a realidade factualizada em todos os níveis de manifestação, desde os finitos, passando pelos transcendentais e indo até os absolutos. O Absoluto Universal compensa perfeitamente os diferenciais inerentes aos aspectos variáveis de toda a realidade incompleta, desde as potencialidades ilimitadas da realidade da Deidade volicional-ativa e causativa às possibilidades sem fim da realidade não deificada estática e reativa, nos domínios incompreensíveis do Absoluto Inqualificável.

104:4:23 115011 À medida que funcionam nessa triunidade, o Agente Conjunto e o Absoluto Universal são igualmente sensíveis às presenças da Deidade e da não-deidade, como também o é a Primeira Fonte e Centro, que nessa relação é, para todos os intentos e propósitos, conceitualmente indistinguível do EU SOU.

104:4:24 115012 Tais aproximações são suficientes para elucidar o conceito das triunidades. Não conhecendo o nível último das triunidades, vós não podeis compreender plenamente as primeiras sete. Se bem que nós não consideremos sábio tentar qualquer elaboração posterior, podemos dizer que existem quinze associações trinas da Primeira Fonte e Centro, oito das quais não são reveladas nestes documentos. Essas associações não reveladas estão envolvidas com as realidades, as factualidades e as potencialidades que estão além do nível experiencial da supremacia.

104:4:25 115013 As triunidades são como volantes gerando o equilíbrio funcional da infinitude, são a unificação da unicidade dos sete Absolutos da Infinitude. São as presenças existenciais das triunidades que capacitam o Pai-EU SOU a experienciar a unidade de infinitude funcional, a despeito da diversificação da infinitude nos sete Absolutos. A Primeira Fonte e Centro é o membro unificador de todas as triunidades; Nele, todas as coisas têm os seus começos inqualificáveis, as suas existências eternas e os seus destinos infinitos –“Nele consistem todas as coisas”.

104:4:26 115014 Embora essas associações não possam aumentar a infinitude do Pai-EU SOU, elas parecem tornar possíveis as manifestações subinfinitas e subabsolutas da Sua realidade. As sete triunidades multiplicam a versatilidade, eternizam novas profundidades, deificam novos valores, desvelam novas potencialidades, revelam novos significados; e todas essas manifestações diversificadas no tempo e no espaço, e no cosmo eterno, são existentes na estase hipotética da infinitude original do EU SOU.

5. AS TRIODIDADES


104:5:1 11511 Há algumas outras relações trinas que têm uma constituição do tipo não-Pai, mas elas não são triunidades reais e sempre se distinguem das triunidades do tipo Pai. Elas são chamadas de modos variados: triunidades associadas, triunidades coordenadas e triodidades. Elas são uma conseqüência da existência das triunidades. Duas dessas associações são constituídas do seguinte modo:

104:5:2 11512 A Triodidade da Factualidade. Esta triodidade consiste na inter-relação dos três factuais absolutos:

11513 1. O Filho Eterno.

11514 2. A Ilha do Paraíso.

11515 3. O Agente Conjunto.

104:5:3 11516 O Filho Eterno é o absoluto da realidade do espírito, a personalidade absoluta. A Ilha do Paraíso é o absoluto da realidade cósmica, o arquétipo absoluto. O Agente Conjunto é o absoluto da realidade da mente, o coordenado da realidade absoluta do espírito e a síntese da Deidade existencial da personalidade e do poder. Essa associação trina realiza a coordenação da soma total da realidade factualizada – do espírito, do cosmo e da mente. É inqualificável na factualidade.

104:5:4 11517 A Triodidade da Potencialidade. Esta triodidade consiste na associação dos três Absolutos da potencialidade:

11518 1. O Absoluto da Deidade.

11519 2. O Absoluto Universal.

115110 3. O Absoluto Inqualificável.

104:5:5 115111 Assim, estão interassociados os reservatórios da infinitude de toda realidade de energia latente – do espírito, da mente e do cosmo. Essa associação produz a integração de toda a realidade de energia latente. E é infinita em potencial.

104:5:6 115112 Do mesmo modo que as triunidades estão primariamente ocupadas com a unificação funcional da infinitude, as triodidades estão envolvidas com o surgimento cósmico das Deidades experienciais. As triunidades ocupam-se indiretamente, mas as triodidades estão diretamente envolvidas com as Deidades experienciais – o Supremo, o Último e o Absoluto. Elas aparecem na síntese emergente do poder de personalidade do Ser Supremo. E, para as criaturas temporais do espaço, o Ser Supremo é uma revelação da unidade do EU SOU.

104:5:7 115113 [Apresentado por um Melquisedeque de Nebadon.]

DOCUMENTO 105

A DEIDADE E A REALIDADE
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Mesmo para as ordens mais elevadas de inteligências do universo, a infinitude é compreensível apenas parcialmente, e a finalidade da realidade só é compreensível relativamente. Quando a mente humana procura penetrar o mistério eterno de origem e destino de tudo que é chamado de real, pode ser-lhe útil abordar a questão concebendo a eternidade-infinitude como uma elipse quase sem limite, que é gerada por uma causa absoluta e que funciona nesse círculo universal de diversificação infindável, buscando sempre algum potencial de destino absoluto e infinito.

105:0:2 11522 Quando o intelecto mortal tenta captar o conceito da totalidade da realidade, essa mente finita fica frente a frente com a realidade da infinitude; a totalidade da realidade é a infinitude e, portanto, não pode nunca ser plenamente compreendida por qualquer mente que é subinfinita na sua capacidade de conceituação.

105:0:3 11523 Dificilmente a mente humana consegue elaborar um conceito sobre a existência na eternidade que seja adequado e, sem essa compreensão, é impossível descrever na íntegra os nossos conceitos da realidade. Contudo, podemos tentar fazer essa apresentação, se bem que estejamos plenamente cientes de que os nossos conceitos estarão sujeitos a uma profunda distorção no processo de traduzi-los, modificando-os para o nível de compreensão da mente mortal.

1. O CONCEITO FILOSÓFICO DO EU SOU


105:1:1 11524 A causação primeira absoluta na infinitude é atribuída, pelos filósofos do universo, ao Pai Universal atuando como o infinito, o eterno e absoluto EU SOU.

105:1:2 11525 A apresentação, para o intelecto humano, dessa idéia de um EU SOU infinito traz em si muitos elementos de perigo, posto que esse conceito está tão distante do entendimento experiencial humano a ponto de envolver distorções sérias de significados e erros quanto aos valores. Contudo, o conceito filosófico do EU SOU proporciona aos seres finitos formar alguma base para uma aproximação de entendimento parcial das origens absolutas e dos destinos infinitos. Todavia, em todas as nossas tentativas de elucidar a gênese e a fruição da realidade, que fique claro que esse conceito do EU SOU é, em todos os significados e valores relacionados à personalidade, sinônimo da Primeira Pessoa da Deidade, o Pai Universal de todas as personalidades. Mas esse postulado do EU SOU não é muito claramente identificável nos domínios não deificados da realidade universal.

105:1:3 11526 O EU SOU é o Infinito; o EU SOU é também a infinitude. De um ponto de vista seqüencial no tempo, toda realidade tem a sua origem no infinito EU SOU, cuja existência solitária na eternidade passada infinita deve ser um postulado filosófico primeiro da criatura finita. O conceito do EU SOU denota infinitude inqualificável, a realidade indiferenciada de tudo o que poderia ser em toda uma eternidade infinita.

105:1:4 11531 Como conceito existencial, o EU SOU não é nem deificado. nem não deificado; nem factual, nem potencial; nem pessoal, nem impessoal; nem estático, nem dinâmico. Nenhuma qualificação pode ser aplicada ao Infinito, exceto afirmar que o EU SOU é. O postulado filosófico do EU SOU é um conceito no universo que é um pouco mais difícil de ser compreendido do que o Absoluto Inqualificável.

105:1:5 11532 Para a mente finita, simplesmente deve haver um começo e, embora nunca tenha havido um começo real para a realidade, ainda há certas relações de fonte que a realidade mantém com a infinitude. A situação primordial de pré-realidade da eternidade pode ser pensada como algo assim: em algum momento infinitamente distante, hipotético, na eternidade passada, o EU SOU pode ser concebido como coisa tanto quanto como não-coisa, como causa tanto quanto como efeito, como volição e como resposta. Nesse momento hipotético na eternidade, não há diferenciação em toda a infinitude. A infinitude é preenchida pelo Infinito; o Infinito abrange a infinitude. Esse é o momento estático hipotético da eternidade; os factuais estão ainda contidos dentro dos potenciais, e os potenciais ainda não apareceram dentro da infinitude do EU SOU. Mas, mesmo nessa situação de conjectura, devemos assumir que exista a possibilidade da vontade própria.

105:1:6 11533 Lembrai-vos sempre de que a compreensão que os homens têm do Pai Universal é a de uma experiência pessoal. Deus, como o vosso Pai espiritual, é compreensível para vós e para todos os outros mortais; mas o conceito que a vossa adoração experiencial tem do Pai Universal deve ser sempre menos que o vosso postulado filosófico da infinitude da Primeira Fonte e Centro, o EU SOU. Quando falamos do Pai, queremos referir-nos a Deus como compreensível pelas suas criaturas, tanto as elevadas quanto as inferiores, mas há muito mais da Deidade que não é compreensível para as criaturas do universo. Deus, o vosso Pai e meu Pai, é aquele aspecto do Infinito que percebemos nas nossas personalidades como uma realidade factual experiencial, mas o EU SOU permanece para sempre como a nossa hipótese de tudo que sentimos ser incognoscível sobre a Primeira Fonte e Centro. E mesmo essa hipótese, provavelmente, fica longe da infinitude insondável da realidade original.

105:1:7 11534 O universo dos universos, com as suas inumeráveis hostes de personalidades que o habitam, é um organismo vasto e complexo, mas, a Primeira Fonte e Centro é infinitamente mais complexa do que os universos e as personalidades que se tornaram reais, em resposta aos mandatos da Sua vontade. Ao admirardes a magnitude do universo-mestre, parai para considerar que, mesmo essa criação inconcebível, pode não ser nada mais do que uma revelação parcial do Infinito.

105:1:8 11535 A infinitude, verdadeiramente, está muito longe do nível da experiência da compreensão dos mortais, mas, mesmo nesta idade em Urântia, os vossos conceitos de infinitude estão-se ampliando e continuarão a crescer durante as vossas carreiras sem fim, que se estenderão adiante pela eternidade futura. A infinitude inqualificável não tem sentido para a criatura finita, mas a infinitude é capaz de autolimitação e é susceptível de exprimir a realidade para todos os níveis de existências no universo. E o rosto que o Infinito apresenta a todas as personalidades do universo é a face de um Pai, o Pai Universal do amor.

2. O EU SOU COMO TRINO E COMO SÉTUPLO


105:2:1 11536 Considerando a gênese da realidade, tende sempre em mente que toda a realidade absoluta vem da eternidade, e que não tem começo de existência. Por realidade absoluta, entendemos as três pessoas existenciais da Deidade, a Ilha do Paraíso e os três Absolutos. Essas sete realidades são coordenadamente eternas, não obstante hajamos recorrido à linguagem do tempo e do espaço para apresentar as suas origens seqüenciais aos seres humanos.

105:2:2 11541 Ao proceder a uma descrição cronológica das origens da realidade, é preciso admitir um instante teórico, postulado como sendo a “primeira” expressão volicional e a “primeira” reação de repercussão dentro do EU SOU. Nas nossas tentativas de descrever a gênese e a geração da realidade, esse estágio pode ser concebido como a autodiferenciação que o Infinito Uno faz da Infinitude. Contudo, a postulação dessa relação dual deve sempre ser expandida até uma concepção trina mediante o reconhecimento do contínuo eterno da Infinitude, o EU SOU.

105:2:3 11542 Essa autometamorfose do EU SOU culmina na diferenciação múltipla da realidade deificada e da realidade não deificada, da realidade potencial e da realidade factual e de algumas outras realidades que dificilmente podem ser classificadas assim. Essas diferenciações do EU SOU teórico e monista estão eternamente integradas por relações simultâneas que surgem dentro do mesmo EU SOU – a pré-realidade monoteísta pré-potencial, pré-factual e pré-pessoal que, embora infinita, é revelada como absoluta na presença da Primeira Fonte e Centro e como personalidade no amor ilimitado do Pai Universal.

105:2:4 11543 Mediante essas metamorfoses internas, o EU SOU passa a estabelecer a base para uma auto-relação sétupla. O conceito filosófico (no tempo) do EU SOU solitário e o conceito transitório (temporal) do EU SOU, como trino, podem ser, agora, ampliados para abranger o EU SOU como sétuplo. Essa natureza sétupla – ou de sete fases – pode ser mais bem apresentada em relação aos Sete Absolutos da Infinitude:

105:2:5 11544 1. O Pai Universal. EU SOU pai do Filho Eterno. Esta é a relação primordial de personalidade das factualidades. A personalidade absoluta do Filho torna absoluto o fato da paternidade de Deus e estabelece a filiação potencial de todas as personalidades. Essa relação estabelece a personalidade do Infinito e consuma a Sua revelação espiritual na personalidade do Filho Original. Essa fase do EU SOU é parcialmente experienciável em níveis espirituais, até mesmo pelos mortais que, enquanto ainda estão na carne, podem adorar o nosso Pai.

105:2:6 11545 2. O Controlador Universal. EU SOU a causa do Paraíso eterno. Esta é a relação impessoal primordial das factualidades, a associação não espiritual original. O Pai Universal é Deus, enquanto é amor; o Controlador Universal é Deus, enquanto arquétipo. Essa relação estabelece o potencial da forma – a configuração – e determina o modelo mestre do relacionamento impessoal e não espiritual – o modelo mestre do qual todas as cópias são feitas.

105:2:7 11546 3. O Criador Universal. EU SOU um com o Filho Eterno. Esta união do Pai e do Filho (na presença do Paraíso) inicia o ciclo criativo, que é consumado no aparecimento da personalidade conjunta e do universo eterno. Do ponto de vista finito do mortal, a realidade tem o seu verdadeiro começo com o aparecimento eterno da criação de Havona. Esse ato criativo da Deidade é feito pelo Deus da Ação e por intermédio dele, que é, em essência, a unidade do Pai-Filho manifestada nos níveis, e para todos os níveis, do factual. E, por isso, a divina criatividade é infalivelmente caracterizada pela unidade e essa unidade é o reflexo exterior da unicidade absoluta da dualidade de Pai e Filho e da Trindade do Pai-Filho-Espírito.

105:2:8 11551 4. O Sustentador Infinito. EU SOU auto-associável. Esta é a associação primordial da estática e dos potenciais da realidade. Nessas relações, todos os fatores qualificáveis e inqualificáveis são compensados. A noção que permite a melhor compreensão dessa fase do EU SOU é a do Absoluto Universal – o unificador da Deidade e dos Absolutos Inqualificáveis.

105:2:9 11552 5. O Potencial Infinito. EU SOU autoqualificável. Esta é a marca da infinitude que dá o testemunho eterno da autolimitação volitiva do EU SOU, em virtude da qual foi alcançada a auto-expressão, a auto-revelação tríplice. Essa fase do EU SOU é geralmente compreendida como o Absoluto da Deidade.

105:2:10 11553 6. A Capacidade Infinita. EU SOU estático-reativo. Esta é a matriz sem fim, a possibilidade de toda a expansão cósmica futura. A melhor maneira de conceber essa fase do EU SOU talvez seja a noção da presença da supergravidade do Absoluto Inqualificável.

105:2:11 11554 7. O Uno Universal da Infinitude. EU SOU enquanto EU SOU. Esta é a estase, ou a relação da Infinitude com ela própria, o fato eterno da realidade da infinitude e da verdade universal, que é a infinitude da realidade. Já que essa relação é discernível, como personalidade, ela é revelada aos universos na figura do Pai divino de toda personalidade e mesmo da personalidade absoluta. Até onde essa relação for exprimível impessoalmente, o universo toma contato com ela como coerência absoluta da energia pura e do espírito puro na presença do Pai Universal. Já que essa relação é concebível como um absoluto, ela é revelada na primazia da Primeira Fonte e Centro; Nela, todos nós vivemos, nos movemos e temos o nosso ser, desde as criaturas do espaço aos cidadãos do Paraíso; e isso é verdadeiro tanto para o universo-mestre quanto para o ultímaton infinitesimal, e é tão verdadeiro sobre o que será e sobre o que é, tanto quanto sobre o que foi.

3. OS SETE ABSOLUTOS DA INFINITUDE


105:3:1 11555 As sete relações primordiais dentro do EU SOU eternizam-se como Sete Absolutos da Infinitude. Embora, porém, possamos descrever as origens da realidade e a diferenciação da infinitude por uma narrativa seqüencial, de fato, todos os sete Absolutos são, inqualificável e coordenadamente, eternos. Pode ser necessário às mentes mortais conceber os seus começos, mas essa concepção deveria ser sempre dominada pela compreensão de que os sete Absolutos não tiveram nenhum começo; eles são eternos e têm sempre sido. Os sete Absolutos são a premissa da realidade. Eles têm sido descritos nestes documentos do modo seguinte:

105:3:2 11556 1. A Primeira Fonte e Centro. Primeira Pessoa da Deidade e arquétipo primordial da não-deidade, Deus, o Pai Universal, criador, controlador e sustentador; amor universal, espírito eterno e energia infinita; potencial de todos os potenciais e fonte de todos os factuais; estabilidade de toda a estática e dinamismo de toda mudança; fonte dos modelos e dos arquétipos e Pai das pessoas. Coletivamente, todos os sete Absolutos equivalem à infinitude, mas o Pai Universal é, Ele próprio, de fato infinito.

105:3:3 11557 2. A Segunda Fonte e Centro. Segunda Pessoa da Deidade, o Filho Eterno e Original; as realidades da personalidade absoluta do EU SOU e base para a compreensão-revelação do “EU SOU personalidade”. Nenhuma personalidade pode esperar alcançar o Pai Universal, a não ser por intermédio do Seu Filho Eterno; nem a personalidade pode alcançar níveis espirituais de existência fora da ação e da ajuda desse modelo absoluto de todas as personalidades. Na Segunda Fonte e Centro, o espírito é inqualificável, enquanto a personalidade é absoluta.

105:3:4 11561 3. A Fonte e Centro do Paraíso. O segundo modelo da não-deidade, a Ilha Eterna do Paraíso; base para a compreensão-revelação do “EU SOU força” e fundação para o estabelecimento do controle da gravidade em todos os universos. Com relação a toda realidade factualizada, não espiritual, impessoal e não volicional, o Paraíso é o absoluto dos arquétipos. Do mesmo modo que a energia do espírito está relacionada ao Pai Universal, por intermédio da personalidade absoluta do Filho-Mãe, assim, toda a energia cósmica é mantida sob o controle gravitacional da Primeira Fonte e Centro, por intermédio do modelo absoluto da Ilha do Paraíso. O Paraíso não está no espaço; o espaço existe em relação ao Paraíso, e a cronicidade do movimento é determinada pela sua relação com o Paraíso. A Ilha Eterna está absolutamente em repouso; todas as outras energias organizadas e em organização estão em movimento eterno; em todo o espaço, apenas a presença do Absoluto Inqualificável está quieta, e o Inqualificável está coordenado com o Paraíso. O Paraíso existe no foco do espaço, o Inqualificável penetra-o, e toda existência relativa tem o seu princípio dentro desse domínio.

105:3:5 11562 4. A Terceira Fonte e Centro. Terceira Pessoa da Deidade, o Agente Conjunto, é o integrador infinito das energias cósmicas do Paraíso com as energias do espírito do Filho Eterno, o coordenador perfeito dos motivos da vontade e mecânica da força; unificador de toda realidade factual e em factualização. Mediante as ministrações dos seus múltiplos filhos, o Espírito Infinito revela a misericórdia do Filho Eterno, enquanto funciona, ao mesmo tempo, como o manipulador infinito, tecendo para sempre o arquétipo do Paraíso nas energias do espaço. Esse mesmo Agente Conjunto, esse Deus da Ação, é a expressão perfeita dos planos e dos propósitos sem limite do Pai-Filho, pois funciona, ele próprio, como fonte da mente e outorgador do intelecto às criaturas de um vastíssimo cosmo.

105:3:6 11563 5. O Absoluto de Deidade. As possibilidades causais potencialmente pessoais de realidade universal, a totalidade de todo potencial de Deidade. O Absoluto de Deidade é o qualificador intencional das realidades inqualificáveis, das realidades absolutas e das realidades não-deidades. O Absoluto de Deidade é o qualificador do absoluto e o absolutizador do qualificado – o iniciador do destino.

105:3:7 11564 6. O Absoluto Inqualificável. Estático, reativo e passivo; é a infinitude cósmica não revelada do EU SOU; a totalidade da realidade não deificada e a finalidade de todo potencial não pessoal. O espaço limita as funções do Inqualificável, mas a presença do Inqualificável é ilimitada, infinita. Há um conceito de periferia para o universo-mestre, mas a presença do Inqualificável é ilimitada; mesmo a eternidade não pode exaurir a quiescência ilimitada desse Absoluto não-deidade.

105:3:8 11565 7. O Absoluto Universal. Unificador do deificado e do não-deificado; correlator do absoluto e do relativo. O Absoluto Universal (sendo estático, potencial e associativo) compensa a tensão entre o sempre-existente e o incompleto (ou inacabado).

105:3:9 11566 Os Sete Absolutos de Infinitude constituem os começos da realidade. Como as mentes mortais considerá-la-iam, a Primeira Fonte e Centro pareceria ser antecedente a todos os absolutos. Contudo, tal postulado, ainda que ajude, é invalidado pela coexistência, na eternidade, do Filho, do Espírito, dos três Absolutos e da Ilha do Paraíso.

105:3:10 11571 É uma verdade que os Absolutos sejam manifestações do EU SOU – Primeira Fonte e Centro; é um fato que esses Absolutos nunca tiveram um começo, e que são coordenados eternos com a Primeira Fonte e Centro. As relações dos absolutos na eternidade não podem sempre ser apresentadas sem envolver paradoxos na linguagem do tempo e nos arquétipos conceituais do espaço. Mas, apesar de qualquer confusão relativa à origem dos Sete Absolutos da Infinitude, não apenas é um fato, mas uma verdade que toda realidade baseia-se na existência deles, na eternidade, e nas suas relações de infinitude.

4. UNIDADE, DUALIDADE E TRIUNIDADE


105:4:1 11572 Os filósofos do universo postulam a existência na eternidade do EU SOU, como força primordial de toda realidade. E, concomitantemente, eles postulam a auto-segmentação do EU SOU nas auto-relações primárias – as sete fases da infinitude. E, simultaneamente com essa suposição, vem o terceiro postulado – o surgimento, na eternidade, dos Sete Absolutos da Infinitude e a eternização da associação de dualidade das sete fases do EU SOU, com esses sete Absolutos.

105:4:2 11573 A auto-revelação do EU SOU, assim, procede do eu estático, por meio da segmentação dele próprio e do seu auto-relacionamento com as relações absolutas, os relacionamentos com os Absolutos autoderivados. A dualidade torna-se, assim, existente na associação eterna dos Sete Absolutos da Infinitude com a infinitude sétupla das fases auto-segmentadas do EU SOU auto-revelador. Essas relações duais, eternizando-se para os universos, como os sete Absolutos, eternizam os fundamentos básicos para toda a realidade do universo.

105:4:3 11574 Foi afirmado, certa vez, que a unidade origina a dualidade, que a dualidade gera a triunidade e que a triunidade é o antepassado eterno de todas as coisas. Há, na verdade, três grandes classes de relações primordiais, e elas são:

105:4:4 11575 1. Relações de unidade. Relações existentes internamente no EU SOU, quando a unidade é concebida Dele, como autodiferenciações tríplices e então sétuplas.

105:4:5 11576 2. Relações de dualidade. Relações existentes entre o EU SOU, como sétuplo, e os Sete Absolutos da Infinitude.

105:4:6 11577 3. Relações de triunidade. Estas são as associações funcionais dos Sete Absolutos da Infinitude.

105:4:7 11578 As relações de triunidade surgem dos fundamentos da dualidade, por causa da inevitabilidade das interassociações dos Absolutos. Tais associações de triunidade eternizam o potencial de toda realidade; elas englobam tanto a realidade deificada quanto a não deificada.

105:4:8 11579 O EU SOU é infinitude inqualificável enquanto é unidade. As dualidades eternizam os fundamentos da realidade. As triunidades factualizam o entendimento da infinitude como função universal.

105:4:9 115710 Os preexistenciais tornam-se existenciais nos sete Absolutos, e os existenciais tornam-se funcionais nas triunidades, a associação básica dos Absolutos. E, concomintantemente com a eternização das triunidades, o cenário do universo é estabelecido – os potenciais são existentes, e os factuais estão presentes – e a plenitude da eternidade testemunha a diversificação da energia cósmica, a difusão do espírito do Paraíso, e a dotação da mente junto com o outorgamento da personalidade, em virtude do qual todos esses derivados das Deidades e do Paraíso são unificados na experiência, no nível da criatura e, por outras técnicas, no nível das supracriaturas.

5. A PROMULGAÇÃO DA REALIDADE FINITA


105:5:1 11581 Assim como a diversificação original do EU SOU deve ser atribuída à volição inerente e autocontida, do mesmo modo, a promulgação da realidade finita deve ser imputada aos atos volicionais da Deidade do Paraíso e aos ajustes repercussionais das triunidades funcionais.

105:5:2 11582 Antes da deificação do finito, deveria parecer que todas as diversificações da realidade aconteceram em níveis absolutos; mas o ato volicional promulgando a realidade finita conota uma qualificação de absolutez e implica o aparecimento das relatividades.

105:5:3 11583 Se bem que apresentemos esta narrativa como uma seqüência, e retratemos o aparecimento histórico do finito como um derivativo direto do absoluto, dever-se-ia ter em mente que os transcendentais tanto precederam quanto sucederam a tudo que é finito. Os últimos transcendentais são, em relação ao finito, tanto a causa quanto a consumação.

105:5:4 11584 A possibilidade finita é inerente ao Infinito, mas a transmutação da possibilidade em probabilidade e em inevitabilidade deve ser atribuída ao livre-arbítrio auto-existente da Primeira Fonte e Centro, ativando todas as associações de triunidade. Somente a infinitude da vontade do Pai poderia ter qualificado assim o nível absoluto da existência, como para dar existência a um último ou para criar um finito.

105:5:5 11585 Com o surgimento da realidade relativa e qualificável, vem à existência um novo ciclo da realidade – o ciclo do crescimento –, um gesto majestoso de transbordamento, desde as alturas da infinitude até o domínio do finito, para sempre convergindo no Paraíso e na Deidade, buscando sempre aqueles destinos elevados correspondentes de uma fonte infinita.

105:5:6 11586 Essas transações inconcebíveis marcam o começo da história do universo, marcam a vinda à existência do tempo em si mesmo. Para uma criatura, o começo do finito é a gênese da realidade; vista pela mente da criatura, nenhuma factualidade anterior ao finito seria concebível. A recém-surgida realidade finita existe em duas fases originais:

11587 1. Máximos primários, a realidade supremamente perfeita, o tipo havonal de universo e de criatura.

11588 2. Máximos secundários, a realidade supremamente perfeccionada, a criatura e a criação do tipo superuniversal.

105:5:7 11589 Essas, então, são as duas manifestações originais: a que é perfeita por constituição e aquela que é perfeccionada por intermédio de uma evolução. As duas são coordenadas nas relações de eternidade, mas, dentro dos limites do tempo, parecem diferentes. O fator tempo significa crescimento para aquela que cresce; os finitos secundários crescem; e, pois, aqueles que estão crescendo devem parecer incompletos no tempo. Mas essas diferenças, que são tão importantes deste lado de cá do Paraíso, são inexistentes na eternidade.

105:5:8 115810 Falamos do perfeito e do perfeccionado como máximos primários e máximos secundários, mas há ainda um outro tipo: a trinitarização e as outras relações entre os primários e os secundários resultam no aparecimento dos máximos terciários – coisas, significados e valores que não são nem perfeitos, nem perfeccionados, mas que ainda são coordenados aos seus fatores ancestrais.

6. REPERCUSSÕES DA REALIDADE FINITA


105:6:1 11591 O conjunto das promulgações das existências finitas representa uma transferência dos potenciais para os factuais, dentro das associações absolutas da infinitude funcional. Entre as muitas repercussões da factualização criativa do finito, podem ser citadas:

105:6:2 11592 1. A resposta da deidade, o surgimento dos três níveis de supremacia experiencial: a factualidade da supremacia do espírito pessoal em Havona, o potencial de supremacia do poder pessoal no grande universo que virá a ser, e a capacidade de alguma função desconhecida de mente experiencial atuando em algum nível de supremacia no universo-mestre futuro.

105:6:3 11593 2. A resposta do universo envolveu uma ativação dos planos arquitetônicos para o nível espacial do superuniverso, e essa evolução está ainda em progresso, em todas as partes da organização física dos sete superuniversos.

105:6:4 11594 3. A repercussão sobre as criaturas. Esta repercussão da promulgação da realidade finita resultou na aparição de seres perfeitos da ordem dos habitantes eternos de Havona e dos seres ascendentes evolucionários perfeccionados, vindos dos sete superuniversos. Mas, para alcançar a perfeição, por meio da experiência evolucionária (temporal-criativa), é necessário algo diferente da perfeição como ponto de partida. Assim, a imperfeição surge nas criações evolucionárias. E essa é a origem do mal potencial. As não-adaptações, a falta de harmonia e o conflito são inerentes ao crescimento evolucionário, abrangendo desde os universos físicos até as criaturas pessoais.

105:6:5 11595 4. A resposta da divindade à imperfeição, inerente ao lapso de tempo que a evolução leva, é revelada na presença de Deus, o Sétuplo, por meio de cujas atividades aquilo que se está perfeccionando é integrado tanto com o perfeito quanto com o perfeccionado. Esse lapso de tempo, ou demora, é inseparável da evolução, que é a criatividade no tempo. Por causa dele, bem como por outras razões, o poder Todo-Poderoso do Supremo é baseado nos êxitos da divindade de Deus, o Sétuplo. Essa demora no tempo torna possível a participação da criatura na criação divina, permitindo às personalidades criaturas tornarem-se parceiras, com a Deidade, na realização do desenvolvimento máximo. Até mesmo a mente material da criatura mortal, assim, torna-se sócia, com o Ajustador divino, na dualização da alma imortal. Deus, o Sétuplo, também provê técnicas de compensação para as limitações experienciais da perfeição inerente, assim como para compensar as limitações pré-ascensionais da imperfeição.

7. A FACTUALIZAÇÃO DOS TRANSCENDENTAIS


105:7:1 11596 Os transcendentais são subinfinitos e subabsolutos, mas superfinitos e supercriados. Os transcendentais factualizam-se como um nível integrador, correlacionando os supervalores dos absolutos com os valores máximos dos finitos. Do ponto de vista da criatura, o que é transcendental pareceria haver-se factualizado por conseqüência do finito; do ponto de vista da eternidade, em antecipação do finito; e há aqueles que o têm considerado como um "pré-eco" do finito.

105:7:2 11597 Aquilo que é transcendental não implica necessariamente a ausência de desenvolvimento, mas é superevolucionário no sentido finito; é não-experiencial, mas é uma supra-experiência, no sentido que as criaturas compreendem a experiência. A melhor ilustração desse paradoxo talvez seja o universo central de perfeição: dificilmente Havona é absoluta – apenas a Ilha do Paraíso é verdadeiramente absoluta no sentido “materializado”. Nem é uma criação finita evolucionária, como são os sete superuniversos. Havona é eterna, mas não é imutável, no sentido de ser um universo de não-crescimento. É habitada por criaturas (os nativos de Havona) que nunca foram factualmente criadas, pois são eternamente existentes. Havona, assim, ilustra algo que não é exatamente finito e tampouco ainda absoluto. Além disso, Havona atua como um amortecedor entre o Paraíso absoluto e as criações finitas, ilustrando, ainda mais, a função dos transcendentais. Todavia, Havona ela própria não é um transcendental – é Havona.

105:7:3 11601 Assim como o Supremo está associado com os finitos, o Último é identificado com os transcendentais. No entanto, embora comparemos assim o Supremo e o Último, eles diferem por algo mais do que o grau; a diferença é também uma questão de qualidade. O Último é algo mais do que um super-Supremo projetado no nível transcendental. O Último é tudo isso, mas é mais: o Último é uma factualização de novas realidades da Deidade, a qualificação de novas fases daquilo que até então era inqualificável.

105:7:4 11602 Entre aquelas realidades que estão associadas ao nível transcendental, estão as seguintes:

11603 1. A presença do Último como Deidade.

11604 2. O conceito do universo-mestre.

11605 3. Os Arquitetos do Universo-Mestre.

11606 4. As duas ordens de organizadores da força do Paraíso.

11607 5. Algumas modificações na potência espacial.

11608 6. Alguns valores do espírito.

11609 7. Alguns significados da mente.

116010 8. As qualidades e as realidades absonitas.

116011 9. A onipotência, a onisciência e a onipresença.

116012 10. O espaço.

105:7:5 116013 O universo em que existimos, agora, pode ser considerado como existindo em níveis finitos, transcendentais e absolutos. E esse é o estágio cósmico no qual se representa o drama sem fim das realizações da personalidade e das metamorfoses da energia.

105:7:6 116014 E todas essas múltiplas realidades são unificadas, absolutamente, por várias triunidades, funcionalmente, pelos Arquitetos do Universo-Mestre, relativamente, pelos Sete Espíritos Mestres, os coordenadores subsupremos da divindade de Deus, o Sétuplo.

105:7:7 116015 Deus, o Sétuplo, representa a revelação da personalidade e da divindade do Pai Universal para as criaturas, não só de status máximo, mas também de status submáximo; mas há outras relações sétuplas da Primeira Fonte e Centro que não pertencem à manifestação do ministério espiritual divino do Deus que é espírito.

105:7:8 116016 Na eternidade do passado, as forças dos Absolutos, os espíritos das Deidades e as personalidades dos Deuses mobilizaram-se para responder à vontade autônoma primordial da vontade existente por si própria. Na idade atual do universo, estamos todos testemunhando as repercussões estupendas do vasto panorama cósmico das manifestações subabsolutas dos potenciais ilimitados de todas essas realidades. E é totalmente possível que a diversificação continuada da realidade original da Primeira Fonte e Centro possa continuar a sua manifestação para a frente e para fora, idade após idade, para sempre e sempre, até distâncias inconcebíveis da infinitude absoluta.

105:7:9 11611 [Apresentado por um Melquisedeque de Nebadon.]

DOCUMENTO 106

NÍVEIS DE REALIDADE NO UNIVERSO
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Não é suficiente que o mortal ascendente deva saber alguma coisa sobre as relações da Deidade com a gênese e as manifestações da realidade cósmica; ele deveria também compreender alguma coisa das relações existentes entre ele próprio e os inúmeros níveis das realidades existenciais e experienciais, das realidades potenciais e factuais. A orientação terrestre do homem, o seu discernimento cósmico e o seu direcionamento espiritual, todos são elevados por uma compreensão melhor das realidades do universo e das suas técnicas de interassociação, integração e unificação.

106:0:2 11622 O grande universo atual e o universo-mestre que está surgindo são feitos de muitas formas e fases de realidade, as quais, por sua vez, existem em vários níveis de atividade funcional. Esses múltiplos “existentes” e “latentes” foram sugeridos previamente nestes documentos, e estão agora agrupados, por conveniência conceitual, nas categorias seguintes:

106:0:3 11623 1. Finitos incompletos. Este é o status presente das criaturas ascendentes do grande universo, o estado presente dos mortais de Urântia. Esse nível abrange a existência da criatura, desde os humanos planetários até os que atingiram o destino, mas não os inclui. Diz respeito aos universos, desde os seus começos físicos, até o estabelecimento em luz e vida, mas não inclui esse estágio. Esse nível constitui a periferia presente da atividade criativa, no tempo e no espaço. Parece estar movendo-se para fora do Paraíso, para o fechamento da presente idade do universo, que irá testemunhar a realização do grande universo em luz e vida; e irá também, e certamente, testemunhar o surgimento de alguma nova ordem de crescimento, de desenvolvimento, no primeiro nível do espaço exterior.

106:0:4 11624 2. Finitos máximos. Este é o estado presente de todas as criaturas experienciais que atingiram o destino – o destino como revelado dentro do escopo da idade presente do universo. Mesmo os universos podem atingir o máximo em status, tanto espiritual quanto fisicamente. Mas o termo “máximo” é, em si mesmo, um termo relativo – máximo em relação a quê? E o que o máximo é, aparentemente; o máximo final, na presente idade do universo, pode não ser nada mais do que o verdadeiro começo, em termos das idades por vir. Algumas fases de Havona parecem estar na ordem máxima.

106:0:5 11625 3. Transcendentais. Este nível suprafinito (antecedentemente) segue uma progressão finita. Ele implica a gênese prefinita dos começos finitos e a significância pós-finita de todos os fins aparentes finitos, ou destinos. Grande parte do Paraíso-Havona parece ser da ordem transcendental.

106:0:6 11626 4. Últimos. Este nível engloba o que for de significância para o nível do universo-mestre e impinge-se ao nível do destino do universo-mestre completo. O Paraíso-Havona (especialmente o circuito dos mundos do Pai) é, sob muitos pontos de vista, de significação última.

106:0:7 11631 5. Co-absolutos. Este nível implica a projeção de experienciais em um campo de expressão criativa que é superior ao universo-mestre.

106:0:8 11632 6. Absolutos. Este nível conota a presença, na eternidade, dos sete Absolutos existenciais. Pode também englobar algum grau de realização associativa experiencial, mas, sendo assim, não entendemos como possa ser, talvez por intermédio do contato potencial da personalidade.

106:0:9 11633 7. Infinitude. Este nível é preexistencial e pós-experiencial. A unidade inqualificável da infinitude é uma realidade hipotética, antes de todos os começos e depois de todos os destinos.

106:0:10 11634 Esses níveis de realidade são símbolos do compromisso de conveniência da idade atual do universo e da perspectiva dos mortais. Há um sem número de outros modos de ver a realidade, que não o da perspectiva mortal e do ponto de vista de outras idades do universo. Assim, deveria ser reconhecido que os conceitos aqui apresentados são inteiramente relativos, e relativos no sentido de serem condicionados e orientados:

11635 1. Pelas limitações da linguagem dos mortais.

11636 2. Pelas limitações da mente mortal.

11637 3. Pelo desenvolvimento limitado dos sete superuniversos.

11638 4. Pela vossa ignorância dos seis propósitos primordiais do desenvolvimento do superuniverso, no que não é pertinente à ascensão dos mortais ao Paraíso.

11639 5. Pela vossa incapacidade de compreender um ponto de vista da eternidade, ainda que este seja parcial.

116310 6. Pela impossibilidade de retratar a evolução cósmica e o destino com relação a todas as idades do universo, e não apenas com respeito à idade presente do desdobrar evolucionário dos sete superuniversos.

116311 7. Pela incapacidade que qualquer criatura tem de captar o que realmente significam os preexistenciais, ou os pós-experienciais – aquilo que se situa antes dos começos e depois dos destinos.

106:0:11 116312 O crescimento da realidade é condicionado pelas circunstâncias das sucessivas idades universais. O universo central não passou por nenhuma alteração evolucionária na idade Havonal, mas, nas épocas presentes da idade do superuniverso, ele está passando por certas mudanças progressivas, induzidas em coordenação com os superuniversos evolucionários. Os sete superuniversos ora em evolução atingirão, em algum momento, o status de estabelecidos em luz e vida; atingirão o limite de crescimento na idade universal atual. Sem nenhuma dúvida, porém, a próxima idade, a idade do primeiro nível do espaço exterior, liberará os superuniversos das limitações do destino, próprias da idade atual. A repleção está-se sobrepondo continuamente à fase do completar.

106:0:12 116313 Essas são algumas das limitações que encontramos, ao tentar apresentar um conceito unificado do crescimento cósmico das coisas, dos significados e dos valores e das suas sínteses, em níveis sempre ascendentes de realidade.

1. A ASSOCIAÇÃO PRIMÁRIA DE FUNCIONAIS FINITOS


106:1:1 116314 As fases primárias da realidade finita, ou aquelas que têm origem no espírito, encontram expressão imediata nos níveis da criatura como personalidades perfeitas e, nos níveis do universo, como a criação perfeita de Havona. E até a Deidade experiencial é assim expressa na pessoa espiritual de Deus, o Supremo, em Havona. Mas as fases secundárias do finito, que são evolucionárias, condicionadas pelo tempo e pela matéria, tornam-se cosmicamente integradas apenas em resultado do seu crescimento e realização. Todos os finitos secundários ou perfeccionantes finalmente estão para alcançar um nível igual àquele da perfeição primária, mas tal destino está sujeito à demora do tempo, a uma qualificação constitutiva superuniversal, que não é geneticamente encontrada na criação central. (Sabemos da existência dos finitos terciários, mas a técnica da sua integração ainda é irrevelada. )

106:1:2 11641 Essa demora superuniversal no tempo, esse obstáculo à realização da perfeição permite à criatura participar do crescimento evolucionário, tornando, assim, possível à criatura entrar em co-participação, junto com o Criador, na evolução de si própria. E, durante esse tempo de crescimento expansivo, o incompleto é correlacionado ao perfeito, por meio da ministração de Deus, o Sétuplo.

106:1:3 11642 Deus, o Sétuplo, significa o reconhecimento, da parte da Deidade do Paraíso, das barreiras do tempo nos universos evolucionários do espaço. Não importando quão afastada do Paraíso, quão longe no espaço seja a origem de uma personalidade material com potencial de sobrevivência, Deus, o Sétuplo, encontrar-se-á presente ali, junto a ela, e estará empenhado na ministração do amor e da misericórdia, da verdade, da beleza e da bondade, para com essa criatura evolucionária incompleta e em luta. A ministração da divindade do Sétuplo estende-se, na direção interior, por intermédio do Filho Eterno, até o Pai do Paraíso e, na direção externa, por intermédio dos Anciães dos Dias, até os Pais dos universos – os Filhos Criadores.

106:1:4 11643 O homem, sendo pessoal e ascendendo por meio da progressão espiritual, encontra a divindade pessoal e espiritual da Deidade Sétupla; mas há outras fases do Sétuplo que não estão envolvidas com a progressão da personalidade. Os aspectos da divindade, desse agrupamento sétuplo de Deidades, no presente, estão integrados na ligação entre os Sete Espíritos Mestres e o Agente Conjunto; mas eles estão destinados a ser unificados, eternamente, na personalidade emergente do Ser Supremo. As outras fases da Deidade Sétupla estão integradas, de modos variados, na idade atual do universo, mas todas estão destinadas, do mesmo modo, a ser unificadas no Supremo. O Sétuplo, em todas as fases, é a fonte da unidade relativa da realidade funcional do presente grande universo.

2. A INTEGRAÇÃO SECUNDÁRIA FINITA SUPREMA


106:2:1 11644 Do mesmo modo que Deus, o Sétuplo, coordena funcionalmente a evolução finita, o Ser Supremo finalmente sintetiza o alcançar do destino. O Ser Supremo é a culminância da deidade da evolução do grande universo – a evolução física em torno de um núcleo de espírito e a dominação final, do núcleo do espírito, sobre os âmbitos da evolução física, que giram na circunvizinhança. E tudo isso acontece de acordo com os mandatos da personalidade: a personalidade do Paraíso, no sentido mais elevado; a personalidade Criadora, no sentido universal; a personalidade mortal, no sentido humano; a personalidade Suprema, no sentido da culminância ou do experiencial totalizado.

106:2:2 11645 O conceito do Supremo deve proporcionar o reconhecimento diferencial da pessoa do espírito, do poder evolucionário e da síntese poder-personalidade – da unificação do poder evolucionário junto à personalidade espírito, e o predomínio dessa personalidade-espírito sobre o poder evolucionário.

106:2:3 11646 O espírito, em última análise, vem do Paraíso, através de Havona. A energia-matéria parece evoluir nas profundezas do espaço, e é organizada, como força, pelos filhos do Espírito Infinito, em conjunção com os Filhos Criadores de Deus. E tudo isso é experiencial; é uma transação no tempo e no espaço, envolvendo uma ampla gama de seres vivos, incluindo mesmo as divindades Criadoras e as criaturas evolucionárias. A mestria e o controle do poder, por parte das divindades Criadoras, no grande universo, expande-se, lentamente, para englobar o estabelecimento e a estabilização evolucionária das criações tempo-espaciais, e esse é o florescimento do poder experiencial de Deus, o Sétuplo. Ele engloba toda a gama de realização da divindade no tempo e no espaço, desde os outorgamentos do Ajustador do Pai Universal até as auto-outorgas de vida dos Filhos do Paraíso. Esse é o poder ganho, o poder demonstrado, o poder experiencial; ele contrasta com o poder eterno, o poder incomensurável, o poder existencial das Deidades do Paraíso.

106:2:4 11651 Esse poder experiencial, advindo das realizações da divindade do próprio Deus, o Sétuplo, manifesta as qualidades coesivas da divindade, pela síntese – a totalização –, como a força todo-poderosa do domínio experiencial alcançado nas criações em evolução. E essa força todo-poderosa encontra, por sua vez, a coesão da personalidade do espírito, na esfera-piloto do cinturão externo dos mundos de Havona, em união com a personalidade espiritual, da presença Havonal de Deus, o Supremo. Assim, a Deidade experiencial culmina a longa luta evolucionária, investindo o produto do poder tempo-espacial na presença espiritual e na personalidade divina residente na criação central.

106:2:5 11652 Assim, o Ser Supremo finalmente consegue abranger tudo, de todos os atributos de todas as coisas que evoluem no tempo e no espaço, dotando esses atributos com uma personalidade espiritual. E já que as criaturas, até mesmo as mortais, são personalidades que participam dessa transação grandiosa, elas certamente atingem a capacidade de conhecer o Supremo e de perceber o Supremo como filhos verdadeiros de tal Deidade evolucionária.

106:2:6 11653 Michael de Nebadon é como o Pai do Paraíso, porque ele compartilha a perfeição do Pai do Paraíso; e, assim, os mortais evolucionários irão, em algum momento, atingir a semelhança com o Supremo experiencial, pois eles irão verdadeiramente partilhar, junto com ele, da sua perfeição evolucionária.

106:2:7 11654 Deus, o Supremo, é experiencial; e, pois, ele é completamente experienciável. As realidades existenciais dos sete Absolutos não são perceptíveis pela técnica da experiência; apenas as realidades de personalidade, do Pai, do Filho e do Espírito podem ser captadas pela personalidade da criatura finita, na atitude de oração-adoração.

106:2:8 11655 À síntese poder-personalidade completa do Ser Supremo estará associada toda absolutez das várias triodidades que poderiam estar a ele associadas, e essa personalidade grandiosa, advinda da evolução, será atingível e compreensível experiencialmente por todas as personalidades finitas. Quando os seres ascendentes atingirem o preconizado sétimo estágio da existência do espírito, eles irão experienciar, nele, a realização de um novo significado-valor da absolutez e da infinitude das triodidades, tal como foi revelado em níveis subabsolutos no Ser Supremo, que é experienciável. Contudo, o alcance desses estágios de desenvolvimento máximo, terá, provavelmente, que esperar o estabelecimento de todo o grande universo em luz e vida.

3. A ASSOCIAÇÃO TERCIÁRIA TRANSCENDENTAL DA REALIDADE


106:3:1 11656 Os arquitetos absonitos tornam possível o plano; os Criadores Supremos trazem-no à existência; o Ser Supremo consumará a sua plenitude, tal como foi criado no tempo, pelos Criadores Supremos, e tal como foi previsto no espaço, pelos Arquitetos Mestres.

106:3:2 11657 Durante a idade presente do universo, a coordenação administrativa do universo-mestre é função dos Arquitetos do Universo-Mestre. O aparecimento do Supremo Todo-Poderoso, quando do término da idade presente do universo, significará, todavia, que o finito evolucionário terá atingido o primeiro estágio do destino experiencial. Esse acontecimento certamente conduzirá ao funcionamento completo da primeira Trindade experiencial – formada na união dos Criadores Supremos, do Ser Supremo e dos Arquitetos do Universo-Mestre. Essa Trindade está destinada a efetivar o prosseguimento da integração evolucionária da criação mestra.

106:3:3 11661 A Trindade do Paraíso é verdadeiramente a Trindade da infinitude, e provavelmente nenhuma Trindade pode ser infinita se não incluir essa Trindade original. A Trindade original é, contudo, a realização tornada possível da associação exclusiva das Deidades absolutas; os seres subabsolutos nada têm a ver com essa associação primordial. As Trindades experienciais, que apareceram subseqüentemente, abrangem até mesmo as contribuições das personalidades das criaturas. Certamente isso é verdade sobre a Trindade Última, e a própria presença dos Filhos Criadores Mestres, em meio aos membros do Criador Supremo, dentro dela, indica a presença concomitante da experiência factual e autêntica da criatura no interior dessa associação de Trindade.

106:3:4 11662 A primeira Trindade experiencial proporciona a realização grupal de eventualidades últimas. As associações grupais estão capacitadas a antecipar, e mesmo a transcender as capacidades individuais; e isso é verdade, mesmo além do nível finito. Nas idades que virão, após os sete superuniversos terem sido estabelecidos em luz e vida, o Corpo da Finalidade estará promulgando, sem dúvida, os propósitos das Deidades do Paraíso, como eles foram ditados pela Trindade Última, e como foram unificados em poder-personalidade no Ser Supremo.

106:3:5 11663 Em todos os gigantescos desenvolvimentos universais da eternidade, passada e futura, nós detectamos a expansão dos elementos compreensíveis do Pai Universal. Como o EU SOU, nós filosoficamente postulamos a Sua permeação na infinitude total; mas nenhuma criatura é capaz de abranger experiencialmente esse postulado. À medida que se expandem os universos e à medida que a gravidade e o amor estendem-se ao espaço que se organiza no tempo, somos capazes de compreender mais e mais sobre a primeira Fonte e Centro. Nós observamos a ação da gravidade penetrando a presença espacial do Absoluto Inqualificável, e detectamos as criaturas espirituais evoluindo e expandindo-se com a presença da divindade do Absoluto da Deidade, enquanto, a evolução cósmica, tanto quanto a espiritual está-se unificando pela mente e pela experiência, nos níveis finitos da deidade, como o Ser Supremo, e, em níveis transcendentais, estão-se coordenando como a Trindade Última.

4. A INTEGRAÇÃO QUATERNÁRIA ÚLTIMA


106:4:1 11664 No sentido último, a Trindade do Paraíso certamente coordena; mas, para esse fim, funciona como um absoluto que qualifica a si próprio; a Trindade Última experiencial coordena o transcendental, enquanto transcendental. No futuro eterno, essa Trindade experiencial ativará, ainda mais, por meio do aumento da unidade, a presença factualizante da Deidade Última.

106:4:2 11665 Enquanto a Trindade Última está destinada a coordenar a criação mestra, Deus, o Último, é o poder-personalização transcendental para o qual está direcionado todo o universo-mestre. A realização completa do Último implica o completar da criação do universo-mestre e conota a emergência plena dessa Deidade transcendental.

106:4:3 11666 Que mudanças serão inauguradas pela emergência plena do Último? Não sabemos. Mas, como agora o Supremo está presente, espiritual e pessoalmente, em Havona, do mesmo modo, o Último está presente ali, mas no sentido absonito e suprapessoal. E vós fostes informados da existência dos Vice-regentes Qualificados do Último, embora não fostes informados do paradeiro atual deles, nem da sua função.

106:4:4 11671 Todavia, independentemente das repercussões administrativas que acompanham a emergência da Deidade Última, os valores pessoais da sua divindade transcendental serão experienciáveis, por todas as personalidades que houverem sido participantes da factualização desse nível de Deidade. A transcendência do finito pode conduzir apenas à realização última. Deus, o Último, existe na transcendência do tempo e do espaço, mas é subabsoluto, não obstante uma capacidade inerente para a associação funcional com os absolutos.

5. A ASSOCIAÇÃO CO-ABSOLUTA OU DE QUINTA FASE


106:5:1 11672 O Último é o ápice da realidade transcendental, tanto quanto o Supremo é a cumeeira da realidade evolucionária experiencial. E a emergência factual dessas duas Deidades experienciais assenta a base de fundação para a segunda Trindade experiencial. E esta é o Absoluto da Trindade: a união de Deus, o Supremo, de Deus, o Último, e do irrevelado Consumador do Destino do Universo. E essa Trindade tem capacidade teórica para ativar os Absolutos da potencialidade – o Absoluto da Deidade, o Absoluto Universal e o Absoluto Inqualificável. No entanto, a formação completa desse Absoluto da Trindade só poderia acontecer após a evolução completa de todo o universo-mestre, desde Havona até o quarto nível espacial, o mais externo.

106:5:2 11673 Deveria ficar claro que essas Trindades experienciais são correlativas, não apenas em relação às qualidades de personalidade da Deidade experiencial, mas também quanto a todas as outras qualidades, que não as pessoais, que caracterizam a unidade de Deidades alcançadas por elas. Conquanto essa apresentação trate, primariamente, das fases pessoais da unificação do cosmo, é verdade, contudo, que os aspectos impessoais do universo dos universos estejam, do mesmo modo, destinados a passar pela unificação, como é ilustrado pela síntese de poder-personalidade ora encaminhando-se junto com a evolução do Ser Supremo. As qualidades pessoais de espírito do Supremo são inseparáveis das prerrogativas de poder do Todo-Poderoso, sendo, ambas, complementadas pelo potencial desconhecido da mente Suprema. Nem pode Deus, o Último, como pessoa, ser considerado separadamente de aspectos outros, além dos pessoais, da Deidade Última. E, no nível absoluto, o Absoluto da Deidade e o Absoluto Inqualificável são inseparáveis e indistinguíveis, em presença do Absoluto Universal.

106:5:3 11674 As Trindades são não pessoais, nelas próprias e por elas próprias; mas elas não contradizem a personalidade. Elas antes abrangem-na e correlacionam-na, em um sentido coletivo, com as funções impessoais. As Trindades são, pois, sempre, uma realidade da deidade, mas nunca uma realidade da personalidade. Os aspectos da personalidade de uma trindade são inerentes aos seus membros individuais e, enquanto pessoas individuais, eles não são aquela trindade. Apenas como um coletivo elas são a trindade; e assim é a trindade. Todavia, a trindade é sempre inclusiva de toda deidade que ela engloba; a trindade é a unidade da deidade.

106:5:4 11675 Os três Absolutos – o Absoluto da Deidade, o Absoluto Universal e o Absoluto Inqualificável – não são uma trindade, pois nem todos são deidades. Apenas o deificado pode transformar-se em uma trindade; todas as outras associações são triunidades, ou triodidades.

6. A INTEGRAÇÃO ABSOLUTA OU DE SEXTA FASE


106:6:1 11676 O potencial atual do universo-mestre dificilmente é absoluto, embora possa muito bem estar próximo do último; e nós consideramos impossível alcançar a revelação plena da significação absoluta de valores, dentro do escopo de um cosmo subabsoluto. Nós encontramos, portanto, uma dificuldade considerável para tentar conceber uma expressão total das possibilidades, sem limite, dos três Absolutos, ou mesmo para tentar visualizar uma personalização experiencial de Deus, o Absoluto, no nível, agora impessoal, do Absoluto da Deidade.

106:6:2 11681 O quadro espacial do universo-mestre parece ser adequado para a factualização do Ser Supremo, para a formação e para a função plena da Ultimidade da Trindade, para a realização de Deus, o Último, e mesmo para o princípio do Absoluto da Trindade. Entretanto, os nossos conceitos a respeito da função plena dessa segunda Trindade experiencial parecem implicar alguma coisa para além mesmo de um universo-mestre em ampla expansão.

106:6:3 11682 Se nós fizermos a asserção de um cosmo infinito – um cosmo ilimitado ultrapassando o universo-mestre – e se concebermos que os desenvolvimentos finais do Absoluto da Trindade acontecerão em um tal estágio superúltimo de ação, então, torna-se possível conjecturar que a função completa do Absoluto da Trindade alcançará a expressão final nas criações da infinitude, e que consumará a factualização absoluta de todos os potenciais. A integração e a associação dos segmentos da realidade, que se estão ampliando sempre, aproximar-se-ão de uma absolutez de status proporcional à inclusão de toda realidade dentro dos segmentos assim associados.

106:6:4 11683 Em outros termos: O Absoluto da Trindade, como indica o seu nome, é realmente absoluto na sua função total. Não sabemos como uma função absoluta pode ter a sua expressão total em uma base qualificadamente limitada, ou restrita, de qualquer modo. Por isso, devemos assumir que qualquer função de totalidade, como essa, será incondicionada (em potencial). E pareceria, ainda, que o incondicionado seria ilimitado também, ao menos de um ponto de vista qualitativo, embora não estejamos tão seguros quanto às relações quantitativas.

106:6:5 11684 Entretanto, estamos certos de algo: enquanto a Trindade existencial do Paraíso é infinita, e enquanto a Ultimidade da Trindade experiencial é subinfinita, o Absoluto da Trindade não é tão fácil de se classificar. Embora seja experiencial, pela sua gênese e constituição, ele definitivamente impinge-se aos Absolutos existenciais de potencialidade.

106:6:6 11685 Ainda que seja de pouco proveito para a mente humana buscar compreender conceitos tão longínquos e supra-humanos, nós sugeriríamos que a ação do Absoluto da Trindade, na eternidade, fosse pensada como culminando em alguma espécie de experiencialização dos Absolutos da potencialidade. Isso pareceria ser uma conclusão razoável, a respeito do Absoluto Universal, se não sobre o Absoluto Inqualificável; ao menos sabemos que o Absoluto Universal não apenas é estático e potencial, mas que é também associativo no sentido total que essas palavras conferem à Deidade. No entanto, a respeito dos valores concebíveis da divindade e da personalidade, os acontecimentos, nessa conjectura, implicam a personalização do Absoluto da Deidade e o surgimento dos valores suprapessoais e dos significados ultrapessoais inerentes ao completar da personalidade de Deus, o Absoluto – a terceira e última das Deidades experienciais.

7. A FINALIDADE DO DESTINO


106:7:1 11686 Algumas das dificuldades para formar conceitos sobre a integração da realidade infinita são inerentes ao fato de que todas essas idéias abrangem algo da finalidade do desenvolvimento universal, alguma espécie de realização experiencial de tudo o que poderia, um dia, existir. E é inconcebível que a infinitude quantitativa pudesse jamais ser completamente realizada em finalidade. Dos Absolutos potenciais, algumas possibilidades devem sempre permanecer inexploradas, pois nenhuma quantidade de desenvolvimento experiencial poderia jamais exauri-las. A eternidade mesma, embora seja absoluta, não é mais do que absoluta.

106:7:2 11691 Mesmo uma tentativa de conceituar a integração final, torna-se inseparável das fruições da eternidade inqualificável, e é, portanto, praticamente não realizável em qualquer tempo futuro concebível.

106:7:3 11692 O destino está estabelecido pelo ato volitivo das Deidades que constituem a Trindade do Paraíso; o destino está estabelecido, nas vastidões dos três grandes potenciais, cuja absolutez engloba as possibilidades de todo o desenvolvimento futuro; o destino é consumado, provavelmente, por um ato do Consumador do Destino do Universo, e esse ato está, provavelmente, envolvido com o Supremo e o Último, no Absoluto da Trindade. Qualquer destino experiencial pode ser compreendido parcialmente, ao menos pelas criaturas que o experienciam; mas um destino que se impinge aos infinitos existenciais dificilmente é compreensível. O destino da finalidade é uma realização existencial-experiencial que parece envolver o Absoluto da Deidade. Contudo, o Absoluto da Deidade mantém-se em uma relação de eternidade com o Absoluto Inqualificável, graças ao Absoluto Universal. E esses três Absolutos de possibilidades experienciais, de fato, são existenciais, e mais, são ilimitados, fora do tempo e do espaço, e sem fronteiras, e são incomensuráveis – verdadeiramente infinitos.

106:7:4 11693 A improbabilidade de alcançar a meta, contudo, não impede a cogitação filosófica sobre esses destinos hipotéticos. A factualização do Absoluto da Deidade, como um Deus absoluto, alcançável, pode ser de realização impossível, praticamente; entretanto, a fruição dessa finalidade permanece como uma possibilidade teórica. O envolvimento do Absoluto Inqualificável em algum cosmo infinito inconcebível pode ser incomensuravelmente remoto, no futuro da eternidade sem fim, mas essa hipótese é válida, apesar disso. Os seres mortais, moronciais, espirituais, finalitores, Transcendentais e outros, bem como os próprios universos e todas as outras fases da realidade, certamente têm um destino final, em potencial, que é absoluto em valor; mas duvidamos que qualquer ser ou universo jamais atinja completamente todos dentre os aspectos desse destino.

106:7:5 11694 Não importa quanto possais crescer na compreensão que tendes do Pai, a vossa mente estará sempre confusa com a infinitude irrevelada do Pai-EU SOU, cuja vastidão inexplorada permanecerá sempre insondável e incompreensível, em todos os ciclos da eternidade. Não importa o quanto de Deus vós podeis alcançar, muito mais ainda restará Dele, de cuja existência vós nem mesmo suspeitais. E, pois, nós acreditamos que isso é tão verdade em níveis transcendentais, quanto o é nos domínios da existência finita. A busca de Deus é infindável!

106:7:6 11695 Essa incapacidade de atingir a Deus, em um sentido final, não deveria, de nenhum modo, desencorajar as criaturas do universo; de fato, vós podeis alcançar, e alcançareis, os níveis da Deidade do Sétuplo, do Supremo e do Último; e isso significa, para vós, o que a realização infinita de Deus, o Pai, significa para o Filho Eterno e para o Agente Conjunto, no seu estado absoluto de existência na eternidade. Longe de atormentar a criatura, a infinitude de Deus deveria ser a suprema segurança de que, em todo o futuro sem fim, uma personalidade ascendente terá diante de si possibilidades de desenvolvimento de personalidade e de associação com a Deidade que nem mesmo a eternidade irá exaurir, ou terminar.

106:7:7 11696 Para as criaturas finitas do grande universo, o conceito do universo-mestre parece ser quase infinito, mas, sem dúvida, os seus arquitetos absonitos percebem a sua ligação ao futuro e os desenvolvimentos inimagináveis dentro do EU SOU, que não têm fim. Mesmo o espaço em si não é senão uma condição última, uma condição de qualificação dentro da absolutez relativa das zonas quietas do espaço intermediário.

106:7:8 11701 Em um momento inconcebivelmente distante, na eternidade futura, do completar final de todo o universo-mestre, não há dúvida de que todos nós olharemos para o passado de toda a sua história como se fora apenas o começo, simplesmente a criação de certas fundações finitas e transcendentais para uma metamorfose ainda maior, e mais encantadora, na infinitude inexplorada. Nesse momento da eternidade futura, o universo-mestre ainda parecerá jovem; de fato, será sempre jovem, em face das possibilidades sem limites da eternidade, que nunca terá fim.

106:7:9 11702 A improbabilidade de alcançar-se o destino infinito em nada impede que idéias sejam alimentadas sobre esse destino, e não hesitamos em dizer que, ainda que os três absolutos potenciais não possam jamais ser completamente factualizados, ainda seria possível conceber a integração final da realidade total. Essa realização de desenvolvimento é pregada sobre a factualização completa do Absoluto Inqualificável, do Absoluto Universal e do Absoluto da Deidade, três potencialidades cuja união constitui a latência do EU SOU, das realidades suspensas da eternidade, das possibilidades irrealizadas de todo o futuro, e mais.

106:7:10 11703 O mínimo que se pode dizer é que tais eventualidades são bastante remotas; entretanto, nos mecanismos, nas personalidades e nas associações das três Trindades, acreditamos detectar a possibilidade teórica da reunião das sete fases absolutas do Pai-EU SOU. E isso coloca-nos de frente com o conceito da Trindade tríplice, englobando a Trindade do Paraíso, de status existencial, e as duas Trindades que aparecem subseqüentemente, de natureza e de origem experiencial.

8. A TRINDADE DAS TRINDADES


106:8:1 11704 A natureza da Trindade das Trindades é difícil de retratar para a mente humana; é a soma factual da totalidade da infinitude experiencial, como esta está manifestada em uma infinitude teórica de realização eterna. Na Trindade das Trindades, a infinitude experiencial alcança identidade com o infinito existencial; e ambos são como um no EU SOU pré-experiencial e preexistencial. A Trindade das Trindades é a expressão final de tudo que está implicado nas quinze triunidades e triodidades associadas. As finalidades são de compreensão difícil, para os seres relativos, sejam elas existenciais ou experienciais; e, por isso, elas devem ser sempre apresentadas como relatividades.

106:8:2 11705 A Trindade das Trindades existe em várias fases. Contém possibilidades, probabilidades e inevitabilidades que desconcertam a imaginação de seres muito acima mesmo do nível humano. Tem implicações que são, provavelmente, inesperadas pelos filósofos celestes, pois as implicações que geram estão nas triunidades; e, em última análise, as triunidades são impenetráveis.

106:8:3 11706 Há um certo número de modos pelos quais a Trindade das Trindades pode ser retratada. Nós escolhemos apresentar o conceito em três níveis, que são os descritos a seguir:

11707 1. O nível das três Trindades.

11708 2. O nível da Deidade experiencial.

11709 3. O nível do EU SOU.

106:8:4 117010 Esses níveis são crescentes em unificação. De fato, a Trindade das Trindades é o primeiro nível, enquanto o segundo e terceiro níveis são uma unificação derivada do primeiro.

106:8:5 11711 O PRIMEIRO NÍVEL: neste nível inicial de associação, acredita-se que as três Trindades funcionem de modo perfeitamente sincronizado, embora sejam agrupamentos distintos de personalidades da Deidade.

106:8:6 11712 1. A Trindade do Paraíso, a associação das três Deidades do Paraíso – o Pai, o Filho e o Espírito. Deveria ser lembrado que a Trindade do Paraíso implica uma função tríplice – uma função absoluta, uma função transcendental (a Trindade da Ultimidade) e uma função finita (a Trindade da Supremacia). A Trindade do Paraíso é toda e qualquer uma dessas, em todo e qualquer tempo.

106:8:7 11713 2. A Trindade Última. Esta é a associação dos Criadores Supremos, de Deus, o Supremo, e dos Arquitetos do Universo-Mestre. Conquanto seja esta uma apresentação adequada de aspectos da divindade dessa Trindade, deveria ficar registrado que há outras fases dessa Trindade que, contudo, parecem estar perfeitamente coordenadas com os aspectos da divindade.

106:8:8 11714 3. A Trindade Absoluta. Esta vem do agrupamento de Deus, o Supremo, de Deus, o Último, e do Consumador do Destino do Universo, no que concerne a todos os valores da divindade. Certas outras fases desse grupo trino têm a ver com valores outros, que não os da divindade, no cosmo em expansão. Contudo, estes se estão unificando com as fases da divindade, exatamente como os aspectos do poder e da personalidade das Deidades experienciais estão agora em processo de síntese experiencial.

106:8:9 11715 A associação dessas três Trindades na Trindade das Trindades proporciona uma possível integração ilimitada da realidade. Esse agrupamento tem causas, atividades intermediárias e efeitos finais; tem iniciadores, realizadores e consumadores; tem começos, existências e destinos. A co-participação do Pai-Filho tornou-se do Filho-Espírito e, então, Espírito-Supremo e depois Supremo-Último e Último-Absoluto, indo mesmo até o Absoluto e ao Pai Infinito – o completar do ciclo da realidade. Do mesmo modo, em outras fases não tão imediatamente envolvidas com a divindade e a personalidade, a Primeira Fonte e Centro auto-realiza a ilimitabilidade da realidade em torno do círculo da eternidade, desde a absolutez da auto-existência, passando pela auto-revelação infindável, até a finalidade de auto-realização – do absoluto dos existenciais à finalidade dos experienciais.

106:8:10 11716 O SEGUNDO NÍVEL: a coordenação das três Trindades envolve, inevitavelmente, a união associativa das Deidades experienciais, geneticamente associadas a essas Trindades. A natureza desse segundo nível tem sido algumas vezes apresentada como se segue:

106:8:11 11717 1. O Supremo. Esta é a deidade-conseqüência da unidade da Trindade do Paraíso, na ligação experiencial com os filhos Criadores-Criativos das Deidades do Paraíso. O Supremo é a deidade da incorporação da realização completa do primeiro estágio da evolução finita.

106:8:12 11718 2. O Último. Esta é a deidade conseqüência da unidade, tornada possível, da segunda Trindade, a personificação transcendental e absonita da divindade. O Último consiste de uma unidade considerada, de modos variáveis, de muitas qualidades, e, para a concepção humana dele, seria bom incluir, ao menos, aquelas fases da ultimidade que geram o controle, que são pessoalmente experienciáveis e que geram tensões unificadoras; mas há muitos outros aspectos irrevelados da Deidade factualizada. Embora sejam comparáveis, o Último e o Supremo, eles não são idênticos, e o Último não é uma mera amplificação do Supremo.

106:8:13 11721 3. O Absoluto. Muitas são as teorias sustentadas quanto ao caráter do terceiro membro do segundo nível da Trindade das Trindades. Deus, o Absoluto, está, indubitavelmente, envolvido nessa associação como a personalidade conseqüência da função final do Absoluto da Trindade, e o Absoluto da Deidade ainda é uma realidade existencial com status de eternidade.

106:8:14 11722 A dificuldade de conceituar esse terceiro membro é inerente ao fato de que a pressuposição de tal participação, como membro, realmente implique um único Absoluto. Teoricamente, se esse evento pudesse realizar-se, deveríamos testemunhar a unificação experiencial dos três Absolutos como um. E foi-nos ensinado que, na infinitude, e existencialmente, existe um Absoluto. Conquanto esteja menos claro quanto a quem possa ser esse terceiro membro, é postulado sempre que ele pode consistir no Absoluto da Deidade, no Absoluto Universal e no Absoluto Inqualificável, em alguma forma de ligação inimaginada e de manifestação cósmica. Certamente, a Trindade das Trindades dificilmente poderia atingir a função completa sem a plena unificação dos três Absolutos; e os três Absolutos dificilmente podem ser unificados sem a completa realização de todos os potenciais infinitos.

106:8:15 11723 Caso o terceiro membro da Trindade das Trindades seja concebido como sendo o Absoluto Universal, provavelmente isso irá representar um mínimo de distorção da verdade, posto que esse conceito vê o Universal não apenas como estático e potencial, mas também como associativo. Contudo, nós ainda não percebemos a relação com os aspectos criativos e evolucionários da função da Deidade total.

106:8:16 11724 Embora seja difícil de se ter um conceito completo sobre a Trindade das Trindades, um conceito limitado não seria tão difícil. Se o segundo nível da Trindade das Trindades for concebido como essencialmente pessoal, torna-se bastante possível postular a união de Deus, o Supremo, de Deus, o Último, e de Deus, o Absoluto, como a repercussão pessoal da união das Trindades pessoais, que são ancestrais dessas Deidades experienciais. Arriscamo-nos a emitir a opinião de que essas três Deidades experienciais certamente unificar-se-ão no segundo nível, em conseqüência direta da unidade crescente das suas Trindades ancestrais e causadoras que constituem o nível primeiro.

106:8:17 11725 O primeiro nível consiste de três Trindades; o segundo nível existe como a associação das personalidades da Deidade, compreendendo as personalidades evoluídas-experienciais, factualizadas-experienciais e existenciais-experienciais. E, independentemente de qualquer dificuldade conceitual, na compreensão da Trindade das Trindades completa, a associação pessoal dessas três Deidades, no segundo nível, tornou-se manifesta, para a nossa própria idade universal, no fenômeno da deificação de Majeston, que foi factualizado, nesse segundo nível, pelo Absoluto da Deidade, atuando por intermédio do Último e em resposta ao mandato criador inicial do Ser Supremo.

106:8:18 11726 O TERCEIRO NÍVEL: para uma hipótese inqualificável do segundo nível, da Trindade das Trindades, fica abrangida a correlação entre todas as fases de todas as espécies de realidade que existem, ou existiram, ou poderiam existir no conjunto global da infinitude. O Ser Supremo é não-apenas-espírito, mas é também mente e poder, e experiência. O Último é tudo isso e muito mais, pois, como conceito conjunto da unicidade do Absoluto da Deidade, do Absoluto Universal e do Absoluto Inqualificável, fica incluída a finalidade absoluta de toda compreensão de realização.

106:8:19 11727 Na união do Supremo, do Último e do Absoluto completo, poderia ocorrer a reconstituição funcional desses aspectos da infinitude, que foram originalmente segmentados pelo EU SOU e que resultaram no aparecimento dos Sete Absolutos da Infinitude. Embora os filósofos do universo considerem esta como sendo uma probabilidade bastante remota, nós, freqüentemente, ainda fazemos a seguinte pergunta: Se o segundo nível da Trindade das Trindades pudesse algum dia atingir a unidade trinitária, o que então aconteceria em conseqüência dessa unidade da deidade? Não sabemos, mas confiamos na suposição de que conduziria diretamente à compreensão do EU SOU, como um experiencial alcançável. Do ponto de vista dos seres pessoais, poderia significar que o incognoscível EU SOU se houvesse tornado experienciável como o Pai-Infinito. O que esses destinos absolutos poderiam significar, de um ponto de vista não pessoal, é uma outra questão, e que possivelmente apenas a eternidade poderá esclarecer. Ao vermos, porém, essas eventualidades remotas como criaturas pessoais, deduzimos que o destino final de todas as personalidades seja, afinal, conhecer plenamente o Pai Universal de todas essas mesmas personalidades.

106:8:20 11731 À medida que, filosoficamente, nós concebemos o EU SOU, na eternidade passada, ele está só, não há ninguém ao lado dele. Se olharmos para a eternidade futura, nós possivelmente não veremos que o EU SOU possa mudar, como um existencial, mas estamos inclinados a prever uma vasta diferença experiencial. Esse conceito do EU SOU implica a autocompreensão plena – ele abrange aquela galáxia ilimitada de personalidades que se fizeram participantes voluntárias da auto-revelação do EU SOU, e que permanecerão eternamente como partes volitivas absolutas da totalidade da infinitude, filhos da finalidade do Pai absoluto.

9. A UNIFICAÇÃO EXISTENCIAL INFINITA


106:9:1 11732 No conceito da Trindade das Trindades, nós postulamos a unificação experiencial possível da realidade ilimitada e, algumas vezes, nós cogitamos de que tudo isso possa acontecer no distanciamento super-remoto da eternidade. Há, no entanto, uma unificação factual presente, de infinitude, nessa mesma idade, tanto quanto em todas as idades passadas e futuras do universo; tal unificação é existencial, na Trindade do Paraíso. A unificação da infinitude, como realidade experiencial, é inconcebivelmente remota, mas uma unidade inqualificável da infinitude domina, agora, o momento presente da existência no universo, e une as divergências de toda a realidade com uma majestade existencial que é absoluta.

106:9:2 11733 Quando as criaturas finitas tentam conceber a unificação infinita, nos níveis da finalidade da eternidade consumada, elas se vêem frente às limitações do intelecto, inerentes à existência finita delas. O tempo, o espaço e a experiência são limitações para os conceitos que as criaturas podem formar; e, ainda sem o tempo, apartadas do espaço e afora a experiência, nenhuma criatura poderia ter nem mesmo uma compreensão limitada da realidade do universo. Sem a sensibilidade para o tempo, provavelmente, nenhuma criatura evolucionária poderia perceber as relações de seqüência. Sem a percepção espacial, nenhuma criatura poderia conceber as relações de simultaneidade. Sem a experiência, a criatura evolucionária não poderia nem existir; apenas os Sete Absolutos da Infinitude realmente transcendem à experiência e, mesmo, eles podem ser experienciais em certas fases.

106:9:3 11734 O tempo, o espaço e a experiência são os grandes auxiliares do homem, na percepção da realidade relativa, mas são também os obstáculos mais formidáveis à sua percepção completa da realidade. Os mortais e muitas outras criaturas do universo julgam necessário pensar nos potenciais como sendo factualizados no espaço e evoluindo na fruição do tempo; mas todo esse processo é um fenômeno tempo-espacial que, em verdade, não acontece no Paraíso nem na eternidade. No nível absoluto, não há nem o tempo, nem o espaço; nesse nível, todos os potenciais podem ser percebidos como factuais.

106:9:4 11735 O conceito da unificação de toda realidade, esteja ela nessa idade ou em qualquer outra idade do universo, é basicamente duplo: existencial e experiencial. Tal unidade está em processo de realização experiencial, na Trindade das Trindades; mas o grau da factualização aparente dessa Trindade tríplice é diretamente proporcional ao desaparecimento das qualificações e das imperfeições da realidade no cosmo. No entanto, a integração total da realidade está inqualificável, eterna e existencialmente presente na Trindade do Paraíso, no interior da qual, neste momento mesmo, no universo, a realidade infinita está absolutamente unificada.

106:9:5 11741 O paradoxo criado pelo ponto de vista experiencial e pelo existencial é inevitável; e é, em parte, baseado no fato de que a Trindade do Paraíso e a Trindade das Trindades constituem, cada uma, uma relação de eternidade, que os mortais apenas podem perceber como relatividades tempo-espaciais. O conceito humano da factualização gradual experiencial da Trindade das Trindades – o ponto de vista do tempo – deve ser suplementado pelo postulado adicional de que essa é já uma factualização – o ponto de vista da eternidade. Como, porém, podem ser conciliados esses dois pontos de vista? Para os mortais finitos, sugerimos a aceitação da verdade de que a Trindade do Paraíso é a unificação existencial da infinitude, de que a incapacidade de detectar a presença factual e a manifestação completa da Trindade das Trindades, experiencial, é devida, em parte, à distorção recíproca causada:

106:9:6 11742 1. Pelo ponto de vista humano limitado, pela incapacidade de compreender o conceito da eternidade irrestrita.

106:9:7 11743 2. Pelo status humano de imperfeição, pelo distanciamento humano do nível absoluto dos experienciais.

106:9:8 11744 3. Pelo propósito da existência humana, pelo fato de que a humanidade está destinada a evoluir pela técnica da experiência e que inerentemente e pela sua constituição, por isso, deva ser dependente da experiência. Apenas um Absoluto pode ser tanto existencial quanto experiencial.

106:9:9 11745 O Pai Universal, na Trindade do Paraíso, é o EU SOU da Trindade das Trindades; e são as limitações finitas que impedem que o Pai seja experienciado como infinito. O conceito do EU SOU existencial, solitário, pré-Trinitário e não alcançável e o postulado do EU SOU experiencial, pós-Trinitário e alcançável, na Trindade das Trindades, são uma única e a mesma hipótese; nenhuma mudança de fato aconteceu no Infinito; todos os desenvolvimentos aparentes são devidos às capacidades crescentes para a recepção da realidade e para a apreciação cósmica.

106:9:10 11746 O EU SOU, na análise final, deve existir antes de todos os existenciais e após todos os experienciais. Se bem que essas idéias possam não esclarecer os paradoxos da eternidade e da infinitude dentro da mente humana, deveriam, ao menos, estimular os intelectos finitos a se atracar de novo com esses problemas sem fim, problemas que continuarão a intrigar-vos, seja em Salvington, seja mais tarde, como finalitores, e durante o futuro sem fim das vossas carreiras eternas, nos universos em ampla expansão.

106:9:11 11747 Mais cedo ou mais tarde, todas as personalidades do universo começam a compreender a realidade de que a busca final da eternidade é a exploração sem fim da infinitude, na viagem, que nunca acaba, da descoberta da absolutez da Primeira Fonte e Centro. Mais cedo ou mais tarde, tornamo-nos todos cientes de que o crescimento de todas as criaturas é proporcional à identificação com o Pai. Chegamos ao entendimento de que viver a vontade de Deus é o passaporte eterno para a possibilidade infindável da própria infinitude. Os mortais compreenderão, em algum momento, que o êxito na busca do Infinito é diretamente proporcional ao grau atingido de semelhança com o Pai, e que, nesta idade do universo, as realidades do Pai são reveladas dentro das qualidades da divindade. E essas qualidades da divindade são pessoalmente apropriadas pelas criaturas do universo na experiência de viver divinamente, e viver divinamente significa de fato viver a vontade de Deus.

106:9:12 11751 Para as criaturas materiais, evolucionárias e finitas, uma vida baseada em viver a vontade do Pai conduzirá diretamente ao alcance realizado da supremacia do espírito, na arena da personalidade, e conduz essas criaturas a estar um passo mais próximo de realizar a compreensão do Pai-Infinito. Essa vida para o Pai é baseada na verdade, é sensível à beleza e dominada pela bondade. A pessoa que conhece a Deus está interiormente iluminada pela adoração e é externamente devotada, de todo o seu coração, ao serviço da fraternidade universal de todas as personalidades, serviço este de ministração, que é repleto de misericórdia e motivado pelo amor. E, ao mesmo tempo, todas essas qualidades de vida unificam-se na personalidade que evolui até níveis sempre ascendentes de sabedoria cósmica, de auto-realização, de encontro com Deus e de adoração do Pai.

106:9:13 11752 [Apresentado por um Melquisedeque de Nebadon.]

DOCUMENTO 107

A ORIGEM E A NATUREZA DOS AJUSTADORES DO PENSAMENTO
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Embora o Pai Universal resida pessoalmente no Paraíso, no centro mesmo dos universos, Ele está presente de fato, também, nos mundos do espaço, nas mentes dos seus incontáveis filhos do tempo, pois Ele reside neles sob a forma dos Monitores Misteriosos. O Pai Eterno está, a um tempo, distante e, ao mesmo tempo, ligado o mais intimamente possível aos Seus filhos mortais planetários.

107:0:2 11762 Os Ajustadores são o amor do Pai, feito realidade e encarnado nas almas dos homens; eles são a promessa verdadeira de uma carreira eterna para o homem, confinada dentro da mente mortal; eles são a essência da personalidade perfeccionada de finalitor que o homem tem, e que ele pode pré-degustar no tempo, à medida que, progressivamente, consegue a mestria da técnica divina de realizar a vivência da vontade do Pai, passo a passo, por meio da ascensão de universo a universo, até que alcance, de fato, a presença divina do seu Pai no Paraíso.

107:0:3 11763 Tendo comandado ao homem que seja perfeito, como Ele próprio é perfeito, Deus desceu, sob a forma do Ajustador, para tornar-se o parceiro experiencial do homem, na realização do destino superno que foi assim ordenado. O fragmento de Deus que reside na mente do homem é a garantia absoluta e irrestrita de que o homem pode encontrar o Pai Universal por meio da sua conexão com esse Ajustador divino, que veio de Deus para encontrar o homem e filiá-lo ainda nos dias da carne.

107:0:4 11764 Qualquer ser mortal que tenha visto um Filho Criador viu o Pai Universal; e aquele que é residido por um Ajustador divino é residido pelo Pai do Paraíso. Cada mortal que, consciente ou inconscientemente, esteja seguindo o guiamento do seu Ajustador residente, está vivendo de acordo com a vontade de Deus. Estar consciente da presença do Ajustador é estar consciente da presença de Deus. A fusão eterna do Ajustador com a alma evolucionária do homem é a experiência factual da união eterna com Deus como um coligado universal da Deidade.

107:0:5 11765 É o Ajustador que cria, dentro do homem, aquele anseio infindável, aquela aspiração insaciável de ser como Deus, de alcançar o Paraíso, e de ali, perante a pessoa factual da Deidade, adorar a Fonte Infinita da dádiva divina. O Ajustador é a presença viva que, de fato, liga o filho mortal ao seu Pai no Paraíso, levando-o cada vez mais para perto do Pai. O Ajustador é a compensação que temos para equilibrar a enorme tensão no universo, criada pela distância que separa o homem de Deus e pelo enorme grau da sua parcialidade em relação à universalidade do Pai eterno.

107:0:6 11766 O Ajustador é a essência absoluta de um Ser infinito, enclausurada na mente de uma criatura finita. E, dependendo da escolha de tal criatura mortal, poderá finalmente consumar-se a união temporária entre Deus e o homem e, verdadeiramente, tornar real uma nova ordem de ser, a serviço eterno do universo. O Ajustador é a realidade universal divina que torna real a verdade de que Deus é o Pai do homem. O Ajustador é, para o homem residido, a bússola cósmica infalível que sempre conduz a sua alma, sem erros, na direção de Deus.

107:0:7 11771 Nos mundos evolucionários, as criaturas volitivas passam por três estágios de desenvolvimento do ser: em Urântia, desde a chegada do Ajustador até um crescimento relativamente completo, perto dos vinte anos de idade, os Monitores são algumas vezes designados Mutadores do Pensamento. Dessa idade, até atingir a idade do discernimento, que se dá aos quarenta anos, os Monitores Misteriosos são chamados de Ajustadores do Pensamento. Depois de atingir a idade do discernimento até a libertação da carne, eles são, muitas vezes, chamados de Controladores do Pensamento. Essas três fases da vida mortal não têm nenhum vínculo com os três estágios de progresso do Ajustador na duplicação da mente e na evolução da alma.

1. A ORIGEM DOS AJUSTADORES DO PENSAMENTO


107:1:1 11772 Por serem, os Ajustadores do Pensamento, da essência da Deidade original, ninguém pode presumir discorrer com autoridade sobre a sua natureza e origem; e eu posso apenas transmitir as tradições de Salvington e as crenças de Uversa; posso apenas explicar como consideramos esses Monitores Misteriosos e as entidades a eles coligadas, em todo o grande universo.

107:1:2 11773 Embora haja opiniões diversas sobre o modo de outorgamento dos Ajustadores do Pensamento, não existem diferenças no que concerne à sua origem; todos estão de acordo que eles procedem diretamente do Pai Universal, a Primeira Fonte e Centro. Eles não são seres criados; são entidades-fragmentos do Pai, constituindo a presença factual do Deus infinito. Juntamente com os seus inúmeros colaboradores não revelados, os Ajustadores são a divindade não diluída, pura e intacta, são partes inqualificáveis e não atenuadas da Deidade; eles são de Deus, e, até onde podemos discernir , eles são Deus.

107:1:3 11774 Quanto ao seu começo no tempo, como existências separadas, fora da absolutez da Primeira Fonte e Centro, nada sabemos; também nada sabemos sobre o número deles. Sabemos pouquíssimo a respeito das suas carreiras, antes de chegarem aos planetas do tempo, para residir nas mentes humanas; mas, desse tempo em diante, nós estamos razoavelmente familiarizados com a sua progressão cósmica, até a consumação, inclusive, dos seus destinos trinos: a realização da personalidade por meio da fusão com algum ser ascendente mortal, a realização da personalidade por um “fiat” do Pai Universal, ou a liberação dos conhecidos compromissos como Ajustadores do Pensamento.

107:1:4 11775 Ainda que não saibamos, presumimos que os Ajustadores estejam sendo constantemente individualizados, à medida que o universo cresce e à medida que crescem, em número, os candidatos à fusão com o Ajustador. No entanto, pode ser igualmente possível que estejamos cometendo um erro, ao tentar atribuir uma magnitude numérica aos Ajustadores; como Deus, Ele próprio, esses fragmentos da Sua natureza insondável podem ter uma existência infinita.

107:1:5 11776 A técnica da origem dos Ajustadores é uma das funções não reveladas do Pai Universal. Temos todos os motivos para acreditar que, dos outros coligados absolutos da Primeira Fonte e Centro, nenhum deles tenha a ver com a produção dos fragmentos do Pai. Os Ajustadores são, simples e eternamente, as dádivas divinas; eles são de Deus, provêm de Deus e são como Deus.

107:1:6 11777 Na sua relação com as criaturas de fusão, eles revelam um amor superno e uma ministração espiritual que é profundamente confirmadora da declaração de que Deus é espírito. Mas muito há que acontece além desse ministério transcendente, e que nunca foi revelado aos mortais de Urântia. E também não entendemos plenamente o que realmente acontece quando o Pai Universal doa a Si próprio, para ser uma parte da personalidade de uma criatura do tempo. E também a progressão ascendente dos finalitores do Paraíso ainda não revelou as plenas possibilidades inerentes a essa superna sociedade entre o homem e Deus. Em última análise, os fragmentos do Pai devem ser a dádiva do Deus absoluto àquelas criaturas cujo destino engloba a possibilidade de alcançar Deus, enquanto absoluto.

107:1:7 11781 Do mesmo modo que o Pai Universal fragmenta a Sua Deidade pré-pessoal, também o Espírito Infinito individualiza porções do Seu espírito pré-mental para habitar e factualmente fundir-se com as almas evolucionárias dos mortais sobreviventes, pertencentes à série de fusão com o Espírito. A natureza do Filho Eterno, no entanto, não é fragmentável desse modo; o espírito do Filho Original ou é efundido ou permanece univocamente pessoal. As criaturas de fusão com o Filho unem-se com os outorgamentos individualizados do espírito dos Filhos Criadores do Filho Eterno.

2. A CLASSIFICAÇÃO DOS AJUSTADORES


107:2:1 11782 Os Ajustadores são individualizados como entidades virgens, e todos estão destinados a tornar-se Monitores liberados, ou Monitores fusionados, ou Monitores Personalizados. Nós entendemos que haja sete ordens de Ajustadores do Pensamento, se bem que não compreendamos inteiramente essas divisões. Sempre nos referimos às diferentes ordens do modo seguinte:

107:2:2 11783 1. Os Ajustadores Virgens : aqueles que servem, no seu compromisso inicial, nas mentes de candidatos evolucionários à sobrevivência eterna. Os Monitores Misteriosos são eternamente uniformes pela sua natureza divina. Eles são também uniformes na sua natureza experiencial, ao saírem pela primeira vez de Divinington; uma diferenciação experiencial subseqüente resulta da sua experiência factual de ministério no universo.

107:2:3 11784 2. Os Ajustadores Avançados : aqueles que serviram, em um período ou mais, nas criaturas volitivas, em mundos em que a fusão final acontece entre a identidade da criatura do tempo e uma porção individualizada do espírito da manifestação da Terceira Fonte e Centro, no universo local.

107:2:4 11785 3. Os Ajustadores Supremos : aqueles Monitores que serviram na aventura do tempo, nos mundos evolucionários, mas cujos parceiros humanos, por alguma razão, descartaram a sobrevivência eterna; e aqueles que foram designados, posteriormente, para outras aventuras, em outros mortais, em outros mundos em evolução. Um Ajustador supremo, ainda que não seja mais divino do que um Monitor virgem, teve mais experiências e pode realizar coisas na mente humana que um Ajustador menos experiente não conseguiria fazer.

107:2:5 11786 4 . Os Ajustadores Desaparecidos : Ocorre, nesse ponto, uma interrupção nos nossos esforços para acompanhar as carreiras dos Monitores Misteriosos. Há um quarto estágio de serviço sobre o qual não estamos seguros. Os Melquisedeques ensinam que esses Ajustadores do quarto estágio estão em compromissos isolados, percorrendo o universo dos universos. Os Mensageiros Solitários têm a tendência de acreditar que eles estão em unidade com a Primeira Fonte e Centro, gozando de um período de associação refrescante com o Pai, Ele próprio. E é inteiramente possível, ainda, que um Ajustador possa estar percorrendo o universo-mestre, estando simultaneamente unido ao Pai onipresente.

107:2:6 11787 5. Os Ajustadores Liberados : aqueles Monitores Misteriosos que estiveram eternamente liberados do serviço do tempo, com os mortais das esferas em evolução. Quais funções possam ser as deles, não sabemos.

107:2:7 11791 6. Os Ajustadores Fusionados – ou finalitores: aqueles que se tornaram unos com as criaturas ascendentes dos superuniversos, os parceiros na eternidade dos seres ascendentes do tempo, do Corpo de Finalidade do Paraíso. Os Ajustadores do Pensamento ordinariamente fusionam-se com os mortais ascendentes do tempo e, com esses mortais sobreviventes, eles são registrados na entrada e na saída de Ascendington; eles seguem o curso dos seres ascendentes. Quando se fusiona com a alma ascendente evolucionária, parece que o Ajustador translada-se do nível existencial absoluto do universo para o nível da experiência finita de associação funcional com uma personalidade ascendente. Ainda que retendo todo o caráter da natureza existencial divina, um Ajustador fusionado torna-se indissoluvelmente ligado à carreira ascendente de um mortal sobrevivente.

107:2:8 11792 7. Os Ajustadores Personalizados : aqueles que serviram com os Filhos do Paraíso encarnados; e ainda, com muitos outros, que atingiram distinções inusitadas durante a residência mortal, mas cujos sujeitos rejeitaram a sobrevivência. Temos razões para crer que tais Ajustadores sejam personalizados sob as recomendações dos Anciães dos Dias do superuniverso do seu compromisso.

107:2:9 11793 Há muitos modos pelos quais esses fragmentos misteriosos de Deus podem ser classificados: de acordo com o compromisso no universo, pela medida do êxito em residir um indivíduo mortal, ou até mesmo pelo ancestral racial do candidato mortal à fusão.

3. O LAR DOS AJUSTADORES EM DIVININGTON


107:3:1 11794 No universo, todas as atividades relacionadas ao despacho, à gestão, à direção e ao retorno dos Monitores Misteriosos, a serviço em todos os sete superuniversos, parecem estar centradas na esfera sagrada de Divinington. Até onde eu saiba, nenhuma entidade, a não ser os Ajustadores e outras entidades do Pai, esteve naquela esfera. Parece provável que numerosas entidades pré-pessoais, não reveladas, compartilhem Divinington, como uma esfera-lar, junto com os Ajustadores. Conjecturamos que essas entidades companheiras possam estar vinculadas, de alguma maneira, ao ministério presente e futuro dos Monitores Misteriosos, mas de fato não sabemos.

107:3:2 11795 Quando os Ajustadores do Pensamento voltam para o Pai, eles vão para o Reino da sua suposta origem, Divinington; e provavelmente, como uma parte dessa experiência, haja um contato factual com a personalidade do Pai do Paraíso, bem como com a manifestação especializada da divindade do Pai, que, segundo é sabido, situa-se nessa esfera secreta.

107:3:3 11796 Embora saibamos algo sobre todas as sete esferas secretas do Paraíso, sabemos menos de Divinington do que das outras. Seres de elevadas ordens espirituais recebem apenas três admoestações divinas; e elas são:

11797 1. Mostrar sempre respeito adequado pela experiência e pelos dons dos mais experientes e dos superiores.

11798 2. Levar sempre em consideração as limitações e a inexperiência dos seus inferiores e subordinados.

11799 3. Jamais intentar uma aterrissagem nas margens de Divinington.

107:3:4 117910 Eu tenho sempre pensado que me seria totalmente inútil ir a Divinington; provavelmente, eu seria incapaz de ver qualquer ser residente ali, excetuando-se seres como os Ajustadores Personalizados, e eu os tenho visto em outros locais. Estou muito seguro de que nada há em Divinington que seja de proveito e de real valor para mim, nada de essencial ao meu crescimento e desenvolvimento, ou então não me teria sido proibido ir lá.

107:3:5 11801 Desde que pouco ou nada podemos aprender, em Divinington, sobre a natureza e a origem dos Ajustadores, somos obrigados a reunir informações de mil e uma fontes diferentes e é necessário reunir, associar e correlacionar esses dados acumulados com o fito de transformá-los todos em um conhecimento informativo.

107:3:6 11802 O valor e a sabedoria mostrados pelos Ajustadores do Pensamento sugerem que eles foram submetidos a aperfeiçoamentos de extensão e de alcance prodigiosos. Posto que não sejam personalidades, tal aperfeiçoamento deve ser administrado a eles nas instituições educacionais de Divinington. Os singulares Ajustadores Personalizados, sem dúvida, constituem o pessoal das escolas de Divinington que treina os Ajustadores. E sabemos que esse corpo central de supervisão é presidido pelo agora Personalizado Ajustador do Filho do Paraíso, da ordem dos Michaéis, que primeiro completou a sua auto-outorga sétupla nas raças e povos dos reinos do seu universo.

107:3:7 11803 Sabemos, de fato, pouquíssimo sobre os Ajustadores não personalizados; apenas contatamos e nos comunicamos com as ordens personalizadas. Estes recebem um nome de batismo em Divinington, e são sempre conhecidos pelo nome, e não pelo número. Os Ajustadores Personalizados estão domiciliados permanentemente em Divinington; aquela esfera sagrada é o seu lar. Eles saem daquela morada apenas pela vontade do Pai Universal. Pouquíssimos são encontráveis nos domínios dos universos locais, mas um número maior está presente no universo central.

4. A NATUREZA E A PRESENÇA DOS AJUSTADORES


107:4:1 11804 Dizer que um Ajustador do Pensamento é divino é meramente reconhecer a natureza da sua origem. É altamente provável que tal pureza de divindade abranja a essência do potencial de todos os atributos da Deidade que podem estar contidos em tal fragmento da essência absoluta, da presença universal do Pai do Paraíso, eterno e infinito.

107:4:2 11805 A fonte factual do Ajustador deve ser infinita e, antes do fusionamento com a alma imortal de um mortal em evolução, a realidade do Ajustador deve estar próxima da absolutez. Os Ajustadores não são absolutos no sentido universal, no sentido de Deidade, mas eles são, provavelmente, absolutos verdadeiros, dentro das potencialidades da sua natureza de fragmentos. Eles são qualificados quanto à universalidade, mas não quanto à natureza; eles são limitados em extensividade, mas, em intensividade de significado, de valor e de fato, eles são absolutos. Por essa razão, algumas vezes, nós denominamos as dádivas divinas como os fragmentos qualificados absolutos do Pai.

107:4:3 11806 Nenhum Ajustador jamais foi desleal ao Pai do Paraíso; as ordens mais baixas de criaturas pessoais podem, algumas vezes, ter de lutar contra companheiros desleais, mas nunca com os Ajustadores; eles são supremos e infalíveis, na sua esfera superna de função no universo e de ministração às criaturas.

107:4:4 11807 Os Ajustadores não personalizados são visíveis apenas para os Ajustadores Personalizados. A minha ordem, a dos Mensageiros Solitários, junto com a dos Espíritos Inspirados da Trindade, pode detectar a presença dos Ajustadores por meio de fenômenos de reação espiritual; e mesmo os serafins podem, algumas vezes, discernir a luminosidade do espírito, que é supostamente associada à presença dos Monitores, nas mentes materiais dos homens; mas nenhum de nós é capaz, de fato, de discernir a presença real dos Ajustadores, a menos que eles hajam sido personalizados, embora as suas naturezas sejam perceptíveis dentro da união com as personalidades fusionadas dos mortais ascendentes dos mundos evolucionários.

107:4:5 11811 A invisibilidade universal dos Ajustadores é fortemente indicadora da sua natureza elevada e da sua exclusiva origem e natureza divina. Há uma luz característica, uma luminosidade espiritual, que acompanha essa presença divina, e que tem sido associada geralmente aos Ajustadores do Pensamento. No universo de Nebadon, essa luminosidade do Paraíso é largamente conhecida como a “luz piloto”; em Uversa, é chamada de a “luz da vida”. Em Urântia, esse fenômeno tem sido, algumas vezes, chamado de a “verdadeira luz que ilumina a cada homem que vem ao mundo”.

107:4:6 11812 Para todos os seres que alcançaram o Pai Universal, os Ajustadores Personalizados do Pensamento são visíveis. Os Ajustadores, em todos os estágios, junto com todos os outros seres, entidades, espíritos, personalidades e manifestações espirituais, são sempre discerníveis por aquelas Personalidades Criadoras Supremas, que se originam das Deidades do Paraíso e que presidem aos governos maiores do grande universo.

107:4:7 11813 Podeis realmente compreender o verdadeiro significado da presença interior do Ajustador? Podeis realmente avaliar o que significa ter um fragmento da Deidade absoluta e infinita, do Pai Universal, residindo e fundindo-se com a vossa natureza finita mortal? Quando o homem mortal fusiona-se com um fragmento factual da Causa existencial do cosmo total, nenhum limite pode jamais ser colocado ao destino de uma união tão inimaginável e sem par. Na eternidade, o homem estará descobrindo não apenas a infinitude da Deidade objetiva, mas também a potencialidade sem fim do fragmento subjetivo deste mesmo Deus. Para sempre, o Ajustador estará revelando à personalidade mortal a maravilha de Deus; e essa revelação superna nunca chegará a um fim, pois o Ajustador é de Deus e é como Deus para o homem mortal.

5. A MENTE DOS AJUSTADORES


107:5:1 11814 Os mortais evolucionários tendem a considerar a mente como uma mediação cósmica entre o espírito e a matéria, pois esse é, de fato, o principal serviço da mente, discernível por vós. Torna-se, pois, bastante difícil para os humanos perceberem que os Ajustadores do Pensamento têm mentes, pois os Ajustadores são fragmentações de Deus, num nível absoluto de realidade que não é apenas pré-pessoal, mas também anterior a toda divergência entre energia e espírito. Em um nível monista, antecedente à diferenciação entre energia e espírito, não poderia haver nenhuma função mediadora da mente, pois não há divergências a serem mediadas.

107:5:2 11815 Posto que os Ajustadores podem planejar, trabalhar e amar, eles devem ter poderes de individualidade que sejam comparáveis à mente. Eles possuem uma capacidade ilimitada de comunicar-se entre si, isto é, com todas as formas de Monitores acima do primeiro grupo, ou dos virgens. Quanto à natureza e ao propósito das suas intercomunicações, pouquíssimo é o que podemos revelar, pois não sabemos. Contudo, sabemos que eles devem ter mentes, pois, de outro modo, jamais poderiam ser personalizados.

107:5:3 11816 O dom da mente, nos Ajustadores do Pensamento, é como a qualidade mental do Pai Universal e do Filho Eterno – aquela que é a ancestral das mentes do Agente Conjunto.

107:5:4 11817 O tipo de mente postulado para um Ajustador deve ser similar ao dom da mente de numerosas outras ordens de entidades pré-pessoais que, presumivelmente, também se originaram, do mesmo modo, da Primeira Fonte e Centro. Embora muitas dessas ordens não hajam sido reveladas em Urântia, todas elas apresentam qualidades mentais. É também possível a essas individualizações da Deidade original tornar-se unificadas com inúmeros tipos de seres não mortais em evolução, e mesmo com um número limitado de seres não evolucionários que hajam desenvolvido a capacidade de fusão com tais fragmentos da Deidade.

107:5:5 11821 Quando um Ajustador do Pensamento entra em fusão com a alma moroncial imortal, em evolução, do humano sobrevivente, a mente do Ajustador pode tão somente ser identificada como persistindo à parte da mente da criatura, apenas até o momento em que o mortal ascendente atinge os níveis espirituais de progressão no universo.

107:5:6 11822 Ao atingirem o nível de finalitores na experiência ascendente, esses espíritos do sexto estágio parecem transmutar algum fator da mente que representa uma união de algumas fases da mente mortal e da do Ajustador, que haviam previamente funcionado como ligação entre as fases divinas e humanas dessas personalidades ascendentes. Essa qualidade experiencial da mente provavelmente “suprematiza” e subseqüentemente aumenta o dom experiencial da Deidade evolucionária – o Ser Supremo.

6. OS AJUSTADORES ENQUANTO ESPÍRITOS PUROS


107:6:1 11823 Do modo como os Ajustadores do Pensamento são encontrados na experiência da criatura, eles revelam a presença e o comando de uma influência espiritual. O Ajustador de fato é um espírito, um espírito puro, mas também mais do que espírito. Nunca fomos capazes de classificar satisfatoriamente os Monitores Misteriosos; tudo o que pode ser dito com segurança sobre eles é que eles são verdadeiramente como Deus.

107:6:2 11824 O Ajustador é a possibilidade que o homem tem de eternidade; o homem é a possibilidade de personalidade para o Ajustador. Os vossos Ajustadores individuais trabalham para espiritualizar-vos, na esperança de eternizar a vossa identidade temporal. Os Ajustadores estão repletos do amor magnífico e auto-outorgante do Pai dos espíritos. Eles amam-vos verdadeira e divinamente; eles são como prisioneiros a manter a esperança espiritual, confinados nas mentes dos homens. Eles anseiam pela realização da divindade das vossas mentes mortais, para que a solidão deles possa ter fim, para que eles possam ser liberados, convosco, das limitações da investidura material e das indumentárias do tempo.

107:6:3 11825 A vossa trajetória até o Paraíso é o caminho da realização do espírito, e a natureza do Ajustador irá fielmente desdobrar a revelação da natureza espiritual do Pai Universal. Depois da ascensão ao Paraíso, e nos estágios pós-finalitores da carreira eterna, provavelmente o Ajustador possa estabelecer contato com aquele que uma vez foi o seu parceiro humano, para prover-lhe um outro ministério que não o do espírito; mas a ascensão ao Paraíso e a carreira de finalitor, basicamente, são a sociedade entre o mortal, sabedor de Deus, a se espiritualizar, e o ministério do revelador de Deus, o Ajustador.

107:6:4 11826 Sabemos que os Ajustadores do Pensamento são espíritos, espíritos puros, presumivelmente espíritos absolutos. Todavia, o Ajustador deve também ser algo mais do que uma realidade exclusivamente espiritual. Além da mentalidade conjecturada, fatores de pura energia estão presentes também. Se vós vos lembrardes de que Deus é a fonte da energia pura e do puro espírito, não será tão difícil perceber que os Seus fragmentos também sejam essas duas coisas. É um fato que os Ajustadores atravessam o espaço indo por sobre os circuitos instantâneos e universais da gravidade da Ilha do Paraíso.

107:6:5 11827 Que os Monitores Misteriosos sejam assim associados aos circuitos materiais do universo dos universos é de fato surpreendente. Entretanto, permanece verdadeiro que eles passam de um extremo a outro de todo o grande universo, por sobre os circuitos da gravidade material. É inteiramente provável que eles possam até mesmo penetrar os níveis do espaço exterior; eles certamente poderiam seguir a presença da gravidade do Paraíso nessas regiões; e, ainda que a minha ordem de personalidades tenha podido atravessar os circuitos da mente do Agente Conjunto também para além dos confins do grande universo, nós nunca estivemos certos de detectar a presença de Ajustadores nas regiões ainda não cartografadas do espaço exterior.

107:6:6 11831 E ainda que utilizem os circuitos da gravidade material, os Ajustadores não estão sujeitos a eles como está a criação material. Os Ajustadores são fragmentos do ancestral da gravidade, não são uma conseqüência da gravidade; eles foram segmentados em um nível de existência no universo que, hipoteticamente, é anterior ao surgimento da gravidade.

107:6:7 11832 Os Ajustadores do Pensamento não se relaxam, durante todo o tempo da sua outorga, até o dia da sua liberação para irem a Divinington, quando da morte natural dos seus sujeitos mortais. E aqueles, cujos sujeitos não passam pelos portais da morte natural, nem mesmo experienciam esse repouso temporário. Os Ajustadores do Pensamento não precisam absorver energia; eles são energia, energia da ordem mais elevada e mais divina.

7. OS AJUSTADORES E A PERSONALIDADE


107:7:1 11833 Os Ajustadores do Pensamento não são personalidades; mas eles são entidades reais; são individualizados verdadeira e perfeitamente, se bem que, enquanto residindo nos mortais, não sejam nunca personalizados de fato. Os Ajustadores do Pensamento não são personalidades verdadeiras; eles são realidades verdadeiras, realidades da ordem mais pura conhecida no universo dos universos – eles são a presença divina. Ainda que não pessoais, esses maravilhosos fragmentos do Pai são comumente chamados de seres e, algumas vezes, de entidades do espírito, em vista das fases espirituais do seu presente ministério aos mortais.

107:7:2 11834 Se os Ajustadores do Pensamento não são personalidades com prerrogativas de vontade e poderes de escolha, como então eles podem escolher o sujeito mortal e voluntariar-se para residir nessas criaturas dos mundos evolucionários? Essa é uma pergunta fácil de fazer, mas provavelmente nenhum ser, no universo dos universos, tenha jamais encontrado a resposta exata. Mesmo a minha ordem de personalidades, a dos Mensageiros Solitários, não entende plenamente o dom da vontade, da escolha e do amor em entidades que não sejam pessoais.

107:7:3 11835 Muitas vezes, temos conjecturado que os Ajustadores devem ter volição em todos os níveis pré-pessoais de escolha. Eles fazem-se voluntários para residir nos seres humanos, fazem planos para a carreira eterna do homem, eles adaptam, modificam e substituem, de acordo com as circunstâncias, e essas atividades conotam uma volição genuína. Eles têm afeição pelos mortais, eles funcionam nas crises do universo, eles estão sempre à espera para atuar decisivamente de acordo com a escolha humana, e todas essas reações são altamente volitivas. Em todas as situações que não concernem ao domínio da vontade humana, inquestionavelmente, eles exibem uma conduta que denota o exercício de poderes, em todos os sentidos, equivalentes à vontade, ao máximo da decisão.

107:7:4 11836 Por que então, posto que os Ajustadores do Pensamento possuem volição, seriam eles subservientes à vontade dos mortais? Acreditamos que seja porque a volição do Ajustador, embora absoluta, por natureza, seja pré-pessoal na sua manifestação. A vontade humana funciona, na realidade do universo, no nível da personalidade, e, em todo o cosmo, o impessoal – o não pessoal, o subpessoal e o pré-pessoal – sempre responde à vontade e aos atos da personalidade existente.

107:7:5 11837 Em todo um universo de seres criados e de energias não-pessoais, nós não observamos a vontade, a volição, a escolha e o amor manifestando-se separadamente da personalidade. Excetuando-se nos Ajustadores e em outras entidades similares, nós não testemunhamos esses atributos da personalidade atuando junto com as realidades impessoais. Não seria correto designar um Ajustador como subpessoal, nem seria próprio aludir a essas entidades como suprapessoais, mas seria inteiramente permissível aplicar o termo pré-pessoal a esses seres.

107:7:6 11841 Para as nossas ordens de seres, esses fragmentos da Deidade são conhecidos como dádivas divinas. Reconhecemos que os Ajustadores são divinos na sua origem, e que eles constituem a provável evidência e a demonstração de uma reserva que o Pai Universal tenha da possibilidade de comunicação, direta e ilimitada, com toda e qualquer criatura material, em todos os Seus reinos virtualmente infinitos; e tudo isso acontecendo à parte da Sua presença, nas personalidades dos seus Filhos do Paraíso ou das Suas ministrações indiretas, por meio das personalidades do Espírito Infinito.

107:7:7 11842 Não há seres criados que não se deliciariam em ser hospedeiros dos Monitores Misteriosos; mas nenhuma das ordens de seres é assim residida, a não ser as criaturas evolucionárias de vontade e com destino de finalitores.

107:7:8 11843 [Apresentado por um Mensageiro Solitário de Orvonton.]

DOCUMENTO 108

A MISSÃO E O MINISTÉRIO DOS AJUSTADORES DO PENSAMENTO
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A missão dos Ajustadores do Pensamento junto às raças humanas é a de representar, de ser o Pai Universal, para as criaturas mortais do tempo e do espaço; é esse o trabalho fundamental das dádivas divinas. A sua missão é também elevar as mentes mortais e transladar as almas imortais dos homens às alturas divinas e até os níveis espirituais da perfeição do Paraíso. E, na experiência de transformar, assim, a natureza humana da criatura temporal na natureza divina do finalitor eterno, os Ajustadores trazem à existência um tipo único de ser, que, consistindo na união eterna do Ajustador perfeito e da criatura perfeccionada, seria impossível duplicar por qualquer outra técnica no universo.

108:0:2 11852 Nada, no universo inteiro, pode substituir o fato da experiência em níveis não existenciais. O Deus infinito é, como sempre, repleto e completo, infinitamente inclusivo de todas as coisas, exceto do mal e da experiência da criatura. Deus não pode fazer errado; Ele é infalível. Deus não pode experiencialmente conhecer aquilo que ele jamais experienciou pessoalmente; o pré-conhecimento de Deus é existencial. E é por isso que o espírito do Pai desce do Paraíso, para participar de toda experiência, de plena boa-fé, junto com os mortais finitos, na carreira ascendente; por esse método, apenas, o Deus existencial poderia tornar-se, na verdade e de fato, o Pai experiencial do homem. A infinitude do Deus eterno engloba o potencial para a experiência finita, que, de fato, torna-se factual no ministério dos fragmentos Ajustadores, pois eles efetivamente compartilham das vicissitudes da experiência da vida dos seres humanos.

1. A SELEÇÃO E O COMPROMISSO


108:1:1 11853 Quando os Ajustadores são despachados de Divinington para o serviço mortal, eles são idênticos, em dotação de divindade existencial; mas diferenciam-se pelas qualidades experienciais, na proporção do seu contato prévio com as criaturas evolucionárias, e nelas. Nós não podemos explicar a base do compromisso dos Ajustadores, mas conjecturamos que tais dons divinos sejam outorgados de acordo com alguma política sábia e eficiente; segundo a aptidão eterna para a adaptação à personalidade residida. Observamos que o Ajustador mais experiente é, freqüentemente, o residente do tipo mais elevado de mente humana; a herança humana deve, portanto, ser um fator considerável na escolha, durante a seleção e o comprometimento.

108:1:2 11854 Ainda que não saibamos em definitivo, acreditamos firmemente que todos os Ajustadores do Pensamento sejam voluntários. Antes, todavia, mesmo de se fazer voluntários, eles estão de posse de todos os dados a respeito do candidato a ser residido. As pesquisas seráficas sobre os ancestrais e o modelo projetado de condutas de vida são transmitidos, pela via do Paraíso, ao corpo de reserva dos Ajustadores, em Divinington, por meio da técnica de refletividade, que se estende para dentro, vinda das capitais dos universos locais, até as sedes centrais dos superuniversos. Esse prognóstico não apenas abrange os antecedentes hereditários do candidato mortal, mas também a estimativa provável de seus dons intelectuais e capacidade espiritual. Os Ajustadores, assim, voluntariam-se para residir nas mentes daqueles cujas naturezas íntimas eles já teriam avaliado plenamente.

108:1:3 11861 O Ajustador que se faz voluntário está particularmente interessado em três qualificações do candidato humano:

108:1:4 11862 1. A capacidade intelectual. A mente é normal? Qual é o potencial intelectual, a capacidade da inteligência? Pode o indivíduo desenvolver-se a ponto de ser uma criatura de vontade e de boa-fé? A sabedoria terá com ele uma oportunidade de atuar?

108:1:5 11863 2. A percepção espiritual. As perspectivas, no que se refere ao desenvolvimento, o nascimento e o crescimento da natureza religiosa. Qual é o potencial da alma, qual é a provável capacidade espiritual de receptividade?

108:1:6 11864 3. Os poderes intelectuais e espirituais combinados. O grau em que esses dois dons podem, provavelmente, estar associados, combinados, de modo a resultar na força do caráter humano e contribuir para a evolução certa de uma alma imortal, com valor de sobrevivência.

108:1:7 11865 Com esses fatos diante deles, acreditamos que os Monitores se voluntariem livremente para a sua missão. Provavelmente, mais de um Ajustador voluntarie-se; talvez as ordens personalizadas supervisoras selecionem, desse grupo de Ajustadores voluntários, o mais adequado à tarefa de espiritualizar e de eternizar a personalidade do candidato mortal. (No comprometimento e no serviço dos Ajustadores, o sexo da criatura não entra em consideração. )

108:1:8 11866 O curto espaço de tempo, entre o ato de se fazer voluntário e o momento em que o Ajustador é factualmente despachado, é passado, presumivelmente, nas escolas dos Monitores Personalizados, em Divinington, onde um modelo da mente mortal em expectativa, é utilizado na instrução do Ajustador designado, quanto aos planos mais eficazes para a aproximação da personalidade e para a espiritualização da mente. Esse modelo de mente é formulado por meio de uma combinação dos dados supridos pelo serviço de refletividade do superuniverso. Pelo menos esse é o nosso entendimento, uma crença que temos e que mantemos, resultante da junção de informações, asseguradas pelo contato com muitos Ajustadores Personalizados, ao longo das prolongadas carreiras, pelo universo, dos Mensageiros Solitários.

108:1:9 11867 Uma vez que os Ajustadores sejam despachados, de fato, de Divinington, nenhum tempo, praticamente, decorre entre esse momento e a hora do seu surgimento, na mente do sujeito da sua escolha. O tempo médio, para o trânsito, de um Ajustador, desde Divinington até Urântia, é de 117 horas, 42 minutos e 7 segundos. E todo esse tempo é, virtualmente, gasto com o registro em Uversa.

2. PRÉ-REQUISITOS PARA O AJUSTADOR RESIDIR


108:2:1 11868 Embora se voluntariem para o serviço tão logo as previsões da personalidade sejam transmitidas a Divinington, os Ajustadores não se comprometem, de fato, antes que o sujeito humano tome a sua primeira decisão moral, de personalidade. A primeira escolha moral do filho humano fica automaticamente indicada, no sétimo ajudante da mente, que a registra, instantaneamente, por meio do Espírito Criativo Materno do universo local, no circuito da gravidade da mente universal do Agente Conjunto, na presença do Espírito Mestre da jurisdição do superuniverso; e, a partir daí, este despacha a informação para Divinington. Os Ajustadores chegam aos seus sujeitos humanos, em Urântia, comumente um pouco antes do sexto aniversário deles. Na geração atual, transcorrem cinco anos, dez meses e quatro dias; isto significa o dia 2 134 da sua vida terrestre.

108:2:2 11871 Os Ajustadores não podem invadir a mente mortal, antes que ela haja sido devidamente preparada, pela ministração interior dos espíritos ajudantes da mente; e até que seja conectada ao circuito do Espírito Santo. E isso requer a função coordenada de todos os sete ajudantes, para qualificar, assim, a mente humana para a recepção de um Ajustador. A mente da criatura deve demonstrar um certo alcance de adoração e indicar a função da sabedoria, demonstrando capacidade de escolher entre os valores emergentes do bem e do mal – a escolha moral.

108:2:3 11872 Assim, fica estabelecido qual é o estágio da mente humana para a recepção do Ajustador; mas, regra geral, eles não aparecem, imediatamente, para residir nessas mentes, exceto naqueles mundos nos quais o Espírito da Verdade está atuando como um coordenador espiritual dessas diferentes ministrações espirituais. Se esse espírito dos Filhos auto-outorgados estiver presente, os Ajustadores infalivelmente chegam no instante em que o sétimo espírito ajudante da mente começa a funcionar e sinaliza ao Espírito Materno do Universo que já realizou, em potencial, a coordenação dos seis ajudantes interligados, que eram uma ministração prévia dada a esse intelecto mortal. E assim, pois, em Urântia, desde o Dia de Pentecostes, os Ajustadores divinos têm sido universalmente outorgados a todas as mentes mortais normais, de status moral.

108:2:4 11873 Mesmo tratando-se de mentes dotadas com o Espírito da Verdade, os Ajustadores não podem, arbitrariamente, invadir um intelecto mortal antes do aparecimento da decisão moral. Todavia, uma vez que essa decisão moral haja sido tomada, esse ajudante espiritual assume a jurisdição diretamente de Divinington. Não há intermediários ou outras autoridades interferindo, nem poderes funcionando entre os Ajustadores divinos e os seus sujeitos humanos; Deus e o homem estão diretamente relacionados.

108:2:5 11874 Antes da época da efusão do Espírito da Verdade sobre os habitantes de um mundo evolucionário, o outorgamento dos Ajustadores parece ser determinado por muitas influências espirituais e por atitudes da personalidade. Nós não compreendemos completamente as leis que governam tais outorgamentos; não compreendemos o que determina exatamente a liberação dos Ajustadores, que se fizeram voluntários para residir em tais mentes em evolução. Mas observamos numerosas influências e condições que parecem estar associadas à chegada dos Ajustadores nessas mentes, antes do outorgamento e da efusão do Espírito da Verdade e, pois, são elas:

108:2:6 11875 1. A designação de guardiães seráficos pessoais. Se um mortal não houver sido previamente residido por um Ajustador, a designação de um guardião seráfico pessoal traz o Ajustador, em seguida. Existe uma relação definida, todavia desconhecida, entre o ministério dos Ajustadores e o ministério dos guardiães seráficos pessoais.

108:2:7 11876 2. O alcançar do terceiro círculo da realização intelectual e da realização espiritual. Tenho observado Ajustadores chegarem às mentes mortais, depois da conquista do terceiro círculo, mesmo antes que tal feito pudesse ser assinalado para as personalidades do universo local, a quem concerniriam tais questões.

108:2:8 11877 3. Quando da tomada de uma suprema decisão de importância espiritual inusitada. Esse comportamento humano pessoal durante uma crise planetária, via de regra, é seguido da chegada imediata do Ajustador que já aguardava.

108:2:9 11878 4. O espírito da fraternidade. A despeito da realização, nos círculos psíquicos e da designação de guardiães pessoais – na ausência de qualquer coisa semelhante a uma decisão de crise –, quando um mortal em evolução torna-se dominado pelo amor dos seus semelhantes e consagra-se à ministração não egoísta a seus irmãos na carne, o Ajustador, que aguarda, invariavelmente desce para residir na mente desse ministro mortal.

108:2:10 11881 5. A declaração da intenção de fazer a vontade de Deus. Observamos que muitos mortais, nos mundos do espaço, podem estar aparentemente prontos para receber os Ajustadores e, ainda assim, os Monitores não aparecem. Continuamos observando tais criaturas na sua vida, dia a dia, até que silenciosa e subitamente, e inconscientemente quase, elas chegam à decisão de começar a querer fazer a vontade do Pai no Céu. E observamos, então, que os Ajustadores são imediatamente despachados.

108:2:11 11882 6. A influência do Ser Supremo. Em mundos onde os Ajustadores não se fusionam com as almas em evolução dos habitantes mortais, observamos que os Ajustadores, algumas vezes, são outorgados em resposta a influências que estão totalmente além da nossa compreensão. Conjecturamos que tais outorgamentos sejam determinados por alguma ação de reflexo cósmico originada no Ser Supremo. Quanto ao porquê de esses Ajustadores não poderem fundir-se, ou não se fundirem, com certos tipos de mentes mortais em evolução, não sabemos. Tais transações nunca nos foram reveladas.

3. A ORGANIZAÇÃO E A ADMINISTRAÇÃO


108:3:1 11883 Até onde sabemos, os Ajustadores estão organizados como uma unidade independente de trabalho no universo dos universos e, aparentemente, são administrados diretamente a partir de Divinington. Eles são uniformes em todos os sete superuniversos; todos os universos locais sendo servidos por tipos idênticos de Monitores Misteriosos. Sabemos, por observação, que há inúmeras séries de Ajustadores envolvendo uma organização em série, que se estende às raças, às dispensações e aos mundos, sistemas e universos. Contudo, é extremamente difícil seguir os passos dessas dádivas divinas, pois elas funcionam de modo intercambiável, em todo o grande universo.

108:3:2 11884 O registro dos Ajustadores é conhecido (fora de Divinington) apenas nas sedes centrais dos sete superuniversos. O número e a ordem de cada Ajustador, residente em cada criatura ascendente, são reportados pelas autoridades do Paraíso, às sedes centrais dos superuniversos, e, de lá, comunicados às sedes centrais do universo local envolvido e transmitidos ao planeta particularmente envolvido. No entanto, os registros do universo local não revelam o número total dos Ajustadores do Pensamento; os registros de Nebadon contêm apenas o número dos designados para o universo local, conforme designado pelos representantes dos Anciães dos Dias. O alcance real do número completo dos Ajustadores é conhecido apenas em Divinington.

108:3:3 11885 Os sujeitos humanos são, muitas vezes, conhecidos pelos números dos seus Ajustadores; os seres mortais não recebem nomes reais, no universo, até que se fusionem com os seus Ajustadores, união esta que é assinalada pela outorga feita pelo guardião do destino de um novo nome à nova criatura.

108:3:4 11886 Embora tenhamos os registros dos Ajustadores em Orvonton, e ainda que não tenhamos absolutamente nenhuma autoridade sobre eles, nem tampouco nenhuma relação administrativa com eles, nós acreditamos firmemente que exista uma relação administrativa muito direta entre os mundos individuais dos universos locais e o alojamento central das dádivas divinas em Divinington. Sabemos que, em seguida ao aparecimento de um Filho do Paraíso auto-outorgado, um mundo evolucionário passa a ter um Ajustador Personalizado, designado para ele, como supervisor planetário dos Ajustadores.

108:3:5 11891 É interessante notar que os inspetores do universo local, quando estão efetuando um exame planetário, sempre se referem ao dirigente planetário dos Ajustadores do Pensamento; e fazem do mesmo modo quando enviam as suas acusações aos dirigentes dos serafins e aos líderes de outras ordens de seres ligados à administração de um mundo em evolução. Recentemente, Urântia foi submetida a uma dessas inspeções periódicas de Tabamântia, supervisor soberano de todos os planetas de vida-experimental no universo de Nebadon. E os registros revelam que, além das suas admoestações e acusações dirigidas aos vários dirigentes das personalidades supra-humanas, ele também deu o testemunho seguinte aos comandantes dos Ajustadores, estivessem eles localizados no planeta, em Salvington, em Uversa, ou Divinington, não sabemos ao certo, mas ele disse:

108:3:6 11892 “Agora a vós, superiores, bem acima de mim, venho como um que tem a autoridade, temporariamente, sobre a série dos planetas experimentais; e venho expressar minha admiração e um profundo respeito por esse magnífico grupo de ministros celestes, os Monitores Misteriosos, o qual se fez voluntário para servir nessa esfera irregular. Não importa quão sofridas tenham sido as crises, vós jamais falhastes. Seja nos registros de Nebadon, seja perante as comissões de Orvonton, jamais foi feita uma acusação a um Ajustador divino. Vós haveis sido leais à confiança depositada em vós; haveis sido divinamente fiéis. Vós tendes ajudado a ajustar os erros e a compensar as falhas de todos os que trabalham nesse planeta confuso. Sois seres maravilhosos, guardiães do bem nas almas desse reino retrógrado. A vós dedico o meu respeito, ainda que estejais aparentemente sob a minha jurisdição, como ministros voluntários. Eu me inclino perante vós, em humilde reconhecimento, pela delicada falta de egoísmo de todos vós, pelo vosso ministério compreensivo e pela vossa devoção imparcial. Vós mereceis o nome de servidores, semelhantes a Deus, dos habitantes mortais desse mundo dilacerado por conflitos, alquebrado por lamentos e afligido por doenças. Eu honro a todos vós! Chego mesmo a cultuar-vos!”

108:3:7 11893 Como resultado de muitas linhas sugestivas de evidência, acreditamos que os Ajustadores sejam cuidadosamente organizados, que exista uma diretiva administrativa profundamente inteligente e eficiente para com esses dons divinos, de alguma fonte central longínqua em Divinington provavelmente. Sabemos que eles vêm de Divinington para os mundos; e, indubitavelmente, eles retornam para ali quando da morte dos seus sujeitos.

108:3:8 11894 Entre as ordens mais elevadas de espíritos, é extremamente difícil descobrir os mecanismos da sua administração. A minha ordem de personalidades, ainda que engajada na continuação dos nossos deveres específicos, está participando, de forma indiscutivelmente inconsciente, em inúmeros outros grupos de sub-Deidades pessoais e impessoais, que estão funcionando unidos, como agentes de correlação, nesse imenso universo. Suspeitamos que estamos, dessa forma, servindo, porque somos o único grupo de criaturas personalizadas (à parte os Ajustadores Personalizados) que está consciente, uniformemente, da presença de numerosas ordens de entidades pré-pessoais.

108:3:9 11895 Estamos cônscios da presença dos Ajustadores, que são fragmentos da Deidade pré-pessoal da Primeira Fonte e Centro. Sentimos a presença dos Espíritos Inspirados da Trindade, que são expressões suprapessoais da Trindade do Paraíso. Do mesmo modo, infalivelmente, detectamos a presença espiritual de certas ordens não reveladas, provenientes do Filho Eterno e do Espírito Infinito. E não somos inteiramente insensíveis a outras entidades, não reveladas a vós.

108:3:10 11901 Os Melquisedeques de Nebadon ensinam que os Mensageiros Solitários são as personalidades coordenadoras dessas várias influências que se registram nas Deidades em expansão do Ser Supremo evolucionário. É muito possível que nós possamos ser participantes da unificação experiencial de muitos dos fenômenos inexplicados do tempo; mas não estamos conscientemente seguros de estarmos assim funcionando.

4. A RELAÇÃO COM OUTRAS INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS


108:4:1 11902 À parte uma possível coordenação com outros fragmentos da Deidade, os Ajustadores estão inteiramente a sós na sua esfera de atividade, na mente mortal. Os Monitores Misteriosos demonstram, eloqüentemente, o fato de que, embora o Pai possa haver, aparentemente, renunciado ao exercício de todo poder e de toda autoridade pessoal direta, em todo o grande universo, e, não obstante esse ato de abnegação em favor dos filhos do Supremo Criador, os Filhos das Deidades do Paraíso, o Pai certamente reservou a Si o direito intransferível de estar presente nas mentes e nas almas das suas criaturas evolucionárias, com o fito de poder atuar, desse modo, no sentido de atrair todas as criaturas da criação para Si Próprio, coordenadamente com a gravidade espiritual dos Filhos do Paraíso. O vosso Filho do Paraíso auto-outorgado disse, quando ainda em Urântia: “Se me elevar, eu atrairei todos os homens”. Esse poder espiritual de atração dos Filhos do Paraíso e das suas coligadas criativas, nós reconhecemos e compreendemos; mas não entendemos, tão plenamente, os métodos de funcionamento do Pai onisciente por intermédio desses e nesses Monitores Misteriosos, que vivem e que atuam tão valentemente dentro da mente humana.

108:4:2 11903 Ainda que não subordinados, coordenados, ou aparentemente relacionados com o trabalho no universo dos universos, embora atuando independentemente nas mentes dos filhos dos homens, essas presenças misteriosas impulsionam incessantemente as criaturas nas quais residem na direção dos ideais divinos, sempre os atraindo para cima no sentido dos propósitos e das metas de uma vida futura melhor. Esses Monitores Misteriosos estão atuando continuamente para o estabelecimento do domínio espiritual de Michael em todo o universo de Nebadon; e, ao mesmo tempo, contribuindo, misteriosamente, para a estabilização da soberania dos Anciães dos Dias em Orvonton. Os Ajustadores são a vontade de Deus; e, já que os Filhos do Deus Criador Supremo também incorporam, pessoalmente, essa mesma vontade, torna-se inevitável que as ações dos Ajustadores e a soberania dos governantes do universo devam ser mutuamente interdependentes. Ainda que aparentemente desconectadas, a presença do Pai nos Ajustadores e a soberania do Pai em Michael de Nebadon devem ser manifestações diversas da mesma divindade.

108:4:3 11904 Os Ajustadores do Pensamento parecem ir e vir de um modo totalmente independente de todas e quaisquer presenças espirituais; eles parecem funcionar de acordo com as leis do universo, que são totalmente diferentes daquelas que governam e controlam as atuações de todas as outras influências espirituais. Contudo, ainda que aparentando tal independência, a observação por um prazo mais longo revela, inquestionavelmente, que eles funcionam na mente humana em sincronia e em coordenação perfeitas com todas as outras ministrações espirituais, incluindo a dos espíritos ajudantes da mente, do Espírito Santo, do Espírito da Verdade e de outras influências.

108:4:4 11905 Quando um mundo fica isolado por causa de uma rebelião; quando um planeta é desligado de toda comunicação feita com os circuitos externos, como Urântia ficou depois da sublevação de Caligástia, com excessão dos mensageiros pessoais, não resta senão uma possibilidade de comunicação interplanetária ou universal, e esta é feita por meio da ligação com os Ajustadores nas esferas. Não importa o que possa acontecer em um mundo ou universo, os Ajustadores nunca ficam diretamente envolvidos. O isolamento de um planeta, de nenhum modo, afeta os Ajustadores, nem a sua capacidade de se comunicar com qualquer parte do universo local, do superuniverso ou do universo central. E essa é a razão pela qual os contatos com os Ajustadores supremos e os Ajustadores auto-atuantes do corpo de reserva do destino são feitos, tão freqüentemente, em mundos em quarentena. São providos recursos para essa técnica, como um meio de contornar as limitações do isolamento planetário. Em anos recentes, os circuitos dos arcanjos têm funcionado em Urântia; mas esse meio de comunicação é grandemente limitado às transações feitas pelo próprio corpo de arcanjos.

108:4:5 11911 Somos conhecedores de muitos fenômenos espirituais, na vastidão do universo, cujo entendimento pleno nos escapa. Não temos, ainda, a mestria do conhecimento de tudo o que ocorre à nossa volta; e acredito que muito desse trabalho inescrutável seja efetuado pelos Mensageiros da Gravidade e por alguns tipos de Monitores Misteriosos. Não creio que os Ajustadores estejam devotados apenas a recompor as mentes mortais. Estou persuadido de que os Monitores Personalizados e outras ordens de espíritos pré-pessoais, ainda não revelados, sejam representativos do contato direto e inexplicável do Pai Universal com as criaturas dos reinos.

5. A MISSÃO DO AJUSTADOR


108:5:1 11912 Os Ajustadores aceitam um compromisso difícil quando se fazem voluntários para residir em seres compostos, como esses que vivem em Urântia. No entanto, eles assumiram a tarefa de existir nas vossas mentes, para nelas receber as recomendações das inteligências espirituais dos reinos e assumir a tarefa de re-ditar ou de traduzir essas mensagens espirituais para a mente material; eles são indispensáveis à ascensão ao Paraíso.

108:5:2 11913 Tudo que o Ajustador não pode aplicar à vossa vida atual, aquelas verdades que ele não pode transmitir com êxito ao homem ao qual se afiança, ele irá guardar fielmente para usar no próximo estágio de existência, do mesmo modo que ele agora transporta, de círculo para círculo, todos aqueles itens que ele não consegue registrar na experiência do seu sujeito humano, devido à incapacidade da criatura, ou ao fracasso dela em participar com um grau suficiente de cooperação.

108:5:3 11914 Uma coisa na qual vós podeis confiar: os Ajustadores jamais deixarão que se perca qualquer coisa entregue aos seus cuidados; nunca soubemos que esses ajudantes espirituais houvessem falhado. Os anjos e outros tipos elevados de seres espirituais, não se excetuando os tipos de Filhos do universo local, podem ocasionalmente abraçar o mal, podem algumas vezes sair do caminho divino; mas os Ajustadores nunca falham. Eles são absolutamente confiáveis; e isso é verdadeiro, de modo igual, para todos os sete grupos.

108:5:4 11915 O vosso Ajustador é o potencial da vossa nova e próxima ordem de existência, ele é uma dádiva em adiantamento da vossa filiação eterna a Deus. Por meio do consentimento da vossa vontade, e com esse consentimento, o Ajustador tem o poder de sujeitar as tendências da mente material às ações transformadoras das motivações e propósitos da alma moroncial que emerge.

108:5:5 11916 Os Monitores Misteriosos não são meros assistentes do pensamento; eles são os ajustadores do vosso pensamento. Eles trabalham com a mente material no propósito de construir, por meio do ajustamento e da espiritualização, uma nova mente, para os novos mundos e para o novo nome da vossa carreira futura. A missão deles concerne, principalmente, à vida futura, não a esta vida. Eles são chamados de ajudantes celestes, não de ajudantes terrenos. Eles não estão interessados em tornar fácil a carreira mortal; antes, estão ocupados em tornar a vossa vida razoavelmente difícil e acidentada, de modo tal que as decisões sejam estimuladas e multiplicadas. A presença de um Ajustador do Pensamento especial não confere facilidade de vida, nem vos livra do raciocinar árduo; mas esse dom divino acaba por conferir uma paz sublime de mente e uma tranqüilidade magnífica de espírito.

108:5:6 11921 As vossas emoções passageiras, e sempre em mutação, entre alegria e tristeza, são reações puramente humanas e materiais, do vosso clima psíquico interior, ao vosso meio ambiente externo. E, portanto, não encarai o Ajustador como um consolador egoístico, nem conteis com ele para o vosso conforto enquanto mortais. A tarefa do Ajustador é preparar-vos para a aventura eterna, é assegurar a vossa sobrevivência. Não faz parte da missão do Monitor Misterioso suavizar os vossos sentimentos turbulentos, nem vos curar no vosso orgulho ferido; é na preparação da vossa alma que o Ajustador põe a sua atenção e ocupa o seu tempo; na preparação da vossa alma para a longa carreira ascendente.

108:5:7 11922 Duvido que eu seja capaz de explicar-vos, exatamente, o que os Ajustadores fazem nas vossas mentes, nem o que fazem pelas vossas almas. Não sei se sou plenamente conhecedor do que realmente acontece nessa associação cósmica, a de um Monitor divino com uma mente humana. Tudo é como um mistério para nós, não o plano e o propósito em si, mas o modo factual da sua realização. E é exatamente por isso que nos confrontamos com tais dificuldades para encontrar um nome apropriado para esses dons supernos dados aos homens mortais.

108:5:8 11923 Os Ajustadores do Pensamento gostariam de transformar os vossos sentimentos de medo em convicções de amor e de confiança; mas eles não podem, mecânica e arbitrariamente, fazer tais coisas; isso é tarefa vossa. Ao assumir essas decisões, que vos livram das correntes do medo, estareis literalmente criando o ponto de apoio psíquico para que o Ajustador possa subseqüentemente entrar com a sua iluminação espiritual equilibradora e elevadora, necessária ao vosso progresso.

108:5:9 11924 Quando se trata dos conflitos agudos e bem definidos entre as tendências mais elevadas e as mais baixas das raças, entre o que realmente é certo ou errado (não aquilo que vós meramente chamais de certo e de errado), vós podeis confiar que o Ajustador sempre participará de alguma maneira definida e ativa em tais experiências. O fato de que essa atividade do Ajustador possa ser inconsciente, para o parceiro humano, não cria demérito de nenhum modo para essa realidade e o seu valor.

108:5:10 11925 Se vós tiverdes um guardião pessoal do destino e falhardes na sobrevivência, esse anjo guardião deve ser julgado com o fito de receber o indulto devido à execução fiel da missão a ele confiada. Todavia, os Ajustadores do Pensamento não são submetidos assim a nenhum exame quando os seus sujeitos falham, quanto à sobrevivência. Todos nós sabemos que, enquanto um anjo possa possivelmente falhar, na perfeição do seu ministério, os Ajustadores trabalham com a perfeição do Paraíso; a sua ministração é caracterizada por uma técnica sem jaça que permanece além da possibilidade da crítica de qualquer ser fora de Divinington. Vós tendes guias perfeitos; e, por isso, a meta da perfeição é atingível, com toda a certeza.

6. DEUS NO HOMEM


108:6:1 11926 De fato, é uma maravilha da condescendência divina que os elevados e perfeitos Ajustadores ofereçam-se a si próprios para uma existência factual, nas mentes das criaturas materiais, tais como os mortais de Urântia; para consumar realmente uma união probacionária com os seres de origem animal da Terra.

108:6:2 11931 Não importa qual seja o status prévio dos habitantes de um mundo, após a auto-outorga de um Filho divino e após a efusão do Espírito da Verdade sobre todos os humanos, os Ajustadores acorrem até esse mundo para residir nas mentes de todas as criaturas normais de vontade. Em seguida ao cumprimento da missão de um Filho do Paraíso auto-outorgante, esses Monitores verdadeiramente se tornam o “Reino do céu, dentro de vós”. Por intermédio do outorgamento dos dons divinos, o Pai aproxima-Se, o mais que pode, do pecado e do mal; pois é literalmente verdadeiro que o Ajustador deva coexistir na mente mortal, mesmo em meio à falta de retidão humana. Os Ajustadores residentes ficam particularmente atormentados pelos pensamentos que são puramente sórdidos e egoístas; ficam afligidos com a irreverência para com aquilo que é belo e divino; e muitos dos medos animais tolos e ansiedades infantis são obstáculos virtuais ao seu trabalho.

108:6:3 11932 Os Monitores Misteriosos são, sem dúvida, uma dádiva do Pai Universal, o reflexo da imagem de Deus projetado no universo. Um grande educador certa vez notificou aos homens que eles deveriam renovar-se no espírito existente nas suas mentes; que eles tornar-se-iam homens novos que, como Deus, são criados na retidão e no cumprimento da verdade. O Ajustador é a marca da divindade, a presença de Deus. A “imagem de Deus” não se refere à semelhança física, nem à limitação circunscrita do dom da criatura material, mas, antes, à dádiva da presença do espírito do Pai Universal, no outorgamento superno dos Ajustadores do Pensamento às humildes criaturas dos universos.

108:6:4 11933 O Ajustador é a fonte da realização espiritual e a esperança de um caráter divino dentro de vós. Ele é o poder, o privilégio e a possibilidade de sobrevivência, que, tão plena e definitivamente, vos distingue, a vós, das criaturas meramente animais. Ele é o estímulo espiritual mais alto e verdadeiramente interno do pensamento, em contraste com o estímulo externo e físico, que alcança a mente pelo mecanismo energético nervoso do corpo material.

108:6:5 11934 Esses fiéis custódios da carreira futura, infalivelmente, duplicam toda a criação mental, em uma contraparte espiritual; eles estão assim, vagarosa e seguramente, recriando-vos como vós realmente sois (apenas espiritualmente) para a ressurreição, nos mundos de sobrevivência. E todas essas delicadas recriações espirituais estão sendo preservadas, na realidade que surge da vossa alma imortal em evolução: o vosso eu moroncial. Essas realidades estão factualmente aí, não obstante o Ajustador raramente ser capaz de exaltar essas criações duplicadas, suficientemente, a ponto de exibi-las à luz da consciência.

108:6:6 11935 E, do mesmo modo que sois os parentes humanos, o Ajustador é o parente divino do vosso eu real, o vosso eu mais elevado e avançado, o vosso eu moroncial melhor, o vosso eu espiritual futuro. E é essa alma moroncial, em evolução, que os juízes e censores discernem, quando vão decretar a vossa sobrevivência e a vossa passagem para cima, para os novos mundos e para uma existência infindável, em ligação eterna com o vosso parceiro fiel – Deus, o Ajustador.

108:6:7 11936 Os Ajustadores são os ancestrais eternos, os originais divinos das vossas almas imortais evolucionárias; eles são o impulso incessante, que conduz o homem a conquistar a mestria material e presente da existência, à luz da carreira espiritual e futura. Esses Monitores são os prisioneiros da esperança que não morre, são as fontes da progressão infindável. E como ficam felizes de comunicar-se com os seus sujeitos, por canais mais ou menos diretos! Como eles se regozijam, quando podem descartar os símbolos e outros métodos indiretos, e passam a poder comunicar as suas mensagens diretamente aos intelectos dos seus parceiros humanos!

108:6:8 11941 Vós, humanos, iniciastes um desdobrar quase que sem fim de um panorama infinito, uma expansão sem limite de esferas de oportunidades, sempre mais amplas, de serviço jubiloso, de aventura sem par, de incerteza sublime e de alcances sem fronteiras. Quando nuvens se acumularem sobre as vossas cabeças, a vossa fé deveria aceitar o fato da presença do Ajustador residente e, assim, vós deveríeis ser capazes de olhar através das névoas da incerteza mortal, para o brilho claro do sol da retidão eterna, que clareia as alturas acolhedoras dos mundos das mansões de Satânia.

108:6:9 11942 [Apresentado por um Mensageiro Solitário de Orvonton.]

DOCUMENTO 109

A RELAÇÃO DOS AJUSTADORES COM
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Os Ajustadores do Pensamento são as crianças da carreira do universo e, de fato, os Ajustadores virgens devem ganhar experiência, enquanto as criaturas mortais crescem e desenvolvem-se. Do mesmo modo que a personalidade da criança humana se expande, para as lutas da existência evolucionária, o Ajustador cresce muito com os exercícios preparatórios para o próximo estágio na vida ascendente. Da mesma forma que a criança adquire versatilidade de adaptação, para as suas atividades adultas, por meio da vida social e da vida nas brincadeiras da primeira infância, também o Ajustador residente aprimora as suas habilidades, para o próximo estágio da vida cósmica, em virtude de um planejamento preliminar para o mortal e do aprendizado daquelas atividades que têm a ver com a carreira moroncial. A existência humana constitui um período de prática, que é efetivamente utilizado pelo Ajustador, na preparação para as responsabilidades crescentes e para as maiores oportunidades de uma vida futura. Mas os esforços do Ajustador, enquanto vivem dentro de vós, não são muito ligados aos assuntos da vida temporal e da existência planetária. No momento presente, os Ajustadores do Pensamento estão preparando, por assim dizer, a introdução às realidades da carreira do universo, nas mentes em evolução dos seres humanos.

1. O DESENVOLVIMENTO DOS AJUSTADORES


109:1:1 11952 Deve haver um plano elaborado e abrangente para o aperfeiçoamento e desenvolvimento dos Ajustadores virgens, antes de serem enviados para fora de Divinington, mas realmente pouco sabemos a esse respeito. Indubitavelmente, também existe um sistema extenso para o reaperfeiçoamento dos Ajustadores com experiência de residente, antes que embarquem nas suas missões de ligação aos mortais, mas também nada sabemos disso na realidade.

109:1:2 11953 Foi-me dito, por Ajustadores Personalizados, que toda vez que um mortal, com um Monitor residente, falha na sua sobrevivência, quando o Ajustador retorna a Divinington, ele engaja-se num curso extensivo de aperfeiçoamento. Esse aperfeiçoamento adicional torna-se possível pela experiência de já haver residido em um ser humano e é sempre ministrado antes de o Ajustador ser remanejado para os mundos evolucionários do tempo.

109:1:3 11954 A experiência real de vida não tem nenhum substituto cósmico. A perfeição da divindade, de um Ajustador recém-criado, de nenhuma maneira dota esse Monitor Misterioso com a habilidade e a experiência para a ministração à mente humana. A experiência é inseparável de uma existência viva; é algo que nem o dom divino, em nenhuma magnitude, pode eximir-vos da necessidade de ser obtida por meio de uma vivência real. Portanto, da mesma forma que todos os seres que vivem e funcionam dentro da esfera presente do Supremo, devem os Ajustadores do Pensamento adquirir experiência; devem evoluir de grupos mais baixos e inexperientes, até os mais elevados e experientes.

109:1:4 11961 Os Ajustadores passam por uma carreira clara de desenvolvimento na mente mortal; adquirem uma realidade de êxito, a qual é eternamente deles. Eles adquirem, progressivamente, a perícia e a habilidade de Ajustador, como resultado dos contatos de residência nas raças materiais, a despeito da sobrevivência ou não dos seus sujeitos mortais. Eles são, também, parceiros igualitários da mente humana, no fomento da evolução da alma imortal, com capacidade de sobrevivência.

109:1:5 11962 O primeiro estágio da evolução do Ajustador é alcançado na fusão com a alma sobrevivente de um ser mortal. Assim, enquanto vós estais por natureza evoluindo para dentro e para cima, do homem até Deus, os Ajustadores estarão, por natureza, evoluindo para fora e para baixo, de Deus para o homem; e, assim, o produto final dessa união entre a divindade e a humanidade será eternamente um filho do homem e um filho de Deus.

2. OS AJUSTADORES AUTO-ATUANTES


109:2:1 11963 Vós tendes sido informados sobre a classificação dos Ajustadores; em relação à experiência, há os virgens, os avançados e os supremos. Vós devíeis também conhecer uma certa classificação funcional – a dos chamados Ajustadores auto-atuantes. Um Ajustador que é capaz de atuar por si próprio, ou seja auto-atuante é aquele que:

109:2:2 11964 1. Teve uma certa experiência, de pré-requisito, na evolução da vida de uma criatura dotada de vontade, seja como um residente temporário, em um tipo de mundo em que os Ajustadores são apenas emprestados aos sujeitos mortais; seja num planeta de fusão real, em que o humano falhou na sua sobrevivência. Tal Monitor é um Ajustador avançado ou supremo.

109:2:3 11965 2. Adquiriu o equilíbrio, do poder espiritual, em um humano que atingiu o terceiro círculo psíquico e que teve designado para ele um guardião seráfico pessoal.

109:2:4 11966 3. Tem um sujeito que tomou a decisão suprema, que assumiu um compromisso solene e sincero com o Ajustador. O Ajustador, então, aguarda antecipadamente a época da fusão real e reconhece a união como um evento garantido.

109:2:5 11967 4. Tem um sujeito que pertence a um dos corpos de reserva do destino, em um mundo evolucionário de ascensão mortal.

109:2:6 11968 5. Em algum momento, durante o sono humano, foi temporariamente separado da mente do seu confinamento mortal, para realizar alguma missão de ligação, contato, reinscrição ou outro serviço extra-humano, associado à administração espiritual do mundo para o qual foi designado.

109:2:7 11969 6. Serviu, em tempo de crise, na experiência de algum ser humano que foi o complemento material de uma personalidade espiritual encarregada de alguma realização cósmica essencial à economia espiritual do planeta.

109:2:8 119610 Esses Ajustadores, que atuam por si próprios, parecem possuir um grau considerável de vontade, em todas as questões que não envolvam as personalidades humanas nas quais residem diretamente, como está indicado pelas suas inúmeras obras, tanto dentro, quanto fora dos sujeitos mortais da sua vinculação. Tais Ajustadores participam de inúmeras atividades deste reino, porém, mais freqüentemente, eles funcionam como residentes não detectados nos tabernáculos terrenos da sua própria escolha.

109:2:9 119611 Indubitavelmente, esses tipos mais elevados e mais experientes de Ajustadores podem comunicar-se com outros, de outros reinos. No entanto, ainda que esses Ajustadores auto-atuantes se intercomuniquem assim, eles o fazem apenas nos níveis dos seus trabalhos mútuos e com os propósitos de preservação dos dados de custódia, essenciais ao ministério do Ajustador, nos reinos da sua estada, embora se saiba que, algumas vezes, eles têm funcionado em questões interplanetárias durante momentos de crise.

109:2:10 11971 Os Ajustadores supremos e auto-atuantes podem deixar o corpo humano à vontade. Os residentes não são uma parte orgânica ou biológica da vida mortal; eles são, sim, supraimposições divinas doadas às mentes mortais. Nos planos originais da vida, estava prevista a dotação de Ajustadores, mas eles não são indispensáveis à existência material. No entanto, deve ser registrado que, só muito rara e temporariamente mesmo, eles abandonam os seus tabernáculos mortais, após haverem assumido a sua residência.

109:2:11 11972 Os Ajustadores superatuantes são aqueles que realizaram a conquista das tarefas de que foram incumbidos e apenas aguardam a dissolução do veículo de vida material ou o translado da alma imortal.

3. A RELAÇÃO DOS AJUSTADORES COM OS TIPOS MORTAIS


109:3:1 11973 O caráter do trabalho detalhado dos Monitores Misteriosos varia, de acordo com a natureza do seu compromisso e designação, conforme sejam, ou não, Ajustadores de ligação ou de fusão. Alguns Ajustadores são meramente emprestados, para os períodos de vida temporal dos seus sujeitos; outros são outorgados, como candidatos à personalidade, com permissão para a fusão permanente, se os seus sujeitos sobreviverem. Há também uma leve variação nos seus trabalhos, entre os diferentes tipos planetários, bem como entre os diferentes sistemas e universos. Em geral, porém, os seus trabalhos são notavelmente uniformes, mais do que o são os deveres de quaisquer das ordens criadas de seres celestes.

109:3:2 11974 Em certos mundos primitivos (do grupo da série um), o Ajustador reside na mente da criatura como um aperfeiçoamento experimental, principalmente para o autocultivo e para um desenvolvimento progressivo. Os Ajustadores virgens são comumente enviados a tais mundos durante os primeiros tempos, quando, então, os homens primitivos estão chegando ao vale da decisão, mas quando poucos, comparativamente, elegerão ascender até grandes alturas morais, para além das colinas do autodomínio e da aquisição de caráter, para alcançar os níveis mais altos da espiritualidade emergente. (Contudo, muitos dos que não conseguem a fusão com o Ajustador sobrevivem como ascendentes de fusão com o Espírito. ) Os Ajustadores recebem um aperfeiçoamento valioso e adquirem uma experiência maravilhosa, na associação transitória com mentes primitivas, e tornam-se capazes de utilizar, subseqüentemente, essa experiência, para benefício de seres superiores, em outros mundos. Nada de valor para a sobrevivência é perdido, nunca, em todo o amplo universo.

109:3:3 11975 Em outro tipo de mundo (do grupo da série dois), os Ajustadores são meramente emprestados aos seres mortais. Ali, os Monitores nunca poderão atingir a fusão de personalidade por meio desse tipo de residência, mas prestam uma grande ajuda aos seus sujeitos humanos, durante o período da vida mortal; ajuda ainda maior do que a que são capazes de prestar aos mortais de Urântia. Os Ajustadores, nesses mundos, são emprestados às criaturas mortais, pelo período de uma única vida, como modelos para as suas metas espirituais mais elevadas, como ajudantes temporários, na intrigante tarefa de perfeccionamento do caráter que sobreviverá. Os Ajustadores não retornam para tais sobreviventes após a morte natural; eles atingem a vida eterna mediante a fusão com o Espírito.

109:3:4 11976 Em mundos tais como Urântia (do grupo da série três) há um verdadeiro compromisso com os dons divinos, um engajamento de vida e morte. Se vós sobreviverdes, haverá uma união eterna, uma fusão perpétua, que faz do homem e do Ajustador um único ser.

109:3:5 11977 Nos mortais de três cérebros, dessa série de mundos, os Ajustadores são capazes de conseguir muito mais contato com os seus sujeitos, durante a vida temporal, do que com os tipos de um e de dois cérebros. Contudo, na sua carreira após a morte, o tipo de três cérebros procede exatamente como o de um cérebro e o povo de dois cérebros – as raças de Urântia.

109:3:6 11981 Nos mundos de humanos de dois cérebros, subseqüentemente à estada de um Filho auto-outorgado do Paraíso, os Ajustadores virgens raramente são designados para pessoas que têm capacidade inquestionável de sobrevivência. É da nossa crença que, em tais mundos, praticamente todos os Ajustadores que residem em homens e mulheres inteligentes, com capacidade de sobrevivência, são do tipo avançado ou do tipo supremo.

109:3:7 11982 Em muitas das raças evolucionárias primevas de Urântia, três grupos de seres existiram. Havia aqueles que eram tão animalescos que lhes faltava quase inteiramente a capacidade para receber o Ajustador. Havia aqueles que demonstravam capacidade indubitável para receber o Ajustador, e prontamente os recebiam, quando a idade da responsabilidade moral era atingida. Havia, ainda, uma terceira classe, que ocupava uma posição limítrofe; eles tinham capacidade para receber os Ajustadores, mas os Monitores só podiam residir nas suas mentes por um pedido pessoal do indivíduo.

109:3:8 11983 Entretanto, com aqueles seres que são virtualmente desqualificados para a sobrevivência, por causa de uma herança nefasta de antepassados inferiores e ineptos, muitos Ajustadores virgens serviram, adquirindo uma experiência preliminar valiosa de contato com a mente evolucionária, e assim tornaram-se mais bem qualificados, para compromissos subseqüentes, com um tipo mais elevado de mente em algum outro mundo.

4. OS AJUSTADORES E A PERSONALIDADE HUMANA


109:4:1 11984 As formas mais elevadas de comunicação inteligente entre seres humanos são grandemente ajudadas pelos Ajustadores residentes. Os animais têm sentimentos de companheirismo, mas não transmitem conceitos e ideais entre si; podem expressar emoções, mas não idéias e ideais. Nem podem os homens, dada a sua origem animal, experienciar um tipo elevado de troca intelectual ou de comunhão espiritual com os seus semelhantes antes de os Ajustadores do Pensamento lhes haverem sido outorgados, se bem que, quando tais criaturas evolucionárias desenvolvem a fala, já estão a caminho de receber os Ajustadores.

109:4:2 11985 Os animais comunicam-se uns com os outros de um modo primário, mas há pouca ou nenhuma personalidade em tal contato primitivo. Os Ajustadores não são personalidades, eles são seres pré-pessoais. Todavia, provêm da fonte da personalidade e a sua presença amplia as manifestações qualitativas da personalidade humana; e isso é especialmente verdadeiro se o Ajustador houver tido uma experiência prévia.

109:4:3 11986 O tipo de Ajustador tem muito a ver com o potencial de expressão da personalidade humana. Ao longo dos tempos, muitos dos grandes líderes intelectuais e espirituais de Urântia têm exercido a sua influência, principalmente por causa da superioridade e da experiência prévia dos seus Ajustadores residentes.

109:4:4 11987 Os Ajustadores residentes têm cooperado, em uma medida considerável, com outras influências espirituais, na transformação e humanização dos descendentes de homens primitivos de idades antigas. Se os Ajustadores que residem na mente humana dos habitantes de Urântia fossem retirados, aos poucos o mundo retornaria a muitas cenas e práticas dos homens de tempos primitivos; os Monitores divinos são um dos potenciais reais de avanço da civilização.

109:4:5 11988 Eu observei o residente em uma mente de Urântia, um Ajustador do Pensamento que, de acordo com os registros de Uversa, residiu previamente em quinze mentes em Orvonton. Não sabemos se esse Monitor teve experiências similares em outros superuniversos, mas suspeito que sim. Esse é um Ajustador maravilhoso e uma das mais úteis e potentes forças em Urântia durante a era presente. O que outros perderam, porque se recusaram a sobreviver, esse ser humano (e todo o vosso mundo) ganha agora. Daquele que não tem qualidades de sobrevivência, será tirado até mesmo o Ajustador experiente que ele tem agora, enquanto àquele que tem projetos de sobrevivência, será dado mesmo um Ajustador pré-experimentado de um desertor folgazão.

109:4:6 11991 Em um certo sentido, os Ajustadores podem estar fomentando um certo grau de intercâmbio planetário fertilizador nos domínios da verdade, da beleza e da bondade. Contudo, raramente são eles dados a experiências de residência no mesmo planeta; não há nenhum Ajustador agora servindo em Urântia que tenha estado anteriormente neste mundo. Eu sei do que estou falando, já que temos os seus números e registros nos arquivos de Uversa.

5. AS OPOSIÇÕES MATERIAIS QUE OS AJUSTADORES ENCONTRAM AO RESIDIR NOS MORTAIS


109:5:1 11992 Os Ajustadores supremos e os auto-atuantes freqüentemente são capazes de dar contribuições de importância espiritual para a mente humana, quando a imaginação criadora flui livremente, nos canais liberados, mas sob controle. Em tais momentos, e algumas vezes durante o sono, o Ajustador é capaz de conter as correntes mentais, de suster o seu fluxo, e então desviar a procissão de idéias; e tudo isso é feito com o fito de efetuar transformações espirituais profundas nos recessos mais elevados da supraconsciência. Assim, as energias e as forças da mente são mais plenamente ajustadas à clave dos tons próprios ao contato de nível espiritual do presente e do futuro.

109:5:2 11993 Algumas vezes, é possível ter a mente iluminada, escutar a voz divina que continuamente fala dentro de vós, de forma que vós podeis tornar-vos parcialmente conscientes da sabedoria, da verdade, da bondade e da beleza da personalidade potencial constantemente residente em vós.

109:5:3 11994 As vossas atitudes mentais infirmes e irrequietas, contudo, sempre frustram os planos e interrompem o trabalho dos Ajustadores. O trabalho deles não apenas sofre a interferência das naturezas inatas das raças mortais, mas tal ministração é também grandemente retardada pelas vossas próprias opiniões preconcebidas, por idéias estratificadas e preconceitos antigos. Por causa desses obstáculos, muitas vezes apenas incompletas as criações deles emergem à consciência; e a confusão de conceitos torna-se inevitável. Portanto, ao escrutinar as situações mentais, a segurança repousa apenas no reconhecimento pronto de cada pensamento e de todas as experiências, pelo que real e fundamentalmente são, desconsiderando inteiramente o que poderiam ter sido.

109:5:4 11995 O grande problema da vida é o ajustamento das tendências ancestrais de vida às demandas dos impulsos espirituais iniciados pela divina presença do Monitor Misterioso. Se bem que, nas suas carreiras no universo e no superuniverso, nenhum homem pode servir a dois senhores, todavia, na vida que levais agora, em Urântia, cada homem tem, forçosamente, de servir a dois senhores. Ele deve tornar-se apto na arte do compromisso temporal contínuo e, ao mesmo tempo, ser leal espiritualmente a apenas um senhor; e é por isso que tantos tropeçam e falham, tornam-se exauridos e sucumbem na estressante luta evolucionária.

109:5:5 11996 Embora tanto o legado hereditário do dom cerebral quanto o do supercontrole eletroquímico operem para delimitar a esfera da atividade eficiente do Ajustador, nenhum obstáculo hereditário (nas mentes normais) jamais impede a realização espiritual final. A hereditariedade pode interferir no grau de conquista da personalidade, mas não impede a consumação possível da aventura ascendente. Se cooperardes com o vosso Ajustador, esse dom divino irá, mais cedo ou mais tarde, fazer evoluir a alma moroncial imortal e, subseqüentemente à fusão com esta, irá apresentar a nova criatura ao soberano Filho Mestre do universo local e, finalmente, ao Pai dos Ajustadores do Paraíso.

6. O PREVALECIMENTO DOS VERDADEIROS VALORES


109:6:1 12001 Os Ajustadores nunca falham; nada que é digno de sobreviver jamais se perde; todo valor de significação em cada criatura volitiva tem a sua sobrevivência certa, independentemente da sobrevivência ou da não-sobrevivência da personalidade que descobriu ou avaliou tais significados. E assim é, uma criatura mortal pode rejeitar a sobrevivência; ainda assim, a experiência não é desperdiçada; o Ajustador eterno leva consigo as características de valor de uma tal vida de aparente fracasso até um outro mundo e até algum tipo de mente mais elevado e com capacidade de sobrevivência. Nenhuma experiência que valha a pena acontece em vão; nenhum significado de real valor jamais perece.

109:6:2 12002 Com relação aos candidatos à fusão, se um Monitor Misterioso é desertado pelo seu companheiro mortal, se o parceiro humano recusa-se a prosseguir na carreira ascendente, quando libertado pela morte natural (ou antes desta), o Ajustador leva tudo o que seja de valor de sobrevivência que haja evoluído na mente dessa criatura não sobrevivente. Se, repetidamente, um Ajustador deixar de conseguir a fusão de personalidade, por causa da não sobrevivência de sucessivos sujeitos humanos, e, se esse Monitor subseqüentemente for personalizado, toda a experiência adquirida, de já haver residido e da sua mestria em todas as mentes mortais, tornar-se-ia uma posse factual desse Ajustador Personalizado recentemente; e essa dádiva será usufruída e utilizada durante as futuras idades. Um Ajustador Personalizado dessa ordem é um conjunto composto de todas as características de sobrevivência, de todas as criaturas hospedeiras anteriores suas.

109:6:3 12003 Quando os Ajustadores de longa experiência no universo voluntariam-se para habitar os Filhos divinos nas suas missões de auto-outorga, eles sabem muito bem que uma realização de personalidade nunca pode ser atingida mediante esse serviço. Muito freqüentemente, porém, o Pai dos espíritos concede personalidade a esses voluntários e estabelece-os como diretores da sua espécie. Essas são personalidades honradas com a autoridade em Divinington. E a sua natureza única incorpora o mosaico da humanidade das suas múltiplas experiências de residência mortal e também o da transcrição espiritual da divindade humana da auto-outorga do Filho do Paraíso, na sua experiência terminal como mortal.

109:6:4 12004 As atividades dos Ajustadores no vosso universo local são dirigidas pelo Ajustador Personalizado de Michael de Nebadon, aquele mesmo Monitor que o guiou passo a passo quando ele viveu a sua vida humana na carne de Joshua ben José. Esse extraordinário Ajustador foi fiel ao seu encargo, e sabiamente esse valente Monitor dirigiu a natureza humana, sempre guiando a mente mortal do Filho do Paraíso na escolha do caminho da vontade perfeita do Pai. Esse Ajustador havia servido anteriormente com Maquiventa Melquisedeque, nos dias de Abraão, e já se havia engajado em obras grandiosas tanto antes quanto entre essas duas experiências de auto-outorga.

109:6:5 12005 Esse Ajustador de fato triunfou na mente humana de Jesus – aquela mente que, em cada situação recorrente da vida, manteve uma dedicação consagrada à vontade do Pai, dizendo: “Não a minha vontade, mas a Tua, seja feita”. Essa consagração, decisiva, constitui um verdadeiro passaporte para, de dentro das limitações da natureza humana, atingir a finalidade da realização divina.

109:6:6 12006 Esse mesmo Ajustador agora reflete, na natureza inescrutável da sua poderosa personalidade, a humanidade pré-batismal de Joshua ben José, a transcrição eterna e viva dos valores eternos e viventes que o maior dos urantianos criou, a partir das circunstâncias humildes de uma vida comum, que foi a que viveu até a plena exaustão dos valores espirituais atingíveis em uma experiência mortal.

109:6:7 12011 Todas as coisas de valor permanente, que são confiadas a um Ajustador, têm assegurada a sua eterna sobrevivência. Em certos casos, o Monitor mantém essas posses, para outorgá-las a uma mente mortal da sua futura residência; em outros, e em caso de personalização, essas realidades sobreviventes e conservadas são mantidas sob guarda, para utilização futura, a serviço dos Arquitetos do Universo-Mestre.

7. O DESTINO DOS AJUSTADORES PERSONALIZADOS


109:7:1 12012 Não podemos afirmar que os fragmentos não-Ajustadores do Pai sejam ou não personalizáveis, mas vós tendes sido informados de que a personalidade é um outorgamento soberano da livre vontade do Pai Universal. Até onde sabemos, o tipo de fragmento Ajustador do Pai atinge a personalidade apenas pela aquisição de atributos pessoais, por meio do serviço-ministério a um ser pessoal. Esses Ajustadores Personalizados têm um lar em Divinington, onde eles instruem e dirigem os seus semelhantes pré-pessoais.

109:7:2 12013 Os Ajustadores do Pensamento Personalizados são os estabilizadores e compensadores soberanos, livres de compromissos e de entraves do vasto universo dos universos. Eles combinam a experiência do Criador e da criatura – existencial e experiencial. São seres conjuntamente do tempo e da eternidade. Eles associam o pré-pessoal e o pessoal na administração do universo.

109:7:3 12014 Os Ajustadores Personalizados são os executivos oniscientes e poderosos dos Arquitetos do Universo-Mestre. São os agentes personalizados do ministério pleno do Pai Universal – pessoais, pré-pessoais e suprapessoais. Eles são os ministros pessoais do extraordinário, do inusitado e do inesperado em todos os reinos das esferas transcendentais absonitas do domínio de Deus, o Último, até mesmo nos níveis de Deus, o Absoluto.

109:7:4 12015 Eles são os seres exclusivos dos universos que abarcam, dentro dos seus seres, todas as relações conhecidas de personalidade; são onipessoais – eles existem antes da personalidade, eles são a personalidade, e existem após a personalidade. Eles ministram a personalidade do Pai Universal no eterno passado, no eterno presente e no eterno futuro.

109:7:5 12016 A personalidade existencial na ordem do infinito e do absoluto, o Pai a outorgou ao Filho Eterno, mas Ele escolheu reservar à Sua ministração própria a personalidade experiencial do tipo do Ajustador Personalizado, outorgada ao Ajustador existencial pré-pessoal; e ambos estão assim destinados à futura suprapersonalidade eterna de ministério transcendental dos reinos absonitos do Último, do Último-Supremo, até os níveis mesmo do Absoluto-Último.

109:7:6 12017 É raro os Ajustadores Personalizados serem vistos livremente nos universos. Ocasionalmente, eles conferenciam com os Anciães dos Dias e, algumas vezes, os Ajustadores Personalizados dos Filhos Criadores sétuplos vêm aos mundos-sedes das constelações, para conferenciar com os governantes Vorondadeques.

109:7:7 12018 Quando o observador planetário Vorondadeque de Urântia – o custódio Altíssimo que assumiu, há não muito tempo, a regência emergencial do vosso mundo – declarou a sua autoridade na presença do governador-geral residente, ele começou a sua administração de emergência, em Urântia, com todos os auxiliares da sua própria escolha. Imediatamente designou os deveres planetários a todos os seus colaboradores e assistentes. Mas ele não escolheu, contudo, os três Ajustadores Personalizados que surgiram perante a sua presença no instante em que assumiu a regência. Ele não sabia nem que eles iriam aparecer assim, pois não manifestaram a sua divina presença no tempo de uma regência anterior. E o regente Altísssimo não designou serviço ou deveres a esses Ajustadores Personalizados voluntários. Entretanto, esses três seres onipessoais estiveram entre os mais ativos das inúmeras ordens de seres celestes então servindo em Urântia.

109:7:8 12021 Os Ajustadores Personalizados prestam uma ampla gama de serviços a inúmeras ordens de personalidades do universo, mas não nos é permitido discorrer sobre esses ministérios para as criaturas evolucionárias que tenham Ajustadores residentes. Essas extraordinárias divindades-humanas estão entre as mais notáveis personalidades de todo o grande universo, e ninguém ousa predizer quais seriam as suas futuras missões.

109:7:9 12022 [Apresentado por um Mensageiro Solitário de Orvonton.]

DOCUMENTO 110

A RELAÇÃO DOS AJUSTADORES COM OS INDIVÍDUOS MORTAIS
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A liberdade com a qual os seres imperfeitos são dotados gera tragédias inevitáveis; mas é da natureza da Deidade perfeita ancestral compartilhar, universal e afetuosamente, desses sofrimentos, em comunhão amorosa.

110:0:2 12032 Do modo como estou familiarizado com os assuntos de um universo, considero o amor e a devoção de um Ajustador do Pensamento como sendo a mais divina afeição de toda a criação. O amor dos Filhos, na sua ministração às raças, é magnífico; mas a devoção de um Ajustador ao indivíduo é tocante e sublime, divinamente semelhante à do Pai. O Pai do Paraíso, aparentemente, reservou a Si essa forma de contato pessoal com as Suas criaturas individuais, como uma prerrogativa exclusiva de Criador. E não há nada, em todo o universo dos universos, comparável, com exatidão, ao ministério maravilhoso dessas entidades impessoais que, de forma tão fascinante, residem nos filhos dos planetas evolucionários.

1. RESIDINDO NA MENTE MORTAL


110:1:1 12033 Não se deve considerar que os Ajustadores vivam no cérebro material dos seres humanos. Eles não são parte orgânica das criaturas físicas dos reinos. O Ajustador do Pensamento pode ser visualizado mais apropriadamente como residindo na mente mortal do homem, do que existindo dentro dos confins de um único órgão físico. E o Ajustador, indiretamente e sem ser reconhecido, comunica-se constantemente com o seu sujeito humano, especialmente durante as experiências sublimes de contato adorador, da mente para com o espírito, na supraconsciência.

110:1:2 12034 Gostaria que me fosse possível ajudar os mortais em evolução a alcançar um entendimento melhor e a atingir uma apreciação mais plena do trabalho sublime e altruísta dos Ajustadores, que neles residem, pelo devotamento e fidelidade deles à tarefa de promoverem o bem-estar espiritual do homem. Esses Monitores são ministros eficientes para as fases mais elevadas das mentes dos homens; são manipuladores sábios e experientes do potencial espiritual do intelecto humano. Esses ajudantes celestes são dedicados à tarefa estupenda de guiar-vos, de um modo seguro, para dentro e para cima, na direção do refúgio celestial da felicidade. Esses trabalhadores incansáveis consagram-se à personificação futura do triunfo da verdade divina na vossa vida eterna. Eles são como operários vigilantes, pilotos que timoneiam a mente humana consciente de Deus, afastando-a dos escolhos do mal e, ao mesmo tempo, guiando, com toda a maestria, a alma humana em evolução até os portos divinos da perfeição, nas distantes praias eternas. Os Ajustadores são condutores cheios de amor; são os vossos guias seguros e certos, em meio às névoas escuras da incerteza na vossa curta carreira terrena; são os instrutores pacientes que, com tanta constância, impulsionam os seus sujeitos à frente, nos caminhos da perfeição progressiva. Eles são os custódios meticulosos dos valores sublimes do caráter da criatura. Gostaria que vós pudésseis amá-los mais, que cooperásseis mais intensamente com eles e que os afagásseis com mais afeto.

110:1:3 12041 Embora os residentes divinos estejam ocupados, principalmente, com a vossa preparação espiritual para a próxima etapa da existência, na perenidade, eles estão, também, profundamente interessados no vosso bem-estar temporal e nas vossas realizações na Terra. Eles regozijam-se de contribuir para a vossa saúde, felicidade e verdadeira prosperidade. Eles não ficam indiferentes ao vosso êxito em todas as questões de avanço planetário, desde que este não se oponha à vossa vida futura de avanço e de progresso eterno.

110:1:4 12042 Os Ajustadores estão interessados e ocupados com os vossos atos diários e com os múltiplos detalhes da vossa vida, na medida em que tais atos e detalhes influenciam a determinação das vossas escolhas temporais significativas e as decisões espirituais vitais, e que constituem, portanto, fatores contribuintes para a solução do problema da sobrevivência da vossa alma e do vosso progresso eterno. O Ajustador, mesmo permanecendo passivo com relação ao bem-estar puramente temporal, é divinamente ativo, no que concerne a todas as questões relacionadas ao vosso futuro eterno.

110:1:5 12043 O Ajustador permanece convosco, mesmo em todos os desastres e durante todas as enfermidades, desde que não destruam por inteiro a vossa vida mental. E quão cruel para ele é saber que vós corrompeis, deliberadamente, ou que poluís o corpo físico, que deve servir de tabernáculo terreno para essa maravilhosa dádiva de Deus. Todos os venenos físicos retardam grandemente os esforços do Ajustador no sentido de elevar a mente material, e da mesma forma os venenos mentais do temor, da ira, da inveja, do ciúme, da suspeita e da intolerância interferem tremendamente no progresso espiritual da alma em evolução.

110:1:6 12044 Na época de hoje, estais atravessando o período mais adequado para cortejar o vosso Ajustador; e se apenas demonstrardes fidelidade à confiança em vós depositada pelo espírito divino, que busca colocar a vossa mente e a vossa alma em eterna união, produzir-se-á afinal, em vós, a unidade moroncial, essa superna harmonia, aquela coordenação cósmica, a divina sintonização, a fusão celeste, a perene amalgamação da identidade, a unificação do ser que é tão perfeita e final. que, mesmo as personalidades mais experientes, nunca poderão disjuntar ou reconhecer, em identidades separadas, os parceiros da fusão – homem mortal e Ajustador divino.

2. OS AJUSTADORES E A VONTADE HUMANA


110:2:1 12045 Quando os Ajustadores do Pensamento residem nas mentes humanas, eles trazem consigo o modelo da carreira, as vidas ideais, tais como foram determinadas e preordenadas por eles próprios e pelos Ajustadores Personalizados de Divinington, as quais foram certificadas pelo Ajustador Personalizado de Urântia. Assim, eles começam a trabalhar dentro de um plano definido e predeterminado, para o desenvolvimento intelectual e espiritual dos seus sujeitos humanos; mas não incumbe a nenhum ser humano ter de aceitar esse plano. Vós sois, todos, sujeitos à predestinação; mas não está preordenado que devais aceitar essa predestinação divina; tendes plena liberdade para rejeitar qualquer parte de todo o programa dos Ajustadores do Pensamento. A missão deles é efetuar alterações na mente e ajustamentos espirituais tais que, como possais haver autorizado voluntária e inteligentemente, eles possam ganhar maior influência no direcionamento da personalidade; mas, sob nenhuma circunstância, esses Monitores divinos tiram vantagem de vós, nem, de nenhum modo, vos influenciam, arbitrariamente, nas vossas escolhas e decisões. Os Ajustadores respeitam a soberania da vossa personalidade; eles são sempre subservientes à vossa vontade.

110:2:2 12046 Eles são persistentes, engenhosos e perfeitos nos seus métodos de trabalho, e jamais atuam com violência sobre o eu volitivo dos seus anfitriões. Nenhum ser humano será espiritualizado por um Monitor divino, contra a sua própria vontade; a sobrevivência é um dom dos Deuses, que deve ser almejado pelas criaturas do tempo. Em última análise, em tudo e por tudo que o Ajustador houver feito por vós, com êxito, os registros mostrarão que a transformação terá sido efetuada com o vosso consentimento cooperador; vós tereis sido, pois, um parceiro volitivo do Ajustador, na realização de cada passo, na imensa transformação da carreira ascensional.

110:2:3 12051 O Ajustador não está tentando controlar o vosso pensamento, como tal; está, antes, tentando espiritualizá-lo, para eternizá-lo. Nem os anjos, nem os Ajustadores dedicam-se diretamente a influenciar o pensamento humano; esta é uma prerrogativa exclusiva da vossa personalidade. Os Ajustadores dedicam-se a aperfeiçoar, a modificar, a ajustar e coordenar os vossos processos de pensamento; mas, mais específica e especialmente, se devotam ao trabalho de construir as contrapartes espirituais das vossas carreiras, de fazer as transcrições moronciais dos vossos verdadeiros eus em avanço, com o propósito da vossa sobrevivência.

110:2:4 12052 Os Ajustadores trabalham nas esferas de níveis mais elevados da mente humana, procurando incessantemente produzir duplicatas moronciais de cada conceito do intelecto mortal. Há, portanto, duas realidades que se impingem sobre os circuitos da mente humana e que neles estão centradas: uma, um eu mortal que evoluiu dos planos originais dos Portadores da Vida; e outra, uma entidade imortal proveniente das altas esferas de Divinington, um dom de Deus, que é residente. Contudo, o eu mortal é também um eu pessoal; ele tem personalidade.

110:2:5 12053 Vós, enquanto criaturas pessoais, tendes mente e vontade. O Ajustador, como uma criatura pré-pessoal, tem pré-mente e pré-vontade. Se vós vos conformardes, tão plenamente, à mente do Ajustador, a ponto de verdes juntos, com um só olho, então, as vossas mentes tornar-se-ão uma; e vós recebereis o reforço da mente do Ajustador. Subseqüentemente, se a vossa vontade ordenar e reforçar a execução das decisões dessa nova mente, ou dessa combinação de mentes, a vontade pré-pessoal do Ajustador ater-se-á à expressão da personalidade por meio da vossa decisão, e, no que concerne a esse projeto em particular, vós e o vosso Ajustador estareis unificados. A vossa mente terá atingido a sintonização com a divindade; e a vontade do Ajustador terá alcançado uma expressão de personalidade.

110:2:6 12054 À medida que essa identidade for realizando-se, estareis mentalmente aproximando-vos da ordem moroncial de existência. A mente moroncial é uma expressão que significa a essência e a soma total da cooperação plena entre mentes de naturezas diversas, a espiritual e a material. O intelecto moroncial, contudo, tem a conotação de uma mente dual, no universo local, dominada por uma vontade. E, no caso dos mortais, essa é uma vontade de origem humana, que se está tornando divina por meio da identificação da mente humana com o dom mental de Deus.

3. A COOPERAÇÃO COM O AJUSTADOR


110:3:1 12055 Os Ajustadores estão fazendo o jogo sagrado e superno das idades; estão empenhados em uma das aventuras supremas do tempo e do espaço. E quão felizes eles ficam, quando a vossa cooperação lhes permite prestar-vos alguma ajuda, na vossa curta luta do tempo, enquanto eles continuam com as suas tarefas mais amplas na eternidade. Usualmente, porém, quando o vosso Ajustador tenta comunicar-se convosco, a mensagem perde-se nos elos materiais da corrente de energia da mente humana; apenas ocasionalmente, ocorre-vos captar um eco, algo tênue e distante, da voz divina.

110:3:2 12056 O êxito do vosso Ajustador, na tarefa de pilotar-vos durante a vida mortal e de alcançar a vossa sobrevivência, depende não tanto das teorias das vossas crenças, mas mais das vossas decisões, das vossas determinações e da constância e firmeza da vossa fé. Todos esses movimentos de crescimento da personalidade tornam-se influências poderosas a ajudar o vosso avanço, porque vos ajudam a cooperar com o Ajustador; e auxiliam-vos a deixar de resistir. Os Ajustadores do Pensamento têm êxito, ou aparentemente fracassam, nas suas tarefas terrestres, no mesmo grau em que os mortais têm êxito ou fracassam na cooperação com o esquema por meio do qual eles avançarão na trajetória ascendente da realização de alcançar a perfeição. O segredo da sobrevivência está envolto no desejo humano supremo de ser semelhante a Deus e na conseqüente vontade empenhada no ato de fazer, e de ser, todas e quaisquer das coisas essenciais à maestria da realização final desse desejo.

110:3:3 12061 Quando falamos do êxito ou do fracasso de um Ajustador, estamos falando em termos da sobrevivência humana. Os Ajustadores nunca fracassam; eles são da essência divina e sempre saem triunfantes em todas as suas tarefas.

110:3:4 12062 Não posso observar senão que, muitos de vós, gastais muito tempo e pensamentos com as meras trivialidades do viver, enquanto vos esqueceis quase totalmente das realidades mais essenciais e de relevância mais perene, das próprias realizações que estão ligadas ao desenvolvimento de um acordo de trabalho mais harmônico entre vós e o vosso Ajustador. A grande meta da existência humana é a sintonização com a divindade do Ajustador residente; a grande realização da vida mortal é alcançar uma consagração verdadeira e abrangente aos objetivos eternos do espírito divino, que vigia e trabalha dentro da vossa mente. E, no entanto, um esforço determinado e devotado para realizar o destino eterno pode ser inteiramente compatível com uma vida plena de leveza e de alegria e com uma carreira honrada e cheia de êxito na Terra. A cooperação com o Ajustador do Pensamento não inclui autotortura, nem falsa piedade, nem auto-humilhação hipócrita ou ostensiva; a vida ideal é aquela do serviço com amor, muito mais do que uma existência de apreensões temerosas.

110:3:5 12063 Estar confuso e perplexo e, algumas vezes. até mesmo desencorajado e distraído não significa necessariamente resistência aos guiamentos do Ajustador residente. Essas atitudes podem, algumas vezes, denotar falta de cooperação ativa, sim, com o Monitor divino e podem, por isso, retardar o progresso espiritual; mas essas dificuldades emocionais e intelectuais não interferem, em nada, na certeza da sobrevivência da alma que é sabedora de Deus. A ignorância, por si só, não impede a sobrevivência; nem as dúvidas e as confusões, nem a incerteza temerosa. Apenas a resistência consciente ao guiamento do Ajustador pode impedir a sobrevivência da alma imortal em evolução.

110:3:6 12064 Vós não deveis encarar a cooperação com o vosso Ajustador como um processo especialmente consciente, pois não o é; mas os vossos motivos e as vossas decisões, as vossas determinações cheias de fé e os vossos desejos supremos constituem, sim, uma cooperação real e efetiva. Vós podeis aumentar conscientemente a vossa harmonia com o Ajustador por meio de:

110:3:7 12065 1. Escolher seguir o guiamento divino; baseando, com sinceridade, a vida humana na mais elevada consciência da verdade, da beleza e da bondade; e então coordenar essas qualidades da divindade, por meio da sabedoria, da adoração, da fé e do amor.

110:3:8 12066 2. Amar a Deus, desejando ser como Ele – pelo reconhecimento genuíno da paternidade divina e pela adoração amorosa do Pai celestial.

110:3:9 12067 3. Amar aos homens, desejando sinceramente servir a eles – no reconhecimento, de coração, da irmandade entre os homens, somado a um afeto sábio e inteligente, dirigido a cada um dos vossos semelhantes mortais.

110:3:10 12068 4. Aceitar, com alegria, a cidadania cósmica – o reconhecimento honesto das vossas obrigações progressivas para com o Ser Supremo, a consciência da interdependência entre o homem evolucionário e a Deidade evolutiva. Nisso está o nascimento da moralidade cósmica e do amanhecer da compreensão do dever universal.

4. O TRABALHO DOS AJUSTADORES NA MENTE


110:4:1 12071 Os Ajustadores são capazes de receber a contínua corrente da inteligência cósmica que provém dos circuitos mestres do tempo e do espaço; eles estão em contato pleno com a inteligência espiritual e a energia dos universos. Contudo, esses poderosos residentes tornam-se incapazes de transmitir muito dessa riqueza, em sabedoria e verdade, às mentes dos seus sujeitos mortais, por causa da falta de semelhança entre as duas naturezas e devido à ausência, do lado humano, de um reconhecimento à altura.

110:4:2 12072 O Ajustador do Pensamento está empenhado, com um esforço constante, em espiritualizar a vossa mente e em fazer evoluir a vossa alma moroncial; mas vós próprios permaneceis quase completamente inconscientes dessa ministração interior. Vós sois praticamente incapazes de discernir entre o produto do vosso próprio intelecto material e aquilo que é fruto das atividades conjuntas entre a vossa alma e o Ajustador.

110:4:3 12073 Certas apresentações abruptas de pensamentos, de conclusões e de outras imagens da mente, algumas vezes, são um trabalho direto ou indireto do Ajustador. São, porém, muito mais freqüentemente, fruto de uma emergência súbita, até a consciência, de idéias que se agruparam em níveis mentais submersos e que são ocorrências cotidianas naturais da função psíquica, corriqueira e normal, inerente aos circuitos da mente animal em evolução. (As revelações do Ajustador, ao contrário dessas emanações subconscientes, surgem por meio dos reinos da supraconsciência. )

110:4:4 12074 Confiai todas as questões da vossa mente, que estão para além do nível ordinário da consciência, à custódia dos Ajustadores. No tempo devido, se não for neste mundo, então será nos mundos das mansões, eles prestarão uma boa conta da sua função de condutores e guias e, finalmente, trarão à luz os significados e os valores entregues aos seus cuidados e guarda. Eles ressuscitarão cada tesouro valioso da mente mortal se vós sobreviverdes.

110:4:5 12075 Existe um vasto abismo entre o humano e o divino, entre o homem e Deus. As raças de Urântia são controladas, elétrica e quimicamente, de um modo tão intenso, são tão altamente semelhantes aos animais, no seu comportamento comum, são tão emocionais nas suas reações corriqueiras que se torna, para os Monitores, excessivamente difícil guiá-las e dirigi-las. Vós sois tão desprovidos de decisões corajosas e de uma cooperação consagrada, que os vossos Ajustadores residentes acham quase impossível comunicar-se diretamente com a mente humana. Mesmo quando eles julgam ser possível dar à alma do mortal em evolução o impulso iluminador de uma nova verdade, essa revelação espiritual, freqüentemente, oblitera a vista da criatura, a ponto de precipitar uma convulsão de fanatismo ou iniciar alguma outra forma de transtorno intelectual que resulta em desastre. Muitas das religiões novas e alguns estranhos “ismos” surgiram de comunicações abortadas, imperfeitas, mal interpretadas ou distorcidas, emitidas pelos Ajustadores do Pensamento.

110:4:6 12076 No decorrer de muitos milhares de anos, assim mostram os registros de Jerusém, em cada geração, viveram menos e menos seres capazes de funcionar com segurança por meio dos Ajustadores auto-atuantes. Esse é um quadro alarmante; e as personalidades supervisoras de Satânia encaram favoravelmente as propostas de alguns dos vossos supervisores planetários mais diretos, que recomendam a inauguração de medidas destinadas a favorecer e a conservar os tipos de espiritualidade mais elevada entre as raças de Urântia.

5. IDÉIAS ERRÔNEAS SOBRE O GUIAMENTO DO AJUSTADOR


110:5:1 12077 Não confundais, nem desvirtueis a missão e a influência do Ajustador, com aquilo que é comumente chamado de consciência, pois essas duas coisas não estão diretamente relacionadas. A consciência é um fenômeno humano e uma reação puramente psíquica. Não se deve desprezá-la, mas só raramente ela é a voz de Deus para a alma, coisa que o Ajustador seria se tal voz pudesse ser ouvida. A consciência, corretamente, admoesta-vos a fazer o certo; mas o Ajustador, além disso, esforça-se para dizer-vos aquilo que é verdadeiramente o mais certo; isto é, se e quando fordes capazes de perceber a orientação do Monitor.

110:5:2 12081 As experiências humanas no sonho, aquela sucessão desconectada e desordenada na mente adormecida, não coordenada, apresentam-se como uma prova adequada do fracasso do Ajustador na harmonização e na associação dos fatores divergentes dentro da mente humana. Os Ajustadores simplesmente não podem, em um único período de vida, arbitrariamente, coordenar e sincronizar dois tipos tão dessemelhantes e diversos de pensamento, tais como o humano e o divino. Quando conseguem fazê-lo, como algumas vezes o fizeram, essas almas são transladadas diretamente para os mundos das mansões, sem a necessidade de passar através da experiência da morte.

110:5:3 12082 Durante o período de sono, o Ajustador tenta realizar apenas aquilo que a vontade da personalidade residida já aprovou, prévia e totalmente, por meio de decisões e escolhas, feitas todas em períodos de consciência plenamente desperta, e que, conseqüentemente, já se hajam alojado nos reinos da supramente, nesta que é o domínio da inter-relação entre o humano e o divino.

110:5:4 12083 Enquanto os seus hospedeiros mortais estão adormecidos, os Ajustadores tentam registrar as suas criações nos níveis mais elevados da mente material; e alguns, dentre os vossos sonhos grotescos, indicam o fracasso deles em estabelecer um contato eficaz. Os absurdos da vida nos sonhos não apenas atestam a pressão de determinadas emoções não exprimidas, mas também testemunham as distorções horríveis das representações dos conceitos espirituais, apresentadas pelos Ajustadores. As vossas próprias paixões, os impulsos e outras tendências inatas transladam-se para a imagem do sonho e substituem por seus desejos ainda inexprimidos as mensagens divinas que os residentes estão-se esforçando para colocar nos registros psíquicos, durante a fase inconsciente do sono.

110:5:5 12084 É extremamente perigoso postular qualquer coisa, quanto à participação do Ajustador, no conteúdo da vida nos sonhos. Os Ajustadores trabalham, sim, durante o sono; mas as vossas experiências no sonho, em geral, são fenômenos puramente fisiológicos e psicológicos. Da mesma forma, é arriscado tentar diferençar o registro dos conceitos dos Ajustadores, das recepções mais ou menos contínuas e conscientes, daquilo que é ditado a partir da consciência mortal. Esses são problemas que terão de ser solucionados por meio da discriminação individual e por meio da decisão pessoal. Mas seria melhor para o ser humano errar, não considerando uma expressão do Ajustador, acreditando que se trata de uma experiência puramente humana, do que se precipitar no erro da exaltação de uma reação da mente mortal, considerando-a como sendo da esfera da dignidade divina. Lembrai-vos que a influência de um Ajustador do Pensamento é, em grande parte, se bem que não integralmente, uma experiência supraconsciente.

110:5:6 12085 Vós vos comunicareis com os vossos Ajustadores, em vários graus e de forma crescente, à medida que ascenderdes nos círculos psíquicos, algumas vezes diretamente, mas, na maioria das vezes, indiretamente. Todavia, é perigoso alimentar a idéia de que todo novo conceito originado na mente humana haja sido ditado pelo Ajustador. Mais freqüentemente, para a vossa ordem de seres, aquilo que aceitais como sendo a voz do Ajustador é, em realidade, uma emanação do vosso próprio intelecto. Esse é um terreno perigoso; e todo ser humano deve colocar essa questão para si próprio, de acordo com a sua sabedoria humana natural e com a sua intuição supra-humana.

110:5:7 12086 O Ajustador do ser humano, por meio do qual esta comunicação está sendo feita, goza de uma tal amplidão no escopo da sua atividade, principalmente por causa da indiferença, quase completa, desse ser humano a qualquer manifestação externa da presença interna do Ajustador, que é verdadeiramente uma sorte que esse ser humano permaneça conscientemente tão despreocupado com todo o procedimento. Ele tem um dos Ajustadores altamente experientes desses dias e dessa geração; e, ainda assim, a sua reação de passividade e de despreocupação não resistente, em relação ao fenômeno da presença na sua mente desse Ajustador versátil, é considerada pelo seu guardião do destino como uma reação rara e fortuita. E tudo isso constitui uma coordenação positiva de influências favoráveis, tanto ao Ajustador, na sua elevada esfera de ação, quanto ao parceiro humano, do ponto de vista da sua saúde, eficiência e tranqüilidade.

6. OS SETE CÍRCULOS PSÍQUICOS


110:6:1 12091 A soma final da realização da personalidade, no mundo material, está contida na conquista sucessiva dos sete círculos psíquicos da potencialidade mortal. O ingresso no sétimo círculo marca o começo da verdadeira função da personalidade humana. O completar do primeiro círculo denota uma relativa maturidade do ser mortal. Embora atravessar os sete círculos do crescimento cósmico não seja equivalente à fusão com o Ajustador, a mestria desses círculos marca a realização dos passos preliminares à fusão com o Ajustador.

110:6:2 12092 O Ajustador é o vosso parceiro igualitário, na passagem pelos sete círculos – até o alcance de uma maturidade mortal relativa. O Ajustador ascende, nos círculos, convosco, do sétimo ao primeiro; mas progride até o status de supremacia e auto-atividade, de modo inteiramente independente da cooperação ativa da mente mortal.

110:6:3 12093 Os círculos psíquicos não são exclusivamente intelectuais, nem inteiramente moronciais; eles têm a ver com o status da personalidade, com o alcance mental, com o crescimento da alma e com a sintonização com o Ajustador. O êxito na travessia desses níveis demanda um funcionamento harmonioso de toda a personalidade e não, meramente, de uma parte dela. O crescimento das partes não se iguala ao amadurecimento verdadeiro do todo; as partes realmente crescem, na proporção da expansão inteira do eu – do eu total –, material, intelectual e espiritualmente.

110:6:4 12094 Quando o desenvolvimento da natureza intelectual se dá de modo mais rápido do que o da natureza espiritual, tal situação torna a comunicação com o Ajustador tão difícil quanto perigosa. Da mesma forma, o superdesenvolvimento espiritual tende a produzir uma interpretação fanática e desvirtuada das orientações espirituais do residente divino. A falta de capacidade espiritual dificulta grandemente a transmissão, para um intelecto material, das verdades espirituais que residem na supraconsciência mais elevada. É na mente perfeitamente ponderada, abrigada por um corpo de hábitos limpos e de energias neurais estabilizadas e com as suas funções químicas em harmonia – quando os poderes físicos, mentais e espirituais estão na harmonia trina do desenvolvimento –, que um máximo de luz e de verdade podem ser induzidos, com um mínimo de perigo, ou de risco temporal, ao bem-estar real de um ser. Por meio de um crescimento assim equilibrado o homem ascende nos círculos da progressão planetária, um a um, do sétimo até o primeiro.

110:6:5 12095 Os Ajustadores estão sempre perto de vós e em vós, mas raramente podem falar-vos diretamente, como um outro ser. Círculo a círculo, as vossas decisões intelectuais, as vossas escolhas morais e o vosso desenvolvimento espiritual aumentam a capacidade do Ajustador de funcionar junto com a vossa mente; círculo a círculo, vós ascendereis dos estágios mais baixos de associação e de sintonização mental com o Ajustador, de modo que o Ajustador se torne cada vez mais capacitado a registrar as suas ilustrações do destino, sempre com mais vividez e convicção, na consciência em evolução dessa mente-alma que busca a Deus.

110:6:6 12101 Cada decisão que tomardes estará sempre impedindo ou facilitando a função do Ajustador; e, da mesma forma, essas mesmas decisões determinam o vosso avanço nos círculos de realização humana. É verdade que a supremacia de uma decisão, a sua relação com uma crise, tem muito a ver com a sua influência na passagem dos círculos; entretanto, inúmeras decisões, repetições freqüentes e persistentes mostram-se também essenciais para a firmeza na formação do hábito de tais reações.

110:6:7 12102 É difícil definir, com precisão, os sete níveis do progresso humano, pelo simples motivo de que esses níveis são pessoais; são diferentes, para cada indivíduo, e determinados aparentemente pela capacidade de crescimento de cada ser humano. A conquista, de cada um desses níveis de evolução cósmica, reflete-se de três maneiras:

110:6:8 12103 1. Sintonização com o Ajustador. A mente que se espiritualiza aproxima-se da presença do Ajustador na mesma proporção da ascensão nos círculos.

110:6:9 12104 2. Evolução da alma. O surgimento e crescimento da alma moroncial indica o grau e a profundidade na mestria dos círculos.

110:6:10 12105 3. Realidade da personalidade. A conquista dos círculos determina diretamente o grau de realidade do eu. As pessoas tornam-se mais reais, à medida que ascendem do sétimo ao primeiro nível da existência mortal.

110:6:11 12106 À medida que os círculos são atravessados, o filho da evolução material vai crescendo, transformando-se em um ser humano com maturidade na sua potencialidade imortal. A realidade nublada, de natureza embrionária, de um ser do sétimo círculo, dá lugar à manifestação mais clara da natureza moroncial emergente, de um cidadão do universo local.

110:6:12 12107 Ainda que seja impossível definir precisamente os sete níveis, ou círculos psíquicos do crescimento humano, é conveniente sugerir os limites mínimos e máximos desses estágios na realização da maturidade:

110:6:13 12108 O sétimo círculo. Esse nível é atingido quando os seres humanos desenvolvem os poderes da escolha pessoal, da decisão individual, da responsabilidade moral e da sua capacidade de atingir a individualidade espiritual. Isso significa um funcionamento já unificado dos sete espíritos ajudantes da mente, sob a direção do espírito da sabedoria; significa a admissão da criatura mortal nos circuitos de influência do Espírito Santo; e, em Urântia, significa o funcionamento inicial do Espírito da Verdade, junto com a recepção de um Ajustador do Pensamento na mente mortal. O ingresso no sétimo círculo faz de uma criatura mortal um verdadeiro cidadão, em potencial, do universo local. 110:6:14 12109

O terceiro círculo. O trabalho do Ajustador torna-se muito mais eficaz após o ser humano ascendente haver atingido o terceiro círculo, quando recebe um guardião seráfico pessoal de destino. Se bem que não haja nenhuma articulação de esforços entre o Ajustador e o guardião seráfico, ainda assim deve ser constatado um inequívoco aperfeiçoamento, em todas as fases de realização cósmica e de desenvolvimento espiritual, após a designação do ajudante seráfico pessoal. Quando se chega ao terceiro círculo, o Ajustador esforça-se para moroncializar a mente do homem, durante o restante do seu tempo de vida mortal, para que atinja os círculos restantes e realize o estágio final da associação humano-divina, antes que a morte natural dissolva essa associação única.

110:6:15 121010 O primeiro círculo. O Ajustador não pode, comumente, falar direta e imediatamente convosco, antes que vós atinjais o primeiro círculo, que é a etapa final do progresso de realização mortal. Esse nível representa a mais alta realização possível, na relação mente-Ajustador, dentro da experiência humana, anterior à liberação da alma moroncial das cadeias do corpo material. No que concerne à mente, às emoções e ao discernimento cósmico, essa realização do primeiro círculo psíquico significa a maior aproximação possível entre a mente material e o espírito Ajustador, na experiência humana.

110:6:16 12111 Talvez uma denominação melhor para esses círculos psíquicos do progresso mortal fosse a de níveis cósmicos – uma apreensão efetiva de significados e uma compreensão dos valores de aproximação progressiva à consciência moroncial, que é a relação inicial da alma evolucionária com o Ser Supremo emergente. E é essa mesma relação que torna para sempre impossível explicar inteiramente a significação dos círculos cósmicos para a mente material. Somente de um modo relativo a realização nesses círculos está ligada à consciência que o mortal tem de Deus. Um ser do sétimo ou do sexto círculo pode ser tão verdadeiramente sabedor de Deus – consciente da filiação – quanto um ser do primeiro ou do segundo círculo; todavia, os seres dos círculos inferiores são muito menos conscientes da relação experiencial com o Ser Supremo, e é isso que é a cidadania do universo. O alcançar desses círculos cósmicos tornar-se-á uma parte da experiência dos seres ascendentes nos mundos das mansões, para aqueles que fracassarem nessa realização antes da morte natural.

110:6:17 12112 A motivação da fé torna experimental a compreensão plena da filiação do homem a Deus; mas a ação, a realização das decisões, é essencial para atingir-se, na evolução, a consciência do parentesco progressivo com a realidade cósmica do Ser Supremo. A fé transmuta os potenciais em realidades, no mundo espiritual, mas os potenciais tornam-se factuais nos reinos finitos do Supremo, somente por meio da compreensão na escolha-experiência, e graças a ela. Contudo, escolher cumprir a vontade de Deus une a fé espiritual às decisões materiais, na ação da personalidade; e, assim, provê um ponto de apoio espiritual e divino que permite um funcionamento mais eficaz para a alavanca humana e material que é a sede de Deus. Uma coordenação sábia, feita desse modo entre as forças materiais e as espirituais, aumenta consideravelmente tanto o entendimento cósmico do Supremo, e a sua realização, quanto a compreensão moroncial das Deidades do Paraíso.

110:6:18 12113 A mestria sobre os círculos cósmicos está relacionada ao crescimento quantitativo da alma moroncial, à compreensão dos supremos significados. No entanto, o status qualitativo dessa alma imortal depende integralmente da compreensão que a fé viva pode proporcionar, ao homem mortal, sobre o valor factual do seu potencial-de-Paraíso, vindo do fato-valor de que esse homem mortal é um filho do Deus eterno. E é por isso que um ser que chegou ao sétimo círculo vai para os mundos das mansões, para atingir uma compreensão quantitativa adicional do crescimento cósmico, do mesmo modo que o faz alguém que haja atingido o segundo, ou mesmo, o primeiro círculo.

110:6:19 12114 Há apenas uma relação indireta entre a realização da passagem pelos círculos cósmicos e a experiência religiosa espiritual real; é que tais realizações são recíprocas e, portanto, mutuamente benéficas. O desenvolvimento puramente espiritual pode ter pouco a ver com a prosperidade material planetária, mas a realização, de círculo para círculo, aumenta sempre o potencial do êxito humano e de realização do mortal.

110:6:20 12115 Do sétimo ao terceiro círculo, ocorre uma crescente ação unificada, dos sete espíritos ajudantes da mente, na tarefa de libertar a mente mortal da sua dependência das realidades dos mecanismos da vida material; essa fase é preparatória para uma introdução mais nítida aos níveis moronciais de experiência. Do terceiro círculo em diante, a influência dos ajudantes diminui progressivamente.

110:6:21 12116 Os sete círculos abrangem a experiência mortal, desde o mais alto nível puramente animal, ao mais baixo nível moroncial, de fato contatável, de autoconsciência, como experiência da personalidade. A mestria da conquista do primeiro círculo cósmico assinala a realização da maturidade mortal pré-moroncial e marca o término do ministério conjunto dos espíritos ajudantes da mente, como uma influência exclusiva de ação da mente na personalidade humana. Após o primeiro círculo, a mente torna-se cada vez mais semelhante à inteligência do estágio moroncial de evolução, que é o ministério conjunto da mente cósmica e o dom superajudante do Espírito Materno Criativo de um universo local.

110:6:22 12121 Os grandes momentos na carreira individual dos Ajustadores são: primeiro, quando o sujeito humano irrompe no terceiro círculo psíquico, assegurando, assim, a auto-atividade do Monitor, com um alcance maior de funcionamento (considerando que o Monitor residente já não seja auto-atuante); depois, quando o parceiro humano atinge o primeiro círculo psíquico, pois, então, eles se tornam capacitados para intercomunicar-se, ao menos em algum grau; e por último, quando, final e eternamente, se tornam fusionados.

7. O ALCANÇAR DA IMORTALIDADE


110:7:1 12122 A realização dos sete círculos cósmicos não equivale à fusão com o Ajustador. Há muitos mortais em Urântia que realizaram os seus círculos; mas a fusão depende ainda de outras realizações espirituais maiores e mais sublimes; depende de uma sintonização final e completa da vontade mortal com a vontade de Deus, tal como esta se manifesta no Ajustador do Pensamento residente.

110:7:2 12123 Quando um ser humano completou os seus círculos de realização cósmica e, mais adiante, quando a escolha final da vontade mortal permite que o Ajustador complete a associação da identidade humana com a alma moroncial, durante a vida evolucionária física, então essas ligações consumadas entre a alma e o Ajustador continuam independentemente, até os mundos das mansões; e, de Uversa, é emitido o mandato que autoriza a fusão imediata entre o Ajustador e a alma moroncial. Essa fusão, durante a vida física, consome instantaneamente o corpo material; os seres humanos que testemunhassem um tal espetáculo apenas observariam o mortal, que se translada, desaparecer em “carruagens de fogo”.

110:7:3 12124 A maioria dos Ajustadores, que transladaram os seus sujeitos de Urântia, eram altamente experientes e já haviam sido previamente residentes em inúmeros mortais de outras esferas. Lembrai-vos de que os Ajustadores ganham valiosa experiência de residência, nos planetas da ordem do empréstimo; não é certo que os Ajustadores ganhem experiência, de trabalho avançado, apenas com os mortais que não conseguem a sua sobrevivência.

110:7:4 12125 Subseqüentemente à fusão mortal, os Ajustadores compartilham do vosso destino e experiência; eles são vós. Após a fusão da alma moroncial imortal com o seu Ajustador solidário, toda a experiência e todos os valores de um, finalmente, tornam-se posse do outro; de forma tal que os dois passam a ser de fato uma única entidade. Num certo sentido, esse novo ser é do passado eterno, assim como também é para o eterno futuro. Tudo o que foi humano, certa vez, na alma, sobrevive; e tudo o que é experiencialmente divino, no Ajustador, agora se torna posse real da nova personalidade, sempre ascendente, do universo. Contudo, em cada nível do universo, o Ajustador pode dotar a nova criatura apenas com aqueles atributos que têm significado e valor naquele nível. Uma absoluta unicidade com o Monitor divino e um completo esgotamento dos dons de um Ajustador só podem ser realizados na eternidade; ou seja, subseqüentemente ao alcançar do Pai Universal, o Pai dos espíritos, para sempre fonte dessas dádivas divinas.

110:7:5 12126 Quando a alma em evolução e o Ajustador divino são, final e eternamente, fusionados, cada um ganha todas as qualidades experienciáveis do outro. Essa personalidade coordenada possui toda a memória experiencial de sobrevivência que a mente mortal ancestral possuiu no passado e que, em seguida, é residente na alma moroncial; e, em acréscimo, esse finalitor em potencial abarca toda a memória experiencial do Ajustador, de todas as suas residências mortais, de todos os tempos. No entanto, uma eternidade no futuro será necessária para que um Ajustador possa dotar, por completo, a personalidade, constituída dessa associação, com os significados e valores que o Monitor divino traz consigo da eternidade do passado.

110:7:6 12131 Todavia, com a grande maioria dos urantianos, o Ajustador deve esperar pacientemente pela chegada da libertação pela morte; deve esperar a liberação da alma emergente da dominação quase completa dos padrões da energia e das forças químicas, inerentes à vossa ordem material de existência. A dificuldade principal que vós experimentais para contatar o vosso Ajustador advém dessa mesma natureza material. Pouquísimos mortais são pensadores realmente; vós não desenvolveis nem disciplinais espiritualmente as vossas mentes até o ponto de uma ligação favorável com os Ajustadores divinos. O ouvido da mente humana é quase surdo aos apelos espirituais, que o Ajustador traduz, das múltiplas mensagens das transmissões universais de amor, que procedem do Pai das misericórdias. O Ajustador considera quase impossível registrar esses guiamentos espirituais em uma mente animal completamente dominada pelas forças elétricas e químicas, inerentes à vossa natureza física.

110:7:7 12132 Os Ajustadores rejubilam-se de fazer contato com a mente mortal; mas eles têm de ser pacientes, por longos anos de estada silenciosa, durante os quais eles são incapazes de romper a resistência animal para comunicar-se diretamente convosco. Quanto mais alto os Ajustadores do Pensamento ascendem, na escala de serviço, mais eficientes eles se tornam. No entanto, não podem nunca vos saudar, na carne, com a mesma afeição compassiva, cheia de expressividade e de solidariedade, com que eles vos saudarão, quando vós os discernirdes, de mente para mente, nos mundos das mansões.

110:7:8 12133 Durante a vida mortal, o corpo e a mente material separam-vos do vosso Ajustador e impedem a comunicação livre; depois da morte, após a fusão eterna, vós e o vosso Ajustador sereis unificados – não sereis mais distinguíveis, como seres separados – e assim não existirá mais a necessidade de comunicação, do modo como vós poderíeis entender.

110:7:9 12134 Ainda que a voz do Ajustador esteja sempre dentro de vós, a maioria de vós raramente a escutará durante a vida inteira. Os seres humanos, antes do terceiro e do segundo círculos de realização, raramente escutam diretamente a voz do Ajustador, exceto em momentos de aspiração suprema, em uma situação suprema e, conseqüentemente, por meio de numa decisão suprema.

110:7:10 12135 Durante a realização e a ruptura do contato entre a mente mortal de um reservista do destino e os supervisores planetários, algumas vezes, o Ajustador residente está situado de uma forma tal que se torna possível transmitir uma mensagem ao parceiro mortal. Não faz muito tempo, em Urântia, uma mensagem assim foi transmitida por um Ajustador auto-atuante, ao seu companheiro humano, membro do corpo de reserva do destino. Essa mensagem começava com estas palavras: “E agora, sem perigo e sem ameaça ao sujeito da minha devoção solícita, e sem intenção de desencorajá-lo, nem de castigá-lo, por mim, registrai a minha súplica para ele”. Seguiu-se uma exortação tocante, bela e cheia de apelo. Entre outras coisas, o Ajustador implorou “que ele lhe desse a sua cooperação sincera com mais fé, que suportasse com mais leveza as tarefas decorrentes da minha colocação, que levasse adiante mais fielmente o programa organizado por mim e que enfrentasse mais pacientemente as provações da minha escolha, que mais persistente e alegremente trilhasse o caminho da minha escolha, que mais humildemente recebesse os créditos que possam acumular-se em resultado dos meus esforços intermináveis – assim, transmita minha exortação ao homem em quem resido.

110:7:11 12141 A ele dedico a suprema devoção e o afeto de um espírito divino. E diga ainda, ao meu amado sujeito, que funcionarei com sabedoria e poder até o fim, até que a última luta terrena esteja terminada; que serei verdadeiro e fiel à personalidade a mim confiada. E eu o exorto à sobrevivência, para que não me desaponte, para que não me prive da recompensa da minha luta paciente e intensa. Da vontade humana dependerá a nossa realização em uma só personalidade. Círculo a círculo eu tenho pacientemente elevado essa mente humana e, disso, a aprovação que tenho do chefe de minha própria classe é testemunha. De círculo em círculo, estou procedendo até o juízo. Aguardo, com prazer e sem apreensão, a lista de chamada do destino; estou preparado para submeter tudo aos tribunais dos Anciães dos Dias”.

110:7:12 12142 [Apresentado por um Mensageiro Solitário de Orvonton.]

DOCUMENTO 111

O AJUSTADOR E A ALMA
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A presença do Ajustador divino na mente humana torna para sempre impossível, tanto para a ciência quanto para a filosofia, atingir uma compreensão satisfatória da alma em evolução da personalidade humana. A alma moroncial é uma criança do universo e apenas pode ser realmente conhecida por meio do discernimento cósmico e da descoberta espiritual.

111:0:2 12152 O conceito da alma e de um espírito residente não é novo em Urântia; tem surgido freqüentemente nos vários sistemas de crenças planetárias. Muitas das fés orientais, bem como algumas entre as ocidentais, perceberam que o homem é divino na sua linhagem, bem como humano pela hereditariedade. O sentimento da presença interior, acrescentado à onipresença externa da Deidade, há muito constitui uma parte de muitas das religiões urantianas. Os homens têm acreditado, há muito tempo, que existe algo crescendo dentro da natureza humana, algo vital, que está destinado a perdurar além do curto período da vida temporal.

111:0:3 12153 Antes que o homem houvesse compreendido que a sua alma em evolução tinha a paternidade de um espírito divino, julgou-se que ela residia em diferentes órgãos físicos – nos olhos, no fígado, nos rins, no coração e, posteriormente, no cérebro. Os selvagens associavam a alma ao sangue, à respiração, às sombras e aos reflexos do seu eu na água.

111:0:4 12154 Na concepção do atman, os mestres hindus realmente se aproximaram de uma avaliação da natureza e da presença do Ajustador, mas falharam, por não distinguirem a co-presença da alma em evolução, potencialmente imortal. Os chineses, contudo, reconheceram dois aspectos num ser humano, o yang e o yin, a alma e o espírito. Os egípcios e muitas tribos africanas também acreditavam em dois fatores, o ka e o ba; e não acreditavam geralmente que a alma fosse preexistente, apenas o espírito.

111:0:5 12155 Os habitantes do vale do Nilo acreditavam que todo indivíduo favorecido havia recebido, no nascimento, ou pouco depois, um espírito protetor a que chamavam ka. Eles ensinavam que esse espírito guardião permanecia com o sujeito mortal ao longo da vida e que passava, antes dele, para o estado futuro. Nas paredes de um templo em Luxor, onde está ilustrado o nascimento de Amenhotep III, o pequeno príncipe está retratado nos braços do deus do Nilo e, próximo a ele, está uma outra criança, idêntica ao príncipe na aparência, que é o símbolo daquela entidade a que os egípcios chamavam ka. Essa escultura foi terminada no décimo quinto século antes de Cristo.

111:0:6 12156 Julgava-se que o ka era um gênio de espírito superior, que desejava guiar o mortal ligado a ele em caminhos melhores na vida temporal; porém, mais especialmente, ele desejava influenciar a sorte do sujeito humano na próxima vida. Quando um egípcio desse período morria, era esperado que o seu ka estivesse aguardando por ele do outro lado do Grande Rio. A princípio, supunha-se que apenas os reis tivessem kas, mas, afinal, acreditou-se que todos os homens retos possuíam-nos. Um governante egípcio, falando do ka dentro do seu coração, disse: “Eu não desconsiderei o que ele me disse; eu temia transgredir os seus guiamentos. Por isso, progredi grandemente; e, assim, tive êxito por causa do que ele me levou a fazer; fui distinguido com os seus guiamentos”. Muitos acreditavam que o ka era “um oráculo de Deus dentro de todos”. Muitos acreditavam que iriam “passar à eternidade com alegria no coração, sob os favores do Deus que está dentro deles”.

111:0:7 12161 Cada raça de mortais evolutivos de Urântia tem uma palavra equivalente ao conceito de alma. Muitos povos primitivos acreditavam que a alma olhava para o mundo por meio dos olhos dos homens; portanto, de forma tão profunda, temiam a malevolência do mau-olhado. Por muito tempo, acreditaram que “o espírito do homem é a lâmpada do Senhor”. O Rig-Veda diz: “a minha mente fala ao meu coração”.

1. A MENTE, ARENA DA ESCOLHA


111:1:1 12162 Embora o trabalho dos Ajustadores seja espiritual, na sua natureza, devem eles, por força, fazer todo o seu trabalho com uma base no intelecto. A mente é o solo humano a partir do qual o Monitor espiritual deve fazer a alma moroncial evoluir, em cooperação com a personalidade residida por ele.

111:1:2 12163 Há uma unidade cósmica nos sete níveis da mente do universo dos universos. Os eus intelectuais têm a sua origem na mente cósmica, tal como as nebulosas têm origem nas energias cósmicas do espaço universal. No nível humano (e, portanto, pessoal) dos eus intelectuais, o potencial de evolução do espírito torna-se dominante, com o consentimento da mente mortal, por causa do dom espiritual da personalidade humana, junto com a presença criativa com entidade de valor absoluto nos eus humanos. Contudo, essa predominância do espírito sobre a mente material é condicionada por duas experiências: essa mente deve ter evoluído a partir do ministério dos sete espíritos ajudantes da mente; e o eu material (pessoal) deve escolher cooperar com o Ajustador residente, criando e fomentando o eu moroncial, ou seja, a alma evolucionária potencialmente imortal.

111:1:3 12164 A mente material é a arena dentro da qual as personalidades humanas vivem, são autoconscientes, tomam decisões e escolhem a Deus ou abandonam-No, eternizam-se ou destroem a si mesmas.

111:1:4 12165 A evolução material proveu-vos com uma máquina de vida, o vosso corpo; o Pai, Ele próprio, outorgou a vós uma realidade espiritual, a mais pura conhecida no universo: o vosso Ajustador do Pensamento. No entanto, nas vossas mãos, foi-vos colocada uma mente, sujeita às vossas próprias decisões, e é por meio dessa mente que vós viveis ou morreis. É dentro dessa mente e com essa mente que vós tomais as decisões morais que vos capacitam a alcançar a semelhança ao Ajustador, que é a semelhança a Deus.

111:1:5 12166 A mente mortal é um sistema de intelecto temporário, cedido por empréstimo aos seres humanos, para uso durante o período da vida material; e, da forma pela qual eles usam essa mente, estão aceitando ou rejeitando o potencial de existência eterna. A mente é praticamente tudo o que vós tendes da realidade do universo, que é submissível à vossa vontade; e a alma – o eu moroncial – irá retratar fielmente a colheita das decisões temporais que o eu mortal está fazendo. A consciência humana repousa gentilmente sobre o mecanismo eletroquímico abaixo; e delicadamente toca o sistema de energia espiritual-moroncial acima. De nenhum desses dois sistemas, o ser humano é completamente consciente durante a sua vida mortal; portanto, ele deve trabalhar com a mente, da qual é consciente. E não é tanto o que a mente compreende, mas, sim, o que a mente deseja compreender, que assegura a sobrevivência; não é tanto o que a mente é que se constitui na identificação com o espírito, mas o que a mente está tentando ser. E não é tanto o fato de que o homem seja consciente de Deus que o leva a ascender no universo, mas o fato de que ele aspira a Deus. O que vós sois hoje não é tão importante quanto aquilo em que vos estais tornando dia a dia e na eternidade.

111:1:6 12171 A mente é o instrumento cósmico no qual a vontade humana pode tocar as dissonâncias da destruição, ou no qual essa mesma vontade humana pode trazer o tom das melodias sutis de identificação com Deus e da conseqüente sobrevivência eterna. O Ajustador, outorgado como dádiva ao homem, é, em última análise, impermeável ao mal e incapaz do pecado; mas a mente mortal pode, na verdade, ser torcida e distorcida, e transformar-se no mal e no horrendo por meio de maquinações pecaminosas de uma vontade humana perversa e egoísta. Da mesma forma pode, essa mente, tornar-se nobre, bela, verdadeira e boa – e grande, na verdade –, de acordo com a vontade iluminada pelo espírito de um ser humano sabedor de Deus.

111:1:7 12172 A mente evolucionária é plenamente estável e confiável apenas quando se manifesta nos dois extremos da intelectualidade cósmica – o inteiramente mecanizado e o plenamente espiritualizado. Entre os extremos intelectuais do puro controle mecânico e da verdadeira natureza espiritual, é que se interpõe aquele enorme grupo de mentes em ascensão e em evolução, cuja estabilidade e tranqüilidade dependem da escolha da personalidade e da identificação com o espírito.

111:1:8 12173 No entanto, o homem não capitula a sua vontade passivamente, de forma escrava, ao seu Ajustador. Antes ele escolhe, muito mais ativa, positiva e cooperativamente, seguir a orientação do Ajustador, quando e naquilo em que essa orientação difere dos desejos e impulsos da mente mortal natural. Os Ajustadores manipulam, mas nunca dominam a mente do homem contra a vontade dele; para os Ajustadores, a vontade humana é suprema. E assim consideram-na e respeitam-na em sua luta para realizar as metas espirituais de ajustamento dos pensamentos e de transformação do caráter, na arena quase sem limites do intelecto humano em evolução.

111:1:9 12174 A mente é a vossa embarcação, o Ajustador é o vosso piloto, a vontade humana é o capitão. O mestre desse barco mortal deveria ter a sabedoria de confiar no piloto divino, para guiar a alma em ascensão até os portos moronciais da eterna sobrevivência. Somente por egoísmo, por preguiça e por pecado pode a vontade do homem rejeitar o guiamento desse piloto que age por amor e, finalmente, fazer naufragar a carreira mortal contra os arrecifes malévolos da misericórdia rejeitada e contra os rochedos submersos do pecado. Com o vosso consentimento, esse piloto fiel carregar-vos-á a salvo, por entre as barreiras do tempo e, apesar dos obstáculos do espaço, até a fonte mesma da mente divina, e mesmo adiante, até o Pai do Paraíso dos Ajustadores.

2. A NATUREZA DA ALMA


111:2:1 12175 De alto a baixo, nas funções mentais da inteligência cósmica, a totalidade da mente predomina sobre as partes de função intelectual. Na sua essência, a mente é uma unidade funcional; portanto, a mente nunca falha em manifestar essa unidade constitutiva, mesmo quando tolhida ou obstaculizada pelas ações e escolhas pouco sábias de um eu mal conduzido. E essa unidade de mente procura invariavelmente a coordenação do espírito, em todos os níveis de associações com os eus de dignidade volitiva e de prerrogativas ascensionais.

111:2:2 12176 A mente material do homem mortal é o tear cósmico em que se embasam os tecidos moronciais, sobre os quais o Ajustador do Pensamento residente tece os modelos espirituais de um caráter universal, que tem os valores permanentes e as significações divinas – uma alma sobrevivente, de destino último, com uma carreira infindável; um finalitor em potencial.

111:2:3 12181 A personalidade humana é identificada com a mente e o espírito, mantidos juntos pela vida, numa relação funcional, num corpo material. Essa relação de funcionamento entre a mente e o espírito não resulta em nenhuma combinação das qualidades ou atributos da mente e do espírito, mas resulta, antes, em um valor universal, de duração eterna, inteiramente original, novo e único, a alma.

111:2:4 12182 Há três fatores, e não dois, na criação evolucionária de uma alma imortal. Esses três antecedentes da alma humana moroncial são:

111:2:5 12183 1. A mente humana e todas as influências cósmicas, antecedentes a ela e que se impingem sobre ela.

111:2:6 12184 2. O espírito divino, residente nessa mente humana, e todos os potenciais inerentes a esse fragmento de espiritualidade absoluta, junto com todas as múltiplas influências e fatores espirituais na vida humana.

111:2:7 12185 3. A relação entre a mente material e o espírito divino, que conota um valor e carrega um significado não encontrável em nenhum dos fatores que contribuem para essa associação. A realidade dessa relação única não é nem material nem espiritual, mas moroncial. É a alma.

111:2:8 12186 As criaturas intermediárias denominaram, há muito, essa alma humana em evolução, de mente intermediária, para distingui-la da mente mais baixa, ou material, e da mente mais alta, ou cósmica. Essa mente intermediária é realmente um fenômeno moroncial, já que existe no reino entre o material e o espiritual. O potencial dessa evolução moroncial é inerente aos dois impulsos universais da mente: o impulso da mente finita da criatura, para conhecer a Deus e atingir a divindade do Criador, e o impulso da mente infinita do Criador, para conhecer o homem e alcançar a experiência da criatura.

111:2:9 12187 Essa transação superna de evolução da alma imortal torna-se possível porque a mente mortal é, em primeiro lugar, pessoal e, em segundo lugar, está em contato com realidades supra-animais; ela possui um dom supramaterial de ministração cósmica, que assegura a evolução de uma natureza moral capaz de tomar decisões morais, efetuando, por meio disso, um contato criativo, na boa-fé mais plena, com as ministrações espirituais interativas e com o Ajustador do Pensamento residente.

111:2:10 12188 O resultado inevitável dessa espiritualização contatual da mente humana é o nascimento gradual de uma alma, fruto nascido de uma mente ajudante, dominada pela vontade humana que almeja conhecer a Deus, trabalhando em ligação com forças espirituais do universo que estão sob o supracontrole de um fragmento real do próprio Deus de toda a criação – o Monitor Misterioso. E, assim, a realidade mortal e material do eu transcende às limitações temporais da máquina da vida física e atinge uma nova expressão e uma nova identificação, no veículo em evolução, para a continuidade do eu: a alma moroncial imortal.

3. A ALMA EM EVOLUÇÃO


111:3:1 12189 Os enganos da mente mortal e os erros da conduta humana podem atrasar, de forma intensa, a evolução da alma, embora não possam inibir tal fenômeno moroncial, uma vez iniciado pelo Ajustador residente, com o consentimento da vontade da criatura. Entretanto, a qualquer momento, antes da morte física, essa mesma vontade humana e material tem o poder de romper com essa escolha e rejeitar a sobrevivência. Mesmo após a sobrevivência, o mortal ascendente ainda detém essa prerrogativa de escolher rejeitar a vida eterna; a qualquer tempo, antes da fusão com o Ajustador, a criatura ascendente e em evolução pode escolher abandonar a vontade do Pai do Paraíso. A fusão com o Ajustador assinala o fato de que o mortal ascendente escolheu, eternamente e sem reservas, cumprir o desejo do Pai.

111:3:2 12191 Durante a vida na carne, a alma em evolução está capacitada a reforçar as decisões supramateriais da mente mortal. A alma, sendo supramaterial, não funciona por si mesma no nível material da experiência humana. Nem pode essa alma subespiritual, sem a colaboração de algum espírito da Deidade, como o Ajustador, por exemplo, funcionar acima do nível moroncial. A alma também não toma decisões finais, até que a morte ou o translado a separe da ligação material com a mente mortal, exceto quando essa mente material delegar, e da forma que delegar, tal autoridade, de livre e espontânea vontade, à alma moroncial de função interligada. Durante a vida, a vontade mortal, ou o poder de escolha-decisão da personalidade, reside nos circuitos da mente material; à medida que o crescimento mortal terrestre continua, esse eu, com os seus inestimáveis poderes de escolha, torna-se crescentemente identificado com a entidade da alma moroncial emergente; após a morte, e em seguida à ressurreição, nos mundos das mansões, a personalidade humana identifica-se completamente com o eu moroncial. A alma é, assim, o embrião do futuro veículo moroncial de identidade da personalidade.

111:3:3 12192 Essa alma imortal, de início, é inteiramente moroncial na sua natureza, mas tem uma tal capacidade para o desenvolvimento, que invariavelmente ascende até os níveis do verdadeiro espírito de fusão com os espíritos da Deidade; geralmente, com o mesmo espírito do Pai Universal, que iniciou esse fenômeno de criação na mente da criatura.

111:3:4 12193 Ambos, a mente humana e o Ajustador divino, são conscientes da presença e da natureza diferencial da alma em evolução: o Ajustador, inteiramente; a mente, parcialmente. A alma torna-se cada vez mais cônscia, tanto da mente quanto do Ajustador, como identidades relacionadas, proporcionalmente, ao seu próprio crescimento evolucionário. A alma compartilha das qualidades, tanto da mente humana quanto do espírito divino, mas evolui, persistentemente, na direção de um aumento do controle do espírito e do predomínio do divino, por meio da ação de fomentar uma função da mente, cujos significados tentam coordenar-se com os verdadeiros valores do espírito.

111:3:5 12194 Na carreira mortal, a evolução da alma não é tanto uma provação, é mais uma educação. A fé na sobrevivência dos valores supremos é o cerne do ato religioso; a experiência religiosa genuína consiste na união dos valores supremos e de significados cósmicos, como uma compreensão da realidade universal.

111:3:6 12195 A mente conhece a quantidade, a realidade e os significados. Contudo, a qualidade – os valores – é sentida. Quem sente é a criação mútua da mente, que conhece, e o espírito solidário, que a torna real.

111:3:7 12196 Na mesma medida que a alma moroncial em evolução é permeada pela verdade, pela beleza e pela bondade, como valores para a compreensão da consciência de Deus, esse ser resultante torna-se indestrutível. Se não há sobrevivência de valores eternos na alma em evolução do homem, então a existência mortal não tem sentido, e a vida, em si mesma, é uma ilusão trágica. Todavia, para sempre é verdade: aquilo que começais no tempo, com certeza, ireis terminar na eternidade – se valer a pena terminar.

4. A VIDA INTERIOR


111:4:1 12197 O reconhecimento é o processo intelectual de adequar as impressões sensoriais recebidas do mundo externo aos padrões de memória do indivíduo. A compreensão conota que essas impressões sensoriais reconhecidas e os seus padrões de memória associados tornaram-se integrados ou organizados numa rede dinâmica de princípios.

111:4:2 12201 Os significados são derivados de uma combinação de reconhecimento e de compreensão. Os significados são inexistentes, num mundo unicamente sensorial ou material. Os significados e os valores são percebidos apenas nas esferas internas ou supramateriais da experiência humana.

111:4:3 12202 Os avanços da verdadeira civilização nascem todos nesse mundo interior da humanidade. Apenas a vida interior é verdadeiramente criativa. A civilização dificilmente pode progredir quando a maioria dos jovens de qualquer geração devota os seus interesses e energias às buscas materiais do mundo sensorial ou exterior.

111:4:4 12203 O mundo interior e o mundo exterior têm um conjunto diferente de valores. Qualquer civilização está em perigo, quando três quartos da sua juventude aderem a profissões materialistas e devotam-se à busca de atividades sensoriais no mundo exterior. A civilização está em perigo, quando a juventude negligencia o seu interesse pela ética, sociologia, eugenia, filosofia, artes, religião e cosmologia.

111:4:5 12204 Apenas nos níveis mais elevados da mente supraconsciente, à medida que esses níveis impõem-se ao Reino espiritual da experiência humana, vós podeis encontrar esses conceitos mais elevados, relacionados a modelos originais efetivos, que irão contribuir para a construção de uma civilização melhor e mais duradoura. A personalidade é, inerentemente, criativa; mas funciona como tal apenas na vida interior do indivíduo.

111:4:6 12205 Os cristais de neve são sempre hexagonais, na forma; mas nunca dois deles são iguais. As crianças correspondem a tipos, mas não há duas exatamente iguais, mesmo no caso de gêmeos. A personalidade tem tipos, mas é sempre única.

111:4:7 12206 A felicidade e a alegria têm origem na vida interior. Vós não podeis experimentar o regozijo verdadeiro completamente a sós. Uma vida solitária é fatal para a felicidade. Até mesmo as famílias e as nações desfrutarão mais da vida, se a compartilharem com os outros.

111:4:8 12207 Vós não podeis controlar completamente o mundo externo – o meio ambiente. É a criatividade do mundo interior que deve estar mais sob o foco da vossa direção, pois nele a vossa personalidade está tão amplamente liberada das algemas das leis das causas anteriores. Associada à personalidade, há uma soberania limitada da vontade.

111:4:9 12208 Posto que essa vida interior do homem seja verdadeiramente criativa, a responsabilidade de escolher se essa criatividade será espontânea e totalmente aleatória, ou se controlada e dirigida e construtiva, cabe a cada pessoa. Como pode uma imaginação criativa produzir filhos dignos, quando o cenário onde funciona já está preenchido com preconceitos, ódio, medos, ressentimentos, vinganças e fanatismo?

111:4:10 12209 As idéias podem ter origem nos estímulos do mundo exterior, mas os ideais nascem apenas nos reinos criadores do mundo interior. Hoje, as nações do mundo são dirigidas por homens que têm uma superabundância de idéias, mas grande pobreza de ideais. Essa é a explicação para a pobreza, o divórcio, a guerra e os ódios raciais.

111:4:11 122010 Esta é a questão: se o homem, que tem o livre-arbítrio, é dotado com os poderes da criatividade, vindos do seu mundo interior, então devemos reconhecer que a criação, no livre-arbítrio, abrange também o potencial de escolha na destrutividade. E quando a criatividade é voltada para a destrutividade, vós estais face a face com a devastação do mal e do pecado – a opressão, a guerra e a destruição. O mal é uma parcialidade da criatividade, que tende para a desintegração e a destruição final. Todo conflito é em si um mal, pelo que inibe da função criadora da vida interior – é uma espécie de guerra civil na personalidade.

111:4:12 12211 A criatividade interior contribui para o enobrecimento do caráter, mediante a integração da personalidade e da unificação do eu. É sempre verdade: o passado é imutável; apenas o futuro pode ser modificado pelo ministério da criatividade presente do eu interno.

5. A CONSAGRAÇÃO DA ESCOLHA


111:5:1 12212 Fazer a vontade de Deus é nada mais, nada menos do que uma demonstração da vontade da criatura de compartilhar a sua vida interior com Deus – com o mesmo Deus que tornou possível, para essa criatura, uma vida de valor com significado interior. Compartilhar é da natureza de Deus – é divino. Deus compartilha tudo com o Filho Eterno e com o Espírito Infinito, enquanto eles, por sua vez, compartilham todas as coisas com os Filhos Criadores divinos e com as Filhas, os Espíritos Maternos dos universos.

111:5:2 12213 A imitação de Deus é a chave da perfeição; fazer a Sua vontade é o segredo da sobrevivência e da perfeição na sobrevivência.

111:5:3 12214 Os mortais vivem em Deus e, portanto, Deus tem querido viver nos mortais. Assim como os mortais se confiam a Deus, Ele também confiou – e antes – uma parte Dele próprio, para que ficasse com os homens; Ele consentiu em viver nos homens e residir nos homens, sujeitando-Se à vontade humana.

111:5:4 12215 A paz nesta vida, a sobrevivência na morte, a perfeição na próxima vida, o serviço na eternidade: tudo isso é realizado (em espírito) desde agora, quando a personalidade da criatura consente – escolhe – sujeitar a vontade da criatura à vontade do Pai. E, pois, o Pai já escolheu fazer com que um fragmento de Si próprio se sujeite à vontade da personalidade da criatura.

111:5:5 12216 Tal escolha da criatura não é uma rendição da sua vontade. É uma consagração da vontade, uma expansão da vontade, uma glorificação da vontade, um perfeccionamento da vontade; e tal escolha eleva a vontade da criatura do nível da significância temporal ao estado mais elevado, em que a personalidade do filho-criatura comunga com a personalidade do Pai-espírito.

111:5:6 12217 Essa escolha da vontade do Pai é o achado espiritual que o homem mortal tem, no encontro do Pai espiritual, ainda que uma idade deva passar antes que o filho-criatura possa de fato chegar à presença factual do Pai do Paraíso. Essa escolha não consiste tanto na negação da vontade da criatura – “Não a minha vontade, mas a Vossa, seja feita” – quanto consiste na afirmação positiva da criatura: “É da minha vontade que a Vossa vontade seja feita”. E se essa escolha é feita, mais cedo ou mais tarde, o filho que escolheu a Deus irá encontrar a união interna (a fusão) com o fragmento residente de Deus, enquanto esse mesmo filho em perfeccionamento encontrará a suprema satisfação para a personalidade, na comunhão de adoração entre a personalidade do homem e a personalidade do seu Criador; duas personalidades cujos atributos criativos juntaram-se eternamente, numa mutualidade de expressão voluntária – para o nascimento de uma outra sociedade eterna entre a vontade do homem e a vontade de Deus.

6. O PARADOXO HUMANO


111:6:1 12218 Muitos dos problemas temporais do homem mortal advêm da sua relação dupla com o cosmo. O homem é parte da natureza – existe na natureza – e, ao mesmo tempo, é capaz de transcender à natureza. O homem é finito; todavia, no seu interior reside uma faísca da infinitude. E essa situação dual proporciona não apenas um potencial para o mal, mas também engendra muitas situações sociais e morais carregadas de grande incerteza e de uma ansiedade considerável.

111:6:2 12221 A coragem requerida para efetivar a conquista da natureza e para transcender ao próprio eu é uma coragem que poderia sucumbir diante das tentações do orgulho de si próprio. O mortal que pode transcender a si próprio poderia render-se à tentação de deificar a sua própria autoconsciência. O dilema mortal consiste no fato duplo de que o homem está atrelado à natureza, enquanto, ao mesmo tempo, possui uma liberdade única – a liberdade da escolha e da ação espirituais. Nos níveis materiais, o homem encontra-se em estado de subserviência à natureza, enquanto, nos níveis espirituais, ele é triunfante sobre a natureza e sobre todas as coisas temporais e finitas. Tal paradoxo é inseparável da tentação, do mal potencial e de erros decisórios; e, quando o ego torna-se orgulhoso e arrogante, o pecado pode evoluir.

111:6:3 12222 O pecado não existe por si só no mundo finito. O fato da finitude não é mau, nem pecaminoso. O mundo finito foi feito por um Criador infinito – é a obra dos Seus Filhos divinos – e, portanto, deve ser bom. É o uso errôneo, a distorção e a deturpação do finito que dão origem ao mal e ao pecado.

111:6:4 12223 O espírito pode dominar a mente; e assim, pois, a mente pode controlar a energia. Contudo, a mente só pode controlar a energia por meio da própria manipulação inteligente dos potenciais metamórficos inerentes ao nível matemático das causas e efeitos, nos domínios físicos. A mente da criatura não controla a energia inerentemente; essa é uma prerrogativa da Deidade. Todavia, a mente da criatura pode manipular a energia; e faz isso, na medida em que se torna mestra nos segredos da energia do universo físico.

111:6:5 12224 Quando o homem quer modificar a realidade física, seja nele mesmo ou no meio ambiente, ele tem êxito apenas na proporção em que haja descoberto os modos e os meios de controlar a matéria e dirigir a energia. A mente sem assistência é impotente para influir sobre o mundo material, exceto sobre o próprio mecanismo físico ao qual ela está inseparavelmente vinculada. No entanto, pelo uso inteligente do mecanismo do corpo, a mente pode criar outros mecanismos e mesmo relações energéticas e relações vivas, com a utilização das quais essa mente pode controlar crescentemente e até dominar o seu nível físico no universo.

111:6:6 12225 A ciência é a fonte dos fatos, e a mente não pode operar sem fatos. Os fatos estão edificando blocos, na construção da sabedoria, que vão sendo cimentados um ao lado do outro na experiência da vida. O homem pode alcançar o amor de Deus sem fatos, e pode descobrir as leis de Deus sem amor; mas o homem não pode começar a apreciar a simetria infinita, a harmonia superna, a excelsa plenitude da natureza todo-inclusiva da Primeira Fonte e Centro, sem antes haver encontrado a lei divina e o amor divino e sem antes havê-los experiencialmente unificado na sua própria filosofia evolutiva cósmica.

111:6:7 12226 A expansão do conhecimento material permite uma maior apreciação intelectual dos significados das idéias e dos valores dos ideais. Um ser humano pode encontrar a verdade na sua experiência interior, mas ele necessita de um conhecimento claro dos fatos para aplicar a sua descoberta pessoal da verdade às demandas implacavelmente práticas da vida diária.

111:6:8 12227 Nada é mais natural do que o homem mortal ser assediado por sentimentos de insegurança, quando se vê inextricavelmente atado à natureza, apesar de possuir poderes espirituais plenamente transcendentes a todas as coisas temporais e finitas. Somente a confiança religiosa – a fé viva – pode sustentar o homem em meio a problemas tão difíceis e de tamanha perplexidade.

111:6:9 12231 De todos os perigos que cerceiam a natureza mortal do homem e que ameaçam a sua integridade espiritual, o orgulho é o maior. A coragem é de muita valia, mas o egocentrismo é vangloriador e suicida. Uma autoconfiança razoável não é de se deplorar. A capacidade do homem de transcender a si próprio é uma coisa que o distingue do reino animal.

111:6:10 12232 O orgulho é enganoso, intoxicante e alimentador do pecado; é causador de decepções tanto para o indivíduo, quanto para um grupo, uma raça ou uma nação. É literalmente verdade que “o orgulho vem antes da queda”.

7. O PROBLEMA DO AJUSTADOR


111:7:1 12233 A essência da aventura do Paraíso é a incerteza com segurança – incerteza no tempo e na mente, incerteza quanto aos eventos do descortinar-se da ascensão até o Paraíso–; e segurança no espírito e na eternidade, segurança na confiança incondicional do filho-criatura, na compaixão divina e no amor infinito do Pai Universal; incerteza por sermos cidadãos inexperientes do universo; segurança por sermos filhos ascendentes até as mansões do universo de um Pai Todo-Poderoso, onisciente e todo-amoroso.

111:7:2 12234 Poderia eu aconselhar-vos que atendêsseis ao eco distante do apelo fiel do Ajustador à vossa alma? O Ajustador residente não pode parar, nem mesmo alterar materialmente a vossa luta, na carreira do tempo; o Ajustador não pode amenizar as durezas da vida, enquanto atravessais este mundo de trabalho extenuante. O residente divino pode apenas refrear-se, pacientemente, enquanto vós lutais na batalha da vida, como é vivida no vosso planeta; mas vós podeis, se quiserdes – enquanto trabalhais, lutais e suais –, permitir que o valente Ajustador lute convosco e para vós. Vós podeis, assim, ser confortados e inspirados, seduzidos e cativados, se apenas permitirdes ao Ajustador que ele constantemente vos mostre e ilustre os motivos reais, o objetivo final e o eterno propósito de toda essa difícil luta, montanha acima, contra os problemas banais do vosso mundo material atual.

111:7:3 12235 Por que não ajudais o Ajustador na tarefa de mostrar-vos a contraparte espiritual de todos esses esforços materiais extenuantes? Por que não permitis que o Ajustador vos fortaleça com as verdades espirituais do poder cósmico, enquanto estais, corpo-a-corpo, lutando com as dificuldades temporais da experiência de criatura? Por que não encorajais o ajudante celestial a vos alegrar, com a visão clara de um enfoque eterno da vida universal, enquanto estais meio cegos, na perplexidade dos problemas da hora presente? Por que vos recusais a ser esclarecidos e inspirados, pelo ponto de vista universal, enquanto vos debateis contra os obstáculos do tempo e vos afogais na névoa da incerteza, que assedia a vossa jornada na vida mortal? Por que não permitis ao Ajustador espiritualizar o vosso modo de pensar, ainda que os vossos pés devam continuar pisando nas rotas materiais dos empreendimentos terrestres?

111:7:4 12236 As raças humanas mais elevadas de Urântia estão miscigenadas de forma complexa; são uma mistura de muitos componentes raciais e de genes de origens diferentes. Essa natureza composta dificulta excessivamente a eficiência do trabalho dos Monitores, durante a vida, e aumenta definitivamente os problemas, tanto do Ajustador quanto do serafim guardião, após a morte. Não faz muito tempo, estive em Salvington e escutei um guardião do destino apresentando uma declaração formal, como atenuação das dificuldades do ministério ao seu sujeito mortal. Esse serafim disse:

111:7:5 12237 “Muito da minha dificuldade se deveu ao conflito interminável entre as duas naturezas do meu sujeito: a urgência da ambição, em oposição à indolência animal; os ideais de um povo superior, trespassados pelos instintos de uma raça inferior; os altos propósitos de uma grande mente, antagonizados pelo impulso de uma hereditariedade primitiva; a visão ampla de um Monitor perspicaz, contrafeita pela visão estreita de uma criatura do tempo; os planos progressivos de um ser em ascensão, modificados pelos desejos e aspirações de uma natureza material; os lampejos da inteligência universal, cancelados pelos comandos da energia química da raça em evolução; o impulso angélico, em oposição às emoções de um animal; o aperfeiçoamento de um intelecto, anulado pelas tendências do instinto; a experiência do indivíduo, em oposição às propensões acumuladas da raça; as aspirações ao que há de melhor, sendo obliteradas pela inconstância do pior; o vôo do gênio, neutralizado pelo peso da mediocridade; o progresso do bom, retardado pela inércia do mau; a arte da beleza, manchada pela presença do mal; a pujança da saúde, neutralizada pela debilidade da doença; a fonte da fé, poluída pelos venenos do medo; o manancial da alegria, amargurado pelas águas da dor; a felicidade da antecipação, desiludida pela amargura da realização; as alegrias da vida, sempre ameaçadas pelas dores da morte. Tal é a vida neste planeta! E ainda assim, por causa da ajuda e do impulso sempre presente do Ajustador do Pensamento, essa alma alcançou um nível razoável de felicidade e êxito e ainda agora ascendeu aos salões de julgamento de mansônia”.

111:7:6 12241 [Apresentado por um Mensageiro Solitário de Orvonton.]

DOCUMENTO 112

A SOBREVIVÊNCIA DA PERSONALIDADE
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Os planetas evolucionários são as esferas da origem humana, os mundos iniciais da carreira mortal ascendente. Urântia é o vosso ponto de partida; aqui vós e o vosso Ajustador do Pensamento divino estais juntos numa união temporal. Vós recebestes a dádiva de um guia perfeito; portanto, se correrdes a corrida do tempo com sinceridade e ganhardes a meta final da fé, a recompensa das idades será vossa; vós estareis eternamente unidos ao vosso Ajustador residente. E então começará a vossa vida real, a vida ascendente para a qual o vosso presente estado não é senão o vestíbulo. Logo começará a vossa elevada e progressiva missão, como finalitores, na eternidade que se descortina diante de vós. E através de todas essas sucessivas idades e estágios de crescimento evolucionário, há uma parte de vós que permanece absolutamente inalterada; e essa é a personalidade – a permanência, na presença da mudança.

112:0:2 12252 Ainda que seja presunçoso ensaiar uma definição de personalidade, pode ser útil enunciar algumas entre as coisas que são conhecidas sobre a personalidade:

112:0:3 12253 1. A personalidade é aquela qualidade da realidade que é outorgada pelo Pai Universal, Ele próprio, ou pelo Agente Conjunto, atuando em nome do Pai.

112:0:4 12254 2. Ela pode ser conferida a qualquer sistema vivo de energia que inclua mente ou espírito.

112:0:5 12255 3. Ela não está totalmente sujeita às algemas da causação anterior. Ela é relativamente criadora ou co-criadora.

112:0:6 12256 4. Quando conferida a criaturas materiais evolucionárias, ela leva o espírito a esforçar-se pela mestria sobre a matéria-energia, por meio da mediação da mente.

112:0:7 12257 5. A personalidade, enquanto desprovida de identidade, pode unificar a identidade de qualquer sistema vivo de energia.

112:0:8 12258 6. Ela tem apenas respostas qualitativas ao circuito da personalidade, em contraste com as três energias que demonstram sensibilidade, tanto qualitativa quanto quantitativa, à gravitação.

112:0:9 12259 7. A personalidade é imutável na presença da mudança.

112:0:10 122510 8. Ela pode proporcionar uma dádiva a Deus – a dedicação, por livre escolha, de fazer a vontade de Deus.

112:0:11 122511 9. Ela é caracterizada pela moralidade – a consciência da relatividade no relacionamento com outras pessoas. Ela discerne níveis de conduta e opta discriminadamente entre eles.

112:0:12 122512 10. A personalidade é única, absolutamente única: Ela é única no tempo e no espaço; é única na eternidade e no Paraíso; é única quando outorgada – não há duplicatas –; é única durante cada momento da existência; é única em relação a Deus – Ele não faz acepção de pessoas e também Ele não as soma entre si, pois elas não são somáveis – são associáveis, mas não totalizáveis.

112:0:13 12261 11. A personalidade é diretamente sensível à presença de uma outra personalidade.

112:0:14 12262 12. Ela é algo que pode ser acrescentado ao espírito, ilustrando, assim, a primazia do Pai em relação ao Filho. (Não há necessidade de adicionar-se mente ao espírito. )

112:0:15 12263 13. A personalidade pode sobreviver depois do fim mortal, com a identidade da alma sobrevivente. O Ajustador e a personalidade são imutáveis; a relação entre eles (na alma) não é nada senão a mudança, a continuada evolução; e se essa mudança (o crescimento) cessasse, a alma cessaria.

112:0:16 12264 14. A personalidade tem uma consciência singular do tempo, que é um tanto diferente da percepção que a mente ou o espírito têm do tempo.

1. A PERSONALIDADE E A REALIDADE


112:1:1 12265 A personalidade é outorgada pelo Pai Universal às Suas criaturas como um dom potencialmente eterno. Essa dádiva divina destina-se a funcionar em inúmeros níveis e em situações sucessivas no universo, que variam do finito mais baixo ao mais alto absonito, indo mesmo aos limites do absoluto. A personalidade, assim, atua em três planos cósmicos, ou em três fases do universo:

112:1:2 12266 1. Estado de posição. A personalidade funciona com igual eficiência, seja no universo local, seja no superuniverso, seja no universo central.

112:1:3 12267 2. Estado de significação. A personalidade atua efetivamente nos níveis do finito e do absonito, impingindo-se mesmo sobre o absoluto.

112:1:4 12268 3. Estado de valor. A personalidade pode realizar-se experiencialmente nos reinos progressivos do material, do moroncial e do espiritual.

112:1:5 12269 A personalidade tem um campo perfeccionado de atuação cósmica dimensional. As dimensões da personalidade finita são três e, grosso modo, funcionam como é colocado a seguir:

112:1:6 122610 1. O comprimento representa a direção e a natureza da progressão – o movimento no espaço e de acordo com o tempo –, a evolução.

112:1:7 122611 2. A profundidade vertical abrange os impulsos e atitudes do organismo, os vários níveis de auto-realização e o fenômeno geral de reação ao meio ambiente.

112:1:8 122612 3. A largura abrange o domínio da coordenação, da associação e da organização do eu.

112:1:9 122613 O tipo de personalidade conferido aos mortais de Urântia tem uma potencialidade de sete dimensões de auto-expressão ou de realização pessoal. Desses fenômenos dimensionais, três são compreensíveis-realizáveis no nível finito, três no nível absonito e um no nível absoluto. Em níveis subabsolutos, essa sétima dimensão, ou a da totalidade, é experienciável como o fato da personalidade. Essa suprema dimensão é um absoluto associável e, ainda que não infinito, é dimensionalmente um potencial que permite uma penetração subinfinita do absoluto.

112:1:10 122614 As dimensões finitas da personalidade têm a ver com as dimensões cósmicas do comprimento, da profundidade e da largura. O comprimento corresponde ao significado; a profundidade significa valor; a largura abrange o discernimento interior – a capacidade de experimentar uma consciência indubitável da realidade cósmica.

112:1:11 12271 No nível moroncial, todas essas dimensões finitas do nível material ficam muito ampliadas, e certos valores dimensionais novos são integrados. Todas essas experiências dimensionais ampliadas do nível moroncial estão maravilhosamente articuladas com a dimensão suprema, ou a dimensão da personalidade, por meio da influência da mota e também por causa da contribuição das matemáticas moronciais.

112:1:12 12272 Muitos dos problemas experienciados pelos mortais no seu estudo da personalidade humana poderiam ser evitados, se a criatura finita se lembrasse de que os níveis dimensionais e os níveis espirituais não estão coordenados na compreensão-realização experiencial da personalidade.

112:1:13 12273 A vida realmente é um processo que ocorre entre o organismo (a individualidade) e o seu meio ambiente. A personalidade atribui valor de identidade e significados de continuidade a essa associação organismo-ambiente. Assim, será reconhecido que o fenômeno de estímulo-resposta não é um mero processo mecânico, pois a personalidade funciona como um fator na situação total. É sempre verdade que os mecanismos são inatamente passivos; e os organismos, inerentemente ativos.

112:1:14 12274 A vida física é um processo que tem lugar, não tanto dentro do organismo, mas antes entre o organismo e o ambiente. Cada um desses processos tende a criar e estabelecer modelos de reação do organismo a esse ambiente. E todos esses modelos diretivos são altamente influenciadores na seleção de metas.

112:1:15 12275 É por meio da intermediação da mente que o eu e o ambiente estabelecem um contato significativo. A habilidade e a disposição do organismo de fazer esses contatos significantes com o ambiente (a resposta a um estímulo) representam a atitude de toda a personalidade.

112:1:16 12276 A personalidade não pode atuar bem em isolamento. O homem é inatamente uma criatura social; ele é dominado pela aspiração de pertencer. E é literalmente verdade que “nenhum homem vive para si próprio”.

112:1:17 12277 Contudo, o conceito da personalidade, com o sentido do todo da criatura viva e em funcionamento, significa muito mais do que a integração das relações; significa a unificação de todos os fatores de realidade, bem como a coordenação das relações. As relações existem entre dois objetos, mas três ou mais objetos formam e explicitam um sistema; e esse sistema é muito mais do que apenas uma relação ampliada, ou tornada complexa. Essa diferenciação é vital, porque, num sistema cósmico, os membros individuais não estão conectados uns com os outros, mas estão numa relação com o todo, e mediante a individualidade do todo.

112:1:18 12278 No organismo humano, a soma das suas partes constitui o eu – a individualidade –, mas esse processo não tem nada a ver com a personalidade, que é a unificadora de todos esses fatores relacionados às realidades cósmicas.

112:1:19 12279 Nas agregações, as partes são adicionadas; nos sistemas, as partes são arranjadas. Os sistemas são significativos por causa da organização – os valores posicionais. Num bom sistema, todos os fatores estão em posição cósmica. Em um mau sistema, algo ou está faltando ou está fora do lugar – em desarranjo. No sistema humano, é a personalidade que unifica todas as atividades e que, por sua vez, lhes confere as qualidades de identidade e de criatividade.

2. THE SELF




112:2:1 122710 No estudo do eu, seria útil lembrar:

122711 1. Que os sistemas físicos são subordinados.

122712 2. Que os sistemas intelectuais são coordenantes.

122713 3. Que a personalidade é supra-ordenante.

122714 4. Que a força espiritual residente é potencialmente diretiva.

112:2:2 12281 Em todos os conceitos da individualidade do eu, deveria ser reconhecido que a realidade da vida vem primeiro, a sua avaliação ou interpretação, depois. O filho humano primeiro vive e depois pensa sobre o seu viver. Na economia cósmica, o discernimento interior precede à previsão.

112:2:3 12282 O fato universal de Deus tornando-se homem mudou para sempre todos os significados e alterou todos os valores da personalidade humana. Pelo verdadeiro significado da palavra, o amor denota respeito mútuo de personalidades inteiras, sejam humanas ou divinas, ou humanas e divinas. Partes do eu podem funcionar de inúmeros modos – pensando, sentindo, desejando –, mas apenas os atributos coordenados da personalidade total ficam focalizados na ação inteligente; e todos esses poderes estão associados ao dom espiritual da mente mortal, quando, sincera e altruisticamente, um ser humano ama um outro ser humano ou divino.

112:2:4 12283 Todos os conceitos mortais de realidade baseiam-se na suposição da existência real da personalidade humana; todos os conceitos de realidades supra-humanas são baseados na experiência da personalidade humana com e nas realidades cósmicas de certas entidades espirituais e de personalidades divinas interligadas. Tudo o que é não espiritual na experiência humana, à exceção da personalidade, é um meio para um fim. Toda relação verdadeira do homem mortal com outras pessoas – humanas ou divinas – é um fim em si mesma. E um tal companheirismo com a personalidade da Deidade é a meta eterna da ascensão no universo.

112:2:5 12284 A posse de personalidade identifica o homem como um ser espiritual, posto que a unidade do eu e a autoconsciência da personalidade são dons do mundo supramaterial. O fato mesmo de que um mortal materialista pode negar a existência de realidades supramateriais, em si e por si, demonstra e indica a presença e o trabalho da síntese do espírito e da consciência cósmica na sua mente humana.

112:2:6 12285 Existe um grande abismo cósmico entre a matéria e o pensamento, e esse abismo é incomensuravelmente maior entre a mente material e o amor espiritual. A consciência não pode ser explicada, e a consciência de si, menos ainda, por qualquer teoria de associação eletrônica mecanicista ou por fenômenos materialistas de energia.

112:2:7 12286 Enquanto a mente persegue a realidade até a sua análise última, a matéria escapa aos sentidos materiais, mas pode ainda permanecer real para a mente. Quando o discernimento espiritual persegue essa realidade que permanece depois do desaparecimento da matéria, e a persegue até uma última análise, ela desaparece para a mente, mas o discernimento do espírito pode ainda perceber as realidades cósmicas e os valores supremos da natureza espiritual. Da mesma forma, a ciência dá lugar à filosofia, enquanto a filosofia deve render-se às conclusões inerentes à genuína experiência espiritual. O pensar rende-se à sabedoria, e a sabedoria dissolve-se na adoração iluminada e reflexiva.

112:2:8 12287 Na ciência, o eu humano observa o mundo material; a filosofia é a observação dessa observação do mundo material; a religião, a verdadeira experiência espiritual, é a compreensão experiencial da realidade cósmica dessa observação da observação de toda essa síntese relativa dos materiais energéticos do tempo e do espaço. Construir uma filosofia do universo na base exclusiva do materialismo é ignorar o fato de que todas as coisas materiais são inicialmente concebidas como reais na experiência da consciência humana. O observador não pode ser a coisa observada; a avaliação demanda algum grau de transcendência em relação à coisa que está sendo avaliada.

112:2:9 12288 No tempo, o pensar conduz à sabedoria, e a sabedoria leva à adoração; na eternidade, a adoração conduz à sabedoria, e a sabedoria manifesta-se na finalidade do pensamento.

112:2:10 12291 A possibilidade de unificação do eu em evolução é inerente às qualidades dos seus fatores constitutivos: as energias básicas, as contexturas mestras, o supracontrole químico básico, as idéias supremas, os motivos supremos, as metas supremas e a outorga do espírito divino do Paraíso – o segredo da autoconsciência da natureza espiritual do homem.

112:2:11 12292 O propósito da evolução cósmica é conseguir a unidade da personalidade, por meio da predominância crescente do espírito, que é a resposta da vontade ao ensinamento e ao guiamento do Ajustador do Pensamento. A personalidade, tanto a humana quanto a supra-humana, é caracterizada por uma qualidade cósmica inerente, que pode ser chamada "a evolução da predominância", que é a expansão do controle tanto de si mesma quanto do seu ambiente.

112:2:12 12293 Uma personalidade ascendente, de origem humana, passa por duas grandes fases de predominância volitiva sobre o eu, e no universo:

112:2:13 12294 1. A experiência pré-finalitora, ou buscadora de Deus, que é a experiência de compreensão e de aumento da auto-realização, por meio de uma técnica de expansão da identidade e da sua factualização, juntamente com a solução do problema cósmico e a conseqüente mestria sobre o universo.

112:2:14 12295 2. A experiência pós-finalitora, ou reveladora de Deus, que é a experiência da expansão criadora da compreensão-realização de si próprio por meio da revelação do Ser Supremo experiencial, para as inteligências buscadoras de Deus e que ainda não atingiram os níveis divinos de semelhança a Deus.

112:2:15 12296 As personalidades descendentes atingem experiências análogas por meio das suas várias aventuras no universo, na medida em que elas buscam o aumento da capacidade de determinar com certeza e de executar as vontades divinas das Deidades Suprema, Última e Absoluta.

112:2:16 12297 O eu material, a entidade-ego da identidade humana, durante a vida física, depende da função continuada do veículo da vida material, da existência contínua do equilíbrio instável entre as energias e o intelecto, que, em Urântia, recebeu o nome de vida. Contudo, o eu de valor para a sobrevivência, o eu que pode transcender à experiência da morte só é desenvolvido pelo estabelecimento de um transferidor potencial da sede da identidade da personalidade em evolução, que transfira do veículo transitório da vida – o corpo material – para a natureza mais duradoura e imortal da alma moroncial e, ainda mais adiante, que transfira a identidade para aqueles níveis em que a alma se torne infusa da realidade do espírito, e finalmente atinja o status de uma realidade espiritual. Essa transferência das ligações materiais para a identificação moroncial é efetuada, de fato, pela sinceridade, pela persistência e pela firmeza na decisão, tomada pela criatura humana, de buscar a Deus.

3. O FENÔMENO DA MORTE


112:3:1 12298 Em geral, os urantianos reconhecem apenas uma espécie de morte: a cessação física das energias da vida. No entanto, no que concerne à sobrevivência da personalidade, há realmente três tipos de morte:

112:3:2 12299 1. A morte espiritual (da alma). Se e quando o homem mortal finalmente rejeitar a sobrevivência, quando ele houver sido pronunciado espiritualmente insolvente, moroncialmente em bancarrota, na opinião conjunta do Ajustador e do serafim sobrevivente, quando esse conselho coordenado houver sido registrado em Uversa e após os Censores e os seus colaboradores de reflexão haverem verificado essas conclusões, então os governantes de Orvonton ordenam a imediata liberação do Monitor residente. Todavia, essa liberação do Ajustador de nenhum modo afeta os deveres do serafim pessoal, ou grupal, ligado àquele indivíduo abandonado pelo Ajustador. Essa espécie de morte é final no seu significado, a despeito de uma temporária continuação das energias de vida dos mecanismos físicos e mentais. Do ponto de vista cósmico, o mortal já está morto; a vida em continuação indica meramente a persistência do impulso material das energias cósmicas.

112:3:3 12301 2 . A morte intelectual (da mente). Quando os circuitos vitais do ministério ajudante mais elevado são interrompidos, por meio de aberrações do intelecto ou por causa de uma destruição parcial do mecanismo do cérebro; e, se essas condições ultrapassarem certo ponto crítico de irreparabilidade, o Ajustador residente é imediatamente liberado e pode partir para Divinington. Nos registros do universo, uma personalidade mortal é considerada como tendo encontrado a morte quando os circuitos mentais essenciais da vontade-ação humana tiverem sido destruídos. E, novamente, isso é morte, a despeito da continuação de funções do mecanismo vivo do corpo físico. O corpo, sem a mente volitiva, não mais é humano; no entanto, de acordo com a escolha anterior dessa vontade humana, a alma de tal indivíduo pode sobreviver.

112:3:4 12302 3 . A morte física (do corpo e da mente). Quando a morte colhe um ser humano, o Ajustador permanece na cidadela da mente até que cesse a sua função como mecanismo inteligente; mais ou menos no momento em que as energias mensuráveis do cérebro cessam as suas pulsações vitais rítmicas. Em seguida a essa dissolução, o Ajustador deixa a mente em desvanecimento, de um modo tão pouco cerimonioso quanto, anos antes, dera entrada nela; seguindo logo para Divinington por via de Uversa.

112:3:5 12303 Após a morte, o corpo material retorna ao mundo elemental do qual ele proveio, mas persistem dois fatores não materiais da personalidade sobrevivente: o Ajustador do Pensamento, preexistente, com a transcrição da memória da carreira mortal, e que se dirige para Divinington; e, permanece, também, sob a custódia do guardião do destino, a alma imortal moroncial do humano falecido. Esses componentes, fases e formas da alma, esses que foram fórmulas cinéticas e que agora são fórmulas estáticas da identidade, são essenciais à repersonalização nos mundos moronciais. E é a reunião do Ajustador e da alma o que reconstitui a personalidade sobrevivente; e que vos reconscientiza no momento do despertar moroncial.

112:3:6 12304 Para aqueles que não têm guardiães seráficos pessoais, os custódios grupais fazem, fiel e eficazmente, o mesmo serviço de salvaguarda da identidade e de ressurreição da personalidade. Os serafins são indispensáveis à reconstituição da personalidade.

112:3:7 12305 Com a morte, o Ajustador do Pensamento perde temporariamente a personalidade, mas não a identidade; o sujeito humano temporariamente perde a identidade, mas não a personalidade; nos mundos das mansões, ambos reúnem-se em uma manifestação eterna. Um Ajustador que tenha partido da Terra nunca retorna como o ser de sua residência anterior; nunca a personalidade se manifesta sem a vontade humana; e nunca um ser humano, separado do seu Ajustador, depois da morte, manifesta identidade ativa ou de qualquer maneira estabelece comunicação com os seres vivos da Terra. Essas almas, separadas dos seus Ajustadores, permanecem, total e absolutamente inconscientes durante o longo ou curto sono da morte. Não pode haver nenhuma exibição, de nenhuma espécie de personalidade, nem existir nenhuma capacidade para entrar em comunicação com outras personalidades, até depois de se completar a sobrevivência. Àqueles que vão para os mundos das mansões não lhes é permitido enviar mensagens de volta aos seus seres queridos. A política de todos os universos é proibir tal comunicação durante o período de uma dispensação corrente.

4. OS AJUSTADORES APÓS A MORTE


112:4:1 12311 Quando ocorre a morte de uma natureza material, intelectual ou espiritual, o Ajustador despede-se do hospedeiro mortal e dirige-se para Divinington. Das sedes centrais do universo local e do superuniverso, um contato refletivo é feito com os supervisores de ambos os governos, e o Monitor é registrado pelo mesmo número com que deu entrada nos domínios do tempo.

112:4:2 12312 De algum modo, ainda não inteiramente entendido, os Censores Universais são capazes de ter a posse de um epítome da vida humana, tal qual está incorporado na transcrição duplicada do Ajustador dos valores espirituais e dos significados moronciais da mente residida. Os Censores são capazes de se apropriar da versão que o Ajustador tem, do caráter sobrevivente e das qualidades espirituais do humano falecido, e, todos esses dados, junto com os registros seráficos, estão disponíveis para apresentação, no momento do julgamento do indivíduo em questão. Essa informação é também utilizada para confirmar aqueles mandatos do superuniverso que tornam possível a certos seres ascendentes começar imediatamente as suas carreiras moronciais, e esses seres ascendentes, após acontecer a sua dissolução mortal, prosseguem até os mundos das mansões antes do término formal de uma dispensação planetária.

112:4:3 12313 Depois da morte física, exceto nos casos de indivíduos transladados de entre os vivos, o Ajustador liberado vai imediatamente para a esfera do seu lar em Divinington. Os detalhes do que se passa em Divinington, durante o tempo de espera pelo reaparecimento do mortal sobrevivente, dependem principalmente de se aquele ser humano ascenderá aos mundos das mansões por seu próprio direito individual, ou se deve esperar por um chamado dispensacional dos sobreviventes adormecidos de uma idade planetária.

112:4:4 12314 Se tal mortal pertence a um grupo que será repersonalizado no fim de uma dispensação, o seu Ajustador solidário não retornará imediatamente ao mundo das mansões do sistema prévio de serviço, mas, de acordo com a escolha, entrará numa das seguintes atribuições temporárias:

12315 1. Incorpora-se às fileiras dos Monitores desaparecidos, para serviço não revelado.

12316 2. É designado, por um período, para observação do regime do Paraíso.

12317 3. É incorporado a uma das muitas escolas de aperfeiçoamento de Divinington.

12318 4. Permanece, por um período, como estudante observador em uma das outras seis esferas sagradas que constituem o circuito do Pai, nos mundos do Paraíso.

12319 5. É designado para o serviço de mensageiros dos Ajustadores Personalizados.

123110 6. Torna-se um instrutor, vinculado às escolas de Divinington dedicadas ao aperfeiçoamento de Monitores pertencentes ao grupo virgem.

123111 7. Encarrega-se de selecionar um grupo de mundos possíveis, nos quais poderá servir, no caso de haver causa razoável para acreditar que o seu parceiro humano possa haver rejeitado a sobrevivência.

112:4:5 123112 Se vós, quando a morte vos colher, houverdes atingido o terceiro círculo ou um domínio mais elevado, e se, portanto, tiverdes, já designado para vós, um guardião pessoal de destino, e se a transcrição final do sumário do caráter sobrevivente, submetida pelo Ajustador, for incondicionalmente certificada pelo guardião do destino – se ambos, o serafim e o Ajustador, essencialmente, concordarem em todos os itens dos seus registros de vida e recomendações –, se os Censores Universais e os seus colaboradores de reflexão, em Uversa, confirmarem esses dados e se o fizerem sem equívoco ou reservas, nesse caso, os Anciães dos Dias enviam um mandato de posição avançada, pelos circuitos de comunicação de Salvington, e, uma vez assim autorizados, os tribunais do Soberano de Nebadon poderão decretar a passagem imediata da alma sobrevivente para as salas de ressurreição dos mundos das mansões.

112:4:6 12321 Se o indivíduo humano tem sobrevivência imediata, assim eu fui instruído, o Ajustador registra-se em Divinington, continua até a presença do Pai Universal no Paraíso, retorna imediatamente e é abraçado pelos Ajustadores Personalizados do superuniverso e do universo local da sua atribuição, recebe o reconhecimento do Monitor Personalizado Dirigente de Divinington e então, imediatamente, passa à “realização da transição de identidade”, sendo convocado ao terceiro período para o mundo das mansões, na forma real da sua personalidade, assim preparada para receber a alma sobrevivente do mortal terrestre, do modo como essa forma foi projetada pelo guardião do destino.

5. A SOBREVIVÊNCIA DO EU HUMANO


112:5:1 12322 O eu é uma realidade cósmica, seja ele material, moroncial ou espiritual. A realidade do pessoal é um dom do Pai Universal, que atua por Si próprio ou por intermédio das Suas agências múltiplas no universo. Dizer que um ser é pessoal é reconhecer a relativa individualização de tal ser dentro da organização cósmica. O cosmo vivo é uma agregação de unidades reais, nada mais do que total e infinitamente integradas, todas as quais estão relativamente sujeitas ao destino do todo. Contudo, as que são pessoais foram dotadas com a escolha factual de uma aceitação do destino, ou de uma rejeição do destino.

112:5:2 12323 O que provém do Pai é eterno como o Pai, e isso é também certo para a personalidade que Deus dá, por escolha do Seu próprio livre-arbítrio, como é o caso do Ajustador do Pensamento divino, que é um fragmento real de Deus. A personalidade do homem é eterna, mas, com respeito à identidade, ela é uma realidade eterna condicionada. Tendo surgido em resposta à vontade do Pai, a personalidade atingirá o seu destino até a Deidade, mas o homem deve escolher se ele estará ou não presente à realização desse destino. Na falta de tal escolha, a personalidade alcança a Deidade experiencial diretamente, tornando-se uma parte do Ser Supremo. O ciclo está predeterminado, mas a participação do homem nele é opcional, pessoal e experiencial.

112:5:3 12324 A identidade do mortal é uma condição de vida-tempo transitória no universo; ela é real apenas na medida em que a personalidade escolheu tornar-se um fenômeno de continuidade no universo. A diferença essencial entre o homem e um sistema de energia é esta: o sistema de energia deve continuar, não tem escolha; mas o homem tem tudo a ver com a determinação do seu próprio destino. O Ajustador é verdadeiramente o caminho ao Paraíso, mas o homem deve, por si mesmo, seguir esse caminho, por decisão própria, por escolha do seu livre-arbítrio.

112:5:4 12325 Os seres humanos possuem identidade apenas no sentido material. Essas qualidades do eu são expressas pela mente material, enquanto ela funciona no sistema de energia do intelecto. Quando se diz que o homem tem identidade, reconhece-se que ele está de posse de um circuito da mente que foi colocado em subordinação aos atos e à escolha da vontade da personalidade humana. No entanto, essa é uma manifestação material e puramente temporária, exatamente como o embrião humano é um estágio parasitário transitório da vida humana. Os seres humanos, dentro de uma perspectiva cósmica, nascem, vivem e morrem num instante relativo de tempo; eles não perduram. Contudo, a personalidade mortal, por sua própria escolha, possui o poder de transferir o seu assento de identidade, passando-o do sistema temporário, do intelecto-material, para o sistema mais elevado da alma moroncial, que, em associação com o Ajustador do Pensamento, é criado como um veículo novo para a manifestação da personalidade.

112:5:5 12331 E esse mesmo poder de escolha é a insígnia universal de que o homem é uma criatura com livre-arbítrio, o que constitui a grande oportunidade do homem e a sua responsabilidade cósmica suprema. O destino eterno do futuro finalitor depende da integridade da vontade humana; o Ajustador divino depende da sinceridade do livre-arbítrio, do mortal, para ter personalidade eterna; da fidelidade da escolha do mortal, o Pai Universal depende, para a realização-concretização de um novo filho ascendente; da firmeza e da sabedoria dessas decisões-ações, o Ser Supremo depende para transformar a experiência da evolução em um fato real.

112:5:6 12332 Conquanto os círculos cósmicos do crescimento da personalidade devam finalmente ser atingidos, caso os acidentes do tempo e os obstáculos da existência material impeçam, não por vossa falta, que alcanceis a mestria sobre esses níveis no vosso planeta nativo, se as vossas intenções e desejos forem de valor para a sobrevivência, emitir-se-á a decretação de uma extensão do período de prova. Ser-vos-á dado um tempo adicional no qual vós vos comprovareis.

112:5:7 12333 Quando houver dúvida quanto à aconselhabilidade do avanço de uma identidade humana até os mundos das mansões, os governos do universo determinam, invariavelmente, de acordo com os interesses pessoais daquele indivíduo, e, sem hesitação, fazem avançar tal alma até um status de transição do ser, enquanto eles continuam com as suas observações do intento moroncial nascente e do propósito espiritual. Desse modo, a justiça divina assegura-se de estar sendo cumprida, e à misericórdia divina é conferida uma oportunidade a mais de estender o seu ministério.

112:5:8 12334 Os governos de Orvonton e Nebadon não proclamam a absoluta perfeição de funcionamento minucioso do plano universal de repersonalização do mortal, mas afirmam, sim, manifestar paciência, tolerância, compreensão e compaixão misericordiosa; e tudo isso eles realmente fazem. Seria preferível assumir o risco de uma rebelião sistêmica a arcar com o perigo de privar um mortal esforçado, vindo de qualquer mundo evolucionário, de continuar a sua luta até o eterno regozijo de perseguir a carreira ascensional.

112:5:9 12335 Isso não quer absolutamente dizer que os seres humanos hão de desfrutar de uma segunda oportunidade, em face da rejeição da primeira. Significa, porém, que todas as criaturas de vontade devem experienciar uma verdadeira oportunidade de fazer a sua escolha final, que seja autoconsciente e que não deixe dúvidas. Os Juízes soberanos dos universos não prejudicarão nenhum ser com o status de personalidade, que não haja final e plenamente feito a escolha eterna; à alma do homem será dada uma oportunidade ampla e plena de revelar a sua verdadeira intenção e o seu propósito real.

112:5:10 12336 Quando os mortais mais avançados, espiritual e cosmicamente, morrem eles seguem diretamente para o mundo das mansões; em geral, essa disposição funciona para aqueles que já tenham, designados para si, um guardião seráfico pessoal. Os outros mortais podem ser detidos por um tempo tal até que se complete o julgamento dos seus assuntos, após o que eles podem continuar no seu caminho para os mundos das mansões, ou podem ser designados para as fileiras dos sobreviventes adormecidos, que serão repersonalizados em massa, ao final da dispensação planetária corrente.

112:5:11 12337 Há duas dificuldades que são obstáculos para os meus esforços de explicar exatamente o que acontece a vós na morte, ao vós sobrevivente que é distinto do Ajustador que parte. Um dos obstáculos consiste na impossibilidade de passar ao vosso nível de compreensão uma descrição adequada de uma transação que se dá na fronteira entre o reino físico e o moroncial. A outra ocorre devido às restrições a mim colocadas, na minha missão como um revelador da verdade, pelas autoridades celestes governantes de Urântia. Há muitos detalhes interessantes que poderiam ser apresentados, mas eu os omito por conselho dos vossos supervisores planetários imediatos. Contudo, dentro dos limites da minha permissão, eu posso dizer o seguinte:

112:5:12 12341 Há algo real, algo da evolução humana, algo além do Monitor Misterioso, que sobrevive à morte. Essa entidade recém-surgida é a alma; e ela sobrevive tanto à morte do vosso corpo físico quanto à da vossa mente material. Essa entidade é a criança conjunta da vida e dos esforços combinados do vosso eu humano em ligação com o vosso eu divino, o Ajustador. Essa criança, de parentesco humano e divino, constitui o elemento de sobrevivência de origem terrestre; é o eu moroncial, a alma imortal.

112:5:13 12342 Essa criança de significado permanente, e de valor de sobrevivência, fica inteiramente inconsciente durante o período entre a morte e a repersonalização; e permanece sob a custódia do guardião seráfico do destino, em toda essa estação de espera. Vós não funcionareis como um ser consciente, em seguida à vossa morte, até que atinjais a nova consciência moroncial nos mundos das mansões de Satânia.

112:5:14 12343 Na morte, a identidade funcional associada à personalidade humana é interrompida pela cessação do movimento vital. A personalidade humana, ainda que transcenda às suas partes componentes, é dependente delas para sua identidade funcional. A paralisação da vida destrói os padrões do cérebro físico que proporcionam o dom da mente; e a interrupção da mente termina com a consciência mortal. A consciência dessa criatura não pode surgir depois, até que se haja arranjado uma situação cósmica tal que permita à mesma personalidade humana funcionar de novo, num relacionamento com a energia viva.

112:5:15 12344 Durante o trânsito dos mortais sobreviventes, do seu mundo de origem para os mundos das mansões, quer experienciem a reconstituição da personalidade no terceiro período, quer ascendam na época de uma ressurreição grupal, o registro da constituição da personalidade é fielmente preservado pelos arcanjos nos seus mundos de atividades especiais. Esses seres não são os custódios da personalidade (como os serafins guardiães são da alma); no entanto, é bem verdade que cada fator identificável da personalidade fica eficazmente salvaguardado na custódia desses fiéis e confiáveis legatários da sobrevivência mortal. Quanto ao paradeiro exato da personalidade mortal durante o tempo entre a morte e a sobrevivência, não sabemos.

112:5:16 12345 A situação que torna a repersonalização possível ocorre nas salas de ressurreição dos planetas receptores moronciais do universo local. Ali, nas câmaras de reconstituição da vida, as autoridades supervisoras providenciam as relações de energia – moroncial, mental e espiritual – do universo, que tornam possível a reconscientização do sobrevivente adormecido. A reconstituição das partes constituintes de uma personalidade, que em outro tempo foi material, compreende:

112:5:17 12346 1. A fabricação de uma forma adequada, um modelo de energia moroncial, na qual o novo sobrevivente possa efetuar contato com a realidade não espiritual, e dentro da qual a variante moroncial da mente cósmica possa ser religada aos seus circuitos.

112:5:18 12347 2. O retorno do Ajustador para a criatura moroncial que aguarda. O Ajustador é o custódio eterno da vossa identidade ascendente; o vosso Monitor é a segurança absoluta de que vós, e não outro, ocupareis a forma moroncial criada para a vossa personalidade que desperta. E o Ajustador estará presente à reconstituição da vossa personalidade para, uma vez mais, assumir o papel de guia do Paraíso para o vosso eu sobrevivente.

112:5:19 12351 3. Quando esses pré-requisitos de repersonalização houverem sido reunidos, o custódio seráfico das potencialidades da alma imortal adormecida, com a assistência de numerosas personalidades cósmicas, outorga à entidade moroncial a forma mente-corpo moroncial que estava aguardando, enquanto confia esse filho evolucionário do Supremo à vinculação eterna com o Ajustador, que aguarda. E isso completa a repersonalização, a reconstituição da memória, do discernimento interior e da consciência – a identidade.

112:5:20 12352 A repersonalização consiste no fato da tomada de posse, pelo humano que desperta, dessa fase moroncial recém-segregada e ligada aos circuitos da mente cósmica. O fenômeno da personalidade depende da persistência da identidade durante a reação do eu ao ambiente do universo; e esta só pode ser efetuada mediante a intermediação da mente. O eu persiste a despeito de mudanças contínuas, em todos os fatores componentes do ser; na vida física, a mudança é gradual; na morte e na repersonalização, a mudança é instantânea. A verdadeira realidade de toda a individualidade (a personalidade) é capaz de reagir adequadamente às condições do universo, graças à mudança incessante das suas partes constituintes; a estagnação culmina em uma morte inevitável. A vida humana é uma mudança interminável de fatores viventes, unificados pela estabilidade de uma personalidade imutável.

112:5:21 12353 E, quando acordardes nos mundos das mansões de Jerusém, vós estareis mudados; assim, a transformação espiritual será tão grande que, não fosse pelo vosso Ajustador do Pensamento e pelo guardião do destino, que tão totalmente conectam a vossa nova vida em novos mundos com a vossa velha vida no primeiro mundo, vós teríeis a princípio dificuldade em ligar a nova consciência moroncial com a memória, que se revivifica, da vossa identidade prévia. Não obstante a continuidade da entidade pessoal do eu, muito da vida mortal a princípio pareceria um vago e nebuloso sonho. Todavia, o tempo irá esclarecer muitas lembranças associadas à vossa vida mortal.

112:5:22 12354 O Ajustador do Pensamento recordará e repetirá para vós apenas as memórias e experiências que são uma parte da vossa carreira universal e que são essenciais a ela. Se o Ajustador tem sido um parceiro na evolução de tudo na mente humana, então as experiências válidas sobreviverão na consciência eterna do Ajustador. No entanto, muito da vossa vida passada e das vossas memórias, não tendo nenhum significado espiritual nem valor moroncial, irá perecer com o cérebro material; muito da experiência material irá desaparecer como o fazem os andaimes que, vos havendo conduzido já aos níveis moronciais, não mantêm mais nenhum propósito no universo. Contudo, a personalidade e as relações entre as personalidades nunca são andaimes; a memória mortal das relações das personalidades tem valor cósmico e persistirá. Nos mundos das mansões, vós conhecereis e sereis conhecidos, e mais, lembrareis e sereis lembrados pelos que foram, uma vez, companheiros vossos na vossa vida curta, mas estimulante, em Urântia.

6. O EU MORONCIAL


112:6:1 12355 Do mesmo modo que uma borboleta emerge do estágio de lagarta, assim irão emergir as verdadeiras personalidades dos seres humanos nos mundos das mansões, pela primeira vez reveladas livres das suas vestes de carne material. A carreira moroncial no universo local tem a ver com a elevação contínua do mecanismo da personalidade, do nível moroncial inicial de existência da alma até o nível moroncial final da espiritualidade progressiva.

112:6:2 12356 É difícil instruir-vos a respeito das formas da vossa personalidade moroncial que servirão à vossa carreira no universo local. Vós sereis dotados com os modelos moronciais de manifestabilidade da personalidade, e estes são vestimentas que, em última análise, estão além da vossa compreensão. Tais formas, embora totalmente reais, não são os padrões de energia da ordem material, como vós entenderíeis agora. Contudo, elas vos servem, nos mundos do universo local, com o mesmo propósito que vos servem os vossos corpos materiais nos planetas do vosso nascimento humano.

112:6:3 12361 Até um certo ponto, o surgimento da forma-corpo material é uma resposta ao caráter da identidade da personalidade; o corpo físico reflete, num determinado grau, algo da natureza inerente da personalidade. E, assim, mais ainda o faz a forma moroncial. Na vida física, os mortais podem ser belos por fora, ainda que sejam pouco amáveis por dentro; na vida moroncial, e de forma crescente, nos seus níveis mais elevados, a forma da personalidade variará diretamente de acordo com a natureza da pessoa interior. No nível espiritual, a forma externa e a natureza interna começam a aproximar-se de uma completa identificação, e isso se dá de forma cada vez mais perfeita nos níveis espirituais mais e mais elevados.

112:6:4 12362 No estado moroncial, o mortal ascendente é dotado com a modificação do tipo nebadônico de dom da mente cósmica, do Espírito Mestre de Orvonton. O intelecto mortal, enquanto tal, terá perecido, terá cessado de existir como uma entidade focalizada do universo, à parte dos circuitos mentais indiferenciados do Espírito Criador. Todavia, os significados e valores da mente mortal não terão perecido. Certas fases da mente têm continuidade na alma sobrevivente; certos valores experienciais da mente humana anterior são mantidos pelo Ajustador; e os registros da vida humana, como foi vivida na carne, persistem no universo local, junto com certos registros vivos, nos inúmeros seres que se relacionam com a avaliação final do mortal ascendente, seres que, em alcance e status, se estendem desde o nível de serafim aos dos Censores Universais e, provavelmente, mais para além, até o Supremo.

112:6:5 12363 A volição da criatura não pode existir sem mente, mas ela perdura, a despeito da perda do intelecto material. Durante os tempos imediatamente seguintes à sobrevivência, a personalidade ascendente é, em grande medida, guiada pelos padrões de caráter herdados da vida humana, e pela ação da mota moroncial que começa a surgir. E esses guias para a conduta em mansônia funcionam aceitavelmente nos estágios iniciais da vida moroncial e até que a vontade moroncial emerja como uma expressão volitiva plenamente desenvolvida da personalidade ascendente.

112:6:6 12364 Na carreira do universo local, não há influências comparáveis às dos sete espíritos ajudantes da mente, para a existência humana. A mente moroncial deve evoluir pelo contato direto com a mente cósmica, assim como essa mente cósmica foi modificada e transladada para o universo local, pela fonte criativa do intelecto – a Ministra Divina do universo local.

112:6:7 12365 A mente mortal, antes da morte, é autoconscientemente independente da presença do Ajustador; a mente ajudante necessita apenas do padrão de energia-material co-responsável para estar capacitada a funcionar. No entanto, a alma moroncial, sendo supra-ajudante, não retém a autoconscientização sem o Ajustador, quando privada do mecanismo da mente-material. Essa alma em evolução, contudo, possui um caráter contínuo, derivado das decisões da sua mente ajudante solidária anterior, e esse caráter transforma-se em memória ativa quando os seus padrões são energizados com o retorno do Ajustador.

112:6:8 12366 A permanência da memória é prova da retenção da identidade do eu original; é essencial completar a autoconscientização da continuidade e da expansão da personalidade. Aqueles mortais que ascendem sem o Ajustador dependem da instrução dos ajudantes seráficos para a reconstrução da memória humana; fora desse aspecto, as almas moronciais dos mortais fusionados ao Espírito não estão limitadas. O padrão de memória persiste na alma, mas esse padrão requer a presença do Ajustador anterior para se tornar imediatamente auto-realizável enquanto memória em continuidade. Sem o Ajustador, o mortal sobrevivente requer um tempo considerável para reexplorar e reaprender, para recuperar a consciência da memória dos significados e dos valores de uma existência anterior.

112:6:9 12371 A alma com valor de sobrevivência reflete fielmente tanto as ações e as motivações qualitativas, quanto as quantitativas do intelecto material, que foi o assento anterior da identidade do eu. Na escolha da verdade, da beleza e da bondade, a mente mortal entra na sua carreira pré-moroncial, no universo, sob a tutela dos sete espíritos ajudantes da mente, unificados sob a direção do espírito da sabedoria. Subseqüentemente, ao completar os sete círculos da realização pré-moroncial, a superimposição do dom da mente moroncial sobre a mente ajudante inicia a carreira pré-espiritual ou moroncial da progressão no universo local.

112:6:10 12372 Quando uma criatura deixa o seu planeta nativo, ela deixa o ministério ajudante para trás e torna-se dependente somente do intelecto moroncial. Quando um ser ascendente deixa o universo local, ele terá atingido o nível espiritual de existência, tendo ultrapassado o nível moroncial. Essa entidade espiritual recém-surgida torna-se, então, sintonizada diretamente com o ministério da mente cósmica de Orvonton.

7. A FUSÃO COM O AJUSTADOR


112:7:1 12373 A fusão com o Ajustador do Pensamento confere à personalidade factualidades eternas que previamente eram apenas potenciais. Entre esses novos dons, podem ser mencionados: a fixação da qualidade da divindade, a experiência e a memória da eternidade passada, a imortalidade; e uma fase específica de absolutez potencial.

112:7:2 12374 Quando o vosso curso terreno, na forma temporária, houver decorrido, vós estareis para acordar nas margens de um mundo melhor, até que, finalmente, estareis unidos ao vosso fiel Ajustador num amplexo eterno. E essa fusão constitui o mistério de fazer um, de Deus e do homem, o mistério da evolução da criatura finita, mistério que é eternamente verdadeiro. A fusão é um segredo da esfera sagrada de Ascendington; e nenhuma criatura, salvo aquelas que experienciaram a fusão com o espírito da Deidade, pode compreender o verdadeiro significado dos valores reais que se somam à identidade quando uma criatura do tempo se torna eternamente una com o espírito da Deidade do Paraíso.

112:7:3 12375 A fusão com o Ajustador é efetivada, de modo geral, enquanto o ser ascendente é residente no seu sistema local. Pode ocorrer no planeta do seu nascimento, como uma transcendência da morte natural; pode ter lugar num dos mundos das mansões ou na sede central do sistema; pode até mesmo ser retardada até o momento final da estada na constelação; ou, em casos especiais, pode não ser consumada senão quando o ser ascendente estiver na capital do universo local.

112:7:4 12376 Quando a fusão com o Ajustador houver sido efetivada, não mais poderá haver perigo futuro para a carreira eterna de tal personalidade. Os seres celestes são testados por uma longa experiência, mas os mortais passam por uma carreira relativamente curta e por testes intensivos nos mundos evolucionários e nos mundos moronciais.

112:7:5 12377 A fusão com o Ajustador nunca ocorre até que os mandatos do superuniverso tenham pronunciado que a natureza humana haja, de fato, feito uma escolha final e irrevogável pela carreira eterna. Essa é a autorização da unicidade, a qual, quando emitida, constitui a permissão para que a personalidade fusionada finalmente abandone os confins do universo local, para prosseguir, em algum momento, até a sede central do superuniverso, ponto do qual o peregrino do tempo, num futuro distante, irá enseconafinar-se para o longo vôo até o universo central de Havona e para a aventura na Deidade.

112:7:6 12381 Nos mundos evolucionários, a individualidade do eu é material; é uma coisa no universo e, como tal, está sujeita às leis da existência material. É um fato no tempo, e é sensível às vicissitudes dele. As decisões de sobrevivência devem ser formuladas nesse momento. No estado moroncial, o eu torna-se uma nova realidade do universo, mais duradoura; e o seu crescimento contínuo está baseado na sua crescente sintonia com os circuitos mentais e espirituais dos universos. As decisões de sobrevivência estão agora sendo confirmadas. Quando o eu atinge o nível espiritual, ter-se-á tornado um valor seguro no universo; e esse novo valor funda-se no fato de que as decisões de sobrevivência foram tomadas, fato este que foi confirmado pela fusão eterna com o Ajustador do Pensamento. E, tendo chegado ao status do valor verdadeiro no universo, a criatura torna-se liberada, em potencial, para a busca do valor mais elevado do universo – Deus.

112:7:7 12382 Esses seres fusionados são duais nas suas reações no universo: são indivíduos moronciais separados, discretos, limitados espacialmente, não muito diferentes dos serafins; e são também, em potencial, seres da ordem dos finalitores do Paraíso.

112:7:8 12383 Contudo, o indivíduo fusionado é realmente uma personalidade una, um ser cuja unidade desafia todas as tentativas de análise de qualquer inteligência dos universos. E assim, tendo passado pelos tribunais do universo local, do mais baixo ao mais alto, nenhum dos quais tendo sido capaz de identificar homem ou Ajustador, de distinguir uma parte da outra, vós sereis finalmente levados perante o soberano de Nebadon, o vosso Pai do universo local. E então, das mãos daquele mesmo ser cuja paternidade criadora, nesse universo do tempo, tornou possível a existência da vossa vida, ser-vos-á concedida a credencial que vos dará o direito de prosseguir para sempre na vossa carreira no superuniverso, ao encontro do Pai Universal.

112:7:9 12384 O Ajustador triunfante terá ganho personalidade pelo magnífico serviço à humanidade, ou haverá o valente ser humano adquirido a imortalidade por esforços sinceros de realizar a semelhança ao Ajustador? Nenhuma das duas coisas; juntos, entretanto, eles terão feito evoluir um membro de uma das ordens únicas de personalidades ascendentes do Supremo, um ser que estará sempre a serviço, que sempre se mostrará fiel e eficiente, um candidato ao crescimento e ao desenvolvimento ulteriores, sempre dirigido para cima e nunca cessando a sua superna ascensão, até que os sete circuitos de Havona hajam sido atravessados e até que aquela que uma vez foi uma alma de origem terrena esteja em atitude adoradora de reconhecimento à personalidade real do Pai no Paraíso.

112:7:10 12385 Ao longo dessa magnífica ascensão, o Ajustador do Pensamento é a garantia divina da futura estabilização espiritual plena do mortal ascendente. Ao mesmo tempo, a presença do livre-arbítrio mortal dá ao Ajustador um canal para a libertação da sua natureza infinita e divina. E agora que essas duas identidades transformaram-se numa única, nenhum evento no tempo ou na eternidade pode jamais separar o homem e o Ajustador; eles são inseparáveis, eternamente fusionados.

112:7:11 12386 Nos mundos de fusão com o Ajustador, o destino do Monitor Misterioso é idêntico ao do mortal ascendente – o Corpo da Finalidade do Paraíso. E nenhum deles, nem o Ajustador, nem o ser mortal, pode atingir essa meta única sem a plena cooperação e a fiel ajuda do outro. Essa extraordinária união constitui um dos mais assombrosos e fascinantes fenômenos desta idade do universo.

112:7:12 12391 Desde o momento da fusão com o Ajustador, o status do ser ascendente é o da criatura evolucionária. O membro humano foi o primeiro a desfrutar de personalidade e, por conseguinte, está acima do Ajustador em todas as questões que concernem ao reconhecimento da personalidade. A sede central no Paraíso desse ser fusionado é Ascendington, não Divinington; e essa combinação, única, de Deus e homem, tem a categoria de um mortal ascendente em todo o seu caminho de elevação até o Corpo da Finalidade.

112:7:13 12392 Uma vez que um Ajustador se haja fundido com um mortal ascendente, o número desse Ajustador é retirado dos registros do superuniverso. O que acontece nos registros de Divinington eu não sei, no entanto faço a conjectura de que o registro desse Ajustador seja removido para os círculos secretos das cortes internas de Grandfanda, o reitor atual do Corpo da Finalidade.

112:7:14 12393 Com a fusão ao Ajustador, o Pai Universal completou a Sua promessa da dádiva de Si mesmo às Suas criaturas materiais; Ele haverá cumprido a promessa, e consumado o plano de outorga eterna da divindade à humanidade. Agora, inicia-se o intento humano de realizar e de tornar factuais as ilimitadas possibilidades que são inerentes à superna união com Deus, que assim se realizou.

112:7:15 12394 O destino conhecido, no presente, dos mortais sobreviventes é o Corpo da Finalidade do Paraíso; essa é também a meta de destino para todos os Ajustadores do Pensamento que se tornam vinculados, em união eterna, aos seus companheiros mortais. No presente, os finalitores do Paraíso estão trabalhando por todo o grande universo, em muitas obras, mas todos nós conjecturamos que eles terão outras tarefas ainda mais supernas a cumprir no futuro distante, após os sete superuniversos haverem sido estabelecidos em luz e vida, e quando o Deus finito houver emergido finalmente do mistério que agora envolve essa Suprema Deidade.

112:7:16 12395 Vós tendes sido instruídos, até uma certa medida, sobre a organização e o pessoal do universo central, dos superuniversos e dos universos locais; foi-vos dito algo sobre o caráter e a origem de algumas das várias personalidades que agora regem essas múltiplas criações. Vós fostes também informados de que, em processo de organização, existem vastas galáxias de universos, muito além da periferia do grande universo, no primeiro nível do espaço exterior. E foi sugerido, no curso destas narrativas, que o Ser Supremo está para proclamar a sua função terciária não revelada nessas regiões ainda inexploradas do espaço exterior; e a vós também foi dito que os finalitores do corpo do Paraíso são as crianças experienciais do Supremo.

112:7:17 12396 Acreditamos que os mortais fusionados com os Ajustadores, junto com os seus companheiros finalitores, estão destinados a funcionar de alguma maneira na administração dos universos do primeiro nível do espaço exterior. Não temos a menor dúvida de que, no tempo devido, essas enormes galáxias transformar-se-ão em universos habitados. E estamos igualmente convencidos de que, entre os administradores daqueles universos, estarão os finalitores do Paraíso, cujas naturezas são uma conseqüência cósmica tda combinação de criatura e Criador.

112:7:18 12397 Que aventura! Que epopéia romanesca! Uma criação gigantesca a ser administrada pelos filhos do Supremo, esses Ajustadores personalizados e humanizados, esses mortais Ajustadorizados e eternizados, essas misteriosas combinações e essas eternas associações entre a mais alta manifestação conhecida da essência da Primeira Fonte e Centro e a mais baixa forma de vida inteligente, capaz de compreender e alcançar o Pai Universal. Nós acreditamos que tais seres amalgamados, tais uniões entre Criador e criatura tornar-se-ão governantes extraordinários, administradores incomparáveis, diretores compassivos e compreensivos de toda e qualquer forma de vida inteligente que possa vir a existir, espalhada por esses futuros universos do primeiro nível do espaço exterior.

112:7:19 12401 Verdade é, sim, que vós, mortais, sois de origem terrena animal; a vossa estrutura é realmente pó. Contudo, se realmente desejardes, e se o quiserdes realmente, certamente a herança das idades será vossa e ireis, algum dia, servir aos universos no vosso verdadeiro caráter – de filhos do Deus Supremo da experiência: filhos divinos do Pai no Paraíso, Pai de todas as personalidades.

112:7:20 12402 [Apresentado por um Mensageiro Solitário de Orvonton.]

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