quarta-feira, 11 de agosto de 2010

UM POUCO DA HISTÓRIA DA ÁREA 51

Introdução






A instalação militar secreta mais famosa do planeta fica a menos de 160 quilômetros de Las Vegas, Nevada, nos EUA. Muitos rumores rondam essa base, da mesma forma que a aeronave misteriosa que gira e manobra nos céus. Apesar de ser conhecida por muitos nomes, a maioria das pessoas a chama pela designação da Comissão de Energia Atômica (AEC): Área 51.

Galeria de imagens de OVNIs (site em inglês)


Foto cedida Armageddon Online
A Área 51 é circundada por placas de aviso como essa.


Existem muitas teorias sobre como a Área 51 recebeu esse nome. A mais popular é que a instalação faz fronteira com o Local de Teste de Nevada (NTS, Nevada Test Site). A AEC usou o NTS como base de teste para bombas nucleares. O NTS é mapeado como uma tela quadriculada que é numerada de 1 a 30. A Área 51, apesar de não fazer parte dessa tela, faz fronteira com a Área 15. Muitos dizem que o local recebeu o nome de Área 51 devido à transposição dos números 1 e 5 de sua vizinha. Outra teoria popular é que o número 51 foi escolhido porque ele não seria usado como parte do sistema do NTS no futuro (no caso do NTS se expandir).

O primeiro uso documentado do nome Área 51 vem de um filme feito pela empresa Lockheed Martin. Também existem documentos não-confidenciais das décadas de 60 e 70 que se referem a uma instalação chamada Área 51. Atualmente, os oficiais se referem à instalação como um local de operações próximo do Lago Groom quando falam ao público: todos os nomes oficiais para o local parecem ser confidenciais.


O que há em um nome?
A Área 51 é conhecida por muitos nomes. Kelly Johnson, que foi responsável pala construção da instalação, batizou-a de Rancho Paraíso (ele estava sendo sarcástico). Outros nomes para a base incluem O Rancho, Faixa de Watertown, A Caixa, Quadrado Vermelho, A Fazenda, Lago Groom, Terra dos Sonhos e o romântico nome de Centro de Testes de Vôo da Força Aérea, Destacamento 3.


O nome sozinho inspira pensamentos de conspirações do governo, aeronaves "pretas" secretas e tecnologias alienígenas. Fatos, mitos e lendas caminham juntos de tal forma que se tornou difícil separar a realidade da ficção. O que exatamente acontece nessa instalação? Por que o governo reconheceu e negou alternativamente sua existência até a década de 90? Por que o espaço aéreo acima dela é tão restrito que mesmo aeronaves militares são proibidas de voar? E o que ela tem a ver com Roswell, no Novo México?

Cada pergunta parece ter milhões de respostas diferentes. Algumas respostas são plausíveis, enquanto outras desafiam a credulidade a tal ponto que se alguém disser isso em voz alta, você vai querer se afastar lentamente. Neste artigo, daremos uma olhada nos fatos até onde qualquer pessoa fora da instalação possa determiná-los e examinaremos as teorias mais populares sobre a Área 51.
Onde fica a Área 51
As coordenadas da Área 51 são 37°14'36.52"N, 11°548'41.16"O. Você pode ter uma ótima visão dela usando o Google Earth. Basta digitar "Área 51" no campo "Fly To" e o mapa faz o resto. Por décadas, a base permaneceu oculta de quase todos, mas em 1988 um satélite soviético fotografou a base. Várias publicações adquiriram as fotos e as publicaram. O segredo da base ainda é algo extremamente importante, mas no que diz respeito à cobertura de satélite, ela não tem como se esconder.


2007 Google Earth™ mapping service/DigitalGlobe
Uma vista de satélite da Área 51

Um leito de lago seco chamado Lago Groom faz fronteira com a base. A oeste está o NTS. A cidade mais próxima é Rachel, Nevada, que está a 40 quilômetros da base. A própria base ocupa somente uma fração de sua área de mais de 27 mil hectares. Ela consiste de um hangar, uma portaria, algumas antenas de radar, algumas instalações para hospedagem, uma confusa entrada, escritórios, pistas e abrigos. Os abrigos são prédios projetados para que as aeronaves possam se mover rapidamente sob a cobertura quando os satélites passam acima delas. Alguns alegam que o que pode ser visto na superfície é somente uma pequena parte da verdadeira instalação. Eles acreditam que os prédios da superfície se assentam sobre o topo de uma base subterrânea em forma de labirinto. Alguns declaram que a instalação subterrânea tem até 40 níveis que são ligados via pistas subterrâneas a outros locais em Los Alamos, White Sands e Los Angeles. Os céticos são rápidos em apontar que um projeto de construção tão imenso precisaria de uma força de trabalho enorme, exigiria a remoção de toneladas de terra - que precisariam ir para algum lugar - e haveria necessidade de uma grande quantidade de concreto e outros materiais de construção. A falta de evidência convence os céticos de que, em sua maioria, o que você vê é o que realmente existe. Já os que acreditam, por outro lado, desfazem as dúvidas dos céticos.

Então, o que se passa nessa base? De acordo com a Força Aérea, o propósito da instalação é "o teste de tecnologias e treinamento de sistemas para operações críticas para a eficácia das forças militares dos EUA e para a segurança dos Estados Unidos." Todas as especificações quanto à instalação e os projetos em andamento de lá são confidenciais. O que se sabe é que a Força Aérea, a CIA e Lockheed usaram a base como um palco para vôos de teste de aeronaves secretas e experimentais, também conhecidas como aeronaves pretas. A base serviu como a instalação de desenvolvimento e teste para a tecnologia de ponta de aeronaves a partir do avião espião U-2 até o caça invisível F-117A.

Na próxima seção, daremos uma olhada nas medidas de segurança conhecidas da Área 51.
Segurança e sigilo da Área 51
Dizer que o acesso à base é limitado é um eufemismo. A base e suas atividades são altamente confidenciais. A localização remota ajuda a manter as atividades não muito detectáveis por radares, assim como a proximidade com o NTS. Após vários confiscos de terra, a base é circundada por centenas de quilômetros de paisagem desértica vazia. A Força Aérea tem terras reservadas do uso público para ajudar a manter a base oculta de olhos curiosos. Por muitos anos, observadores podiam subir os pontos elevados privilegiados como o White Sides Peak ou Freedom Ridge, mas a Força Aérea também confiscou aquelas terras. Hoje, a única maneira de dar uma olhadinha na base (supondo que você não esteja trabalhando lá) é fazer uma extenuante caminhada até o alto do Pico Tikaboo, que fica a 41 quilômetros da instalação.

Por muitos anos, os cartógrafos não incluíram a instalação em nenhum mapa (em inglês). Ela se localiza dentro dos limites da Nellis Air Force Range, mas a estrada que leva até a instalação nunca foi mostrada. Atualmente, o local da base é de conhecimento de todos, mas por muitos anos os oficiais esforçaram-se para ocultar sua localização.


Foto cedida Glenn Campbell
Um mapa da instalação da Área 51

Todos que trabalham na Área 51, sejam militares ou civis, devem assinar um juramento concordando em manter tudo em segredo. Os prédios no local não têm janelas, evitando que as pessoas vejam qualquer coisa não relacionada às suas próprias tarefas na base. De acordo com alguns relatórios, equipes diferentes trabalhariam em projetos similares ao mesmo tempo, mas seus supervisores não permitem que suas equipes saibam sobre o projeto das outras. Quando uma aeronave secreta era testada, oficiais ordenavam que todos os funcionários não-envolvidos permanecessem dentro do prédio até que o vôo de teste tivesse terminado e a aeronave retornado ao seu hangar.


Altamente secreto
A maioria de nós pensa em informações confidenciais em termos de níveis de credenciais de segurança. Muitos filmes e programas de televisão mostram funcionários do governo que não podem acessar as informações de que eles precisam porque não têm a credencial correta. Apesar de ser verdade que existem níveis de classificação de segurança, não é verdade que o sistema seja simples como uma série vertical de classificações de segurança. Mesmo que você tenha credenciais de segurança altamente secreta, você não pode necessariamente acessar tudo no nível altamente secreto (ou mesmo em níveis mais baixos). Isso porque as informações e projetos são compartimentados. Em outras palavras, se você tem credencial para acessar informações altamente secretas em um projeto sobre a tecnologia invisível, isso não significa necessariamente que você possa acessar informações em um projeto sobre feixes de laser de prótons. As credenciais de segurança são emitidas de acordo com uma base de "necessidade de conhecimento" e, se você não precisa saber o que os engenheiros no departamento de laser estão fazendo para concluir o seu trabalho sobre a tecnologia invisível, pode apostar que você não conseguirá encontrar essas informações.
Chegando à Área 51
A maioria das pessoas que trabalha na Área 51 viaja para lá em Boeings 737s ou 727s sem identificação. Os aviões saem do Aeroporto Internacional de McCarran em Las Vegas, localizado do outro lado da rua do Hotel e Cassino (em inglês) Luxor. A EG&G, empresa de defesa contratada, é dona do terminal. Cada avião usa a palavra "Janet" seguida por três dígitos como um sinal de chamada para a torre de controle do aeroporto.

O espaço aéreo acima da Área 51 é conhecido como R-4808 e é restrita a todos os vôos comerciais e militares não originados da própria base (exceto os aviões Janet que transportam as pessoas que trabalham lá, é claro). A Área 51 é considerada parte da Base Edwards da Força Aérea, na Califórnia, ou da Nellis Air Force Range, em Nevada, ainda que pilotos de ambas as bases sejam proibidos de voar no espaço aéreo da Área 51. De fato, os pilotos que voam em uma das zonas neutras ao redor da R-4808 comprovadamente são punidos por seus comandantes, porém de maneira bastante tolerante. Sempre que um piloto voa através de uma zona neutra, o exercício de treinamento imediatamente cessa e o piloto recebe ordens para retornar à base. Voar conscientemente na R-4808 é uma ofensa muito mais séria e os pilotos podem enfrentar os tribunais, resultando em dispensa sem honra e período na prisão.

Os militares classificam a Área 51 como uma Área de Operação Militar (MOA, Military Operating Area). As fronteiras da Área 51 não são cercadas, mas são marcadas com mastros cor de laranja e placas de aviso. As placas informam que tirar fotografias não é permitido e que ultrapassar a propriedade resulta em multa. As placas também sinalizam essa sóbria nota: a segurança está autorizada a usar força letal contra as pessoas que insistirem em ultrapassar os limites. Rumores circulam entre os teóricos de conspiração sobre quantos caçadores da verdade morreram como resultado de andarem ao redor da Área 51, porém, a maioria acredita que as pessoas que infringem essa regra são tratadas de maneira bem menos violenta.

Pares de homens que não parecem ser militares patrulham o perímetro. Esses guardas provavelmente são civis contratados. Observadores os chamam de "cammo (sic) dudes" (tipos camuflados) porque eles geralmente vestem camuflagem de deserto. Os cammo dudes geralmente dirigem em volta da área com veículos de tração nas quatro rodas, olhando para todos que estejam próximos dos limites da Área 51. Supostamente, suas instruções são evitar contato com intrusos, se possível, e agir meramente como observadores e dissuadores. Se alguém parecer suspeito, os cammo dudes ligam para o xerife local para que ele cuide do suspeito. Esporadicamente, os cammo dudes se confrontam com invasores, supostamente apreendendo qualquer filme ou outro dispositivo de gravação e intimidando-os. Às vezes, helicópteros dão apoio adicional. Há rumores de que os pilotos de helicóptero ocasionalmente usam táticas ilegais como sobrevoar bem baixo sobre os invasores para intimidá-los.


Foto cedida Glenn Campbell
Os infames "cammo dudes"

Outras medidas de segurança incluem sensores fincados ao redor do perímetro da base. Esses sensores detectam movimento e alguns acreditam que eles podem até discernir entre um animal e um ser humano. Como a Área 51 é efetivamente uma área de preservação de vida selvagem, era importante criar dispositivos de aviso que não pudessem ser facilmente enganados por um animal de passagem. Uma teoria sustentada pelos observadores é que os sensores podem detectar o odor da criatura que está passando (os sensores detectam uma assinatura de amônia). Ainda que isso precise de embasamento, é fato que existem sensores enterrados ao redor da Área 51. Chuck Clark, um morador de Rachel, descobriu vários sensores, e em um certo ponto a Força Aérea o acusou de interferir com dispositivos de sinais e ordenou que ele devolvesse um sensor que estava faltando ou pagasse uma multa. Clark aparentemente cumpriu a ordem.

Na próxima seção, daremos uma olhada nas razões para as medidas de segurança e sigilo necessários enquanto examinamos algumas aeronaves testadas na Área 51.
Aeronaves da Área 51


Foto cedida Força Aérea dos EUA
Avião espião U-2 Lady
Dragon de Lockheed

A Área 51 tem seu próprio estoque de projetos de aeronaves secretas. O propósito original da Área 51 era ser uma instalação de testes para o avião espião U-2 de Lockheed. Lockheed colocou Kelly Johnson no comando da criação de uma base de operações para instalações de teste e treinamento. Aqui estão alguns dos projetos conhecidos e suspeitos da Área 51.

O avião espião U-2 é um projeto confirmado da Área 51. Lockheed trabalhou com a CIA para desenvolver um avião que pudesse voar a uma alta altitude e espionar outras nações. O U-2 poderia voar a altitudes de 21.280 metros e foi eficaz em missões de reconhecimento por muitos anos. Durante o desenvolvimento do U-2, a CIA e a Lockheed perceberam que precisariam logo de mais aeronaves avançadas porque a tecnologia de mísseis da União Soviética estava se desenvolvendo rapidamente. Em 1960, a União Soviética abateu um U-2, confirmando essa preocupação.

Engenheiros projetaram um avião chamado Suntan para ser o sucessor do U-2. Ele poderia voar a velocidades de até mach 2.5 (quase 3.200 quilômetros por hora). O Suntan usava hidrogênio líquido como combustível, o que representou seu declínio final. Engenheiros decidiram que seria muito caro criar uma infra-estrutura de combustível para suportar os vôos do Suntan, e o governo cancelou o projeto.



Foto cedida Força Aérea dos EUA
O SR-71 Blackbird

O A-12, que posteriormente ficou conhecido como o SR-71 "Blackbird", se tornou o atual sucessor do U-2. O A-12 era um modelo-protótipo que gradualmente evoluiu para o SR-71. Esses aviões poderiam voar até mach 3 (3700 quilômetros por hora) e poderiam alcançar altitudes de 27.360 quilômetros.

O Tacit Blue e o Have Blue foram as primeiras tentativas bem sucedidas de criar a aeronave invisível. O Tacit Blue tinha um formato estranho, parecido com uma baleia, o que inspirou os observadores a chamá-lo de "Shamu". Ele foi projetado para voar baixo sobre operações de campo como um veículo de reconhecimento. O Have Blue foi um protótipo para o caça invisível F117-A. O Have Blue chegou pela primeira vez na Área 51 em 1977. O caça invisível permanece como um segredo até a Força Aérea oficialmente revelá-lo ao público, em 1990.

O Bird of Prey recebeu esse nome de uma categoria de naves da série Jornada nas Estrelas. O avião é um bombardeiro com tecnologia invisível. O projeto parece muito estranho e algumas pessoas dizem que ele é muito instável em velocidades baixas devido ao estranho desenho da asa.



Foto cedida Força Aérea dos EUA
Tacit Blue, conhecido como "Shamu"


Um possível projeto da Área 51, o TR3A Black Manta, poderia ser um potencial sucessor do caça invisível, ou ele pode ser um dos muitos tipos de veículos aéreos não-tripulados (UAVs). Atualmente, existe muito interesse nos UAVs porque eles fornecem aos militares os métodos de reunir informações sem colocar em risco as vidas de pilotos e soldados.

Projetos da Área 51
O Aurora é outro projeto que foi associado à Área 51. Hoje acredita-se que esse projeto foi cancelado, que o Aurora supostamente foi uma substituição para o SR-71. Ele seria um jato de reconhecimento hipersônico capaz de atingir velocidades de até 7.406 quilômetros por hora. O projeto pode ter falhado completamente, ou pode ser que o Aurora seja outro tipo de UAV e não um jato.

The Brilliant Buzzard ou Mothership é outro projeto na Área 51, segundo rumores. Esse grande jato transportaria um veículo menor, talvez um UAV. O veículo menor é projetado para ser lançado do jato maior durante o vôo.


Impresso com permissão GNU Free Documentation License
O MiG-21 é uma das várias espaçonaves soviéticas alegadamente testadas na Área 51


Aeronaves soviéticas também tiveram uma ampla participação na Área 51. Esses aviões vieram da União Soviética e foram capturados ou adquiridos de outra forma. A Força Aérea e a CIA usaram essas aeronaves em exercícios de treinamento e jogos de guerra. O uso de espaçonaves soviéticas no espaço aéreo da Área 51 inspirou seu apelido de Quadrado Vermelho.

Quais os novos projetos que poderiam estar em andamento da Área 51 atualmente? Além do foco continuado sobre a tecnologia dos UAVs, teóricos de projetos secretos sugerem algumas possibilidades. Uma delas seria um avião de transporte com tecnologia de invisibilidade aos radares desenvolvido para mover tropas para dentro e para fora de áreas de conflito sem serem detectados. Muitos vêem a necessidade de um veículo com recursos de decolagem e aterrissagem (VTOL) verticais com o recurso da invisibilidade aos radares. O V-22 Osprey tem esse recurso, mas críticos afirmam que o veículo não é eficaz para objetivos militares. Outro provável projeto de pesquisa é um helicóptero invisível. Apesar de algumas pessoas afirmarem que os helicópteros invisíveis já existam e estejam em uso, eles não foram revelados ao público. Alguns teóricos vêem a necessidade de um avião invisível que seja desenvolvido especificamente para neutralizar alvos no solo. Até hoje, a maioria das aeronaves invisíveis são veículos de vigilância ou veículos projetados para combate no ar. Também há a necessidade de aviões que possam se deslocar rapidamente para qualquer local no mundo no menor tempo possível. Projetos como o comentado avião Aurora e outros veículos hipersônicos se encaixam nessa categoria. Outros rumores dão conta de projetos de pesquisa que variam desde tecnologia de camuflagem, passam por feixes de próton, até dispositivos anti-gravidade.

É claro que esses projetos são somente a ponta de um suposto iceberg. A Área 51 é indiscutivelmente mais conhecida por sua conexão com alienígenas e OVNIs do que por qualquer uma dessas aeronaves. Na próxima seção, daremos uma olhada nos rumores e teorias que vinculam a Área 51 com os visitantes do espaço sideral.

Área 51 e alienígenas
Algumas pessoas acreditam que uma aeronave alienígena colidiu em Roswell, Novo México, e que o governo enviou os escombros e um corpo para a Área 51 para exames e estudo. Alguns vão até mais longe, declarando que a instalação tem níveis subterrâneos e túneis que a conectam a outros locais secretos, e que ela contém depósitos cheios de tecnologia alienígena e até mesmo espécies alienígenas. Alguns teorizam que os alienígenas são, de fato, os que estão no comando e que seu real objetivo é criar um híbrido de ser humano-alienígena (os alienígenas parecem ter perdido a capacidade de se reproduzirem). As histórias escalam os alienígenas para papéis que vão desde visitantes benevolentes a soberanos do mal que subsistem de uma pasta feita de pedaços humanos espremidos. Representantes da Força Aérea negaram publicamente que alienígenas tivessem alguma coisa a ver com a Área 51, mas isso parece ter somente intensificado as sugestões mais delirantes dos teóricos de conspirações.



Impresso com permissão GNU Free Documentation License
Highway 375, a Rodovia Extraterrestre, em Nevada

Vinte e quatro de junho de 1947 foi o dia em que o termo "disco voador" entrou para o vocabulário americano. Esse foi o dia em que Kenneth Arnold relatou ter visto um OVNI enquanto pilotava seu avião particular sobre o estado de Washington. Ele disse que o objeto voava como se fosse um pires flutuando na água, e o disco voador nasceu. No dia 8 de julho de 1947, a Base Aérea de Roswell emitiu um comunicado à imprensa escrito pelo General William "Butch" Blanchard, declarando que eles haviam recuperado os restos de um objeto voador não-identificado. O Exército rapidamente retirou a declaração, mas não antes que ela corresse por vários jornais. De acordo com o Exército, aquilo não era de forma alguma um disco voador, mas um balão meteorológico. Anos mais tarde, documentos não confidenciais disseram que o objeto recolhido em Roswell era, de fato, um balão criado para um programa de vigilância chamado Projeto Mogul. A história do balão meteorológico era um acobertamento para esse projeto secreto. É claro que as pessoas que acreditam em OVNIs dizem que a história do balão espião também é uma farsa, e que o Exército realmente recolheu um aeronave alienígena.

Engenharia reversa na Área 51
Em 1987, um homem chamado Robert Lazar chocou o mundo quando apareceu na televisão e declarou que tinha participado de uma operação que trabalhava com tecnologia alienígena. Robert Lazar disse que o governo possuía pelo menos nove espaçonaves alienígenas em uma base chamada S-4, que não fica distante do Lago Groom. A instalação tinha até pôsteres mostrando um OVNI levitando muitos metros acima do solo com a legenda "Eles estão aqui!". A EG&G o havia contratado para ajudar a reverter a tecnologia na espaçonave alienígena para que ela fosse utilizada em veículos militares norte-americanos e na produção de energia. Ele descobriu uma substância espessa e desbotada que chamou de "Elemento 115", que impulsionava a espaçonave alienígena. Céticos investigaram o mais profundamente possível as declarações de Lazar, e muitas delas pareceram ser falsas. Por exemplo, Lazar diz que possui Mestrado em CalTech e MIT, mas não há evidência de que ele nem ao menos freqüentou alguma dessas universidades. Lazar diz que isso se deve ao fato de o governo estar ativamente tentando apagar sua existência para desacreditá-lo. Os céticos acreditam que Lazar simplesmente está inventando a história toda, e indicam que é uma tarefa monumental apagar a identidade de alguém: seria necessário remover o nome de Lazar de tudo, de documentos oficiais aos anuários escolares. Mesmo assim, as declarações de Lazar inspiraram uma explosão de interesse em OVNIs e na Área 51.


Roswell não é a Área 51
Ainda que a Área 51 e Roswell geralmente sejam mencionados simultaneamente, as duas localizações são bem distantes uma da outra. Roswell fica no Novo México e, de acordo com os mapas do Google, está a 1.434 Km de distância da Área 51. A viagem levaria mais de 15 horas de carro e, segundo a maioria dos relatórios, não é uma viagem muito entusiasmadora.


Uma alegação popular entre os que crêem em Lazar é que muito da tecnologia atual resulta do uso de engenharia reversa de espaçonave alienígena. Tudo, desde rádios a supercondutores, se encaixaria nessa categoria. Eles argumentam que as pessoas sozinhas não conseguiriam desenvolver essas tecnologias tão rapidamente sem um modelo alienígena. Alguns alegam que os pilotos na Área 51 estão usando tecnologia alienígena contra os próprios alienígenas, abatendo-os para que outras equipes militares possam recolher as peças.

Na próxima seção, daremos uma olhada em mais algumas histórias de alienígenas, acobertamentos do governo e conspirações elaboradas envolvendo a Área 51.

O enredo cresce na Área 51


Imagem de domínio público
Um alienígena segundo o conceito de um artista

Uma alegação comum das declarações de Lazar e de outras teorias de entusiastas de OVNIs é uma organização secreta conhecida como MJ-12, às vezes chamada de Majestic ou Majic 12. Esse grupo originalmente incluía uma dezena de indivíduos extremamente poderosos como o Presidente Harry S. Truman, os líderes de organizações como a CIA e poderosos empresários. Muitos documentos considerados pertencentes a esse grupo vieram à tona, a maioria deles como descobertas do ufólogo William L. Moore, incluindo papéis que continham assinaturas presidenciais. Os céticos examinaram detalhadamente esses documentos e revelaram muitos sinais de que eles eram falsos, incluindo prova de que as assinaturas foram copiadas de outros documentos oficiais e coladas nos papéis do MJ-12. Teóricos de conspiração denunciam que os céticos estão sendo enganados ou, na verdade, são funcionários do governo. Outros teóricos dizem que os documentos do MJ-12 são falsos, mas foram falsificados oficialmente pelo governo para despistar as pessoas. A maioria das pessoas que crêem nisso se encaixa em um, de uma série de grupos, e freqüentemente cada um desses grupos acusa os outros de promover ativamente a desinformação para ocultar a verdade.

As teorias mais extremas sobre alienígenas na Área 51 declaram que não somente existem alienígenas aqui na Terra, mas que eles estão no comando. Circulam histórias sobre entidades biológicas extraterrestres (EBEs) que forçam o governo a firmar acordos que sempre se revelam ruins para nós. De acordo com eles, o governo concordou em permitir que os alienígenas abduzissem pessoas à vontade, realizassem experiências com cidadãos indefesos e até mesmo moessem as pessoas em uma pasta que é posteriormente bezuntada em EBEs como uma fonte de nutrição. Outros teóricos dizem que os alienígenas estão aqui para usar seres humanos para criar uma criatura híbrida, e que os próprios alienígenas não são mais capazes de se reproduzir sozinhos. Alguns oferecem esperança com relatórios de disputas entre forças do governo e alienígenas, resultando no retorno de nosso governo ao poder. É claro que quase todas essas teorias sugerem que o governo está agindo de maneira perversa e irresponsável com os cidadãos dos Estados Unidos que são as vítimas finais.


Acobertamentos de conspiração
Nem todas as teorias de conspiração quanto à Área 51 envolvem homenzinhos verdes (ou cinzas). Algumas ponderam sobre uma organização obscura (ou grupo de organizações) dedicadas a estabelecer a Nova Ordem Mundial da WCW. Histórias de OVNIs e engenharia reversa são apenas táticas que essas organizações usam para distrair o público de seu real objetivo: dominar o mundo.


Na sabedoria dos entusiastas por OVNIs, o Hangar 18 é o nome do prédio que hospeda uma nave espacial alienígena capturada e mesmo um ser extraterrestre. O local do Hangar 18 é motivo de debate entre os que acreditam nas teorias. Alguns declararam que o hangar na Área 51 é o Hangar 18. Um filme intitulado "Área 51: a entrevista com o alienígena" mostra um alienígena em cativeiro, mas os céticos duvidam de sua autenticidade. Rick Baker, um perito em efeitos especiais, declarou categoricamente que ele acreditava que "o alienígena" não passasse de um boneco.

Vendo OVNIs na Área 51


Foto cedida Glenn Campbell
A caixa de correio preta (agora branca)

Devido ao espaço aéreo ao redor e acima da Área 51 ser usado para vôos de teste e missões de treinamento, é bem possível que você veja aeronaves voando no céu. Às vezes, a aeronave pode ser exótica, talvez até mesmo não-identificada para olhos não-treinados. Mesmo aeronaves familiares podem fazer as pessoas acharem que estão vendo alguma coisa que não é da Terra. Os céticos informam que muitos avistamentos de OVNI relatados coincidem convenientemente com a chegada diária programada dos vôos Janet à base (nome dado aos vôos que transportam equipes que trabalham na Área 51). Muitos dos projetos anteriormente classificados como confidenciais na Área 51 realmente parecem ser extraterrestres. Particularmente os UAVs parecem estranhos, já que não requerem um cockpit ou portas. Além disso, muitos exercícios de treinamento usam sinalizadores brilhantes para direcionar os mísseis ou mesmo apenas para distrair observadores enquanto aeronaves secretas realizam manobras.



Um lugar popular para observar OVNIs é a caixa de correio preta na Rodovia Nevada, 375. A caixa de correio pertence a um rancheiro local e se tornou famosa quando Lazar disse que esse era o local para o qual ele levava as pessoas para assistir vôos de teste agendados de espaçonaves alienígenas. Atualmente, a caixa postal foi repintada de branco e o rancheiro disse muitas vezes que ele não acredita que nenhuma das aeronaves que voam no céu sejam alienígenas.


A verdade está lá fora
A Área 51 é a instalação secreta mais conhecida. Ela tem sido um importante cenário para vários romances, filmes, programas de televisão, videogames e músicas. A base (ou uma imitação dela) apareceu em episódios de Futurama, Os Simpsons, Kim Possible, Stargate e CSI: Crime Scene Investigation (investigação da cena do crime). Existe um jogo de arcade da Área 51 como também um jogo não-relacionado (mas com o mesmo nome) desenvolvido para consoles como o Xbox. A base aparece em outros jogos de videogames também, como Duke Nukem3D, Destroy All Humans, Grand Theft Auto. Existem rumores de que o próximo filme de Indiana Jones terá alguma coisa a ver com a instalação. Certa vez, Daniel O'Brien escreveu um musical de rock sobre a Área 51, e você pode encontrar referência à base em várias músicas de rock como Megadeth's "Hangar 18". Além de todos os diferentes itens de entretenimento que apresentam a Área 51, dois se destacam como sendo particularmente importantes. A série Arquivo-X e o filme Independence Day ajudaram a catapultar a Área 51 para dentro da consciência coletiva e ambos seguiram as teorias dos ufólogos sobre o real propósito da base.


Na próxima seção, daremos uma olhada em algumas controvérsias que rondam a Área 51.

Controvérsia na Área 51
Trabalhadores na Área 51 tiveram de enfrentar condições difíceis desde os primeiros dias da instalação. Na década de 50, quando o foco da base era testar o avião espião U-2, a CIA teve de interromper as operações e evacuar a instalação devido ao teste nuclear realizado nas proximidades do local de teste de Nevada. Às vezes, a AEC (Comissão de Energia Atômica) anunciava os testes com antecedência para permitir que os moradores próximos tivessem tempo de evacuar a área se considerassem necessário, mas outras vezes, os testes não eram anunciados. Os resultados desses testes podem ser vistos em cidades a 161 km de distância. Freqüentemente, as pessoas em Las Vegas organizam viagens para picos próximos e fazem piqueniques olhando para as nuvens em forma de cogumelo.

Em 1957, um desses testes chamado HOOD fez parte de um programa geral chamado Operation Plumbob, que foi desenvolvido para verificar se bombas nucleares danificadas emitiam níveis de radioatividade prejudiciais. A AEC detonou um dispositivo nuclear de 74-kiloton a 456 metros acima da Área 9 do NTS (Local de Teste de Nevada). Esta foi a explosão aérea mais poderosa jamais detonada sobre os Estados Unidos continentais. A AEC não anunciou o teste com antecedência, apesar de ter informado à Área 51 para evacuar o local. A explosão resultante causou um dano menor na Área 51: na maioria dos casos, algumas janelas e portas quebradas. A radiação foi uma preocupação muito maior e, de fato, o solo na Área 51 absorveu muita radiação durante os anos de testes nucleares.


AEC X CIA
A AEC e oficiais na Área 51 se confrontaram muitas vezes quanto ao agendamento dos testes. A CIA e Kelly Johnson da Área 51 alegavam que as interrupções causadas pela evacuação da base estavam interferindo no desenvolvimento dos projetos U-2 e A-12. A proximidade da Área 51 com o NTS foi ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição. Isso ajudou a proteger a base de curiosos, mas também colocou em perigo todos que trabalhavam lá.

Limpando a Área 51
Em 1980, o governo autorizou um programa para remover solo irradiado dos arredores do Lago Groom. Fotos de satélite confirmam que equipes removeram quantidades imensas de sujeira da área. Cidades vizinhas informaram aumentos nos índices de câncer e muitas processaram o governo, alegando que os testes os deixaram doentes.

Outro perigo na Área 51 envolveu o descarte de veículos e tecnologias secretas. Na década de 80, equipes na Área 51 cavaram grandes buracos abertos e despejaram materiais tóxicos dentro deles. Eles queimaram os materiais usando combustível de jato e foram expostos a químicas e fumaças. De acordo com um processo judicial movido contra vários oficiais do governo, os trabalhadores solicitaram equipamento de segurança, como máscaras respiratórias, mas estes foram negados devido a questões orçamentárias. Quando eles perguntaram se poderiam levar seu próprio equipamento, seus superiores disseram que, por razões de segurança, eles não poderiam trazer equipamento externo para dentro da base. Muitos funcionários civis ficaram doentes devido à exposição e dois morreram. Helen Frost, viúva de Robert Frost, funcionário da Área 51, e vários funcionários do Lago Groom contrataram o advogado Jonathan Turley para mover o processo.

Um item interessante do processo e que desde então causou uma grande agitação nos círculos da Área 51, foi a apresentação de um manual de segurança não confidencial como evidência. Turley alegou que o manual não apenas provava a existência da base, mas também provava que o governo tinha consciência dos riscos da manipulação de resíduos perigosos e agiu com negligência quanto aos funcionários na Área 51. O governo classificou o manual como confidencial retroativamente e o Juiz Philip Pro não permitiu que ele fosse incluído como evidência. Você ainda pode encontrar esse manual na Internet. Alguns alegam que o manual é falso, porém, se esse for o caso, ele levanta a questão: por que o governo declararia um documento falso como informação confidencial?

O Presidente Bill Clinton assinou um Decreto Presidencial eximindo a Área 51 de regulamentação ambiental em setembro de 1995. Esse decreto é o reconhecimento mais formal da existência da Área 51 pelo governo. O decreto referia-se à Área 51 como "o local de operações da Força Aérea (em inglês) próximo do Lago Groom, Nevada." Posteriormente, o Juíz Pro encerrou o processo alegando que a investigação nos autos constituía uma brecha da segurança nacional. Turley alegou que isso abriu um perigoso precedente segundo o qual o governo agora poderia ocultar crimes usando a desculpa da segurança nacional. A política isenta o governo da responsabilidade pelas pessoas que ele representa. Mais litígio pode acontecer, particularmente agora que um manual de segurança similar não confidencial foi extraído de um site para a Base da Força Aérea de Robins, na Geórgia. O documento claramente indica os perigos da inalação de fumaças tóxicas, instruindo as equipes de emergência a ter o máximo cuidado e usar equipamento de proteção adequado. Desde então, o site removeu o documento com a explicação de que a pessoa o publicou equivocadamente. Algumas pessoas estão preocupadas com o fato de que agora as equipes de emergência não têm as informações vitais para enfrentar situações perigosas.

Atualmente, a Área 51 permite que a EPA (Agência de Proteção Ambiental) inspecione a instalação para garantir o cumprimento das exigências ambientais. Porém, todos os relatórios são confidenciais e não podem ser publicados. Muitos alegam que sem a publicação dos resultados, a instalação permanece isenta de responsabilidade. O decreto presidencial de Clinton permite que os relatórios permaneçam lacrados, apesar do fato de a lei exigir que tais relatórios sejam disponibilizados ao público. O Presidente deve renovar o decreto anualmente, e isso tem sido feito até hoje.

Na próxima seção, daremos uma olhada na cidade de Rachel, Nevada, que recebeu mais do que a sua cota de atenção como a cidade mais próxima da Área 51.

Morando à sombra da Área 51
Você pode achar que morar perto de um lugar como a Área 51 pode torná-lo um pouco estranho. Uma visita à Rachel, Nevada, certamente pode transformar a sua suspeita em certeza. A cidade tem menos de 100 habitantes, a maioria deles tem um alto senso de independência e mais do que uma pitada de excentricidade. De acordo com o antigo morador de Rachel, Glenn Campbell, a história documentada de Rachel começa em 22 de março de 1978, às 17h45. Poucas cidades podem retroceder à sua origem de maneira tão precisa. Campbell destaca que nessa data, empresas de energia instalaram o primeiro fornecimento de eletricidade no Vale Sand Springs. Antes dessa solene ocasião, somente alguns poucos fazendeiros destemidos e uma mineradora ocupavam o vale.

Na década de 70, pequenos grupos de pessoas com espírito pioneiro e desejo de viver suas vidas livres de interferência começaram a se estabelecer no vale. Uma dessas famílias foram os Jones, que ficaram famosos em sua pequena comunidade com o nascimento de Rachel Jones, a primeira criança nascida no vale. A esparsa comunidade percebeu que o nascimento marcou um importante evento na história da cidade e, assim, eles batizaram a cidade de Rachel. Os Jones não permaneceram no local por muito tempo e, infelizmente, poucos anos depois, Rachel morreu, vítima de uma doença respiratória.



Foto cedida Cooper
A Little A 'Le" Inn em Rachel, Nevada

A cidade tem um posto de gasolina (atualmente fechado; o posto de gasolina aberto mais próximo está a 96,6 Km de distância), um bar chamado Little A'Le'Inn (uma reunião de casas móveis organizadas em forma de motel) e a loja Rachel Senior Center Thrift Store. A Thrift Store é tema de um misterioso processo onde as roupas vêm da loja Tonopah Thrift Shop, a 161 Km de distância. A loja de Rachel envia peças não vendidas para brechós, em Las Vegas, que, por sua vez, enviam roupas não vendidas para a loja Tonopah Thrift Shop. As pessoas estão convencidas que de esse ciclo continuará até a Tonopah Thrift Shop ou a loja de Rachel fechar.

Rachel é o lar de muitos personagens interessantes, muitos deles têm suas teorias preferidas sobre a Área 51. Alguns trabalham para a Força Aérea, embora isso seja o máximo de informação que você obterá deles. Pat e Joe Travis administram o Little A'Le'Inn e montaram um negócio de venda de camisetas e vídeos sobre conspirações do governo e alienígenas. Também, a maioria das pessoas em Rachel dirá a você que elas acreditam que os OVNIs não passam de sinalizadores, UAVs (Veículos Aéreos Não Tripulados) ou aeronaves militares em missões de treinamento.

Glenn Campbell estabeleceu o Centro de Pesquisa da Área 51. Freqüentemente ele vai a um local de vigilância que batizou de Freedom Ridge (Cume da Liberdade), no qual ele pode visualizar a instalação a muitos quilômetros de distância de maneira legal. Campbell escreveu um boletim chamado Desert Rat (Rato do Deserto), que mantém as pessoas atualizadas sobre as atividades na base. Ele fez uma campanha contra o que considerou ser um sigilo excessivo do governo, alegando que o governo estava criando um ambiente de desconfiança junto ao público. Ele também criou um site com links para dezenas de novas histórias e cronologias sobre a base. Apesar de ele não atualizar mais o site, ele ainda está disponível para você explorá-lo. Desde então, Campbell desviou o seu foco da base secreta e não mora mais em Rachel.

Os moradores de Rachel parecem lidar com o interesse por sua comunidade com uma incrível paciência. Para eles, estrondos sônicos no meio da noite e luzes brilhantes são eventos normais, cotidianos. Quase todos no vale tiveram de substituir uma janela rachada por um estrondo sônico ou tem um pedaço de destroço de aeronave (a história da Área 51 inclui várias colisões espetaculares).

Na próxima seção, daremos uma olhada na cronologia da Área 51 desde a sua fundação até hoje.

Uma breve história da Área 51
Durante a II Guerra Mundial, a Army Air Corps (precursora da moderna Força Aérea americana) construiu muitas pistas em Nevada, incluindo duas pequenas pistas no Lago Groom. Eles batizaram o local de Army Air Corps Gunnery School (Escola de Artilharia da Unidade Aérea do Exército). Após a década de 40, as pistas foram abandonadas.

No início da década de 50, a CIA firmou uma parceria com a empresa Lockheed para desenvolver aeronaves que voassem em alta altitude para uso em missões de vigilância. Kelly Johnson, da Lockheed, liderou o projeto. Ele criou um departamento de engenheiros e pilotos de teste que posteriormente recebeu o nome de Skunk Works. O departamento Skunk Works ficou famoso por ser altamente sigiloso e pela busca quase fanática de seus objetivos.

A CIA e Johnson sabiam que o sigilo era fundamental para o sucesso e, assim, Johnson precisou encontrar um local para desenvolver e testar a aeronave secreta. Ele queria um local que fosse remoto o suficiente para evitar chamar a atenção, porém próximo o bastante de uma cidade grande para que a operação de suprimento da instalação não fosse uma tarefa monumental. O local precisaria ser facilmente acessível por meio de aeronaves e afastado das rotas de vôo comerciais e militares. O local também precisaria ser espaçoso para abrigar um grande efetivo de funcionários civis e militares.

Em 1955, ele viajou para Nevada com o piloto de testes, Tony LeVier, e o representante da CIA, Osmond Ritland, para encontrar um bom local para ser usado como base de operações para os vôos de teste. Ritland havia treinado na Escola de Artilharia e contou a Johnson sobre ela. Johnson decidiu que o local era ideal para as operações.

Quatro meses depois, equipes concluíram a construção inicial. Vôos de teste do U-2 começaram e o Presidente Eisenhower assinou um decreto presidencial restringindo o espaço aéreo sobre o Lago Groom. A CIA, a Comissão de Energia Atômica e a Lockheed supervisionavam as operações da base. Futuramente, o controle da base passaria ao Departamento de Energia e à Força Aérea.

Uma cronologia dos eventos na Área 51
Veja a seguir uma cronologia que se inicia logo após a construção da Área 51:

•1957 - a AEC (Comissão de Energia Atômica) distribui "informações contextuais sobre testes nucleares de Nevada" à imprensa. O livreto descreve uma pequena base no Lago Groom chamada Projeto Watertown. O livreto afirma que a instalação faz parte de um projeto para estudos do clima;
•1961 - o espaço aéreo restrito se expande para cima, mas não lateralmente. Ele mede 5 x 9 milhas náuticas em tamanho, mas estende-se até o espaço e é designada R-4808. Um ano depois, o Departamento da Força Aérea expande o espaço novamente, mas dessa vez o perímetro cresce para 22 x 20 milhas náuticas. Isso forma a "Caixa de Groom," ou simplesmente "A Caixa," como a área é conhecida hoje. Nenhum vôo, seja ele comercial ou militar, é permitido no espaço restrito (exceto os vôos de teste a partir da própria base);
•1962 - o primeiro A-12 chega ao Lago Groom. O primeiro vôo de teste ocorre dois meses após a chegada da aeronave à base. Pilotos da CIA chegam à base quase um ano depois para iniciar treinamento de vôo;
•1967 - o primeiro Mig 21, uma aeronave soviética, chega ao Lago Groom. Oficiais nomeiam o programa de teste da aeronave Mig de "Have Donut" (Coma uma rosquinha). Alguns pilotos começam a chamar o espaço aéreo restrito acima do Lago Groom de "Quadrado Vermelho";


Foto cedida Força Aérea dos EUA
O caça invisível F117-A Nighthawk


•1977 - anos depois, o público toma conhecimento do caça invisível, o primeiro protótipo F117 chega à Área 51. Ele é chamado de "Have Blue". No mesmo ano, a United States Geological Survey (Secretaria de Geologia dos Estados Unidos) tira uma foto aérea da base. A foto aparece em inúmeras publicações e permanece disponível até 1994, quando o governo a retira de circulação;
•1982 - o primeiro vôo do veículo conhecido como "Tacit Blue" ocorre no Lago Groom. Assim como o F-117A, o Tacit Blue é um veículo invisível aos radares;
•1984 - a base solicita mais 360 mil Km² de terra para aumentar o tamanho do espaço restrito ao redor da instalação. Mesmo antes da área ser considerada oficialmente reservada, guardas desencorajavam o público a entrar nela, suscitando preocupação e críticas dos habitantes locais e de turistas. O pedido foi ratificado pelo Congresso três anos mais tarde;
•1988 - um satélite soviético fotografa a Área 51. A revista "Popular Science" publica a fotografia, dando à maioria dos cidadãos dos EUA a primeira chance de ver a base secreta. Nesse mesmo ano, Robert Frost, um funcionário civil na Área 51, morre. Uma autópsia mostra que seu corpo continha altos níveis de químicas perigosas como dioxina (em inglês), tricloroetileno e dibenzofuran. Sua viúva, Helen, processou vários oficiais do governo, alegando que seu marido morreu como resultado da exposição a químicas perigosas;
•1989 - Robert Lazar aparece na televisão e alega ter trabalhado em tecnologia alienígena de engenharia reversa em um local não muito distante do Lago Groom;
•1995 - a Área 51 adquire dois locais freqüentados por turistas e locais curiosos. Freedom Ridge e White Sides Peak. O Presidente Clinton assina um decreto presidencial isentando a Área 51 de legislação e investigação para preservar a segurança nacional;
•1996 - Nevada nomeia a Rota 375, anteriormente conhecida como a rodovia mais deserta na América, de Rodovia Extraterrestre. Céticos do mundo todo desdenham em uníssono;
•1997 - a Área 51 perde o status de confidencial, apesar de todas as operações na instalação permanecerem secretas;
•2007 - parece que equipes estão construindo um novo hangar, bem maior que o hangar existente. Um site declara que o tamanho do hangar é 60,8 x 152 metros e sua altura é de 30,4 metros [Fonte: Rense.com - em inglês].
Para mais informações sobre a Área 51, alienígenas e artigos relacionados, consulte os links na próxima página.

Mais informações
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•Como funcionam as bombas nucleares
•Como funciona o Predator UAV
•O que é um avião espião controlado à distância?
Mais links interessantes (em inglês)


•Area 51 at UFOlogy (A Área 51 na Ufologia)
•Area51Zone.com
•The Committee for Skeptical Inquiry (Comitê para Investigação Cética)
•The Skeptic's Dictionary (Dicionário do Cético)
•Nellis Air Force Base (Base Aérea de Nellis)
Fontes (em inglês)


•AboveTopSecret.com
•Area 51 Aircraft Database (Banco de dados de aeronaves da Área 51)
•Area51Zone.com
•Bacon, Kenneth H. Departamento de Defesa Resumo de Notícias. terça-feira, 18 de abril de 2000
•Carroll, Robert Todd. “Dicionário do Cético”
•Projetos especiais da guerra fria
•Confissões de um agente do “Arquivo X” do FBI. Illuminati News, 24 de dezembro de 2004
•Coverups.com
•DesertSecrets.com
•Manual de segurança da Área 51/Lago Groom: Job Knowledge
•Klass, Philip J. “The New Bogus Majestic-12 Documents.” Comitê para Investigação Cética, maio/junho 2000
•Lear, John. “Área 51 - O acobertamento de OVNIs; Illuminati News, 25 de agosto de 1988
•Mahood, Tom. “Cronologia do Lago Groom.”
•Manning, Mary. “Juíz divulga dossiês do Lago Lake.” Las Vegas Sun. 17 de julho de 1996.
•Memorando de acordo entre o Departamento da Força Aérea, Comando Aéreo Tático, Centro de Armas Táticas de Caças e o Departamento de Energia, Escritório de Operações de Nevada.
•Merlin, Peter W. “Área 51 sofreu efeitos de teste nuclear em sua redondeza.” Aerotech News and Review. Vol. 10, No. 38, 20 de outubro de 1995.
•Merlin, Peter W. “Projeto 57: Dispersão de plutônio ocorre perto do Lago Groom.” UFOlogy. 29 de novembro de 1995
•Neimark, Jill. “Despacho da Terra dos Sonhos.” Psychology Today.
•Patton, Phil. “Terra dos Sonhos: Viagens dentro do mundo secreto de Roswell e da Área 51.” Villard: Nova York, 1998.
•Poulsen, Kevin. “Violadores da Área 51 desenterram problemas.” SecurityFocus.com, 25 de maio de 2004
•Direito Público 98-485 [H.R. 4932]; 17 de outubro de 1984.
•Direito Público 99-606 [H.R. 1790]; 6 de novembro de 1986.
•Rense.com
•Rogers, Keith. “Avisos para equipes de emergência afastaram trabalhadores da Área 51.” Las Vegas Review-Journal, 21 de maio de 2006.
•Textos Sagrados
•Sweetman, Bill. “Novos Segredos da Área 51.” Popular Science. Vol. 269, Edição 4. outubro de 2006.
•Federação de Cientistas Americanos
•Registros de OVNI
•UFOlogy
Introdução a Existe um manual de tortura?
Em maio de 2007, as forças armadas dos Estados Unidos invadiram uma casa fora de Bagdá. Por fora parecia uma casa normal, mas no interior havia um cenário assustador: cinco iraquianos eram mantidos na casa e torturados pela al-Qaeda. Os militares também acharam desenhos que acreditam ser parte de um manual de tortura para agentes da al-Qaeda. As imagens incluem descrições de pavorosos atos de tortura, como pressionar um ferro de passar quente contra a pele de um preso, remover os globos oculares ou colocar a cabeça de um preso em um torno [fonte: Departmento de Defesa]. As ferramentas e instrumentos necessários para praticar tais atos - como maçaricos e furadeiras - foram também encontradas na casa [fonte: Fox News (em inglês)].




Departamento de Defesa dos EUA
Ilustração mostrando tortura com ferro de passar quente - descoberta na casa da al-Qaeda, no Iraque, em maio de 2007Uma pessoa pode entrar em pânico só de pensar em ser submetida a qualquer um dos métodos descritos no manual do al-Qaeda, afinal ter uma parte do corpo decepada ou ser pendurado pelos braços amarrados atrás das costas são certamente experiências horripilantes.

Somando-se aos argumentos contrários à tortura, geralmente esses métodos não são considerados úteis. É improvável que as informações colhidas de um preso no qual o interrogador está causando intensa dor física sejam precisas [fonte: The New York Times]. Em outras palavras, uma pessoa torturada poderá confessar qualquer coisa - verdadeira ou não - só para fazer com que que o torturador pare. Em 1988, um oficial da CIA testemunhou diante do comitê de inteligência do Senado: "os abusos físicos ou outros tratamentos degradantes foram rejeitados, não somente porque estão errados, mas porque está historicamente provado que são ineficazes" [fonte: The Baltimore Sun (em inglês)].
Como esse especialista do governo poderia saber? Simplesmente porque os Estados Unidos levaram décadas realizando experiências, testes de campo e pesquisa na busca de aperfeiçoar a ciência do interrogatório.

Leia sobre o manual que foi produzido como resultado dessa pesquisa na próxima página.

Manual KUBARK: um guia do usuário para a tortura?
Os anos 50 parecem ter sido uma época em que a CIA empregou grande quantidade de energia no aperfeiçoamento da ciência da tortura. A agência realizou experiências secretas, às vezes com americanos inocentes, usando LSD na busca de um “soro da verdade” [fonte: The New York Times]. Foram usadas correntes elétricas para causar dor [fonte: The Boston Globe]. Também foram realizadas experiências para investigar os efeitos da perversão sensorial [fonte: The Washington Post]. A CIA descobriu que os melhores métodos para extrair informações dos presos não são através da imposição da dor ou tortura, mas através de tortura psicológica.

Apesar das experiências com tortura que a CIA realizou por mais de uma década não causarem dor física, elas podem causar alguns danos reais. Historiador e especialista nos assuntos CIA e tortura, Alfred McCoy, escreve: “embora parecendo menos brutal, a tortura sem toque deixa cicatrizes psicológicas profundas. As vítimas freqüentemente precisam de tratamento para se recuperarem do trauma muito mais debilitante do que a dor física” [fonte: The Boston Globe (em inglês)].

Efetivamente existe um manual de tortura e a CIA literalmente o escreveu. Em 1963, a Agência criou o manual KUBARK Counterintelligence Interrogation. Era, como Alfred McCoy coloca, a “codificação” de tudo que a CIA aprendeu com suas experiências ao longo dos anos 50. No manual KUBARK - o nome código para a CIA na guerra do Vietnam [fonte: The Washington Post (em inglês)], os métodos para enfraquecer os presos são baseados geralmente na psicologia. Identificar a personalidade da vítima e então desnudá-la é parte da primeira etapa na direção de enfraquecê-la. Um preso introvertido ou envergonhado pode ser mantido nu e ser sexualmente humilhado, por exemplo. As roupas podem ser tiradas simplesmente para fazê-lo se sentir menos confortável.




Larry Burrows/Time Life Pictures/Getty Images
Durante um interrogatório em 1962, um paraquedista vietnamita ameaça com uma baioneta um soldado vietcongue suspeito
Criar sentimentos de estranheza, desorientação e isolamento parece ser a característica do enfraquecimento psicológico do preso no texto do manual KUBARK. Práticas como levar à inanição; manter o presidiário em celas pequenas e sem janelas, com luz artificial constante; e forçar o preso a sentar ou ficar de pé em posições desconfortáveis (posições estressantes) por longos períodos de tempo foram condenadas ou banidas completamente pelo governo dos Estados Unidos. Mesmo assim essas técnicas fazem parte do regime prescrito pelo KUBARK. Drogas e hipnose também foram muito utilizadas para extrair informações.
Apesar de não mencionar diretamente o choque elétrico, o manual recomenda que os interrogadores estejam certos de que uma casa segura e com potencial para ser usada para tortura tenha acesso à eletricidade. Como uma fonte disse ao The Baltimore Sun: “No passado, a CIA reconheceu particular e informalmente que isso se referia à aplicação de choques elétricos no interrogatório de suspeitos” [fonte: The Baltimore Sun (em inglês)].

A dor física, entretanto, é considerada contraproducente pelo manual. O manual conclui que, para um preso, é muito pior temer que a dor aconteça do que realmente experimentá-la. O velho ditado de que a antecipação é pior do que a experiência parece também ter fundamento no sombrio campo da tortura.

Um livro mais recente, basicamente uma revisão do manual KUBARK, formula a mesma conclusão fundamental - o tormento psicológico é pior que o abuso físico. O Human Resource Exploitation Manual - 1983 foi publicado pela primeira vez como resultado de um relatório investigativo sobre os abusos dos direitos humanos em Honduras. Leia sobre o manual de tortura da CIA versão 2.0 na próxima página.
A CIA e o Batalhão 316
Em 1997, o The Baltimore Sun publicou uma série de histórias a respeito do envolvimento da CIA no movimento paramilitar contra o comunismo em Honduras no começo dos anos 80. O The Sun entrevistou hondurenhos expatriados que faziam parte de uma tropa de elite chamada Batalhão 316, treinado por agentes da CIA para combater guerrilhas de esquerda. Os expatriados entrevistados nos artigos eram diretamente envolvidos no sequestro, tortura física e mental e assassinatos de centenas de hondurenhos suspeitos - às vezes incorretamente - de serem membros ou defensores do movimento esquerdista.

De acordo com as informações relatadas no The Sun, a CIA treinou o Batalhão 316 nas formas consagradas especificadas no manual KUBARK da CIA: violência física é inútil, a psicologia é tudo. A ameaça de morte é "mais que inútil", diz o manual, pois o prisioneiro sente "que tende a ser condenado após a submissão tanto quanto antes" [fonte: The Washington Post (em inglês)].






John Hoagland/Liaison/Getty Images
Soldado americano não identificado treina soldados hondurenhos em junho de 1983

Enquanto as táticas de isolamento e maus tratos com a marca da CIA eram usadas pelo Batalhão 316, a brutalidade física também era usada. As vítimas eram golpeados até a morte e depois desmembradas com facões. Eram usadas máscaras de borracha para sufocar os prisioneiros e fazê-los falar. Outros eram conectados a baterias de carros, uma forma afrontosa de eletrocução [fonte: The Baltimore Sun (em inglês)].
Entretanto, enquanto os hondurenhos aprendiam as táticas de interrogatório com a CIA, oficiais da agência traziam um novo manual - que não incluía referências a correntes elétricas. Era o Manual de Aproveitamento de Recursos Humanos - 1983.

Se o manual KUBARK é o auge de anos de experiências no campo da tortura, o manual de 1983 é resultado de 20 anos de ajustes do conteúdo do KUBARK. Ambos são baseados nas mesmas linhas: luz artificial; isolamento; estranheza e desorientação por meio do confinamento solitário; e perversão sensorial são as etapas para induzir um detento à informação voluntária. Como o manual KUBARK, a versão de 1983 detalha métodos de coerção caso o detento se revele resistente aos métodos iniciais.

As táticas de coerção descritas no manual de 1983 parecem ser versões mais sofisticadas das encontradas no manual KUBARK. Os agentes podem criar um sentimento de isolamento e de desamparo assegurando-se de que as celas no local de interrogatório estejam equipadas com pesadas portas de metal. "A batida de uma porta pesada dá ao sujeito a impressão de que ele está afastado do resto do mundo", diz o manual de 1983 [fonte: The Baltimore Sun (em inglês)].

O tema dor, também foi detalhado. O manual de 1983 é muito específico sobre porque a imposição de dor é contraproducente: "A ameaça de dor pode despertar medos mais danosos do que a imediata sensação de dor. Na realidade, a maioria das pessoas subestima sua capacidade de suportar a dor" [fonte: The Baltimore Sun (em inglês)]. O manual prossegue sugerindo que manter uma vítima em posições estressantes ou outras situações desconfortáveis por longos períodos, cria dor interna. Considerando que a dor é mais interna do que externa (como se fosse causada intencionalmente), é provável que a vítima venha a enxergar o inquisidor como alguém que pode ajudá-la. Essa vítima pode até mesmo formar um tipo de confiança no inquisidor - como na Síndrome de Estocolmo.


A disseminação das informações encontradas nesses manuais pelo The Baltimore Sun levanta questões como discutir se as técnicas de interrogatório da CIA são legais. Leia sobre isso na próxima página.

Manuais de tortura para as gerações
No momento em que os repórteres do The Sun obtiveram uma cópia do manual de 1983, no meio dos anos 90, o congresso já tinha realizado audiências sobre os possíveis abusos da tortura na CIA. Através dessas audiências, novos padrões para o tratamento de detentos surgiram. O que era considerado justo nos interrogatórios pela CIA - como longos confinamentos em pequenas celas, privação do sono e estresse (em inglês) prolongado - foi considerado não ético e ilegal pelo Congresso. Os repórteres do The Sun descobriram que o manual de 1983 havia sido alterado à mão após as audiências do Congresso no fim dos anos 80. "Essas alterações e novas instruções que aparecem nos documentos obtidos pelo The Sun, fundamentam a conclusão de que os métodos ensinados nas primeiras versões eram ilegais" [fonte: The Baltimore Sun].

As Nações Unidas (ONU), também aumentaram as restrições contra a tortura. A Convenção das Nações Unidas Contra a Tortura foi ratificada por 25 países na primavera de 1985 (os Estados Unidos não assinaram o tratado). Ela contém uma abrangente definição de tortura, definindo-a como "qualquer ato pelo qual a dor severa ou sofrimento, físico ou mental, é intencionalmente imposto a uma pessoa com a finalidade de se conseguir informação ou confissão dela ou de uma terceira pessoa " [fonte: ONU].

Antes do tratado da ONU, as leis internacionais já tinham estabelecido claramente que comportamentos como humilhação e degradação estavam fora dos limites. A Convenção de Genebra baniu tratamentos como esse aos prisioneiros no contexto da guerra, depois de ser ratificada em outubro de 1950 [fonte: Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos].

Ambos os manuais para interrogatórios da CIA sugerem técnicas consideradas como tortura pelas leis internacionais. E, quando comparados aos fatos conhecidos sobre as atividades do Batalhão 316 Hondurenho, bem como aos testemunhos dos membros da tropa, torna-se visível que a CIA estava usando as técnicas de interrogatório delineadas nos manuais. Igualmente notável é a comparação do KUBARK e do manual de 1983 com o tratamento dos detentos durante a guerra do Iraque.

Embora o Congresso tenha censurado veementemente os métodos de interrogatório da CIA como descritos nos manuais KUBARK e 1983, e através dos testemunhos de membros do Batalhão 316, ficou claro que a CIA ainda estava usando técnicas de interrogatório descritas nos manuais. Como prova, fotos de prisioneiros em Abu Ghraib e relatos de prisioneiros no centro de detenção do Exército na Baía de Guantanamo, Cuba, apareceram no começo do século 21.




Ahmad al-Rubaye/AFP/Getty Images
Um iraquiano abraça o irmão em novembro de 2005, depois de ser libertado da prisão de Abu Ghraib, lugar onde os prisioneiros eram amarrados, encobertos e degradados sexualmente pelos militares americanos

Na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, fotos de prisioneiros nus, amarrados, encobertos e sexualmente degradados, vieram a público em 2004 [fonte: Salon]. Naquele mesmo ano, também vieram a público alegações de que prisioneiros na detenção da Baía de Guantanamo eram mantidos em posições estressantes por longos períodos, nus, ameaçados com cães e alimentados com quantidades mínimas de comida e água [fonte: The Washington Post (em inglês)]. Em 2005, jornais publicaram que a CIA tinha prisões secretas em países na Europa, Ásia e África, onde importantes suspeitos de terror eram submetidos a "técnicas de interrogatório aperfeiçoadas", que incluíam o abuso físico [fonte: ABC News].
Seguindo esses relatos, membros do Congresso realizaram audiências sobre o uso de tortura pela CIA e os militares americanos, exatamente como suas contrapartes fizeram, no fim dos anos 80. Em 2007 e 2008, foram realizadas audiências sobre a legalidade da simulação de afogamento, um método de interrogatório que simula o afogamento. A visão do Congresso sobre a técnica pode ter pequeno efeito na decisão da CIA para descontinuar seu uso, se a história for o roteiro.

Relatos sobre o tratamento de detentos em Abu Ghraib e Guantanamo, bem como a existência de prisões secretas, mostram que a CIA parece ter dificuldade de abandonar velhos hábitos. Ou isso, ou a agência não tem técnicas de extração de informações que sejam mais efetivas do que as que apareceram primeiro no manual KUBARK .

Para mais informações sobre tortura e outros tópicos relacionados, visite a próxima página.

Mais informações
Artigos relacionados

•O que é a simulação de afogamento? (em inglês)
•Como alguém fica 11 dias acordado?
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•Como funciona a eletricidade
•Como funciona a dor
•Como funciona a hipnose
•Como funcionam as pilhas e baterias
•Como funciona a ONU


Mais links interessantes (em inglês)


•Human Rights Watch

•Métodos de tortura da Al-Qaeda
•Arquivos de Salon Abu Ghraib

Fontes (em inglês)


•Boland, Ed Jr. "FYI: The CIA's bad trip." The New York Times. May 11, 2003 •Cohn, Gary. Thompson, Ginger and Matthews, Mark. "Tortura foi ensinada pela CIA; manual tornado público detalha os métodos usados em Honduras; Negações da agência são refutadas." The Baltimore Sun. Jan. 27, 1997

•Eggen, Dan and Smith, Jeffrey R. "Agentes do alegam abuso de detentos na Baía de Guantanamo." The Washington Post. Dec. 21, 2004

•Haberman, Clyde. "Bearing witness to torture." TheNew York Times. Oct. 30, 2007 •McCoy, Alfred. "Tortura em Abu Ghraib seguiu o manual da CIA." The Boston Globe. May 14, 2004
•Pincus, Walter. "As táticas do Iraque têm uma longa história com os inquisidores dos E.U." The Washington Post. June 13, 2004

•Ross, Brian and Esposito, Richard. "Fontes dizem ao ABC news que a cúpula da Al Qaeda figuravam como mantidos em prisões secretas da CIA." ABC News. Dec. 5, 2005

•Thompson, Ginger and Cohn, Gary. "Confissões de torturadores." The Baltimore Sun. June 13, 1995

•"Convenção contra tortura e outros tratamentos ou punições cruéis, desumanos ou degradantes." United Nations. Feb. 4, 1985

•"Manual 'Como fazer' encontrado no esconderijo da al Qaeda mostra os perturbadores métodos de tortura." Fox News. May 27, 2007

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